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Fairy Tail 2: vale a pena?

Fairy Tail 2 é um título divertido e carismático, mas poderia ser ainda melhor

por Vinícius Paráboa
Fairy Tail 2: vale a pena?

“Família” é uma palavra definida no dicionário como um “grupo de pessoas que partilha ou que já partilhou a mesma casa, normalmente possuindo relações de parentesco, de ancestralidade ou de afetividade“. No universo dos animes, não é raro encontrar obras focadas nessas relações que envolvem laços profundos e, consequentemente, ultrapassam a linha de uma simples amizade para virar “família”. Um dos maiores exemplos é Fairy Tail, mangá escrito por Hiro Mashima com 72 milhões de cópias vendidas.

Fairy Tail 2 chega aos videogames justamente para trazer essa visão sobre laços familiares. O game é uma sequência de Fairy Tail (2020), lançado para PS4, vem com mudanças importantes nas mecânicas de jogo e aborda a saga final do mangá: a guerra contra o Império Alvarez.

Fairy Tail 2 são os amigos que fazemos pelo caminho

Se existe um meme que define Fairy Tail 2 é esse: “são os amigos que fazemos pelo caminho”. E está tudo bem, afinal, Mashima já afirmou em entrevista que só escreveu o mangá, pois “se sentia solitário” quando prestou o ensino médio. Então, tudo o que vemos na obra é, basicamente, o desejo do autor de formar laços e amizades.

Falando do jogo, é importante mencionar que ele não aborda toda a história escrita pelo mangaká. Na verdade, apenas o arco “Império Alvarez”, que finaliza o mangá original, é retratado nas 40h de gameplay — o mangá posterior, “Fairy Tail: 100 Years Quest”, não aparece por aqui.

Dito isso, caso você não seja fã de Fairy Tail, é bastante difícil compreender a narrativa e os personagens. Na campanha, não sabemos as origens da guilda, dos protagonistas, ou muito menos, suas motivações. O game até tenta contar, através de pequenos flashbacks, um pouco sobre o passado de Natsu, Lucy e cia., mas, ainda assim, quem não os conhece, ficará por fora de muita coisa.

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Lucy e Erza conversando (Foto: Vinícius Paráboa)

Se o título antecessor abordou os arcos da “Ilha Tenrou”, dos “Grandes Jogos Mágicos”, de “Tartaros” e do “Avatar”, Fairy Tail 2 começa após esses momentos, quando o continente de Alvarez invade Magnolia e ataca a guilda da Fairy Tail. O motivo é que o temido Imperador Spriggan (mais conhecido como Zeref) quer tomar a magia ancestral “Fairy Heart” para si, se tornar o ser mais poderoso do mundo e, de quebra, derrotar o maligno dragão Acnologia.

A “Fairy Heart”, nada mais é, que o corpo já falecido da primeira mestra da Fairy Tail, Mavis Vermillion. Natsu, Lucy e seus amigos precisam protegê-la, afinal, se Zeref e seu império, formado por 12 generais poderosíssimos (os “Spriggan 12”), conseguirem-na, as consequências seriam desastrosas.

Se você já leu o mangá ou assistiu ao anime, sabe bem como a trama se desenvolve. O “protagonismo” e o “poder da amizade” jogam a favor dos magos da Fairy Tail — praticamente em todas as batalhas. Os duelos são previsíveis: vilão machuca um amigo do mocinho, que fica furioso, tira o poder daquele lugar (epa!) e, finalmente, o derrota.

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A amizade é linda (Foto: Vinícius Paráboa)

Não dá para dizer que não é divertido — este que vos escreve, é um grande fã da obra de Hiro Mashima. Os personagens possuem magias e ataques memoráveis, além de designs únicos (embora, a Gust não tenha os retratados com tanta beleza no jogo). As atuações dos dubladores japoneses também dão peso aos momentos mais dramáticos da trama.

Evolução no estilo de gameplay

No gameplay, os jogadores controlam um entre dez personagens da guilda da Fairy Tail (Natsu, Lucy, Gray, Erza, Wendy, Mirajane, Juvia, Gajeel, Laxus e Gildarts), enquanto navegam por um mapa e cumprem objetivos. Em meio à exploração, encontram monstros para engajar em batalha e, assim, uparem de nível.

As batalhas envolvem até três membros da sua party versus seus inimigos que variam em quantidade. Todos possuem golpes únicos e fiéis em relação ao mangá/anime. E é aqui que a diversão realmente começa.

No combate, o jogador controla um dos três personagens — podendo trocá-los a qualquer momento e até os substituir por membros que estão no banco de reservas. Com ele, é possível desferir ataques básicos (através do botão quadrado), que concedem os pontos SP. Para gastá-los, basta apertar X, triângulo ou círculo, estes setados para habilidades mais poderosas, como o Punho do Dragão de Fogo (Natsu) ou o “Ice Make Lance” (Gray), por exemplo.

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Mirajane, Lucy e Juvia vs. Jacob (Foto: Vinícius Paráboa)

É importante mencionar que usar as mesmas habilidades de forma seguida as deixará mais caras (custando mais SPs) até o seu próximo “turno”. Ao finalizar seu combo, você precisará passar por um tempo de recarga — dando uma oportunidade para o seu oponente se preparar e lhe atacar.

Vale ainda citar que o jogador consegue se defender e reduzir o dano recebido. Com L1, seu personagem principal vai levantar a guarda e sofrer menos com a investidas inimigas. Aqui, vemos um dos problemas do jogo, que citaremos a seguir.

