The Incredible Adventures of Van Helsing: É indie, mas…
Com poucos deslizes aventura se destaca em muitos aspectos.
Lançado em 2013 para outras plataformas, finalmente The Incredible Adventures of Van Helsing chega ao PlayStation 4 em uma edição estendida disponível na PlayStation Store.
Ambientado no famoso universo do livro Drácula, de Bram Stoker, o jogo traz de volta Van Helsing, personagem tão explorado por diversas mídias e obras diferentes, algumas bem desenvolvidas. Outras, nem tanto.
Em um mundo instigante e misterioso na antiga era vitoriana, com um tema steampunk sempre divertido, o jogo produzido pelo estúdio húngaro independente NeocoreGames faz bom uso de mecânicas já conhecidas e popularizadas por Diablo, o clássico da Blizzard.
Aproveitando os contos inspirados por vampiros clássicos e lendas escondidas em uma era tão fantástica, The Incredible Adventures of Van Helsing tem um tema perfeito e bem explorado. Mas algumas mecânicas de jogabilidade, além de enfadonhas, pecam pelo excesso.
- Jogo: The Incredible Adventures of Van Helsing
- Desenvolvido e distribuído por: NeocoreGames
- Onde encontrar: Aqui
- VEREDITO: É indie, mas… É divertido
“Incríveis aventuras…?”
Antes de mais nada, é necessário desmistificar determinado ponto. O nome do jogo é deveras chamativo, não condiz com a ambientação, e tende a ser clichê. Talvez esta tenha sido a intenção dos desenvolvedores (e eles podem até ter acertado na questão de “chamar atenção”).
Por outro lado, podemos dizer que o sentido do título está correto no que diz respeito ao jogo em si. Estas “incríveis aventuras” contam a história do filho do famoso Abraham Van Helsing, um mercenário “contratado” para caçar monstros e resolver enigmas misteriosos.
Mas não só com monstros que Van Helsing filho, e sua fiel companheira, a fantasma Katarina, precisam lidar. Logo no início da trama eles já se deparam com uma tecnologia rústica elaborada por cientistas loucos, responsáveis por experimentos um tanto quanto duvidosos.
O protagonista, de forma nada original, recebe uma carta solicitando seus serviços em uma cidade chamada Borgovia e para lá segue com Katarina. Ao que se parece, apenas alguém com o sangue da família Van Helsing pode lidar com tais “imprevistos sobrenaturais”.
Taís imprevistos incluem monstros citados pela dita tecnologia, continuando o legado de seu pai.
A Evolução do Melhor Equipado
The Incredible Adventures of Van Helsing é um jogo de ação e RPG que segue o padrão de visão isométrica (Diablo III), focado na mecânica de coleta de itens e dinheiro fornecidos por cada inimigo abatido ao longo do jogo, buscando sempre o melhor para o personagem.
Cada inimigo, indo dos mais fracos até os mais fortes, deixam itens que podem ser básicos, raros, épicos, lendários ou únicos. Uma mecânica básica já conhecida em diversos estilos de jogos (Borderlands, o próprio Diablo III, Alienation)
O foco é avançar na história enquanto melhora seu personagem com estes equipamentos, para assim enfrentar desafios maiores.
O jogo também conta com uma enorme variedade de habilidades ativas e passivas, tanto para o protagonista como para sua companheira. Estas são muitas, e os menus elaborados para as árvores de evolução são confusas e constroem uma incógnita na cabeça do jogador.
Diferente dos principais expoentes do gênero, The Incredible Adventures of Van Helsing conta com apenas 3 classes: O caçador padrão, utilizando sua arma de longo alcance ou espadas; O taumaturgo, focado em feitiços misteriosos; e o Mecânico Arcano, que com seu canhão de expulsão combate o mal com o poder da ciência.
O pecado da ambição
Cada classe possui sua árvore de habilidade específica, que pode ser potencializada de acordo com a distribuição dos pontos nas habilidades de sua preferência.
No entanto, cada habilidade possui pequenas outras adições, que acabam se tornando confusas, e no fim das contas não é possível perceber melhoria nas habilidades.
Um dos grandes problemas do jogo consiste no quão difícil é perceber se o ataque/habilidade em questão está ou não sendo efetivo contra os inimigos. O que torna ainda mais difícil optar por habilidades diferentes.
