Ghost Trick: Phantom Detective: vale a pena?
Remasterização em HD do clássico de Nintendo DS, game surge em versão reformulada, mas traz novidades pouco atrativas
Após mais de 13 anos desde seu lançamento, Ghost Trick: Phantom Detective retorna ao universo dos videogames em sua versão para plataformas mais recentes. Com conteúdos adicionais, mecânicas aprimoradas e melhorias gráficas, o game busca conquistar novos públicos; mas será que consegue?
A estreia para Nintendo DS foi um verdadeiro sucesso. Ao longo dos primeiros meses, fãs se reuniram em fóruns online para discutir escolhas narrativas e ajudar jogadores que enfrentavam problemas para resolver quebra-cabeças. Com isso, a aventura de Sissel se tornou praticamente um projeto cult.
Flores para os mortos, um caso para Sissel
Misteriosamente morto em um lixão, Sissel parece assistir de longe a uma tentativa de assassinato de uma jovem garota. Desesperado para entender como seu corpo se separou de seu espírito, ele se questiona sobre a realidade e tenta lembrar do que houve instantes antes da tragédia pessoal.
Uma voz o chama e afirma que ele teria desenvolvido poderes sobrenaturais, como uma espécie de dom único apenas para quem não possui mais vida. Dessa forma, ele descobre uma habilidade de manipulação de objetos e a utiliza para salvar a vida da mulher, com a esperança de encontrar respostas.
Esse é o início de uma longa jornada, onde o herói se envolve com uma série de outras figuras estranhas. Ao longo do tempo, o protagonista se vê preso em uma conspiração, mas tem apenas uma noite para resolver o caso de sua morte antes de desaparecer completamente.
Ghost Trick: Phantom Detective é um jogo de quebra-cabeças baseado em narrativa. A aventura resgata um sistema de visual novel para contar as histórias, contando com muitas — ênfase em “muitas” — linhas de diálogos, animações dinâmicas em 2.5D e gameplay com interação entre pessoas e objetos.
Sua campanha possui aproximadamente 10h e é dividida em 18 capítulos. Os episódios ocorrem em sequência e têm introduções temporais — os jogadores acompanham o tempo em que a história ocorre. Porém, como já é comum da estética oriental, muitos flashbacks e plot twists aguardam os jogadores.
Só acaba quando termina
Em 2010, a narrativa de Ghost Trick: Phantom Detective chamou a atenção por ser criativa e pontual. Ao longo dos capítulos, tramas centrais e subtramas foram apresentadas para manter o plano de fundo coeso. E até hoje essas questões podem ser não apenas observadas, mas apreciadas.
Criada por Shu Takumi, lendário designer da Capcom conhecido por dar vida à série Ace Attorney, a história do game é seu ponto alto. Apesar de excessivamente longos e lotados de informações, os arcos trazem respostas convincentes sobre motivações e consequências.
O título também aproveita a participação de personagens caricatos e exagerados para acrescentar mais drama. Com isso, há a sensação de que todos ali têm uma atuação não apenas importante, mas crucial para o desenrolar dos eventos — assim, queremos salvar a todos e conferir seus respectivos finais.
Porém, é diante de tanta informação que surge o grande problema do game, em especial para os jogadores brasileiros: não há localização em PT-BR. Ghost Trick: Phantom Detective inclui suporte apenas para os EUA, Ásia e Europa, tanto para menus quanto para o gameplay.
Dessa forma, vale a pena constatar um fato: novos fãs brasileiros de Ghost Trick: Phantom Detective perderão muito em profundidade narrativa. Com grandes possibilidades de ter seu desempenho nos puzzles afetados, já que eles exigem dependência extrema do idioma.
Felizmente, o título traz a famosa mecânica de “Retroceder”. Dessa forma, ser derrotado em um quebra-cabeça reinicia o evento com novas pistas e sugestões, oferecidas em tempo real pelos personagens que estão participando da ação. Errou? Basta tentar novamente.
4 minutos para o fim de tudo
Ghost Trick: Phantom Detective é centrado na resolução de puzzles sob pressão. Ao voltar no tempo para salvar alguém, Sissel pode retornar quatro minutos antes da morte. Porém, antes de estabelecer um canto no passado, ele confere todos os eventos que causaram tal fatalidade.
