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Far Cry Primal: vale a pena?

por Thiago Barros
Far Cry Primal: vale a pena?

Imagine-se jogado em uma selva, 10.000 anos antes de Cristo, rodeado de mamutes, tigres dente-de-sabre, ursos-pardos, e até canibais. É  exatamente isso o que Far Cry Primal faz ao jogador do PS4.

Com uma proposta bem diferente, não só dos seus antecessores como da maioria dos jogos em primeira pessoa atuais, Far Cry Primal faz você embarcar para o Período Mesolítico e ter a experiência de lutar pela sobrevivência em meio às dificuldades. Tudo isso com os gráficos super detalhados e a jogabilidade clássica da franquia da Ubisoft.

Mas basta dar uma olhada nas notas de Far Cry: Primal, em outros reviews, para ver que ele é um jogo “polêmico”. A média de pontuação, dentre sites pesquisados pelo Meu PS4, foi de 77 pontos, com alguns dando de 90 e outros menos de 60, em escalas de 0 a 100. Ou seja, o jogo está dividindo opiniões. Quer saber a nossa?

Confira a análise abaixo:

Para começar, é preciso uma pequena viagem no tempo. Esqueça veículos, armas de fogo, e combates como você viu em Far Cry 3 e Far Cry 4. Lembre-se sempre de que Far Cry Primal se passa há mais de 12 mil anos. O período das últimas sociedades de caçadores-coletores – como a própria tribo Wenja, liderada pelo protagonista Takkar.

Uma aventura mesolítica

E é muito interessante observar como Far Cry Primal tem uma relação de fatos fictícios, mas com bases no estudo daquela época. O antropólogo Alain Testart, especialista no período, já afirmou que a acumulação de bens, a caça e domesticação de certas espécies e a coleta das propriedades naturais foram os principais pontos de evolução do homem em 10.000 a.C.

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É justamente nisso que se baseia a aventura de Takkar e dos Wenja. Basicamente, a missão principal é sobreviver, em meio a um mundo com tantas feras amedrontadoras e, claro, uma série de humanos de outras tribos, no caso Udam e Izila, querendo dominar o continente. Em suma, esta é a experiência pré-histórica que Far Cry Primal leva ao PlayStation 4.

Seu objetivo é conseguir guerreiros para reforçar a sua tribo e, assim, derrotar os líderes dos clãs rivais. Mas, é claro, assim como todos os jogos de Far Cry, devido a seu enorme mundo aberto (menor do que o de Far Cry 4, mas razoavelmente grande), há uma série de missões extras e sidequests para garantir horas e horas de gameplay.

Vale lembrar que este enredo envolve também um pouquinho de misticismo, algo já natural na série, e muitas das cenas são “fortes”, com sangue, animais mortos, etc. Para quem não curte, o aviso é importante. Afinal, a batalha com os animais é ainda mais intensa do que no restante da franquia, e até com os humanos inimigos, com alguns deles sendo canibais.

Em time que está ganhando…

Far Cry Primal repete a fórmula que deu certo em Far Cry 3 e, posteriormente, em Far Cry 4. As principais modificações são referentes à mudança de período histórico em que se passa a história deste game. Não há veículos ou armas de fogo, por exemplo, o que é óbvio. Além de não haver também o desbloqueio de áreas do mapa ao conquistar torres.

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Isso faz com que o mapa do jogo tenha que ser totalmente desbloqueado “na raça”, andando mesmo. Outro detalhe muito interessante do game é que os personagens falam um dialeto. Não existe dublagem em nenhum idioma atual. Apenas legendas. A intenção é fazer com que o gamer possa viver o máximo a experiência do ano 10.000 a.C.

Nos comandos e as possibilidades de criar armas, armazenar itens, derrotar animais e rivais, não há diferenças para seus antecessores, e quem já jogou outros jogos da franquia vai identificar-se facilmente. E este é o primeiro ponto da “polêmica” na avaliação do game, que vem variando tanto entre os sites especializados.

Muita gente afirma que “faltou inovar” e que Far Cry Primal é, basicamente, uma “nova skin” por cima de Far Cry 4, com as alterações óbvias por conta da diferença histórica do game. E, no fundo, isso pode ser até verdade. Na nossa opinião, porém, não diminui em nada o quanto ele é um bom jogo, com ótima jogabilidade e um enredo diferente do que se vê atualmente.

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Como todos os outros jogos da franquia, e a maioria dos games com um mundo aberto, pode acabar ficando um pouco repetitivo. Especialmente pela pouca variedade de armas e o fato de não haver veículos. E a ausência dos modos multiplayer, sejam eles cooperativos ou competitivos, é um ponto negativo.