As próprias habilidades em si, embora possuam efeitos muito interessantes, não se mostram tão necessárias. Muito disto tem à ver com a sensação de não estar fazendo efeito. Lutar com espadas em combate corpo-a-corpo acaba sendo a pior opção devido à quantidade de inimigos e o fato de não saber se está sendo eficiente.
Ao se deparar com inimigos mais fortes, fatalmente o jogador vai se ver correndo e tentando acertar de longe. Algo comum no jogo.
Ao subir de nível, além de distribuir pontos em habilidades, também temos as características do próprio protagonista, de sua companheira e as habilidades passivas de Katarina, que acabam impactando seu personagem.
Tudo isso abre muitas possibilidades e o que poderia ser muito bom acaba sendo esquecido e confuso no meio de tanta informação. A questão do efeito não percebido também se encaixa nas habilidades de Katarina.
Definitivamente o jogo possui uma boa intenção neste aspecto, mas a concepção pecou pelo excesso.
A bela Era Vitorina
Amplamente abordada em diversas obras steampunk, a Era Vitorina em The Incredible Adventures of Van Helsing está presente com todo o seu charme e elegância traiçoeira.
Por trás de toda a beleza de ruas meio escuras, casebres com pouca iluminação, muita madeira, arquitetura gótica e vestimentas clássicas, jaz muita ciência, magia, seres sobrenaturais e misticismo. Tudo isso é intrínseco à ambientação proposta pela própria obra do Dracula de Bram Stoker e é bem retratada no jogo.
O grande chapéu e as armas de fogo usadas pelo caçador fazem com que o jogador consiga se sentir em meio às principais obras que trazem vampiros como tema.
A NeocoreGames acertou em cheio na ambientação e história do jogo, que mesmo simplória faz com que o jogador queira avançar e enfrentar os desafios que se tornam cada vez mais intrigantes.
Os personagens têm seu carisma e o humor está presente em todo o jogo. Como é comum em jogos independentes, as referências estão por todo lado e vão desde obras clássicas do gênero até O Senhor dos Anéis.
A música intimista tem um papel fundamental em toda a ambientação e é um deleite. Um jogo que se propõe a abordar tal tema e não possua uma trilha sonora típica, suave e que transmita uma breve tensão ao mesmo tempo, com toda a característica peculiar e inerente à época seria um crime.
A recompensa justifica o risco?
The incredible Adventures of Van Helsing é um bom jogo. Um trabalho bem feito pela NeocoreGames, exceto por alguns deslizes aqui e ali, que muito provavelmente se deram pelo excesso de ambição dos desenvolvedores.
Estes problemas supracitados são facilmente contornados pela belíssima ambientação do game. Uma história que acaba sendo até mais envolvente do que outros jogos do gênero, focados mais no combate e na coleta de itens (leia-se: farming) e a mecânica de resolução de missões, presente em qualquer RPG.
Também diferente de seus “co-irmãos”, o jogo dá liberdade para o jogador escolher certas respostas, o que pode mudar o rumo de algumas situações e deixá-los com recompensas piores ou não em algumas destas atividades. Facilita a vida do jogador o fato das legendas e menus estarem localizados. É para português de Portugal, mas já ajuda, não é caro gajo?
Outras, que também estão presentes na desafiadora lista de troféus, só são ativadas com uma resposta certa. Estilo enigmas. Se responder errado fatalmente só será possível em outra campanha.
O jogo possui um sistema de multijogador cooperativo, algo comum que acaba não agregando muito na jogabilidade. Os problemas continuam sendo os mesmos. A única diferença é que, se jogado com amigos, a diversão pode ser maior.
Por fim, The Incredible Adventures of Van Helsing é um jogo divertido, possui um tema chamativo e que entrega o que propõe, acerta nos aspectos técnicos e peca pelo excesso de habilidades ativas e passivas e a falta de percepção dos ataques nos combates.
O que nos leva a considerá-lo uma aposta acertada por parte da desenvolvedora.
O que há de bom:
- Ambientação;
- Caracterização;
- Trilha sonora;
- Diversidade das quests.
O que há de não tão bom:
- Poucas classes;
- Confusão de informação nos menus;
- Excesso de habilidades desnecessárias;
- Combates corpo-a-corpo pouco inspirados;
- Ineficácia de habilidades.
Para quem jogou e gostou de:
- Diablo;
- Path Of Exile;
- Dungeon Siege III;
- Bastion.