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Fear the Spotlight: vale a pena?

Inspirado nos clássicos jogos de terror e sobrevivência, Fear the Spotlight moderniza fórmula de forma bastante agradável e tensa

por André Custodio
Fear the Spotlight: vale a pena?

Primeiro título a ser publicado pela Blumhouse Games, Fear the Spotlight “deu match” com os ideais do estúdio. A companhia de James Blum é mais conhecida por trabalhar em grandes filmes de terror dos últimos anos — e agora ela encontra um novo nicho.

Dessa vez, a parceria é com a Cozy Game Pals, uma pequena desenvolvedora indie que estreia com um jogo premium para as atuais gerações de consoles. E como já era de se esperar, conhecemos uma história que poderia ser facilmente levada para os cinemas.

Não há como negar que Fear the Spotlight combina elementos muito bem. E apesar de haver problemas técnicos, não há como negar que existe um projeto feito como muito carinho e conhecimento de quem entende bem do gênero terror.

Era para ser apenas um jogo…

Amigas, Amy e Vivian decidem explorar sua escola à noite ao descobrirem a existência de um tabuleiro ouija. Elas são levadas pela curiosidade e invadem o local quando não há mais ninguém, tornando a aventura ainda mais arriscada.

Mas é apenas um jogo inofensivo, não? É impossível as lendas sobre misticismo e bruxaria serem reais. Isso é o que pensa Vivian, que tem na inocência sua grande virtude. a garota topa entrar na brincadeira de Amy, mas não demora a perceber que foi um erro.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

O ritual se encerra e as luzes se apagam. Antes, as amigas estavam juntas. Agora, não mais. Onde cada uma foi parar? Por que a escola guardava uma força tão poderosa e rancorosa? O tempo passa e cabe as duas trabalharem sozinhas para encontrar as respostas.

Fear the Spotlight é um game de terror e sobrevivência inspirado em clássicos. O título conta com uma belíssima arte retrô, mas inclui elementos suaves de jogabilidade que se adaptam aos equipamentos mais recentes.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

O título funciona nos esquemas originais: cenários interligados, quebra-cabeças ambientais, zonas de picos sensíveis e foco narrativo. Isso quer dizer que há bastante backtracking, apesar de pouco cansativos pelas limitações de cenários e de tempo de campanha.

Em relação à história de Fear the Spotlight, ela é contada diante das perspectivas de Vivian e de Amy. Cada jornada dura até 3h, enquanto as duas juntas obviamente chegam ao máximo de 6h. Vale lembrar que elas são complementares.

Duas personagens, dois mundos, duas ameaças

Como Fear the Spotlight é um jogo de terror psicológico, as mentes das garotas são bastante exploradas por suas respectivas jornadas. Assim, cada uma ocorre em cenários diferentes, com inimigos diferentes e com abordagens distintas.

Vivian, mais introspectiva, é uma personagem com problemas relativos a si própria. Enquanto isso, Amy é mais expansiva, mas tem um histórico marcado por eventos brutais em sua família e por perdas. A forma como essas ideias são desenvolvidas é excelente.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

No game, todos os elementos conversam muito bem, em especial os de jogabilidade. Quebra-cabeças inteligentes e coerentes, cenas animadas bem feitas, mas respeitando a estética retrô, e uma movimentação muito satisfatória, se afastando dos comandos “travados”.

Outro detalhe interessante em Fear the Spotlight fica por conta das ameaças. A história de Vivian deve ser jogada primeiro e apresenta perseguidores mais “encaráveis”. Já quando se fala no arco de Amy, a criatura introduzida é simplesmente apavorante.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

A história de Fear the Spotlight também é contada por meio de muitos documentos, de interações em dispositivos eletrônicos (celulares, computadores e outros equipamentos) e através de interações com os cenários.

Tudo isso, quando reunido, resulta em uma trama realmente bem conduzida, que não enfrenta problemas de ritmo, conveniências ou furos realmente capazes de atrapalhar a experiência em geral.

Uma bela e moderna jornada de terror

Fear the Spotlight é um jogo de terror com tudo que tem direito. O título possui cenários escuros, jogos de luzes, eventos que podem ser reparados apenas uma vez (e rapidamente) e uma ótima construção metafórica.

Somado à história perturbadora e incômoda, está uma atmosfera de horror muito bem construída. Jogar com headsets e com as luzes apagadas cria uma experiência realmente eficiente, contendo sustos sem serem apelativos e momentos de alívio passageiro.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

A integração com os recursos do PS5 também reforça a imersão. O game tem suporte completo às funções do DualSense, mas é no autofalante do controle onde ele brilha consideravelmente.

Há falhas pontuais, como problemas de câmera nas partes de furtividade e falhas na iluminação que podem enganar. Porém, o jogo oferece uma aventura bastante sólida em termos técnicos, com a modernização mecânica sendo um dos destaques.

Fear the Spotlight: vale a pena?

Não há como negar que Fear the Spotlight é um jogo único e especial. Fãs de terror vão adorar o conceito e a narrativa, enquanto os mais nostálgicos terão uma percepção real de como um game clássico funciona bem nos consoles modernos.

Sua história com duas perspectivas agrega bastante em termos de conteúdo, enquanto a atmosfera de terror é caprichada por meio de técnicas de sombras e de jumpscares. É impossível deixar de recomendar esse game, em especial para quem busca coisas novas.

Fear the Spotlight
Fonte: André Custodio

Acessível para novatos no gênero, mas sem perder em essência, Fear the Spotlight é mais um jogo indie que merece destaque em 2024. No geral, um título sólido que se propõe a investigar uma história densa, bem construída e com críticas sociais relevantes.

O game será lançado em 22 de outubro para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.

Veredito

Fear the Spotlight
Fear the Spotlight

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Cozy Game Pals

Jogadores: 1

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay extremamente agradável e preciso
  • Quebra-cabeças inteligentes inspirados em clássicos
  • Excelente atmosfera de terror
  • História brutal e bem contada através de duas perspectivas
  • Colecionáveis e atividades secundárias que expandem a história
  • Ótima integração com os recursos do DualSense
  • Sistema de áudio com capricho absurdo
  • Experiência estável e de bom ritmo
Desvantagens
  • Bugs visuais, em especial na iluminação
  • Imprecisões de câmera
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Awaken: Astral Blade, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.