Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name: vale a pena?
Ambientado após os eventos de Yakuza 6, game consolida Kiryu como um dos protagonistas mais complexos e subestimados dos jogos
A jornada de Kazuma Kiryu está próxima de chegar ao final. Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name marca a “entrega da tocha” de protagonismo para Ichiban Kasuga, ao mesmo tempo que conclui um dos arcos mais subestimados da história dos games.
Quase um spin-off, o derivado consiste em um “Yakuza 6,5” e ocorre logo após os eventos de The Song of Life. A trama acompanha o icônico mafioso na busca pelo anonimato e pela sobrevivência, introduzindo novos personagens, mecânicas e eventos narrativos.
Felizmente, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name prova que a história de Kiryu-chan está longe de saturar. Além de aparecer em uma versão mais complexa, o herói abre brechas para a chegada de um futuro incerto, onde antigos amigos e inimigos prometem retornar.
Nasce Joryu
Após a batalha final contra Tsuneo Iwami em Yakuza 6: The Song of Life, Kiryu finge sua morte para salvar as pessoas que ama. Como seus aliados, amigos e familiares se tornaram conhecidos pelos maiores inimigos do Clã Tojo, sua filha adotiva, Haruka, se tornou alvo iminente.
Forçado a deixar para trás o selo de Dragão de Dojima, o ex-yakuza decide abandonar sua reputação de derrubar figuras poderosas no submundo. Considerando-se a maior ameaça à vida de Haruka, ele deixa a garota no orfanato Glória da Manhã e passa a observar seus passos à distância.
É então que a Facção Daidoji entra em cena. Ciente da “morte” do lendário yakuza, o clã faz um pacto com Kazuma: sua identidade permanecerá em anonimato e será substituída por “Joryu”. Enquanto isso, ele precisa assumir uma missão, sob o risco de ter Haruka definitivamente levada de sua vida.
O trabalho era relativamente simples: Kiryu deveria se juntar a outros membros da facção para supervisionar um contrabando de ouro. O que ele não contava era que aquele trabalho mudaria completamente sua vida. Ao perder o controle da situação, o Dragão de Dojima está novamente nos holofotes.
Como Kazuma escapará dessa situação? Quem o ajudará a se passar por Joryu, enquanto o submundo volta a sussurrar seu nome real nos bastidores? Todas essas respostas são desenvolvidas em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name.
O novo game da SEGA tem a trama como um dos pontos altos. Cheia de reviravoltas, a narrativa se conecta muito bem com os games anteriores, ao mesmo tempo que faz a ponte para o futuro liderado por Ichiban Kasuga (Yakuza: Like a Dragon) e por Takayuki Yagami (Judgment).
Além de desenvolver ainda mais o caráter e a profundidade de Kiryu, o game apresenta personagens marcantes e com um forte envolvimento com a narrativa. E nenhum deles é descartado pelo roteiro — todos têm suas respectivas histórias abordadas, bem como motivações e demais interesses.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name basicamente trabalha com dois clãs centrais: a família Watase (o grupo mais poderoso da Aliança Omi) — e a Facção Daidoji; do lado da Watase, há Kosei Shishido, Yuki Tsuruno e Akame, enquanto a Daidoji é representada por Kihei Hanawa.
Como não poderia ser diferente, a trama do game é bastante complexa e envolve outros nomes, como o sádico Homare Nishitani III, terceiro patriarca do Clã Kijin. Além disso, personagens populares retornam em papeis menores e surpreendem com participações muito empolgantes.
As histórias são desenroladas tanto pela campanha principal quanto por missões secundárias. A aventura central dura cerca de 15 a 20h, enquanto trabalhar nas atividades paralelas pode render mais de 40h de conteúdos.
E para quem já jogou os outros títulos de Yakuza, vale a pena trazer algumas notícias boas: os aspectos cinematográficos são mantidos e chegam ao seu ápice, com cenas em CGI, modelagem impressionante de personagens e trilha sonora elevando os momentos a cenas de tirar o fôlego.
Lutas contra chefes épicas, reviravoltas muito bem abordadas e resgate de referências da série são apenas alguns dos outros destaques. Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também conta com muito alívio cômico, mas que se equilibra perfeitamente com uma trama muito madura.
E para encerrar com chave de ouro, o título possui um final extremamente emocionante. Certamente, as cenas finais — desde o gameplay até as cinemáticas — levarão muitos fãs da euforia para uma emoção sem precedentes.
Novo mapa, sentimentos familiares
Yakuza sempre tratou a família como seu elemento central. Seja família de sangue, de clã ou de laços afetivos, esse conceito marca não apenas o desenvolvimento de um protagonista bastante profundo, como também o resgate de muitos elementos nostálgicos para os fãs.
Agora ambientado no distrito de Sotembori, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name se destaca por apresentar uma cidade ainda mais viva. É impossível ignorar o mapa relativamente pequeno, mas as atividades e missões são tantas, que os jogadores não sentirão qualquer impacto.
