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King Arthur: Knight’s Tale: vale a pena?

Um jogo por turnos mais acessível, só que superficial em outros momentos

por Raphael Batista
King Arthur: Knight's Tale: vale a pena?

Baldur’s Gate 3 não foi o primeiro jogo por turnos, mas contribuiu para um aumento drástico para a popularidade do gênero. Por isso, King Arthur: Knight’s Tale pode ser uma boa alternativa para quem busca uma opção mais acessível e menos complexa que os grandes RPGs táticos. A simplicidade das mecânicas e a estrutura por fases são características que contribuem para um melhor domínio da experiência.

Por outro lado, a superficialidade da história e a inserção de várias mecânicas sem nenhuma profundidade podem deixar a jogabilidade engessada com recursos pouco utilizados ao longo da jornada. É como se os desenvolvedores tivessem a vontade de agradar os jogadores hardcore, quando toda a premissa do game busca ser mais acessível.

O título da NeocoreGames acerta muito bem quando aposta numa estrutura mais simples, mas erra quando tenta incorporar outros conteúdos de forma exagerada. King Arthur: Knight’s Tale parece definir muito bem seu público: novatos do gênero de RPG tático. Embora deslize na tentativa de complementar a experiência, ele faz muito bem o processo de introdução dos players ao gênero.

O cavaleiro da Távola da Morte

King Arthur: Knight’s Tale narra a história do cavaleiro Mordred que morreu após matar o Rei Arthur. No entanto, o rei amaldiçoou o pós-vida, dividindo sua alma entre as criaturas vis do reino de Avalon e obrigando Mordred voltar à vida para derrotar os resquícios de maldade que rondam a região.

Por mais que essa releitura do clássico conto do Rei Arthur e da Távola Redonda seja interessante, a narrativa não consegue manter o mesmo nível de qualidade. Isso porque se desenrola de modo simples em que o protagonista encontra personagens que conhecem o paradeiro da alma do rei, como Sir Galahad, e vão derrotando os inimigos em fases espalhadas.

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O enredo até vai cumprir seu papel, mas o sistema de escolhas que define a reputação de Mordred é mais voltado para as habilidades de combate do que propriamente para a modelagem do mundo. Então, as decisões tomadas para a narrativa pouco afetarão a narrativa, transformando a mecânica em apenas um pretexto que simula consequências diferentes.

Agora, é inegável que há uma grande falta de jogos ambientados nesse clássico arturiano. Tanto é que, mesmo com a falta de profundidade na história, os personagens, os eventos, toda a trama envolvendo cavaleiros, fé e (neste caso, vida pós-morte), a atmosfera tem um forte poder de hipnotizar o jogador. Algo parecido com The Order 1886, um game que faltou muita coisa, mas acertou em cheio na sua construção de universo.

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Jogabilidade estratégica, mas simples

O grande diferencial de King Arthur: Knight’s Tale é a acessibilidade das mecânicas de combate por turnos. Se você achou Baldur’s Gate 3 complexo, isso não acontece no game da Neocore. As funções distribuídas no gameplay são claramente explicadas e introduzidas progressivamente, não permitindo que o jogador se perca no mar de informações.

Claro que é necessário estratégia e inteligência para desenvolver skills, formar grupos e escolher sabiamente as melhores magias ou ataques. Contudo, o gameplay não é tão punitivo quanto outros títulos, como XCOM. Na verdade, há espaço para erros e tentativas de novas abordagens, o que faz o game ser bem convidativo.

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Outro ponto positivo é a variedade de personagens à disposição da party do protagonista. São 30 heróis ou heroínas encontrados ao longo da aventura e podem fazer parte da sua Távola Redonda. Ainda há mecânicas de gerenciamento para enviar os guerreiros em missões para subir de nível, mas os são superficiais. Não chega a ser um incômodo porque é totalmente opcional para evoluir os companheiros, só que é evidente como isso existe para preencher lacunas do game.

Infelizmente, a repetitividade dos combates é um ponto negativo durante as 30 horas de campanha. A estrutura das fases é feita de duas etapas: seguir do ponto A até o B e enfrentar inimigos que se organizam em minions e sub-chefes ou chefes. Não há uma grande variedade de adversários e nem de cenários, causando uma fadiga ainda maior nos jogadores. Além disso, as atividades mais interessantes se resumem aos eventos da história principal, ou seja, sem um foco na exploração do universo.

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Visuais e sons pouco marcantes

Algo que fez falta para King Arthur: Knight’s Tale foi um apelo audiovisual convincente. A estética arturiana poderia ser palco para cenários mais inspirados e trilhas sonoras épicas, mas a produção entrega elementos superficiais e pouco marcantes.

Embora o estilo de câmera que lembra Diablo, os ambientes, personagens, cenários e todas as criaturas são mais do mesmo, impedindo que o jogador crie algum nível de relação mais forte com a experiência. É como se a experiência estivesse reciclando elementos já vistos anteriormente sem nenhuma distinção ou peculiaridade própria.

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King Arthur: Knight’s Tale: vale a pena?

Mesmo com defeitos sobre superficialidade e repetitividade, King Arthur: Knight’s Tale traz um ar único e acerta muito bem num modelo mais acessível. Possivelmente, em razão do escopo menor, ficará longe do radar de muitos jogadores. No entanto, quem deseja se aventurar pela primeira vez em um RPG tático por turno, encontrará um tema arturiano bem interessante, um combate divertido e mecânicas que poderão divertir por boas horas.

Não espere nada complexo e, na verdade, as mecânicas adicionais pouco investem na profundidade. É um  game focado em trazer o universo do Rei Arthur em um modelo simplificado. Por mais que o preço na PS Store não seja encorajador, quem se aventurar pela história de Mordred após morrer e voltar à vida encontrará um universo interessante e competente em sua premissa: introduzir novos jogadores neste gênero que está em alta.

Veredito

King Arthur: Knight's Tale
King Arthur: Knight's Tale

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Neocore Games

Jogadores: 1

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79 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay acessível
  • Atmosfera arturiana interessante
  • Jogabilidade com um nível justo
Desvantagens
  • Telas de loading excessivas
  • Superficialidade em muitos elementos
Raphael Batista
Raphael Batista
Publicações: 7.015
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.