Kingdom Come Deliverance 2: vale a pena?
Com gameplay afinadíssima e história impactante, Kingdom Come Deliverance 2 é uma aventura verdadeiramente cinematográfica
A indústria dos jogos raramente nos presenteia com experiências verdadeiramente únicas. Em meio às discussões sobre o que está saturando e o que não está, aventuras originais ganham cada vez mais destaque, especialmente quando cumprem o papel de imersão.
Mais que um simples jogo, os gamers modernos procuram experiências que os deixem fissurados. Aquela que você não consegue largar o controle não por motivos de jogar no automático, mas sim por querer desbravar mundos, explorar e conhecer uma história incrível.
E o ano de 2025 não poderia começar melhor. Kingdom Come Deliverance 2 reúne absolutamente tudo que os jogadores querem — tudo em um épico medieval marcante e com um altíssimo grau de realismo, mas sem introduzir simulações exaustivas.
Henry de Skalitz e seus amigos (ou inimigos) te esperam em algo quase revolucionário. Em algo que certamente você falará por muitos e muitos anos; que promete não ser apenas uma sensação de um dia. Isso, meus amigos, é um jogo de videogame.
A verdadeira história de um herói
Na Europa do século XV, Henry de Skalitz retorna à ação para cumprir a promessa de vingar a morte de seus pais. Agora ao lado de seu protegido Hans Capon, ele parte para longe de sua terra natal com o objetivo de enviar uma mensagem que pode mudar tudo.
Acreditando que a guerra entre os reinos pode finalmente acabar, o cavaleiro se mete em uma aventura insana e improvável, onde cada evento o deixa mais distante de cumprir sua missão. Mas coincidentemente, tudo parece apenas estar forjando seu real destino.
E em meio a cidades movimentadas, campos verdejantes e florestas densas, uma discreta e corajosa figura começa a se transformar no aço da mais poderosa lâmina, criada por Deus com o intuito de finalmente estabelecer a paz diante de um continente fragmentado.
Kingdom Come Deliverance 2 é um RPG de ação que dá sequência direta aos eventos do título de 2018. Porém, sua exclusividade na atual geração de consoles (e PC) apresenta uma Boêmia medieval nunca antes vista, com evoluções em todos os aspectos.
O mundo aberto do jogo não é apenas um cenário; é um personagem por si só. Desde o primeiro momento em que Henry vai para a exploração livre, é possível observar como o universo é orgânico, introduzindo conteúdos que respiram autenticidade.
E falando em conteúdos, o trabalho da Warhorse é supremo. Concluímos a campanha com quase 120h; levando em conta que várias missões e eventos foram deixados de fora, há mais de 150h de eventos, missões e muito mais. Absurdo.
Kingdom Come Deliverance 2 também não inclui New Game+, mas sim um retorno ao mapa após a campanha ser concluída. Além disso, todas as ações de Henry na jornada refletem no final, com cenas, conversas e interações mudando de forma brusca.
Além disso, o RPG possui um sistema de progressão orgânico e já conhecido pelos fãs da franquia. Tudo que você faz conta para a progressão em quatro árvores de atributos. E tudo é “tudo” mesmo, desde andar pelas regiões até conversar com NPCs.
Retratação medieval impressionante
Vale a pena repetir: o mundo aberto de Kingdom Come Deliverance 2 é impressionante. Sua exploração em primeira pessoa se assemelha muito ao que foi mostrado em The Witcher 3, mas com saltos absurdos em relação a alguns aspectos.
Como a comparação com o game da CD Projekt RED é clara, é importante pontuar as semelhanças: NPCs conversando aleatoriedades, missões que aparecem em certos locais após você passar por eles, estilo narrativo muito parecido e sistemas de escolhas e moralidade.
Porém, o que era bom em Wild Hunt se tornou muito melhor em Kingdom Come Deliverance 2. Constantemente há a sensação de estar em Beauclair, com paisagens impressionantes, vastos campos floridos e uma sensação bucólica absurda.
As áreas do RPG são realmente incríveis e inspiradoras, oferecendo uma satisfação única em simplesmente girar a câmera vez ou outra. Cada cidade e vila no jogo introduzem dinâmicas únicas, afetando desde sua reputação até as missões e atividades dos NPCs.
Em termos de cultura, o game é quase uma aula da era medieval. Muitos textos retratam eventos históricos que marcaram a construções de civilizações na Idade das Trevas, enquanto diálogos, idiomas e relações se apresentam de forma orgânica e realista.
Kingdom Come Deliverance 2 é um verdadeiro passeio nesse sentido. Uma experiência que respeita a história, que respeita os povos e suas heranças e legados. Sem apelações, sem temas polêmicos ou descontextualizados — apenas um épico medieval de primeira.
Mas lembre de ter cuidado: cometer crimes, assaltar casas e provocar as pessoas pode lhe render o status de procurado. O player será lembrado pelos guardas e os NPCs desconfiarão de você em algumas situações.
Nesses casos, Henry sofrerá punições, com elas impedindo de executar ações pelo mundo. Por exemplo, a marca do condenado impede fazer compras com comerciantes. Em casos mais extremos, o jogador pode até mesmo ser levado à forca.
O herói de Skalitz também se embriaga, fica com sono, sente sede e fome, pode ficar doente caso ingira comidas estragadas… Então fique atento a todos esses status para impedir que sua jornada não seja atrapalhada por algumas coisas inusitadas.
Combate refinado e mecânicas mais acessíveis
Algo muito criticado em Kingdom Come Deliverance, o sistema de combate não se apresentava bem. Confuso e desbalanceado, ele parecia ter tudo, menos comandos intuitivos, impedindo que mais pessoas entrassem de cabeça na série.
