Grounded: vale a pena?
Jogo de sobrevivência traz uma temática divertida e com muita liberdade para o gênero
Imagine uma mescla de “Querida, Encolhi as Crianças” com “Vida de Inseto” em um ambiente onde você precisa lutar para voltar ao seu tamanho normal. Grounded consegue misturar isso tudo com mecânicas complexas e, ao mesmo tempo, divertidas. Depois de estrear no Xbox e no PC, ele chegou ao PlayStation.
+ ✅Clique aqui para seguir o novo canal de Ofertas do MeuPlayStation
Diretamente do Xbox Game Studios para o PS5, esse é o novo jogo que passou pela seleção de títulos multiplataforma da Microsoft. Com direito a crossplay e matança de insetos, a Obsidian Entertainment entrega muita liberdade para os jogadores, mas também pode afastar uma parcela de jogadores.
Era só um teste
O jogo começa com uma reportagem nos deixando por dentro de toda uma situação envolvendo um sumiço de crianças e adolescentes na região. Quatro deles, Max, Willow, Pete, e Hoops, têm seus rostos mostrados no noticiário em uma televisão de tubo, afinal de contas, Grounded se passa nos anos 90.
A partir disso, a narrativa nos joga para uma espécie de jardim fechado, onde uma mala misteriosa se abre e opa: um personagem menor que uma formiga sai dali de dentro. A partir dali, começa a sua busca por recursos e sobrevivência, e assim como você, o protagonista encolhido está bastante confuso em torno dos acontecimentos.
Acontece que um cientista é apontado como o responsável por trás de um experimento ousado, e para isso, ele encolheu esses jovens e os colocou numa espécie de área aberta com diversas espécies de insetos — desde os inofensivos, até aranhas capazes de causar um certo medo quando encontradas.
Como você escapará desse pesadelo? Explorando o mapa aberto, que é praticamente o quintal de uma casa misteriosa, onde há diversos biomas, por assim dizer. Há pântanos, áreas mais secas, outras mais bem florestadas, além de muitas, mas muitas coisas para descobrir.
Sobreviver em Grounded é diferente
Grounded tem mecânicas que aprofundam a sensação de perigo entregue durante a exploração. Seu personagem é capaz de sentir fome, sede, se cansar e se machucar, mas, claro, precisa se virar para lidar com os problemas que aparecem.
Logo no começo do jogo temos um ponto positivo para o gameplay: é possível escolher entre a câmera em primeira pessoa para ter mais imersão na experiência, ou se divertir em terceira pessoa, dando mais destaque para os cenários ao seu redor.
A partir dali, cada pedaço de grama, pedregulho, ou raiz encontrados no mapa permitem a liberação de uma nova ferramenta. Por exemplo, juntando algumas pedras e umas folhas, você monta um machado, que é muito útil para cortar grama, aniquilar ameaças e até arremessar nos alvos — no melhor estilo Kratos, de God of War.
A cada descoberta de um recurso, novas receitas farão parte do seu arsenal. Isso vai de comidas até armamentos, e futuramente, a construção de uma base ainda mais aprimorada, com direito a andares, aparelhos metalúrgicos com foco em aprimoramento e muito mais.
Entretanto, nem tudo é alcançado apenas na exploração. Em Grounded, o que evolui o seu personagem é um recurso chamado Ciência. Ele aumenta o nível do protagonista, liberando a compra de tecnologias mais avançadas e úteis.
Conforme a aprendizagem escala, é necessário se alimentar e se hidratar. Grounded tem limites de fome, sede e fôlego, que implicam diretamente no desempenho geral do seu jovem. Caso esteja cansado, ele pode fracassar em combate, por exemplo. E procurar por comida e água pode não ser uma tarefa tão fácil assim.
Dependendo da fonte, os líquidos podem estar sujos ou infectados. Obviamente, essa ação causará efeitos negativos e seu aventureiro estará sujeito a mais perigos ainda. Em poças, por exemplo, você coleta “água suja”, mas após uma noite no quintal, o orvalho é encontrado pelo gramado.
