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HappyFunland: vale a pena?

Nem todos os passeios no parque são divertidos ou memoráveis

por André Custodio
HappyFunland: vale a pena?

Pessoas de todas as idades sonham com aqueles passeios nos parques divertidos. Músicas alegres, barracas lotadas de brindes e atividades, atrações inesquecíveis… Muitas vezes esses dias resultam nos mais marcantes para quem já experimentou os brinquedos.

Porém, da mesma forma, vários visitantes saem insatisfeitos e nem sempre as coisas terminam como planejadas. E infelizmente esse é o caso de HappyFunland, jogo da Spectral Illusions que tem como proposta levar o público para um parque assombrado no PS VR2.

Novidade para o mês de março, o game era um dos projetos mais aguardados por quem possui dispositivos de realidade virtual. Mas neste dia de lançamento, é importante baixar — e muito — as expectativas.

Bem-vindo ao HappyFunland!

Após aceitar o convite de um completo estranho chamado Larry, um investigador parte em direção a um furo jornalístico no sul da Flórida. Chegando no local, ele descobre que é o único humano restante em um parque temático onde eventos macabros passaram a acontecer.

Documentos espalhados pelo HappyFunland indicam que algo aconteceu com as máquinas. E não apenas com as grandes atrações, mas com os brinquedos autômatos que serviam como anfitriões. Desde então, eles permanecem escondidos na escuridão, enquanto o parque segue iluminado e chamativo.

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Fonte: André Custodio

O que aconteceu com o espetáculo de Mort Grisly? Por que as atrações continuam ativas, mesmo com ninguém tendo acesso ao local há bastante tempo? Esse é apenas um dos mistérios que os jogadores deverão desvendar.

Game de terror e comédia em realidade virtual, HappyFunland foi desenvolvido pela Spectral Illusions e publicado pela Perp Games. A campanha consiste em avançar por inúmeros cenários de um mapa temático, enquanto quebra-cabeças são resolvidos e a história progride.

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Fonte: André Custodio

Especialmente para o público que não tem o inglês como idioma nativo, essa parte é a menos interessante. Isso porque são muitos diálogos durante animações e gameplay, com suporte apenas para localização norte-americana para áudio e sem qualquer tipo de legenda.

Dessa forma, a única opção que pode restar é seguir em frente, avançar por trechos que combinam combate, puzzles e walking simulator, e conferir alguns jumpscares que são bastante pontuais — nem um pouco apelativos, vale a pena reforçar.

Ao longo da jornada por HappyFunland, os jogadores também coletam arquivos, reproduzem áudios em gravadores, interagem com documentos em revistas e jornais, e conversam com a única pessoa que tem ciência do parque temático: Larry.

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Fonte: André Custodio

Toda a história pode ser desvendada em menos de 2h, mesmo por quem curte uma exploração e buscar segredos espalhados pelas atrações. Caso decida rushar, é possível completá-la em pouco mais de 1h. Não há muito custo-benefício nesse aspecto.

Um parque que é o verdadeiro charme

Os pontos negativos de enredo, ritmo e localização não impactam a boa construção de imersão do ambiente. E falar nesse aspecto não significa mencionar as tecnologias de hardware do PS VR2 — pois elas são inexistentes —, mas sim exaltar um belo trabalho de level design.

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Fonte: André Custodio

HappyFunland é grande e coeso, com vários pontos de interesse situados em pontos estratégicos e que fazem sentido para o layout do parque. Mesmo durante os passeios em túneis, montanhas-russas e cenários, não há uma sensação de “isso seria impossível de estar aqui”.

A condução é inteligente e bem fundamentada, feita claramente por quem entende de um parque temático. Cores, músicas, máquinas com movimentos, vendas e minijogos se espalham por vários setores e destacam não só a funcionalidade, mas uma bela combinação de realismo e de estética.

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Fonte: André Custodio

A atmosfera do game também tem seu charme. A todo momento ela passa uma sensação de hostilidade, enquanto guia os jogadores por um local que, na teoria, deveria ser seguro. Assim, o clima de terror é provocativo e instigante, mesmo diante de aspectos técnicos que prejudicam muito a experiência.

Se não fosse em realidade virtual…

HappyFunland peca por aparentemente explorar um departamento que é muito mal aproveitado. A interação com os objetos em realidade virtual é muito fraca e dotada de bugs visuais, com itens desaparecendo constantemente e outros dando uma falsa sensação de proteção — como armas melee.

Como se isso não bastasse, do início ao fim da campanha há problemas de colisão. Todas — absolutamente todas — as superfícies são “quebradas”, e se você esticar a cabeça um pouco (ou quase nada) verá o que existe do outro lado.

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Fonte: André Custodio

Esses problemas impactam diretamente no sistema de câmeras, que por não ter suporte às tecnologias do PS5, é significativamente prejudicado. O movimento do personagem é bem lento, mas mesmo isso não impede que ocorra muitas frustrações, principalmente em áreas mais fechadas.

Porém, a questão que mais prejudica a experiência é a falta de renderização foveated. A falta dessa tecnologia impede que o campo de visão em VR seja suavizado, cansando sensações de enjoo muito frequentes e quase insustentáveis na montanha-russa, no carrossel e em outros brinquedos.

Por fim, para fechar o baú de problemas técnicos, há uma inteligência artificial constrangedoramente fraca dos robôs autômatos. Eles correm em sua direção e param. Correm, param e atacam. Param e caem. Levantam, param, olham para o lado e atacam. É bizarro demais.

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Fonte: André Custodio

De fato, as maiores falhas em HappyFunland dizem respeitos à compatibilidade com a realidade virtual. Não há sensação tátil, vibrações nos controles Sense e no headset… Nada. Investir em um port para consoles e mais caprichado seria o caminho certo e menos arriscado.

HappyFunland: vale a pena?

Agradável em seu conceito e relativamente imersivo, HappyFunland é um showcase de um parque de diversões onde os visitantes não são bem-vindos. Como se não bastassem as ameaças dos cenários, ainda há muitos problemas técnicos do game que podem perturbar ainda mais que o horror em si.

O alívio cômico é pouco sentido em especial por quem não tem inglês nativo ou fluente. Além disso, fragmentos de uma história absurdamente curta podem ser perdidos pela falta de legendas e de opções de localização.

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Fonte: André Custodio

Apesar de ser aguardado pelos entusiastas da realidade virtual, HappyFunland definitivamente não é recomendado. Uma sessão de 15 a 20 minutos de jogo pode trazer danos aos jogadores mais sensíveis a enjoos e impedir que a experiência seja aproveitada ao máximo de forma limpa e eficiente.

Além disso, bugs frequentes, falta de capricho na física ambiental e a ausência de suporte às tecnologias do PS VR2 tornam o game um mero port — e um port pouco ambicioso.

HappyFunland será lançado nesta sexta-feira (23) para PS VR2 e PC VR. No Brasil, o título pode ser adquirido exclusivamente em formato digital via Steam e PS Store.

Veredito

HappyFunland
HappyFunland

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Spectral Illusions

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
50 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Ótimo level design
  • Jumpscares pontuais e pouco apelativos
  • Parque temático bastante imersivo e bem projetado
Desvantagens
  • Inteligência artificial dos inimigos é lastimável
  • Muitos problemas de colisão e física
  • Ausência de renderização foveated amplia muito a sensação de enjoo
  • Falta de legendas para acompanhar a grande quantidade de diálogos
  • Campanha extremamente curta — menos de 2h sem rushar
  • Interação em realidade virtual com os objetos é atrapalhada
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.