Ao longo da campanha, Joryu pode dar um tempo dos eventos principais para se divertir. Cassinos, salas de videogames, minigolfe, karaokê e muito mais se escondem em diversas salas e estabelecimentos. Além disso, há muitas interações com NPCs, um sistema de selfies divertidíssimo e um coliseu renovado.
Esse aspecto vale muito a pena reforçar: o coliseu em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name sofreu um “brilho” impressionante. O palco das lutas do submundo — intitulado de Castle — é um verdadeiro espetáculo a céu aberto e expande ainda mais as áreas exploráveis do mapa.
O cenário também inclui uma das grandes novidades no game: batalha em equipe. Ao longo da aventura, Joryu pode recrutar diversos NPCs para integrarem seu time. É possível fortalecer vínculos com integrantes e aumentar seu nível, deixando o esquadrão ainda mais poderoso.
Os combates no Castle estão mais simplificados que na franquia Yakuza, mas mais complexos. Novos tipos de inimigos, efeitos de status, modificadores de batalha e mudanças de qualidade em tempo real; mais recompensas quer dizer mais dificuldades à vista.
Felizmente, Joryu possui novos “amigos” para habilitar no combate. Fãs da série podem estranhar em um primeiro momento, mas a Ryu Ga Gotoku implementou mecânicas tão orgânicas, que rapidamente é possível se adaptar com cada uma delas e identificar suas respectivas eficiências.
Kazuka Kiryu não depende mais apenas de seus punhos
Atuando em low profile, Joryu não possui mais as quatro posturas de combate de Kazuma Kiryu. Agora, o protagonista é capaz de usar apenas duas (Agente e Yakuz), incrementando-as com ferramentas que tornam o gameplay mais dinâmico.
A seu favor estão a Aranha (cordas que puxam ou amarram adversários), a Serpente (botas que impulsionam a velocidade à la aríete), os drones e Vaga-Lume (cigarros explosivos). Porém, todos esses gadgets só podem ser ativados na postura Agente.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também inclui batalhas com aliados, consumíveis, sistema de equipamentos robusto e árvores de habilidades simplificadas. Além disso, os jogadores ganham pontos Akame a partir de diversas ações, obtendo acesso a recompensas ainda mais valiosas.
No game, a jogabilidade está mais fluida. Assim, apertar botões não é uma atividade exaustiva, pois os comandos estão mais realistas e os combos ocorrem com comandos reduzidos. Mesmo os elementos reaproveitados foram claramente aprimorados — tudo sem perder o contexto de ação em tempo real.
Apesar disso, ainda há uma sensação de reducionismo. O título inova muito pouco em relação ao conceito e funciona como uma espécie de DLC — no máximo um standalone. Ainda é possível aproveitar centenas de horas de conteúdos, mas há a impressão de um “recheio” impositivo com atividades.
Como a Ryu Ga Gotoku recentemente afirmou que Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name foi planejado como expansão de Infinite Wealth e feito apenas em seis meses, esse cenário de menor escopo faz mais sentido.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name: vale a pena?
Com uma narrativa intensa e muito cinematográfica, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name consolida Kazuma Kiryu como um dos protagonistas mais complexos dos jogos. O game também fecha o arco do ex-yakuza como um dos melhores roteiros da franquia.
O menor escopo e a campanha curta não tiram o brilho nem a diversão do projeto. A aventura é uma bela adição à franquia, e tanto fecha arcos importantes quanto prepara os fãs para os que virão. Dessa forma, o game é muito recomendado para quem curte jogos de ação conduzidos pela história.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name também traz localização em português do Brasil para legendas e menus. Dessa forma, é muito mais difícil se perder em meio aos tutoriais, às descrições das missões e aos eventos da narrativa.
Na PlayStation Store, o game pode ser reservado por apenas R$ 264,90, em versão de licença híbrida para PS4 e PS5. O valor compensa bastante não apenas pela grande quantidade de conteúdos, mas pela experiência no geral.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name será lançado oficialmente em 9 de novembro e incluirá versões para Xbox One, Xbox Series e PC.
Veredito
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Ryu Ga Gotoku
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Uma das melhores e mais emocionantes histórias de toda a franquia
- Modelos de personagens muito bem feitos
- Visuais imersivos da cidade de Sotembori
- Muitas atividades e missões secundárias recompensadoras
- Coliseu mais equilibrado e com batalhas em equipe
- Lutas épicas e cinematográficas contra chefes
- Localização em português para menus e legendas
- Combate simplificado mesmo com a adição de novos recursos
- Gameplay leve e bastante divertido
- Trilha sonora memorável
Desvantagens
- Like a Dragon Gaiden é propriamente uma expansão
- Campanha curta e "recheada" por atividades paralelas
- Mapa poderia ser muito maior; sensação de correr em círculos