“Mestre das Feras”

Uma diferença muito importante que Far Cry Primal tem em relação a Far Cry 3 e Far Cry 4 é a relação do protagonista com os animais. Ele não só precisa derrotá-los para ganhar loot, como também pode domá-los e tê-los como seus animais. Em Far Cry 4, por exemplo, você poderia montar em elefantes, por exemplo, mas nada como agora.

Far Cry Primal

Logo na primeira missão da história do game, Takkar ganha o poder de domar feras, e a partir daí, fica conhecido como “Mestre das Feras”. Usando sua habilidade, ele pode atrair os animais, como lobos, por exemplo, e domá-los, usando-os a seu favor para, por exemplo, ir atrás de inimigos e atacá-los.

Ele também ganha a companhia de uma coruja, que sobrevoa todo o cenário, e consegue dar uma amostra de como está a situação. Usando o “R3”, é possível ativar o “Modo Caçador” – algo como um “sexto sentido”, que está disponível tanto no chão, com Takkar, como no céu, usando a sua companheira coruja.

É possível domesticar diversas feras, “revivê-las” em um menu dedicado, caso elas acabem derrotadas por algum inimigo, e usá-las não somente como as “armas”, mas também como meios de transporte. Algo fundamental, já que não há veículos no game, e nem sempre suas opções de viagem rápida são as mais eficientes.

Aliás, esta é uma outra adição interessante. Agora, o jogador poderá desbloquear diferentes tipos de vilas, que têm armas e equipamentos exclusivos. Outro ponto a se destacar é como o jogo muda de dia e à noite, quando é preciso utilizar o fogo para iluminar os cenários e você dá de cara com diversos animais diferentes e mais perigosos.

Visual nada antiquado

Se a história é de 10.000 a.C., os gráficos são de 2016 mesmo. Visualmente, Far Cry Primal possui uma ambientação muito bem detalhada, especialmente no que diz respeito às cenas de animação e aos personagens e novos animais. A floresta parece um pouco com a de Far Cry 4, mas há alterações nos materiais e plantas para dar a cara do Primal ao cenário.

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Destacam-se, principalmente, os locais em que há pouca vegetação, mais cavernas e o chão coberto apenas por terra. A primeira sequência, que é como um tutorial/introdução ao game, certamente, já deixa uma excelente impressão de tudo. Do enredo ao visual. Diálogo fluido e envolvente, ação, suspense, animais enormes e um visual super bem trabalhado.

A variação que o ambiente de Oros tem entre dia e noite, conforme o tempo vai passando, também é muito bem feita. A visibilidade caindo conforme a iluminação diminui, o efeito que uma tocha acesa pode fazer, os olhos dos animais, como os lobos, brilhando… São detalhes, que podem passar despercebidos por muita gente, mas fazem a diferença.

Far Cry Primal possui o visual que se espera de um bom jogo de uma grande produtora para um console da “nova geração”. Não chega a ser algo que impressiona, mas está tudo muito bem feito, e até um pouco acima da média. É o padrão Far Cry de qualidade, que segue aqui, assim como na jogabilidade.

Custo-Benefício: vale a pena?

A outra crítica, além da “falta de inovação” e da “ausência de multiplayer” que Far Cry Primal recebe é seu preço. Muita gente acredita que o jogo, justamente pelos motivos anteriores, é caro para o que oferece. Além de ter sido lançado em uma época de crise econômica no Brasil e com “concorrentes” de peso chegando, como Hitman, The Division e Uncharted.

Analisar um jogo meramente por seu preço não parece justo. De fato, este argumento até faz sentido. Muita gente dirá que Far Cry Primal merece o selo de “Espere Uma Promoção”, e nós entendemos isso. Mas já que esta é a realidade do mercado, e como o jogo possui muito mais pontos positivos do que negativos, decidimos dar a ele o selo de “Recomendado”.

Para os fãs da série, é um “Obrigatório”. Para quem não quer gastar muito agora e/ou já tem outros planos de jogo, até dá para ficar com o “Espere uma promoção”. Mas se você não vai ter problemas financeiros e quer um bom jogo em primeira pessoa, com gráficos bonitos, uma ótima jogabilidade e enredo envolvente, vale a pena comprar Far Cry Primal.

2 - Selo de Ouro

Veredito

Sistema:

Desenvolvedor:

Jogadores:

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0 Ranking geral de 100
Vantagens
Desvantagens
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.