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God of War Ragnarök no PC: vale a pena?

God of War Ragnarök é um port quase perfeito e dá relances do que podemos esperar do PS5 Pro

por Felipe Gugelmin
God of War Ragnarök no PC: vale a pena?

Quase dois anos após chegar o PS4 e ao PS5, God of War Ragnarök finalmente fez sua estreia no PC, permitindo aos que preferem a plataforma completem a “Saga Nórdica” de Kratos e Atreus. Desenvolvida pela Jetpack Interactive, também responsável pelo port do God of War de 2018, a nova versão mantém o histórico recente da Sony de fazer boas adaptações de seus principais títulos.

No entanto, alguns pontos bastante específicos podem fazer com que a sequência não seja tão surpreendente em sua transição quanto seu antecessor. Em Ragnarök, o estúdio parece ter adotado uma postura um pouco mais conservadora, não indo muito além do que o console da atual geração conseguiu oferecer.

Além disso, em alguns detalhes ele consegue entregar menos do que o PS5, infelizmente. Embora isso seja algo que pode ser modificado em patches futuros, ainda é decepcionante ver que toda a atenção que a Sony Santa Monica deu ao game acabou não se refletindo inteiramente em sua aguardada estreia no PC.

Sobre God of War Ragnarök

God of War Ragnarök começa logo após os eventos do jogo de 2018, mostrando o mundo tomado pelo Fimbulwinter, o grande inverno que prenuncia o final dos tempos na mitologia nórdica. Após passarem algum tempo escondido de Odin e de seus aliados, Kratos e Atreus acabam sendo encontrados e bolam um plano para se sagrarem vitoriosos.

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Ele envolve encontrar Tyr, o deus da guerra nórdico que uniu diferentes povos no passado, mas que sumiu misteriosamente. Enquanto isso, Atreus vai descobrindo mais sobre sua missão como Loki, enquanto Kratos enfrenta novamente sua mortalidade e, por mais que tente, não vai conseguir sozinho manter seu filho longe do perigo e dos resultados de suas próprias escolhias.

Mais expansivo do que o primeiro game, o título traz novas habilidades interessantes, um elenco secundário mais rico e ainda mais estratégias de batalha. No entanto, sua história peca um pouco no final por resolver situações de forma apressada, dando a sensação de que tentou resumir elementos demais em uma única aventura. No entanto, este não é um review sobre o título em si, e você pode conferir a opinião oficial do MeuPlayStation clicando neste link.

Um port quase perfeito

Em muitos sentidos, a versão PC de God of War Ragnarök é bastante semelhante à do God of War de 2018. Portanto, ele é um game que escala bem em diferentes tipos de hardware e, mesmo que você precise abrir mão de detalhes em ambientes e qualidade de sombras para conseguir jogar, ainda assim ele permanece um jogo bonito.

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Alternar entre as qualidades Média e Ultra, por exemplo, faz com que os ambientes parecem um pouco mais artificiais, mas nada que torne o título injogável ou uma “batata” do ponto de vista visual. No entanto, relatos da Digital Foundry indicam problemas com CPUs AMD Zen 2, que o impedem de ter bons desempenhos nelas, independentemente do contexto.

Outro ponto possivelmente decepcionante vem do fato de que a nova versão “não vai além” do que o PlayStation 5 consegue fazer. Em outras palavras, o modo Ultra parece corresponder exatamente ao Modo Qualidade oferecido pelo console, trazendo como principais diferenças o uso de resoluções-base mais altas e a capacidade de atingir framerates maiores (contanto que você tenha o hardware necessário).

Enquanto isso não é algo necessariamente ruim, alguns detalhes mostram que o PC precisa de um ou dois patches para atingir sua versão ideal. Logo no começo do jogo, a cena de sonho envolvendo Faye e a primeira visita ao mundo entre dimensões mostram a ausência completa da neblina que ajudava na caracterização única dessas cenas — algo presente até mesmo no PS4 base.

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Isso não é algo escandaloso ou que faça o game perder sua qualidade, mas decepciona ver esses pequenos detalhes, tão caros à Sony Santa Monica, passarem batidos pela Jetpack Interactive. Apesar disso, não se engane: não temos aqui um caso The Last of Us Part I, onde foram necessários meses de trabalho para as questões mais notáveis serem corrigidas.

Onde realmente há problemas é quando a opção do aspecto visual ultrawide é ligada, resultando em um desempenho bastante errático, mesmo em PCs mais robustos. Isso surge em grande contraste com o modo 16:9 convencional, que apresenta uma performance bastante estável e com raríssimas oscilações.

