Dragon Ball: The Breakers: vale a pena?
Spin-off do universo de Dragon Ball, multiplayer assimétrico se salva por detalhes em meio a muitos problemas
Anunciado em 2021, Dragon Ball: The Breakers chamou a atenção por propor inovações em mecânicas, ao combinar o tradicional jogo de luta com a assimetria de Dead by Daylight. Então, o que no início gerou uma certa desconfiança para os fãs se consolidou meses depois, após a Bandai Namco lançar uma experiência diferente.
De fato, nunca faltaram adjetivos para caracterizar a série Dragon Ball. Apesar dos altos e baixos, o saldo positivo permanecia e ainda a colocava como uma das sagas mais relevantes de animês em jogos. Até agora. Infelizmente, a experiência multiplayer é capaz de fazer até mesmo o fã mais assíduo refletir sobre o game.
Uma porta de entrada que bem poderia ser a de saída
A Terra está sendo atacada por um inesperado vilão. Resta então, ao grupo de Saiyajins reunir forças e buscar o máximo de poder para combater o mal e evitar a extinção da humanidade. Essa é a história que você certamente já acompanhou inúmeras vezes, não? Bom, então para não cansar mais ninguém, a Bandai Namco decidiu renovar a fórmula.
Trunks, sempre envolvido com viagens no tempo, convoca um grupo de sobreviventes para restaurar uma fenda que combinou o passado, o presente e o futuro em um mesmo véu. Agora, a inexperiente equipe deve encontrar chaves para convocar uma máquina do tempo e afastar os clássicos antagonistas de Dragon Ball Z da convergência temporal.
Esse é basicamente o preceito de Dragon Ball: The Breakers. Em poucos instantes, todos os jogadores esquecerão disso e realizarão apenas algumas atividades em extensos mapas. Elas incluem o resgate de sobreviventes, a coleta de Esferas do Dragão e, obviamente, a abertura de uma porta de saída — ou seja, a invocação da máquina do tempo.
Freeza e Cell farão de tudo para evitar que isso aconteça. Além deles, Spopovich e Yamu utilizarão o aspirador de energia de luta para reviver o icônico Majin Boo para a batalha. É mole? Na verdade, é. Toda a experiência do jogo se resume a isso e não é possível encontrar nada mais além de um multiplayer longo para começar e rápido para acabar.
Logo no início, os jogadores devem participar obrigatoriamente de um tutorial. Em quase 15 minutos de duração, é possível observar as limitações técnicas, dublagem em inglês dessincronizada e o curioso uso de uma pistola para quebrar caixas e outros objetos. Esse começo é um presságio de que, talvez, Goku precise de uma Genki Dama maior dessa vez para salvá-lo.
Os primeiros momentos de Dragon Ball: The Breakers são confusos e preparam os jogadores como uma prévia do que virá a seguir. Porém, antes de iniciar efetivamente a jogatina, é possível que incontáveis minutos sejam necessários para o encontro de sessões. Até lá, o personagem fica em uma área social solitária e sem nada para fazer.
Lembraram do Oolong e esqueceram a diversão
No game, os jogadores têm a oportunidade de customizar seu próprio sobrevivente ou escolher personagens pré-determinados. Em um primeiro momento, nomes como Bulma, Oolong e o Fazendeiro são os maiores destaques e oferecem vantagens que acompanham seu nível de raridade — de um a cinco estrelas.
Cada personagem de Dragon Ball: The Breakers é equipado com técnicas ativas, passivas e transformações. As ativas fazem referências a ações específicas de combate — como transformação, plataforma de salto, gás de fumaça e outros — e funcionam sob o sistema de tempo de recarga. Enquanto isso, as passivas são habilitadas em momentos únicos das partidas.
Por fim, os sobreviventes acumulam poder e podem utilizar as transformações temporárias em guerreiros Z para enfraquecer o perseguidor. Goku, Androide 18, Piccolo, Kuririn e Tenshinhan são alguns dos nomes elegíveis para uso e permitem a ativação de icônicos golpes especiais que realmente se provam úteis nas batalhas.
Apesar dessas referências, o combate soa muito estranho. Aqui, o perseguidor sempre leva vantagem e é atrasado por um intervalo quase insignificante. Além disso, até que esse momento de combate ocorra, ao menos dois sobreviventes já estão eliminados da partida, devido ao total desbalanceamento entre os lados disponíveis para escolha.
Freeza, Cell e Majin Boo podem explodir zonas do cenário com facilidade e alcançam seus oponentes em uma velocidade quase sobrenatural. Seus hits causam K.O. imediato e não dão quaisquer aberturas para uma resposta. O tempo todo, os vilões são favorecidos por habilidades próprias, limitações nítidas dos sobreviventes e cenários de ampla visibilidade.
