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Like a Dragon: Ishin!: vale a pena?

A fórmula Yakuza em um universo de samurais: uma combinação maravilhosa!

por Raphael Batista
Like a Dragon: Ishin!: vale a pena?

Like a Dragon: Ishin! é como ir ao seu restaurante favorito: você já sabe o que vai encontrar, mas sempre sairá satisfeito. A Ryu Ga Gotoku Studio não abriu mão da fórmula Yakuza e, ao mesmo tempo, criou esse “novo prato” para quem desejava algo diferente. Embora o título seja um remake do game de PS3, a sensação de novidade é inegável.

Por mais que a versão original de Like a Dragon: Ishin! nunca tenha chegado ao ocidente, os jogadores sentirão uma grande familiaridade em razão das similaridades que o game possui com o restante da franquia. Além de rostos conhecidos, a jogabilidade e a narrativa remetem ao estilo que consagrou a saga.

Por isso, Like a Dragon: Ishin! não se preocupa em reinventar a fórmula Yakuza. Na verdade, o estúdio a adapta para encaixar nesse universo spin-off. Isso não é inteiramente negativo, pelo contrário, é Yakuza em vestimentas samurais. Uma combinação divertida e muito bem criada!

Eu já vi essa galera antes…

Like a Dragon: Ishin! é, antes de tudo, um spin-off independente da franquia Yakuza. Ou seja, você não precisa conhecer nada dos sete games principais para curtir esse remake. É uma história completamente diferente, sem nenhuma relação com os enredos dos demais títulos.

Embora seja um universo à parte, os jogadores notarão que a Ryu Ga Gotoku Studio utilizou os mesmos rostos da franquia principal. O herói Kazuma Kiryu virou Sakamoto Ryoma nesse spin-off; o cômico Goro Majima é o samurai Okita Soji e por aí vai. Nem o visual e nem as características individuais foram alteradas, mas suas origens, sim.

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Akira Nishikiyama de Yakuza Kiwami é o mesmo rosto de Okada Izo no spin-off. Fonte: Raphael Batista.

Inicialmente, essa “repetição” pode causar um certo desconforto, ainda mais para quem acompanha a franquia e se apegou aos personagens originais com suas próprias histórias. Leva algum tempo para se acostumar, mas logo o jogador percebe que a essência de cada um permanece a mesma.

Os atributos dos personagens são reforçados graças ao texto e à narrativa, elementos muito fortes na saga Yakuza que permanecem em alta em Like a Dragon: Ishin! O jogador se importa com os personagens e com o arco do protagonista porque os eventos são envolventes e a história é cativante.

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Prepara-se para uma história envolvente do início ao fim. Fonte: Raphael Batista.

Assim como Kazuma Kiryu que precisou provar sua inocência em Yakuza Kiwami, Sakamoto Ryoma passa pelo mesmo arco, mas com pitadas de vingança num ambiente histórico do império japonês. Além disso, temas sobre a segregação de classes, honra e família são recorrentes e muito bem trabalhados.

Isshin!

No budismo, “Isshin” significa “um coração-mente” e em Like a Dragon: Ishin! há uma unificação entre história e jogabilidade. O enredo, que trata sobre a mudança dos samurais e a vingança de um herói renegado, mostra como o personagem utiliza de todas as ferramentas para alcançar seu objetivo. Por isso, o spin-off mescla vários estilos de jogabilidade.

Na exploração, temos um mundo pouco vivo, mas com muitas atividades aleatórias. Missões secundárias, mini-games, segredos e o viciante Another Life marcam esse lado do game. E, de certa forma, esses elementos são importantes para a progressão do jogo.

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Sim, karaokê! Precisa de mais o quê? Fonte: Raphael Batista.

Realizar missões secundárias garante itens de melhoria ou equipamentos evoluídos que fazem a diferença no gameplay. Apesar de existir opções de dificuldade, o modo Normal já dá uma canseira – principalmente nos chefões que não perdoam!

No combate propriamente dito, Ryoma conta com quatro estilos muito diferentes entre si. Há o modo samurai, mais cadenciado e fatal com a katana. O pistoleiro que empunha apenas a arma de fogo, sendo uma opção ótima a longa distância, mas muito vulnerável. Além disso, há um modo que mescla os dois estilos e também o porradeiro com só os punhos.

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Os quatro estilos de combate podem se adequar para cada situação do game. Fonte: Raphael Batista.

Dá para alternar entre os estilos no meio do combate e cada situação exige uma abordagem diferente. Enfrentar um espadachim veloz com os punhos não é uma escolha inteligente, mas atingir um inimigo pesado com a pistola pode resolver rapidamente seus problemas.

Com essa variedade de modos de jogo – sem contar as árvores de habilidade e os equipamentos disponíveis – o game não passa pela sensação de fadiga. Na verdade, a experiência funciona em ritmo tão acertado que as 21h de campanha passam voando. Para quem quiser completar as demais atividades e submissões, o conteúdo adicional traz até mais 20 horas.

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As possibilidades aumentam em razão das habilidades, equipamentos e melhorias desbloqueadas pela progressão. Fonte: Raphael Batista.

Para um remake, faltou!

Like a Dragon: Ishin! conta com certos elementos ultrapassados. Começando pelo visual, as cutscenes do jogo demonstram a boa capacidade da Unreal Engine 4, mas no gameplay, a qualidade cai drasticamente.

As texturas, as expressões faciais, os rostos dos personagens e até os cenários possuem gráficos dos mesmos níveis do PlayStation 3. Isso não interfere na jogabilidade, mas cabia espaço para um melhor polimento — ainda mais por se tratar de um remake.

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As texturas são lavadas e ficam abaixo das belas cutscenes. Fonte: Raphael Batista.

Além disso, temos a limitação da geração antiga, como a interface do usuário bem primitiva com menus pouco intuitivos, a ausência de sons no diálogo entre personagens e a falta de legenda em PT-BR. O último ponto chega a ser grave porque Like a Dragon: Ishin! possui muito diálogo. Então, se o jogador não tem uma boa noção da língua inglesa, ele perderá boa parte da experiência.

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Preparado para ler muito em inglês? Fonte: Raphael Batista.

Like a Dragon: Ishin! vale a pena?

Ir ao seu restaurante favorito sempre vale a pena, não é? Você já sabe o que esperar, mas a experiência não desaponta. Like a Dragon: Ishin! segue a mesma lógica. Agrada aos fãs veteranos de Yakuza por causa da fórmula adaptada nesse universo independente que continua divertido no mesmo nível.

Personagens carismáticos, uma jogabilidade com várias opções, uma história envolvente são os elementos-chave que cativam o jogador do início ao fim. Além disso, existe uma grande variedade de missões secundárias divertidas que valem as horas investidas.

Embora o remake tenha ficado abaixo em termos gráficos, não perde seu brilho. Pela primeira vez, essa história chegou ao Ocidente e sua experiência geral é muito gratificante. É, talvez, a melhor aposta para quem quer entrar nesse universo por ser completamente desprendido da franquia original e deseja conhecer o porquê os jogadores amam a saga.

Veredito

Like a Dragon: Ishin!
Like a Dragon: Ishin!

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Ryu Ga Gotoku Studio

Jogadores: 1

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História e texto envolventes
  • Variedade no combate
  • Exploração divertida e diversa
Desvantagens
  • Falta de legenda PT-BR
  • Gráficos simplórios
  • Falta de grandes melhorias para um remake
Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.