Usando uma combinação de um Core i9 9900k, uma RTX 3080, 32 GB de RAM e o jogo instalado em um SSD M.2, consegui jogar a maior parte da aventura a 72 FPS fixos, na qualidade Ultra e resolução 1440p com DLAA ativado (o padrão sugerido). Só tive quedas notáveis na área do mundo entre mundos e ao ligar o aspecto ultrawide, sinal de que essas são duas áreas que merecem mais atenção em patches futuros.

Um game repleto de opções

Muito do bom desempenho que a versão PC de God of War Ragnarök entrega está diretamente associado à grande quantidade de opções que o jogo oferece. É possível ajustar detalhes de iluminação, sombras, volumetria, atmosfera e filtro anisotrópico de maneira individual, vendo em tempo real os efeitos de cada uma de suas escolhas.

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Com isso, cada pessoa tem a liberdade de definir quais são os elementos de que está disposta a abrir mão, ajustando o game para ter a combinação de visual e desempenho mais desejada. Também há uma grande quantidade de upscalers disponíveis, incluindo o FSR 3, que oferece geração de frames mesmo para GPUs sem um hardware dedicado.

Caso você tenha uma máquina mais modesta, vale a pena dedicar um pouco de seu tempo a realmente explorar as opções disponíveis. Ao mesmo tempo, o game é bastante competente em fazer uma análise inicial do hardware utilizado e sugerir as configurações mais compatíveis com ele. Só tenha paciência durante a primeira execução, já que o título compila shaders sempre quando é aberto.

Para completar, a versão PC de God of War Ragnarök traz todas as opções de acessibilidade vistas nos consoles, incluindo sinais sonoros e diferentes modos de auxílio visual. Nesse sentido, o game vai além e também permite diminuir de maneira notável a quantidade de dicas que outros personagens vão dar na hora de solucionar puzzles — algo que seria positivo ver chegando pelo menos ao PS5, caso o título receba um upgrade para o PS5 Pro.

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Enquanto a quantidade de ajustes é vasta e bastante positiva, ela traz uma falha notável para quem joga no PC: a impossibilidade de modificar o campo de visão. Embora essa ausência possa ser atribuída à decisão da Sony Santa Monica de trabalhar com uma câmera bastante específica, a existência do modo ultrawide mostra que o efeito pretendido não se perde quanto é possível ver um pouco mais do que está ao redor de Kratos e Atreus.

God of War Ragnarök no PC vale a pena?

God of War Ragnarök no PC não é perfeito e ainda pode se beneficiar de alguns patches para corrigir a ausência de alguns efeitos visuais presentes no PlayStation 5. No entanto, quem apostar nele ainda vai ter uma bela adaptação de um dos melhores RPGs com foco na ação lançados nos últimos anos.

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Bem adaptado a vários tipos de hardwares (embora problemático em CPUs AMD Zen 2), o título traz belos visuais, que se destacam principalmente pela direção artística e iluminação dos ambientes. Caso você tenha o hardware necessário, vale a pena explorar o máximo dos detalhes e tirar proveito da maior resolução nativa que o port proporciona.

Embora não impacte tanto quanto a adaptação do God of War de 2018, o lançamento ainda assim merece elogios — principalmente por ser um jogo recente que não depende de “muletas” como geradores de frames para rodar bem. E mesmo a “polêmica” integração com a PSN não é um problema grande, pois ela só exige um único login para nunca mais se mostrar algo digno de atenção.

De certa forma, a versão de PC de God of War Ragnarök dá relances do que o PlayStation 5 Pro promete oferecer em sua estreia. Ela permite unir as melhores qualidades dos famosos “Modo Qualidade” e “Modo Performance”, resultando em uma experiência muito satisfatória para quem gosta de jogos caprichados, divertidos e com boas histórias.

Veredito

God of War Ragnarök
God of War Ragnarök

Sistema: PC

Desenvolvedor: Jetpack Interactive

Jogadores: 1

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95 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Boa adaptação com várias opções de configuração
  • Permite misturar os modos Performance e Desempenho do PS5
  • Um excelente RPG focado na ação com bons personagens, história e combate
  • É compatível com geradores de frames, mas não depende deles para rodar bem
Desvantagens
  • Faltam alguns efeitos de neblina presentes nos consoles
  • Desempenho instável no modo ultrawide
  • Problemas com CPUs AMD Zen 2
Felipe Gugelmin
Felipe Gugelmin
Jornalista
Publicações: 30
Jogando agora: Final Fantasy VII Rebirth
Dedicado à PC Master Race desde 2012, ainda dedica um espaço quentinho no coração ao PlayStation e a qualquer console portátil.