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Fe: Vale a Pena?

Um título intimista e simples, mas que peca em alguns pontos.

por Raphael Batista
Fe: Vale a Pena?

Fé. Duas letras combinadas que formam uma gama de significados profundos e, de certa forma, subjetivos. Em seus vários sentidos, a melhor que a resume pode ser a palavra esperança. E é sobre isso que Fe, o jogo, trata: a esperança de salvação, esperança que as coisas melhorarão, esperança de um futuro melhor.

Em um jogo intimista e apostando no level design com gráficos à lá Journey, Fe apresenta uma proposta interessante e pouco comum no mercado atual. Um título que quer conquistar o jogador pela simplicidade de seus comandos, mas, também, pela profundidade da sua narrativa. Algo que chega ser até profundo demais.

Será que a floresta merece ser salva? Descubra agora em nossa análise do jogo desenvolvido pela Zoink! e publicado pela Electronic Arts.

Profundo até demais

As fichas de Fe estão totalmente apostadas na tentativa de narrar uma história comovente, intimista e profunda. Na verdade, o título até consegue realizar grandes momentos do enredo. Contudo, a história, um tanto quanto subjetiva, deixa arestas soltas e até incompreendidas pelo jogador.

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Explore a floresta e descubra o que acontece. Fonte: captura de tela.

Basicamente, o objetivo do conto é salvar a floresta dos Silent, elementos esquisitos que estão destruindo a fauna e a flora. No controle de Fe, uma espécie de lobo negro filhote, o jogador precisa encontrar a base do acampamento inimigo e destruir o mecanismo que tem amaldiçoado a floresta.

Como foi dito, basicamente. Porque? Trata-se de uma história que se apresenta ao jogador para ser interpretada. O jogador, ao deparar-se com o final do jogo, encontra mais perguntas do que respostas. Não é um enredo mastigado, é um enredo subjetivo para que as conclusões sejam feitas por aquele que aventura-se no game.

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A comunicação entre os seres é imprescindível. Fonte: captura de tela.

Contudo, a Zoink! errou a mão na tentativa de produzir algo marcante. O final do jogo não é ruim, mas não satisfaz o jogador. Fica a sensação de não ter compreendido a intenção do protagonista. Claro que isso pode satisfazer alguns jogadores, mas o questionamento “qual é a moral?” toma conta de forma inquestionável.

A simplicidade é bela

Tratando-se da jogabilidade, Fe agrada de uma forma inusitada. Não existe múltiplas funções, o jogador passa os níveis interagindo com os elementos de forma básica: apertando o R2 para realizar a ação. Além, é preciso pular, planar, subir árvores, coletar itens, mas nada muito complexo.

A simplicidade da jogabilidade é um fator que transforma a proposta alternativa. Não é preciso realizar combos assustadores de botões ou sincronizar movimentos, basta apenas pensar, raciocinar, executar o comando e pronto. Uma jogabilidade acessível é interessante nos dias de hoje em que os jogos tornam-se cada vez mais complexos em sua execução.

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Comandos básicos fazem da jogabilidade algo descomplicado. Fonte: captura de tela.

Com isso, os puzzles aparecem de forma constante. O jogador avança somente se solucionar os quebra-cabeças. Apesar da maioria ser de fácil entendimento e o título colaborar mostrando onde deve-se ir, existem alguns puzzles que precisarão da agilidade e esperteza do jogador.

Em suma, o game não oferta dificuldades relevantes para aqueles que se consideram solucionadores de mistério mediano, afinal, o intuito não é oferecer puzzles complicados como os jogos Portal 1 e 2.

Pós-game

Fe é um jogo semi-mundo aberto, ou seja, as regiões estão disponíveis para exploração após cumprir certos requerimentos ao longo da jornada. O jogador é encaminhado para determinadas direções e ele é obrigado a segui-las. Assim que concluir seus objetivos, pode retornar e explorar mais.

Com isso, a narrativa pode levar um bom tempo para a conclusão. Para aqueles que querem vivenciar a história somente, será um jogo relativamente curto. Cerca de 4 a 5 horas é o suficiente para o término. Contudo, para os caçadores de platina e aqueles que querem experimentar mais do game, o título conta com muitos colecionáveis, muitos mesmo!

Tratam-se de mais de 200 colecionáveis diversos, divididos em suas funções. Cada categoria possibilita uma experiência diferente. O primeiro colecionável, as pedras, abrem novas habilidades para Fe. O segundo, os muros, contam mais da narrativa. O terceiro são obrigatórios.

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O fim de jogo é o início para a coleta de itens. Fonte: captura de tela.

Os jogadores que desejam alcançar 100% do game investirão bom tempo na coleta destes itens, pois será preciso obter todas as habilidades para alcançar a platina tão almejada.

Tirando isso, não há missões secundárias ou algo do tipo.

Então vale a pena?

Fe é o jogo que você possui na biblioteca para dias chuvosos em que a preguiça toma conta do corpo. Um jogo com um belo visual, mas inferior, a5 por exemplo, Unravel. Um título que apresenta a simplicidade de jogabilidade misturada com a profundidade do enredo. Independentemente de suas propostas, é um jogo de plataforma para descansar a mente.

Não poderia terminar a análise sem ressaltar o trabalho musical. O fundo sonoro é, sem dúvidas, o ponto forte do jogo. As orquestras montadas leva os jogadores em um ritmo bom, apaixonante. Infelizmente, isso não é o suficiente.

Por isso, esperar uma promoção é válido neste caso. O título só não chega a ser recomendável por causa de dois fatores: o enrendo não emociona e a curta duração pode sustentar a ideia de dinheiro desperdiçado.

Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.