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For Honor: Vale a Pena?

por Thiago Lima
For Honor: Vale a Pena?

Se a certeza da vitória ou da derrota estão ainda muito longe e a batalha parece ser a solução mais óbvia, você está pronto para For Honor. O lançamento da Ubisoft promete transformar a honra em um detalhe em meio ao caos da guerra pela guerra.

É com esse espírito que se deve começar o gameplay de For Honor. Experimentar suas batalhas com uma mentalidade pacífica pode ser o primeiro passo para derrotas homéricas.

As habilidades dos jogadores são postas à prova em desafios de força e estratégia. O vencedor será aquele que saberá se defender e atacar nos momentos certos.

How to Survive 2Ser desafiado em uma luta corpo-a-corpo é o que faz os jogadores aprenderem um pouco mais sobre a honra de representar toda uma facção. Pela honra, o herói, um dia, pode libertar seu povo das mazelas da guerra em busca da prosperidade e da paz

Sobreviver nesse mundo repleto de hostilidade pode não ser tão fácil quanto parece. Mas, a diversão será garantida.

Um encontro improvável de mundos

A fórmula escolhida pela Ubisoft ao misturar cavaleiros, vikings e samurais chama a atenção dos jogadores que preferem as batalhas épicas. Cada um desses personagens possui características que os distinguem e os elevam a um patamar diferenciado de guerreiro virtual.

Mas, ao trazermos para o mundo real, historicamente falando, um encontro entre esses poderosos guerreiros é, na melhor das hipóteses, improvável.

Cavaleiros da Europa ocidental, os vikings mais ao norte daquele continente e os samurais das longínquas terras do oriente, dificilmente se encontrariam. Geográfica ou cronologicamente falando.

For Honor - Mapa Campanha

Porém, isso é apenas um detalhe. Um mero capricho histórico, no qual a realidade virtual dos videogames pode ignorar para nos proporcionar um encontro tão violento quanto divertido. Um encontro que parte do improvável ao caótico, em um mundo onde as três facções se acostumaram com a paz e passaram a ter que conviver com a guerra.

Uma guerra que começou por uma surpreendente catástrofe natural. Com isso, veio a escassez dos recursos e uma luta desenfreada por poder e territórios que durou mais de um milênio.

Ao longo desse tempo, a luta passou a ser uma rotina. Os guerreiros se esqueceram do motivo real e da origem das batalhas e os substituíram pela tradição da guerra.

Mas outros interesses estavam envolvidos. O poder passou a ser o objetivo principal da guerra com a atuação de Apollyon, uma estrategista sanguinária. Seu trabalho é o de semear o caos e acabar com a paz entre as facções, enfraquecendo-os para sua vitória.

For Honor - Apollyon
Apollyon em campo de batalha

É nesse enredo que cavaleiros, vikings e samurais sofrem com as articulações de Apollyon. Ela se fortalece com o sangue derramado nas batalhas, que só acabarão quando algum destemido herói de uma ou mais destas descobrirem seus reais interesses na guerra.

Apesar da premissa interessante e boas abordagens, o título escorrega um pouco na execução. O modo campanha serve como um aperitivo para o multiplayer, uma espécie de treinamento mais prolongado.

Dinâmica de tirar o fôlego

Mergulhados em batalhas, é complicado até mesmo respirar. Mesmo esse movimento involuntário precisa ser bem calculado. Um erro simples pode custar a vida na zona de guerra.

For Honor apresenta um modelo diferente de gameplay. Exige um novo aprendizado do jogador, com uma dinâmica diferente dos jogos comuns que envolvem guerreiros em terceira pessoa, modificando controles e comandos.

Por sorte, o jogo começa em um tutorial simples de ataque e defesa, dando oportunidade ao jogador para aprender alguns movimentos básicos antes de iniciar as batalhas mais difíceis.

For Honor - Treinamento

Os ataques podem ser divididos entre forte e rápido, e a defesa fica por conta da guarda do guerreiro, que precisa coincidir com a direção do ataque do oponente.

Ainda é possível derrubar a guarda do adversário ou deferir golpes indefensáveis com algumas combinações de botões ou acúmulo de ataques e defesas bem sucedidas.

Pode parecer simples, mas entender a dinâmica desses comandos e ganhar habilidade pode levar algum tempo para os mais desavisados.

O gênero dos personagens também faz a diferença nas batalhas. As vantagens e desvantagens de cada um ficam bastante evidentes durante a luta. Enquanto homens tem mais força e uma defesa mais consistente, as mulheres são mais rápidas e possuem esquivas mais eficientes.

Assim, o correto é escolher o perfil de personagem e treinar de forma constante para alcançar um bom nível de luta, crucial para enfrentar os desafios da campanha e, principalmente, no multiplayer.

Os controles respondem muito bem, devendo o jogador atacar e defender nos momentos exatos. Uma análise do oponente pode indicar se um ataque mais poderoso é mais viável do que um ofensiva rápida. É preciso um pouco de concentração para executar a ação no momento oportuno. Um movimento errado e a morte é o único destino.

