Jusant: vale a pena?
Apesar de ser um game curto, Jusant traz uma proposta relaxante e excelente
Normalmente, a escalada é uma atividade extremamente difícil. Além de ser exaustivo, o esporte exige uma combinação de movimentos, como agarrar superfícies, manter o equilíbrio com os pés e pular. Mas e se toda essa experiência cheia de adrenalina fosse transformada em algo relaxante? Pois bem, é assim que surge Jusant.
O jogo de puzzle e aventura é uma criação da DON’T NOD — mesmo estúdio do primeiro Life is Strange. Da mesma forma que a aventura de Max Caulfield, o game traz um mundo imersivo, com um estilo de arte chamativo e colorido, e uma história com uma mensagem consciente.
Some tudo isso a um gameplay com mecânicas bem montadas e voilá: temos um título digno.
Água é vida
Jusant se passa em uma montanha na qual um dia viveu uma civilização próspera. No entanto, mudanças climáticas severas fizeram o local perder todos os traços de água, fazendo esse povo ir embora de lá.
O protagonista (sem nome) tem o objetivo de subir até o topo desta montanha e, de alguma forma, trazer vida nova para este lugar. Com seu companheiro, o “Contentor” — um pequeno ser feito de água —, ele se arrisca em penhascos e beiradas para descobrir os segredos dessa sociedade perdida.
A história é contada através de itens colecionáveis encontrados pelo personagem principal — tais coletáveis são perdíveis e interferem diretamente na busca pela platina, embora seja possível saber quais estão faltando na seleção de capítulos no menu inicial.
Com a completa ausência de diálogos na narrativa, o jogador pode sentir uma falta de conexão com o protagonista. Mas esse nem é o objetivo: o importante aqui, é entender a mensagem na qual o game quer transmitir com esses objetos colecionáveis.
Entre os itens, o personagem encontra conchas, nas quais há como ouvir sons do passado, jornais antigos, cartas entre antigos habitantes da montanha e pinturas rupestres. As tais conchas emitem áudios de água na maioria das vezes, as cartas relatam preocupações das pessoas com o consumo de água… Tudo para conscientizar o player de que o nosso mundo passa por mudanças climáticas severas — segundo a ONU, a Terra está 1,1 °C mais quente do que no final do século XIX.
Os cenários também deixam claro como Jusant se preocupa em transmitir essa mensagem de “poupar água”. Conforme avança pela montanha, o jogador encontra navios naufragados, corais desidratados e fósseis de conchas, para representar o mar que antes se encontrava ali.
Jusant é sinônimo de escalar
O jogador fará praticamente uma coisa durante as 6h de gameplay: escalar. Mas engana-se quem pensa que se trata de uma jogabilidade boba. Jusant traz diversas mecânicas que tornam tudo bastante interessante.
Como um alpinista, o protagonista usa uma corda e pitões. No chão, se ancora a um mosquetão na parede e procura o ponto inicial de escalada. A partir daí é com você: com os gatilhos adaptáveis do DualSense, é preciso controlar as mãos do personagem (L2 é a esquerda, enquanto R2 é a direita), apertando-os para agarrar os objetos e, assim, subir.
Importante: uma barra de estamina vai se esgotando conforme ele escala. Por isso, é preciso fazer pausas em meio à subida, pressionar L3 e recuperar fôlego. Não é possível recuperar 100% da energia, então deve-se estar sempre atento para ela não chegar a zero — o que significa uma queda.
Por falar em energia, as escaladas são longas por muitas vezes. Por conta disso, o personagem tem três pitões em sua manga, que servem como espécies de checkpoints: basta apertar círculo, para fincar um deles na parede e evitar uma volta ao início, caso caia.
Aliás, não existe morte em Jusant — as quedas são amparadas pelo seu equipamento de alpinismo. Isso contribui para a natureza relaxante do game, uma vez que o objetivo da Don’t Nod é apenas trazer uma mensagem em uma aventura curta (sem elementos hardcores).
Conforme se progride entre os seis capítulos do jogo, mais mecânicas de jogabilidade são introduzidas. Um exemplo é o Contentor, que faz plantas crescerem, criando rotas para escalar. Em outro cenário, essas mesmas plantas sofrem com o sol escaldante e queimam rapidamente — exigindo agilidade para atravessá-las.
No geral, Jusant tem dois pequenos problemas. Em certas seções do gameplay, o jogo trava a posição da câmera, não sendo possível ajustá-la. Além disso, nos setores onde não há escalada, é bastante comum o personagem ficar bugado em elementos do cenário, como mesas, cadeiras, etc.
Gráficos dignos de aplausos
A atmosfera criada pela Don’t Nod para Jusant é definitivamente um dos pontos altos do game. O som dos ambientes, os gráficos coloridos, os cenários cheios de elementos e a fauna da montanha, sozinhos, já são suficientes para que o jogador dê uma chance ao título.
Em determinados trechos, animais te ajudam a seguir sua aventura — seja agarrando bichos de pedra que caminham pelas paredes, ou ao ser envolvido por um enxame de vaga-lumes que te carregam para cima. Tais momentos, além de serem graficamente belos, trazem uma trilha sonora relaxante e ajudam a melhorar ainda mais a proposta do jogo.
O estilo de arte é outro fator para se aplaudir. O título apresenta formas simples e arredondadas, cores brilhantes e texturas suaves, além de iluminações que enaltecem cada cenário distinto dos capítulos — desde o sol do deserto até o nevoeiro sombrio próximo às nuvens.
Jusant: vale a pena?
Sim, Jusant vale cada centavo de seu bolso. Mesmo se você for um gamer hardcore, que busca desafios e muita adrenalina, a proposta relaxante do game da Don’t Nod tem tudo para conquistar qualquer amante de videogame.
Com gráficos incríveis, uma história significativa para a nossa realidade e um gameplay com muitas mecânicas diferentes, o título traz um pacote completo. Apesar de sua curta duração, ele se torna praticamente obrigatório na biblioteca dos jogadores de PS5.
Veredito
Vantagens
- Atmosfera incrível
- Estilo de arte bem elaborado
- Relaxante e divertido
- Mecânicas de escalada muito bem feitas
- História traz uma mensagem importante
Desvantagens
- Perspectiva da câmera é forçada em alguns momentos
- O protagonista pode ficar preso em objetos do cenário