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Harold Halibut: vale a pena?

Teatral e profundo, Harold Halibut é uma verdadeira aula sobre humanidade

por André Custodio
Harold Halibut: vale a pena?

O mundo de games baseados em história ganhará mais um integrante nesta semana: Harold Halibut. Com a proposta de levar os jogadores para o espaço, o título vem chamando a atenção pelo seu conceito em stop-motion, semelhante ao de filmes como A Fuga das Galinhas.

Depois de quase dez anos, finalmente a aventura narrativa chega às nossas mãos. Promissora e com virtudes capazes de emocionar, ela é uma verdadeira aula de humanidade e mostra como a curiosidade e o desejo de ir além motivam as pessoas a superarem barreiras emocionais e mentais.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Você está pronto para embarcar nessa jornada sem volta? Está pronto para ajudar Harold Halibut a ver o mundo que sempre sonhou?

O mundo que deixamos para trás

A Guerra Fria causou uma tensão irreparável no mundo. Como resultado, as nações perderam seus recursos e suas hegemonias, enquanto alguns grupos tiveram a oportunidade de deixar a Terra a fim de estabelecerem uma civilização em um local distante.

Ao partirem, eles fecharam os olhos e pousaram em um curioso planeta conhecido como Fedora. Porém, as condições de vida se mostraram muito diferentes, já que o corpo espacial era completamente submerso em si.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Sob condições desafiadoras, esses humanos construíram instalações que se aproveitassem dos recursos do planeta. Nas profundezas de um oceano alienígena, eles prosperaram como uma pequena comunidade, guiados por uma corporação que buscava facilitar o acesso a serviços através da água.

As gerações se passaram, e apenas um desejo em comum havia entre os agora fedorianos: saber o que tinha acontecido com a Terra após todos esses anos. E Harold Halibut, alguém que sabe muito pouco sobre as gerações passadas, se torna o mais motivado pela curiosidade que se espalha entre seus comuns.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Será que um dia eles conseguirão se comunicar com os humanos distantes? Será que um dia a pequena comunidade será capaz de escapar de vez das condições inóspitas de Fedora? O tempo corre, e não há mais como perdê-lo.

Harold Halibut é uma aventura narrativa em perspectiva lateral, com foco na exploração, no backtracking e na interação com NPCs. Desenvolvido pela Slow Bros, o título se concentra totalmente na história, revelando as origens de cada personagem para criar um plano de fundo mais íntimo.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Ele possui uma campanha com pouco mais de 8h e inclui missões paralelas por toda a estação, que podem empurrar esse tempo para mais de 12h. Enquanto isso, as mecânicas de gameplay são muito básicas: andar, correr, transportar itens e conversar com amigos.

Uma bela história de amizade

A história de Harold Halibut é pura e virtuosa, sendo indicada para todos os tipos de públicos. O game conta com ampla abordagem científica e tem como personagens centrais nomes envolvidos na ciência. Sua história é bem desenvolvida e ajuda os jogadores a entenderem os aspectos mais complexos.

O game se passa em uma espécie de “meia-era” de fluxo temporal, onde os personagens já se conhecem bem e tem funções estabelecidas na trama. Todos eles são movidos pela amizade e pela cumplicidade, e buscam ajudar o herói improvável a resolver problemas pela estação.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Como um faz-tudo, Harold Halibut deve consertar máquinas, ajudar a levar itens de um canto até outro, entregar mensagens e facilitar a vida de todos. O custo disso: ele se torna uma pessoa bastante querida e bem tratada por todos em Fedora, e essas interações ocorrem de forma única.

Cada NPC tem suas histórias e motivações, desenvolvendo a trama com seus próprios aspectos narrativos. Ao longo da campanha, será possível conhecer professores, artistas, entregadores de cartas, crianças, donos de restaurantes e mais, e cabe ao herói completar missões e saber mais sobre os humanos.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

O título também se aproveita de uma bela trilha sonora para impulsionar essas características sensíveis. Uma dublagem muito bem feita também torna tudo mais profundo, ao lado da localização em português do Brasil para menus e textos.

Harold Halibut também inclui missões secundárias bem divertidas, com a possibilidade não apenas de destravar mais diálogos, mas também eventos aleatórios pela estação. E nada aqui é desperdiçado, pois todos os conteúdos paralelos conversam muito bem com a proposta central da narrativa.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Como uma experiência narrativa, o game conta com opções de diálogo, eventos perdíveis, alguns minigames bem produzidos e reviravoltas, especialmente durante o excelente segundo ato.

Visuais únicos do mundo e dos personagens

O trabalho estético da Slow Bros é um verdadeiro espetáculo. Todos os cenários de Harold Halibut são muito bem construídos, tanto em termos de level design quanto de riqueza de detalhes dentro e fora da estação submarina.

Os efeitos de luzes dinâmicos se revelam super realistas, com as partículas incidindo nos personagens de acordo com a perspectiva. Isso se combina com uma atmosfera gráfica no melhor nível odisseia espacial e com sombras e reflexos muito bem determinados.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Enquanto o mundo de Harold Halibut é em 3D, os personagens são uma espécie de stop-motion em massinha de modelar. Aqui é praticamente onde mora um dos grandes charmes do jogo, pois as expressões faciais, movimentos e interações funcionam com primor.

Esse elemento acrescenta bastante alívio cômico, mas também oferece um ar de simplicidade que deixa o universo do game mais belo. E mesmo com muitas cenas de animação e como um filme interativo, o game sabe equilibrar o tempo de gameplay e os cortes para a CGI.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Infelizmente, o título sofre com quedas na taxa de quadros constantes, bem como com alguns bugs visuais em termos de processamento ambiental. Os tempos de carregamento também podem quebrar o ritmo, pois além de serem muitos, eles demoram alguns segundos para se concluírem.

Harold Halibut: vale a pena?

Visualmente estonteante, Harold Halibut conta uma história profunda sobre a curiosidade humana. Protagonizada por um herói bastante peculiar e que pouco sabe do universo, o game se baseia na amizade e na virtude para trazer uma narrativa pouco convencional e cheia de situações marcantes.

Harold Halibut
Fonte: André Custodio

Os problemas técnicos realmente podem afetar jogadores mais atentos e quem quer apenas aproveitar a história, mas a exploração no game é realmente recompensadora em termos de desenvolvimento da trama. Assim, o título é bastante acessível e certamente merece atenção de fãs do gênero.

Harold Halibut é um jogo bastante recomendado. Com referências à cultura popular e um diálogo muito puro, ele revela como as pessoas podem trabalhar juntas por um bem maior, mesmo que esse objetivo seja desafiador e esteja em condições muito adversas.

O game será lançado nesta terça-feira (16) para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC e já pode ser adicionado à Lista de Desejos na PS Store.

Veredito

Harold Halibut
Harold Halibut

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Slow Bros

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
83 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História cativante e muito bem conduzida
  • Conteúdos principais e paralelos bastante divertidos
  • Bom tempo de campanha
  • Estilo visual muito bonito
  • Simples e acessível para todos os tipos de públicos
  • Trilha sonora de alto nível
  • Localização para textos e legendas em português do Brasil
  • Ótima dublagem de todos os personagens
Desvantagens
  • Alguns bugs visuais e falhas na renderização ambiental
  • Muitas telas de carregamento
  • Quedas na taxa de quadros
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.