Falando em noite, esse é outro período perigoso para se aventurar em Grounded. As criaturas terão certa vantagem de visibilidade contra você e até outros desafios podem aparecer. Por esse motivo, montar acampamento e esperar é a melhor escolha para sobreviver.
O game nos oferece uma espécie de ponto de renascimento, definido pelo último alpendre (uma espécie de barraca feita com folhas de trevos) ou base construída com nossos próprios recursos. Ali você consegue descansar e esperar a manhã do próximo dia para continuar explorando.
Sobre a experiência no PS5, nada de mais a ser destacado. O DualSense não é tão marcante na jogatina e os gráficos têm um estilo Fortnite. Isso está longe de ser um problema, afinal de contas, o maior destaque de verdade acaba sendo o gameplay em si.
Juntando tudo isso à proposta de sobreviver numa “selva”, constrói-se a base de Grounded. E vale ressaltar aqui, tudo melhora e evolui muito bem. Em determinado ponto do jogo, onde sua tecnologia e seu conhecimento já se desenvolveram, é possível até fabricar máscaras de mergulho.
Há muitas camadas de Grounded, que mesmo sendo um jogo com aparência simples, são capazes de te convidar a ficar imerso por horas e horas jogando. Criar grandes bases, domar insetos e cozinhar são tarefas gratificantes. Entretanto, há um problema que precisamos mencionar em torno do núcleo desse gameplay.
Obsidian acha que todo mundo já jogou Minecraft
Os tutoriais não entregam como tudo precisa ser feito. Grounded é completo, engaja os jogadores, mas nem todo mundo saiu de um sandbox como Minecraft ou LEGO Fortnite para parar ali sabendo como os títulos desse gênero funcionam.
No tutorial básico, bem nos primeiros minutos, a experiência deveria ser mais guiada para um iniciante conseguir montar seu próprio machado, por exemplo. O próprio atalho para acessar a aba de criação não é bem explicado, e entraves como esse podem afastar novos jogadores logo de início.
Caso a pessoa não compreenda esse início, dificilmente avançará em Grounded no ritmo esperado pelos desenvolvedores. Apenas coletar os recursos e não saber quantos e como eles se complementam para se transformarem em um item é inútil.
Outro detalhe importante, que talvez pese na sua decisão caso espere uma experiência multiplayer: isto só funciona se você tiver amigos na sua lista que joguem Grounded. Não há um sistema de procura de salas, mesmo elas estando em outra plataforma.
Por algum motivo, a criação da conta não é feita de forma rápida e direta como em outros títulos online, onde a integração do menu é mais bem feita e simplificada. É necessário pegar seu smartphone ou acessar um computador para isso, logar, e então, buscar partidas para cooperar com seus amigos no Xbox e PC.
É possível que isso seja trabalhado de uma melhor forma em possíveis futuros títulos multiplataforma da Microsoft. Quanto mais natural for esse processo, mais rápido as pessoas poderão se jogar nas aventuras online.
Grounded: vale a pena?
Para quem já se acostumou com jogos no estilo sobrevivência, Grounded é um prato cheio. Tem novidades que títulos com abordagem sandbox/survival, como Minecraft e LEGO Fortnite, ainda não tinham apresentado.
E o mais importante: o gameplay é o suficiente para te manter interessado em evoluir.
Entretanto, se essa será sua porta de entrada nessa área, pense com carinho. São R$ 214,90 na PS Store, há poucas salas para gameplay online no PlayStation e, talvez, a experiência definitiva só ficaria completa caso você tivesse um grupo para a jogatina.
Veredito
Grounded
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Obsidian Entertainment
Jogadores: 1-4
Comprar com DescontoVantagens
- Jogo de sobrevivência que te dá bastante liberdade
- Evolução tende a te prender ainda mais no jogo
- Apesar de ter gráficos "simples", gameplay não deixa a desejar
- Alternância de perspectiva das câmeras é muito bem-vinda!
Desvantagens
- Criação de conta para ativar crossplay não é feita dentro do próprio console e o multijogador é limitado
- Jogo precisa ser um pouco mais didático para os iniciantes no gênero