Enotria: The Last Song: vale a pena?
Cenário inspirador de Enotria e mecânica interessante das Máscaras se perdem em um jogo tecnicamente atrapalhado e pouco consistente
Para William Shakespeare, grande dramaturgo da época isabelina, foram apenas “Sonhos em uma Noite de Verão”, mas para a Jyamma Games sua viagem à Itália virou uma colorida realidade, com sua representação veranesca ganhando forma em Enotria: The Last Song.
Inaugurando o gênero “summersoul”, o título é uma versão mais enérgica e iluminada em comparação com seus primos distantes. E de fato, a desafiadora aventura não deixa de ser profundamente vibrante, como uma bela — e idílica — adaptação do calor europeu.
No conceito, há uma bela proposta por trás. Mas será que funcionalmente falando, Enotria: The Last Song traz uma experiência estável e bem realizada? Continue com a gente para conferir tudo sobre esse novo game no estilo soulslike.
O mundo tomado pela peça eterna
Conhecido na era moderna como “roteiro de intrigas”, o Canovaccio moldou o mundo e fez todos os habitantes imergirem em uma peça eterna. A traiçoeira determinação dos deuses perturbou até mesmo a mente dos grandes soldados, criando seres malignos e fortes.
Agora, uma entidade conhecida como Desmascarado surge, com a missão de colocar fim ao sonho. Utilizando seus poderes conscientemente gerados, ele precisa arrancar a máscara de criaturas controladas e fazê-los despertar para a realidade.
Livre de um papel definido no roteiro que transformou as pessoas em escravos teatrais, o sem máscara enfrentará os verdadeiros autores da história, se aliando a nomes rebeldes e figuras renomadas do folclore italiano em uma jornada de alto risco.
Enotria: The Last Song é um RPG de ação no estilo soulslike e com amplas inspirações em Dark Souls. O título inova por mecânicas particulares e pelo conceito do mundo, mas aproveita diversos outros elementos, como fluxo narrativo e jogabilidade.
Em termos gerais, o game traz uma experiência agradabilíssima em termos visuais. As ambientações são muito bonitas e vibrantes, apresentando campos floridos, vilarejos festivos, praias ensolaradas e enormes distritos em ruínas com alto grau de profundidade.
Nesse aspecto, Enotria: The Last Song chama a atenção desde o primeiro instante. Os mapas são enormes e variados, apesar de não haver um mundo aberto propriamente dito. Além disso, são bem realizados em termos de texturas, iluminação e riqueza de detalhes.
Além disso, a Jyamma Games trabalhou muito bem no level design. O jogo possui inúmeros caminhos alternativos, segredos coletáveis, itens valiosos e atalhos, com alguns deles sendo bastante satisfatórios quando encontrados.
Enotria: The Last Song também chega com uma jogabilidade funcional, apesar de haver alguns problemas de precisão, principalmente envolvendo as sempre polêmicas esquivas. Porém, o que merece destaque nesse aspecto é o recurso de Máscaras.
Máscaras e as builds infinitas
As possibilidades de constituição em Enotria: The Last Song são muito grandes, para não dizer infinitas. A grande novidade do game, que são os recursos das Máscaras, tornam a experiência ainda mais variada e adaptável.
Em resumo, elas funcionam como uma espécie de char e são adquiridas quando se elimina chefes ou vários inimigos de um mesmo tipo. A partir daí, você ganhará um referencial para construir seu personagem, usando os fundamentos que completam a Máscara.
Isso quer dizer que, caso você obtenha uma que causa muito dano, mas acaba sacrificando estamina, vale a pena colocar pontos para melhorar seu vigor. E assim como as quase 150 armas únicas do game, as Máscaras também podem ser fortalecidas.
Além delas e da progressão que segue o estilo tradicional de Dark Souls e Elden Ring, há também o Caminho dos Inovadores. Essa terceira “árvore de habilidades” adiciona poderes passivos para o protagonista, ampliando muito as opções de jogo.
