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Hazel Sky: vale a pena?

Produzido pelos brasileiros da Coffee Addict Studio, a obra tem sistema de puzzles criativos e interessantes, gameplay de primeira classe, mas peca na apresentação da narrativa

por Jean Azevedo
Hazel Sky: vale a pena?

Os desenvolvedores brasileiros têm recebido grande destaque no ano de 2022. Depois de Fobia — St. Dinfna Hotel e Dolmen, é a vez de Hazel Sky subir ao palco. O jogo de aventura e exploração da Coffee Addict Studio chega no dia 20 de julho ao PS4 e promete reforçar com qualidade o lineup de jogos com produção nacional.

Testamos o game via retrocompatibilidade no PS5 e podemos adiantar que gameplay e o cuidado nos detalhes são os principais pontos positivos. E se a narrativa deixa a desejar, a imersão e suas mecânicas acabam compensando e fazendo com que a experiência, no geral, seja positiva.

Hazel Sky: a história de um aspirante a engenheiro

Em Hazel Sky, os jogadores controlam Shane, filho do engenheiro de mais alto escalão da cidade flutuante de Gideon. Nesse universo, o último teste para conseguir se tornar um profissional na área não é a apresentação de um TCC. 

Hazel Sky - Shane e seu pai
Shane e seu pai indo em direção à ilha para o protagonista passar pela prova final. (Fonte: Jean Azevedo)

Os jovens precisam prestar uma prova prática largados numa ilha deserta, sem ajuda, e aplicando o conhecimento teórico para realizar uma série de tarefas. Só que ao longo do caminho, Shane descobrirá certos contratempos envolvendo sua família e sua origem, capazes de gerar conflito em suas escolhas.

A jogabilidade é fluida e feita com capricho

A tal ilha é cheia de coisas para se fazer, e claro, a exploração e a interação com o ambiente ficam ainda melhores com boas mecânicas entregues no gameplay. O R2 é um botão bastante utilizado ao longo da jornada e é responsável por acionar os comandos de agarrar, escalar, empurrar e ativar alavancas pelo mapa.

Um dos destaques fica para o personagem subindo pelos elementos no cenário. É um recurso parecido com Shadow of the Colossus e Fall Guys, onde é necessário manter o R2 pressionado para ele se pendurar nas beiradas dos objetos. Não existe uma barra de estamina para essa função, então é bem simples de executar as ações.

Hazel Sky Shane no sol
Chegando à ilha, você precisa se virar para concluir as missões. (Fonte: Jean Azevedo)

Os momentos onde Shane pode tocar violão também merecem destaque. É algo semelhante ao apresentado em The Last of Us 2, mas com as notas certas feitas em sequência, o personagem começa a cantar e os jogadores só desfrutam do resto da música. 

Shane desligando a câmera
Shane tocando violão.(Fonte: Jean Azevedo)

Os grandes momentos não param por aqui. A exploração debaixo d’água é apresentada em alguns pontos e surpreende pela fluidez. Shane tem fôlego limitado, mas dá para aproveitar o tempo submerso sem muitos problemas para executar as tarefas. 

Hazel Sky Shane nadando
Shane explorando o fundo do mar em Hazel Sky. (Fonte: Jean Azevedo)

Ainda falando da experiência no gameplay, é notável o quão imersiva é a experiência conforme você busca maneiras de concluir seus objetivos. Conforme Shane checa a planta com materiais necessários para avançar nas missões e os mistérios envolvendo a ilha se revelam, melhor fica a jogatina nesse universo.

Como apontado acima, os criadores depositaram uma dose de carinho na produção. Os quebra-cabeças são bem elaborados, os meios para chegar às respostas também chamam atenção, e não são necessárias muitas explicações para concluir seus três grandes projetos para retornar à cidade de Gideon.

O gameplay e a narrativa não casam

Hazel Sky tem sua história contada de várias maneiras, mas infelizmente, não é entendida somente com o foco principal do gameplay, que é concluir os projetos e chegar à Gideon. Para pegar o contexto de sua provação, Shane terá de ler livros, anotações e até sintonizar em programas de rádio para entender melhor.

Shane conversando
Shane precisa ligar todas as pistas do que lê para definir seu futuro. (Fonte: Jean Azevedo)

Isso acaba afetando a experiência do jogador. Enquanto a jogabilidade e a exploração seguem um ritmo agradável e nos encorajam a passar mais tempo desvendando a ilha, a trama não fica completa e muitos dos personagens ficam sem relevância na história.

A parte prática é prazerosa de se fazer, os quebra-cabeças nos instigam a pensar na melhor forma de resolvê-los e nos mostram mais sobre a importância do teste para os futuros engenheiros. Por outro lado, o lado “místico” por trás do jogo por vezes aparenta estar ausente na jornada de Shane — o que é uma pena.

Hazel Sky carta de Paul
(Fonte: Jean Azevedo)

Vale ressaltar outra informação importante aqui: os elementos do jogo estão totalmente em PT-BR. Os livros e todas as mídias encontradas na ilha — tirando as músicas — são reproduzidas na nossa língua. 

Hazel Sky é curto demais

Como o foco é a exploração e a resolução de quebra-cabeças, quem pega o caminho da primeira vez acaba indo ainda mais rápido nas próximas vezes, e acreditem, a emoção de ver os projetos saindo do papel não se repete. Mas por qual motivo você visitaria tudo de novo? Existe um final alternativo para a história de Shane.

Hazel Sky Shane no avião
Cidade de Gideon ao fundo enquanto Shane trabalha em um dos seus projetos em Hazel Sky. (Fonte: Jean Azevedo)

Em menos de quatro horas é possível concluir a narrativa, e na chance seguinte, esse tempo diminui, mas como citado acima, são as mesmas tarefas e coisas a serem feitas. Mesmo com determinadas áreas sendo inéditas, a rejogabilidade de Hazel Sky não surpreende.

Hazel Sky: vale a pena?

O estúdio brasileiro fez um belo trabalho na produção de Hazel Sky. Dá para notar o capricho em cada detalhe e o jogo não teve crashes durante as sessões de jogatina. Vale a pena dar uma chance sim, porém é uma decisão inteligente aguardar o preço praticado na PS Store.

Hazel Sky Shane em gideon
Gideon em festa com mais um engenheiro (ou será que não?) (Fonte: Jean Azevedo)

Foi um prazer conhecer a história de Shane, mas como Hazel Sky é curto, o investimento pode ser um empecilho para alguns.

Veredito

Hazel Sky
Hazel Sky

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Coffee Addict Studio

Jogadores: 1

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85 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay bem elaborado e as mecânicas funcionam muito bem
  • A imersão por estar sozinho na ilha tentando se virar nas tarefas é um diferencial
  • Praticamente todos os elementos estão traduzidos para PT-BR
  • Não apresentou crashes durante os testes da versão fornecida antecipadamente
  • A mecânica com os violões é legal e prende por um tempo
Desvantagens
  • Narrativa é interessante, mas não é apresentada de uma forma tão clara
  • Jogar tudo de novo não é interessante depois de saber como se resolve tudo
Jean Azevedo
Jean Azevedo
Redator
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Talvez eu goste mais de Marvel's Spider-Man do que deveria.