Desde esse momento, é importante ser observador. Cada item interativo dos mapas pode ser determinante para o sucesso caso seja possuído no timing certo. O tempo para salvar o personagem é contado, mas pausa quando o protagonista vai para o “Mundo Fantasma”.
Assim, os jogadores podem reviver a ação à vontade, explorando novas possibilidades de interação ou simplesmente aguardando o tempo avançar para descobrir como as mudanças na cena podem contribuir. Vale reforçar que a pressão não é punitiva e o game possui uma dificuldade moderada para baixa.
Os eventos de tempo se tornam mais desafiadores quando há múltiplos mapas. Como Sissel pode viajar entre linhas de telefone, é possível visitar outros locais enquanto o tempo está correndo. Para a alegria dos fãs, o level design é muito bem projetado e todas as transições são bastante intuitivas.
Melhorias gráficas que evidenciam a qualidade do jogo
Em 2010, Ghost Trick: Phantom Detective chegou ao Nintendo DS surpreendendo os usuários do portátil. Enquanto seus gráficos eram basicamente modelos pixelados, as animações dos personagens se destacaram através de movimentos fluidos e de uma ação convincente.
Porém, as limitações da época não permitiam uma visibilidade nítida de todos os elementos da tela, em especial durante os quebra-cabeças. Dessa forma, os jogadores apelavam, muitas vezes, para o recurso de acessibilidade vinculado aos itens, contendo o nome do objeto e sua respectiva ação.
Já na remasterização as coisas mudam consideravelmente. Os visuais estão muito bonitos e mais polidos. As texturas de cada item permitem uma visualização mais clara, enquanto partículas e efeitos de tela garantem mais densidade e cinematografia.
Um jogo inteligente com conteúdos preguiçosos
Infelizmente, Ghost Trick: Phantom Detective peca muito nos conteúdos oferecidos pela remasterização. O game conta com um nível baixo de fator replay, já que há seleção de capítulos sem grande necessidade de ser habilitada — devido à linearidade geral do jogo.
Além disso, o remaster inclui um menu de extras com opções de bordas para a tela, galeria de personagens e um reprodutor de músicas. Aqui, vale mencionar um ponto: a trilha sonora do game é excelente. Mas nada que ganhe muito destaque quando apresentada de forma separada.
Por fim, o conteúdo endgame é disparado a novidade mais sem graça. Quando os jogadores finalizam a campanha principal, um modo “Ghost Puzzle” é ativado no menu principal. Essa experiência consiste em clássicos Jogos do 15, que inclui as variações 3×3, 4×4 e 5×5.
O “Ghost Puzzle” não traz absolutamente nada de novo e com certeza será deixado de lado por muitos fãs — menos por caçadores de troféus. O modo inclui apenas três telas de quebra-cabeças e é obrigatório para a platina.
Ghost Trick: Phantom Detective: vale a pena?
Ghost Trick: Phantom Detective é uma aventura policial inteligente, mas limitada. Jogadores que curtem o gênero de puzzles podem curtir as primeiras horas da campanha, porém os atos finais devem trazer um certo desgaste, especialmente devido à linearidade do game e à falta de opções.
Dessa forma, o título é recomendado para quem curte visual novels com mecânicas diferenciadas. Fãs mais dedicados de jogos desafiadores certamente esbarrarão na longa narrativa e na ausência total de localização em PT-BR. Além disso, o jogo não traz motivos para permanecer.
Oferecido exclusivamente em formato digital, Ghost Trick: Phantom Detective segue sem preço disponível na PS Store. Sua data de lançamento está marcada para 30 de junho, no PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.
Veredito
Ghost Trick: Phantom Detective
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Capcom
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- História envolvente e lotada de grandes momentos
- Trama redonda e sem exageros narrativos
- Melhorias visuais consideráveis
- Game relativamente acessível e pouco punitivo
- Trilha sonora excelente
- Level design e direcionamento dos mapas bem realizado
Desvantagens
- Ausência de localização em PT-BR é extremamente prejudicial
- História excessivamente longa
- Conteúdos adicionais pobres e pouco atrativos
- Fator replay não é atrativo