Mas e os outros dois magos da party? Bem, as ações deles são totalmente controladas pela CPU, que raramente levanta defesa e é facilmente abatida por inimigos mais fortes. Isso faz com o que jogador precise ficar atento e utilize skills ou itens regenerativos — mas a IA poderia ser um pouco melhor nesse aspecto.

Existe outro momento onde você usa indiretamente os companheiros de combate: ao diminuir a barra de “Stagger” do oponente, que ficará atordoado. É aí que se usa o “Link Attack”, uma skill do seu aliado, que ainda lhe concederá um buff por um tempinho. Caso você zere totalmente a barra de “Stagger” dele, ainda conseguirá ativar a “Unison Raid”, uma magia muito poderosa feita em parceria com um de seus amigos.

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“Link Attack” é quando o aliado te ajuda com o seu comando (Foto: Vinícius Paráboa)

Natsu, Lucy e seus amigos têm três árvores de habilidade. Cada membro da guilda ganha pontos conforme upam de nível, podendo ser distribuídos entre “Força”, “Habilidade” e “Vida”. O primeiro foca em buffs ofensivos e skills, o segundo desbloqueia mais skills e buffs defensivos, enquanto o terceiro é voltado para a HP e no “Awakening” — com este último, Wendy pode se transformar na sua forma “Dragon Force”, por exemplo.

O jogador ainda pode criar builds para os personagens jogáveis, utilizando Lacrimas, que aumentam seus status de ataque, defesa, velocidade e/ou HP. Natsu, com seu poder elemental de fogo, é uma verdadeira arma de destruição em massa, enquanto Gajeel, o Dragon Slayer do ferro, tem um enorme potencial defensivo.

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“Unison Raid” de Gray e Juvia (Foto: Vinícius Paráboa)

Personagens suportes também se encontram inseridos no gameplay. Eles aparecem de duas formas nas batalhas: através de cartas de habilidades ou com skills permanentes que são ativadas em determinadas condições.

As cartas de habilidades custam pontos de “Fairy Rank”, barras preenchidas conforme o jogador usa suas habilidades via SPs ou os “Link Attacks”. Então, basta pressionar R2 e selecionar a skill de suporte presente ali. Os Exceeds (Happy, Carla e Lily), por exemplo, fazem uma espécie de dança da chuva para curar seus aliados.

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Os Exceeds são alguns dos seus suportes na aventura (Foto: Vinícius Paráboa)

Já os suportes permanentes podem ser editados no menu da sua party. Ao atingir determinada condição em batalha, eles vão aparecer e usar uma skill para te auxiliar. Ichiya, por exemplo, solta um perfume que cura seus aliados quando a vida deles fica muito baixa.

Todas essas mecânicas tornam o combate de Fairy Tail 2 brilhante. A diversão é garantida, especialmente pela boa quantidade de personagens jogáveis, que possuem habilidades e características únicas.

Gráficos de Fairy Tail 2 parecem reutilizações do primeiro game

Quando falamos da parte técnica, Fairy Tail 2 conta com alguns problemas que merecem destaque. O primeiro deles diz respeito à modelagem dos personagens, que não parece ter passado por um grande processo de aprimoramento, se comparado ao jogo antecessor. Os heróis possuem os mesmos traços e poderiam ter sido modelados para o 3D com mais capricho — até para fazer jus à arte de Hiro Mashima, belíssima no mangá.

A maior alteração dos protagonistas ocorreu nas suas roupas — afinal, na obra original, elas tinham sido atualizadas da saga “Avatar” para a do “Império Alvarez”. As partículas na tela, os efeitos das habilidades e outros detalhes das batalhas também aparentam ser iguais ao do primeiro título.

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Natsu com o Rugido do Dragão de Fogo (Foto: Vinícius Paráboa)

Embora rode sem travamentos na maior parte da campanha, Fairy Tail 2 sofre com muitos engasgos quando o jogador encontra Ajeel, mago de areia e um dos generais dos Spprigan 12. Com a tempestade de areia formada ao seu redor, a taxa de quadros do jogo cai bastante e incomoda.

Fairy Tail 2: vale a pena?

Fairy Tail 2 é um bom jogo. O JRPG atende as expectativas ao ser divertido, carismático e entregar um produto que os fãs terão prazer de desfrutar.

Por outro lado, não pense que o título vai fazer sua cabeça explodir de empolgação. Ele conta com problemas técnicos, além de não engajar com o público que não conhece a obra de Hiro Mashima. Também é válido citar a ausência de localização em PT-BR, dificultando a compreensão da história, caso não fale inglês.

Caso seja um fã, vá sem medo. O game ainda tem três personagens DLC (Zeref, Mavis e Jellal) confirmados através do Passe de Temporada — este um produto pago —, garantindo ainda mais diversão para os próximos meses. Só o preço que é um pouco salgado na PS Store, né…

Veredito

Fairy Tail 2
Fairy Tail 2

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Gust

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Produto totalmente voltado para os fãs
  • Personagens carismáticos
  • Sistema de combate é muito bom e engajador
Desvantagens
  • Quem não conhece Fairy Tail não entenderá a história
  • Ausência de localização em PT-BR
  • Não parecer haver evolução gráfica em relação ao jogo antecessor
Vinícius Paráboa
Vinícius Paráboa
Editor
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Jogando agora: Dragon Ball: Sparking! Zero, Fairy Tail 2, Stellar Blade
Editor no MeuPlayStation. Fanático por Crash Bandicoot, God of War e pelo Grêmio.