É interessante observar que mesmo o campo de batalha estando completamente movimentado, cada luta contra um adversário ( excluindo os bots fracos ) é quase que um X1. Você fixa os olhos na dança de pernas do inimigo sem desgrudar dos movimentos dos braços.

Esse balé é o que torna tudo cativante. Uma espécie de boxe com espadas, lanças e escudos.

A estratégia também é componente presente. É preciso conhecer a classe adversária, saber suas fraquezas e virtudes. Uma abordagem padronizada quase nunca funciona. A maneira como você desafia uma samurai é distinta de um brutamontes viking.

Inovador na mistura de referências

Além da mistura histórica e geográfica, a Ubisoft também propôs em For Honor uma mistura de elementos que lembram outros jogos. Um fator interessante, para não estressar o jogador com o excesso de repetição.

Elementos de jogos hack ’n slash, beat’ em up e RPG punitivo podem atrair fãs de qualquer um desses gêneros, tornando o transcorrer do gameplay menos repetitivo.

Assim, é possível matar alguns inimigos, na campanha, com combinações feitas com apenas um botão ou encarar um boa briga somente ao percorrer o cenário. Ou ainda suar para derrotar aquele todo poderoso chefe, com muita paciência, usando estratégias de ataques, defesas e esquivas.

Um multiplayer realmente desafiador

Mas se o jogador sente-se seguro, e se gaba que aprendeu o suficiente, durante o treinamento e campanha, para enfrentar a verdadeira guerra de facções no modo multiplayer, pode se enganar redondamente.

O primeiro passo para se entrar no modo multiplayer é passar por um desafio, contra lutadores controlados ainda pela máquina. Dessa forma, é possível saber se ele possui habilidades suficientes para aventurar-se nos modos online disponíveis.

O embate inicial contra os bots é bem simples, a vitória vem com facilidade. Mas, ao enfrentar outros jogadores reais é que o desafio realmente se torna interessante. Combater os pares online exige muito treino.

No multiplayer, o jogador representa sua facção, escolhida logo na primeira vez que acessa o jogo. Não significa, claro, que poderá lutar apenas com guerreiros dessa classe. Mas sim que a facção escolhida receberá as conquistas alcançadas pelo personagem que o jogador escolher.

For Honor - Mapa Multiplayer

Conquistas estas que podem ajudar a liberar novos jogadores e itens que facilitam a jornada nos modos multiplayer.

Porém, engana-se quem pensa que evoluir o personagem pode torná-lo exageradamente mais forte que seus adversários. As melhorias representam pouco perto das habilidades de luta necessárias para vencer as batalhas.

Tudo isso faz do multiplayer de For Honor sua principal atração. O jogo em equipe torna-se ainda mais divertido e fortalece os laços de união pela guerra, quando a honra faz realmente a diferença entre sobreviver e perder uma batalha.

Os esquemas de personalização também contribuem para deixar cada herói com “sua cara”. Adornos, emblemas, armaduras, etc.

Mas nem tudo são dignos de elogios. For Honor oferece poucas variações de modos, ficando os jogadores restritos a três opções principais: um contra um, dois contra dois e facções. Outro ponto são os mapas, não muito grandes. Mas isso se justifica pelo escopo do game. Eles foram desenhados para favorecerem os confrontos que levam apenas poucos segundos para começarem.

Ambientação e localização bem elaboradas

No que se propôs a fazer, For Honor entregou uma ambientação gráfica bem feita. Pode ter exagerado apenas nas aplicações de cores em determinados momentos de jogo. Nada que venha a estragar a experiência.

For Honor

Mas de forma geral, a movimentação dos personagens é bem fluída, sem grandes problemas que inviabilizem o gameplay.

Localizado totalmente em português do Brasil, For Honor ganha muitos pontos com o público brasileiro, que pode entender completamente o que está acontecendo e focar no jogo propriamente dito.

Pela Honra!

Antes de seu lançamento, For Honor já era alvo de muita expectativa pela comunidade de jogadores. Mesmo com o temor costumeiro de títulos que apresentam problemas iniciais produzidos pela Ubisoft.

Mas aparentemente a empresa vem aprendendo com seus erros e melhorando a qualidade de seus jogos. Esse é o caso de For Honor. Além de entregar algo muito próximo do prometido, a Ubisoft inovou em diversos aspectos para o jogo. Oferece uma dinâmica diferenciada e um gameplay bem fora do comum.

Ainda que tenha pensado em soluções para diversos problemas, o maior deles, principalmente para aqueles jogos concentrados (mesmo que não totalmente) no modo multiplayer, o jogo finda naquela sensação de repetição eminente.

Por esse motivo, estes pontos mencionados reduzem um pouco a pontuação final. Mas é honrosamente recomendado, pois conseguiu aliar inovação com referências poderosas, capaz de prender os jogadores por boas horas em frente à TV.

Thiago Lima
Thiago Lima
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Jogando agora: Nada no momento.
Assessor administrativo por formação e redator gamer por paixão. Entusiasta da PlayStation e fã de The Last of Us, Uncharted e PES.