Helldivers 2: vale a pena?

Cerca de 200 mil jogadores simultâneos na Steam em dado momento, elogios de várias outras empresas, números super positivos de vendas (sem apelar para microtransações).

Helldivers 2 já é um dos jogos de 2024.

Provando que a iniciativa da Sony de investir em jogos como serviço, mesmo em um momento que o gênero não está lá com tanta credibilidade assim, o shooter coperativo foi lançado de maneira simultânea no PlayStation 5 e no PC e não decepcionou. Pelo contrário. É uma grata surpresa deste começo de ano.

Ele não é perfeito, claro, mas seus principais problemas são coisas comuns de jogos assim – como problemas de matchmaking e servidores. Em termos de gameplay e ambientação, o trabalho dos desenvolvedores da Arrowhead é impressionante. E agora, claro, eles estão reféns do próprio sucesso, tendo que se dedicar muito mais para fazer tudo ficar cada vez mais redondinho.

Pela Super Terra!

Helldivers 2 não é lá um jogo cuja história é o ponto forte. E nem tem essa pretensão. A aventura se passa um século após os eventos do primeiro jogo, quando os Helldivers (soldados de elite da Super Terra) conseguiram fazer os Terminídios se afastarem do planeta e foram dispensados de seus deveres após A Grande Democratização.

No entanto, depois destes cem anos de calmaria, os alienígenas conseguem se libertar e vão se espalhando por diversos planetas-fazenda, fazendo com que você tenha que vestir a sua armadura e embanhar suas armas. O objetivo é simples: ir para cada local desses, cumprir as missões e deixá-los livres destas ameaças.

Há uma clara inspiração no filme Tropas Estelares, dos anos 90. Nele, os humanos também têm que enfrentar “insetos gigantes” e inteligentes, que estão por aí pelo universo. Até a convocação dos soldados de elite é bem semelhante – você pode vê-la aqui, neste trailer. No jogo e no filme, há muitas explosões, batalhas épicas e inimigos enormes.

Neste cenário, o diferencial de Helldivers 2 é que ele é conduzido pela comunidade. Os jogadores recebem ordens globais com limite de tempo, com missões em larga escala. Como, por exemplo, derrotar X inimigos ou liberar o Planeta Z. Os resultados afetarão os rumos da história e a própria Galáxia em que os jogadores estão inseridos.

O controle disso é feito pela Mesa de Guerra da sua nave. Lá, é possível ver todos os locais em que há incursões e objetivos ativos, além de um menu no canto direito inferior, onde se localizam as tarefas periódicas. E você tem total liberdade para escolher o que fazer. Seja sozinho, seja com um grupo de amigos ou até com desconhecidos desse mundão.

Esta é uma das grandes magias do jogo. O coop, quando funciona, é extremamente divertido.

O quando funciona, porém, é um ponto crucial. Assim como boa parte dos jogos como serviço, principalmente aqueles que têm um sucesso muito maior do que o esperado inicialmente, o game é repleto de falhas relacionadas a carregamentos, servidores e matchmaking. Incomoda muito, por exemplo, cair de um jogo no meio da aventura.

Ou então nem conseguir achar uma partida. No jogo rápido, com você como host, achando uma sessão no mapa… Tem horas que nada funciona. São inúmeras as vezes em que é necessário ficar repetindo o processo várias e várias vezes até, de fato, entrar no hellpod, sair da nave e ir para algum planeta enfrentar os inimigos alienígenas monstruosos por essa universo afora.

Mas quando você desembarca, amigo, aí tudo fica incrível. Especialmente com pessoas que sabem o que estão fazendo.

O conceito de estratégia…

Afinal, Helldivers 2 não é só um game de tiro, como também um jogo de estratégia. Sabe aquele conceito? Então…

Cada planeta tem inimigos diferentes, em cada missão é preciso cumprir seus objetivos, e ser bem coordenado é fundamental. Seja na sua parte individual, de saber quais equipamentos usar e os estratagemas que colocar no seu loadout. Isso, aliás, é uma dinâmica bem interessante do game.

Conforme você vai evoluindo, pode ir desbloqueando melhorias para a sua nave e também pacotes de ajuda para o gameplay. Armas especiais, sentinelas, ataques aéreos, além de uma opção chamada de Reforçco, para “reviver” pessoas do seu time que forem abatidas.

Obviamente, há limites de quantidades e tempo para cada ação, então é fundamental, de novo, ter a tal da estratégia. Olhar o mapa, ver as missões secundárias de cada incursão, saber quando combater e quando fazer rotas escapando dos inimigos, comunicar-se via voz ou texto… Tudo isso ajuda.

Assim como ser bem ágil na hora de usar os comandos do direcional. Sim, os estratagemas são usados desta forma, assim como alguns inputs de objetivos, como ligar determinados terminais e chamar a nave de extração. Este momento, aliás, costuma ser bem tenso.

Aí aqui é aquele ritmo de jogo como serviço. Entra lá, faz o que tem que fazer, sai, volta para outro lugar, cumpre as tarefas, sai, usa a XP para evoluir seu personagem, comprar novos itens e vai fazer tudo de novo. E de novo. E de novo. Porém, Helldivers 2 tem um diferencial bacana.

Ele realmente dá a impressão de estar adicionando coisas novas, por causa deste sistema de missões globais e atualizações frequentes, como a Invasão de Robôs nesta semana. Ah, e sim, o fogo amigo do game também é bem interessante, divertido, engraçado e até irritante.

Curiosamente, ele está ativo até entre os inimigos. O que torna a dinâmica de combate ainda mais interessante. E, no fim das contas, quando você termina sua missão e vai vendo as barras de progresso da liberação dos locais, a sensação é recompensadora demais.

Enfim, é uma jogabilidade muito bem construída. Perfeita para o que o jogo se propõe.

Combiná-la então com os belos gráficos, especialmente levando-se em consideração que se trata de um game com muitos inimigos e ação constante, a boa trilha sonora e a localização completa para o português do Brasil, o título entrega muito mais do que esperávamos.

Helldivers 2: vale a pena?

No fim das contas, Helldivers 2 tem muito mais positivos do que negativos, e o mais legal de tudo é que ele parece ainda estar só no começo de um ciclo.

É claro que hype passa, porém a grande dedicação que os desenvovledores vêm mostrando e o bom relacionamento com o feedback da comunidade indicam que o futuro pode ser ainda mais lindo do que o presente que tão lindo é.

Outro lado positivo é que ele é “barato”. Tudo bem que chega a ser cômico falar isso de um jogo que custa R$ 200, mas é um preço abaixo da maioria dos AAA atuais. E, certamente, se você curte este estilo específico de jogo, vai aproveitar muito mais horas de diversão do que em vários outros títulos. O grind vale a pena, o entretenimento também. Muito!

Pela Super Terra! Nos vemos no espaço!