Porém, no segundo game ele aparece da forma mais refinada possível. Cada arma tem seu peso, combos e esquemas de manuseio, explorando fraquezas e zonas cegas dos adversários que podem alterar totalmente o curso das batalhas.
Elas podem ser combinadas com balestras, bestas e arcos, pistolas de pólvora, venenos e outros artifícios que te farão questionar a honra de Henry. Um cavaleiro deveria sempre lutar com espadas e de forma justa? Aprender truques de bandidos é errado? Decida.
Essas mecânicas aprimoradas de Kingdom Come Deliverance 2 também se estendem à furtividade. Se esgueirar entre inimigos, aproveitar arbustos e sombras e evitar fazer barulho com armaduras de aço são coisas muito legais.
As ações stealth, o combate corpo a corpo e os ataques à distância estão em suas melhores formas. Eles se apresentam equilibradamente, permitindo que você não se arrependa de qualquer escolha de abordagem que for tomar.
Além disso, os confrontos podem ser resolvidos conversando, com gritarias ou até mesmo evitando. Apenas em alguns embates obrigatórios devido ao curso dos eventos, não há forçação — Kingdom Come Deliverance 2 é um verdadeiro mundo de oportunidades.
Trabalhar é bom, digno e recompensador
Obviamente as mecânicas adicionais introduzidas no primeiro jogo não ficariam de fora. O criticado sistema de abrir fechaduras está simplificado de vez e permite ser compreendido após poucas tentativas. Não é fácil no começo, mas você se acostuma.
Enquanto isso, as regiões do mapa permitem que Henry forje armas, afie-as, sirva vinhos, carregue sacos, prepare poções e muito mais. Esses sistemas são divertidíssimos e mostram como o universo medieval pode ser explorado sem necessariamente ir direto ao ponto.
Essas ações se tornam ainda mais divertidas quando se dá uma chance ao mundo. As cidades de Kingdom Come Deliverance 2 são incrivelmente vivas, com NPCs querendo interagir a todo momento por meio de missões principais, secundárias e surpresas.
Torneios medievais estão no game, assim como alguns contratos de batedor. E trabalhar nas minas, já pensou? Algumas pessoas lhe desafiarão para corridas de cavalos. Ah, e o cortejo com garotas… Henry sabe muito bem o que faz. Mas você o ajudará?
Os diálogos também são um destaque à parte. Ao melhor estilo The Witcher 3 e Sombras de Mordor, os personagens estão o tempo todo fazendo algo e ficam fofocando sobre suas vidas, criando intriga, lhe chamando de fedorento e reparando em tudo ao redor.
A experiência de imersão é incrível e é algo quase nunca antes visto. Sem querer citar Cyberpunk 2077, mas já citando, os NPCs têm seus próprios comportamentos e podem aparecer literalmente em qualquer lugar: seja na taverna ou no meio de uma estrada qualquer.
Uma obra-prima impressionante, mas que peca
Já falamos sobre o impressionante mundo aberto do game. Então agora é a vez dos aspectos técnicos de Kingdom Come Deliverance 2. No PS5 padrão, o game roda a 60 FPS estáveis e a uma qualidade sem perdas visuais ou no sentido de texturas.
Outro destaque fica para o uso do DualSense. Todas as funções do controle se fazem presentes no game e se incorporam ao simples ato de correr, ao nível de cansaço, à resistência dos diferentes tipos de armas e muito mais.
Porém, da mesma forma que Kingdom Come Deliverance 2 brilha, ele peca. O game tem uma grande quantidade de bugs, afetando elementos da interface (mapa), comportamento dos inimigos, renderização de animações e, especialmente, iluminação.
Falhas visuais são constantes, com alguns personagens mal acabados (sorrisos e olhos brilhantes), luzes piscando sem parar, telas escuras, quebras da perspectiva de câmera e até mesmo um cavalo em cima de uma cabana (isso você lembra bem, não?).
Mas também vale exaltar o excelente trabalho de captura de movimento, dublagem e expressões faciais. Eles são dignos de elogios e retratam um realismo incomparável e raramente visto no mundo dos games.
Kingdom Come Deliverance 2: vale a pena?
Kingdom Come Deliverance 2 é o que de melhor já apareceu nos games quando falamos de era medieval. A retratação absurda e incrivelmente fiel se junta a um mundo orgânico, onde a ascensão de um herói improvável é o centro de tudo.
Com dezenas de horas de conteúdos de jogo, o título propõe uma aventura respeitosa e muito honesta à sua época. Cenários lindíssimos e profundos, diálogos bem realizados, sistema de combate muito rico e uma progressão que te recompensa o tempo todo.
Há falhas técnicas no sentido visual, mas no geral Kingdom Come Deliverance 2 está bem mais acessível que o primeiro jogo. Isso se estende não apenas ao combate, mas sim a uma série de elementos que, dessa vez, conversam muito bem.
A aventura da Warhorse pode ser reservada na PS Store por R$ 349,90 e vale cada centavo. É um investimento muito bem gasto para o novo título de uma franquia que ainda é meio cult, mas que tem de tudo para brilhar neste ano.
De fato, é um épico cinematográfico que te fará querer mais; e que você decidirá o destino do próprio universo ao seu lado. Então lembre sempre que a sorte favorece os ousados. Faça a sua própria, dessa vez.
Veredito
Kingdom Come Deliverance 2
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Warhorse Studios
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- CGIs impressionantes
- Conteúdos para mais de 150h
- Sistema de combate excelente
- Ótima integração com os recursos do DualSense
- Mundo aberto dinâmico e cheio de atividades
- Bom fluxo narrativo em história cheia de referências
- Sistema de progressão orgânico
- Conceito medieval incrivelmente fiel
- Experiência bastante acessível
Desvantagens
- Bugs e falhas visuais