Vale lembrar que essa riqueza na construção da build não é em vão. Isso porque a campanha de Enotria: The Last Song pode durar mais de 20h seguindo apenas a linha principal de missões. Completar tudo em uma mesma run rende fácil cerca de 40h de diversão.
Dessa forma, você pode resetar seus atributos, criar até três constituições intercambiáveis, trocar as vantagens do Caminho dos Inovadores à vontade e equipar até sete tipos de armas que mais se ajustam ao seu estilo de jogabilidade.
Tudo isso pode ser aproveitado em mapas extensos, muitas lutas contra chefes (apesar de inúmeros deles serem skins reutilizadas), missões secundárias com NPCs, documentos de lore coletáveis e segredos escondidos em uma ampla verticalidade.
E caso isso seja pouco, Enotria: The Last Song possui vários finais alternativos e um Novo Jogo+. Assim, você pode se adaptar o tempo todo aos diferentes tipos de inimigos e aos desafios que aparecem nas três grandes áreas principais.
Às vezes, o verão vira inverno… e um inverno triste
Infelizmente, Enotria: The Last Song sofre com muitos problemas técnicos. Desde o começo da jornada, é possível observar popping in de cenários, principalmente na área inicial, que possui uma grande variedade de efeitos dinâmicos.
Enquanto isso, a terceira área é constantemente esmagada por quedas de FPS e engasgos. Como resultado, esse acúmulo de falhas rende crashes pontuais, exigindo que você abra novamente o game e carregue seu arquivo salvo.
Outro problema recorrente, e talvez ainda mais esquisito, diz respeito ao congelamento de inimigos. Não está claro quando isso ocorre, mas tanto mobs quanto chefões congelam em certo momento. Assim, basta atacá-los sem preocupação até a luta acabar.
Há elementos de jogabilidade que soam um pouco confuso. Em Enotria: The Last Song, há a implementação de um efeito único de pontos fracos. Ele se baseia em elementos, que causam tanto buffs e debuffs em inimigos e no próprio personagem.
Envenenamento é o mais simples de entender, mas os restantes soam um pouco soltos. Com a ausência de um guia tutorial, logo depois que eles são explicados já há grande chances de esquecer quais são seus contrapontos. Dessa forma, essa vantagem fica esquecível.
Enotria: The Last Song: vale a pena?
Enotria: The Last Song possui um belo conceito visual, com cenários impressionantes que respeitam o folclore italiano. Seu level design é bastante satisfatório e se reúne a mecânicas originais para criar uma experiência honesta no sentido de soulslike.
Além disso, a grande quantidade de conteúdos obriga que os jogadores explorem bem e se adaptem constantemente. E isso conversa muito com a enorme variedade de builds e árvores de habilidade ricas em opções.
Infelizmente, os problemas técnicos prejudicam bastante, em especial no ato final da história. Inimigos repetidos é algo que poderia passar, mas não há como negar que a ausência de maior precisão no combate e poucos esclarecimentos deixam tudo menos suave.
Na PS Store, Enotria: The Last Song pode ser adquirido por R$ 264,90. Caso fosse uma experiência mais sólida, esse valor seria um excelente custo-benefício. Porém, enquanto ainda há graves problemas técnicos, é recomendado deixar o preço baixar.
Caso você seja fã de soulslike e curta aproveitar oportunidades mais criativas, Enotria não lhe decepcionará tanto. Mas para novatos no gênero, talvez o título da Jyamma Games seja pouco convidativo devido à grande quantidade de informações de mundo.
Veredito
Enotria: The Last Song
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Jyamma Games
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Excelente level design
- Ambientações realmente inspiradas
- Inúmeras opções de builds
- Mecânicas de Máscaras muito funcionais
- Sistema de progressão variado
- Bom tempo de campanha
- Conteúdos paralelos in-game e New Game+
Desvantagens
- Quantidade moderada de problemas técnicos
- Imprecisões no combate impactam reações rápidas
- Repetição de inimigos e chefes