Dê play e esteja pronto para desistir
Raramente as partidas de Dragon Ball: The Breakers duram mais que dez minutos. Caso o vilão não extermine um grupo de sete sobreviventes em um curto período, os personagens comuns não tem qualquer alternativa a não ser contar com a sorte. Essa sorte, inclusive, baseia todo o andamento da campanha.
Os cenários são repetitivos — apenas três — e não mudam em relação aos pontos de interesse. Porém, os itens alocados em caixas e objetos destrutíveis são totalmente aleatórios. Encontrar a chave de força para ativar a máquina do tempo é um verdadeiro “Deus nos acuda”, tanto por não haver indicações quanto pela ausência de um minimapa.
Os radares do Dragão, considerados os recursos mais úteis do jogo, não oferecem muitas respostas sobre os itens-chave e chegam a indicar pontos fantasmas ou absolutamente nada. Assim, as partidas dependem mais de sorte do que de estratégia e frustram com muita facilidade quem deseja jogar para desopilar ou distrair a mente.
Outra questão envolve as próprias mecânicas de jogo. Nas partidas de Dragon Ball: The Breakers, é possível rolar, saltar, dirigir veículos automatizados, plantar tirolesas, acionar cápsulas e utilizar outras ferramentas de exploração. Infelizmente, basta um único encontro com o adversário para que nada dessas ferramentas faça sentido ou contribua em uma improvável vitória.
Jogar como vilão garante um último fôlego e salva Dragon Ball: The Breakers de um deslize absoluto. Freeza, Majin Boo e Cell evoluem seus estágios e estimulam os controladores a buscar mais força — seja eliminando civis ou absorvendo os sobreviventes. Quanto maior forem seus níveis, menos tempo é necessário para deter os alvos.
Dentre eles, o maior destaque fica para Majin Boo. O monstro tem uma mecânica bem interessante e com referências ao anime. Para invocá-lo, os jogadores devem selecionar Spopovich e Yamu e posteriormente invocar a criatura. Enquanto sobrevivem no mundo real, os alvos também são absorvidos pelo poderoso ser e precisam escapar de dentro do seu corpo.
Servidores clamam por ajuda
Como se não bastassem os problemas técnicos, Dragon Ball: The Breakers peca em oferecer o mínimo de estabilidade em sua experiência online. Durante a busca por partidas, os fãs podem esperar mais de 20 minutos, encontrar travamentos em fila e serem forçados a reiniciar o console após a ineficiência dos botões.
Esse problema não ocorre apenas no pareamento das salas públicas. Ao acessar o menu de habilidades do personagem e entrar na tela de gestos da equipe, não há indicativos do tempo correndo ou de um cronômetro de espera. Assim, a demora pode acontecer ininterruptamente e atrapalhar bastante o gameplay.
Pouco recompensador
Limitado em relação aos conteúdos de jogabilidade, Dragon Ball: The Breakers possui uma loja pouco atrativa. Os itens consistem em poucas técnicas passivas, incontáveis vozes para os perseguidores e roupas que mudam apenas a coloração. Para comprar os produtos, é preciso gastar moeda obtida ao fim das partidas ou coins adquiridas via dinheiro real.
O Passe de Batalha, conhecido como Grau do Dragão, não chama a atenção e é composto por níveis que entregam apenas gestos, cosméticos e moedas. Para quem deseja adquirir skins ou conteúdos robustos e mais significativos para o jogo, o título realmente deixa a desejar.
Para estimular a jogatina recorrente, a Bandai Namco libera desafios diários e semanais muito fáceis de serem cumpridos. Sua conclusão garante não apenas experiência para aumentar o nível de técnicas e superpoderes, mas também progresso no Grau. E aqui vale a pena citar um ponto positivo: Dragon Ball: The Breakers está longe de ser um caça-níquel.
Dragon Ball: The Breakers: vale a pena?
Dragon Ball: The Breakers é um título com poucas virtudes. O jogo não é recomendado nem para quem é fã da série dos Saiyajins quanto para quem curte experiências multiplayer assimétricas. Tecnicamente limitado, a nova aposta da Bandai pode atrair nos primeiros minutos após o tutorial, mas logo se prova como cansativa e frustrante.
Fora isso, os problemas nos servidores não são nada agradáveis. Filas de espera intermináveis, baixa adesão da comunidade e falhas de travamento e crashes nos consoles impactam negativamente em um game que já não tem muito a propor.
Dragon Ball: The Breakers custa “apenas” R$ 100 em seu preço cheio e não causa tanto prejuízo financeiro em relação ao custo-benefício. Porém, há opções melhores na categoria de jogos assimétricos que podem não apenas divertir, mas também garantir uma vida longa e com maior qualidade.
Veredito
Dragon Ball: The Breakers
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Bandai Namco
Jogadores: 8
Comprar com DescontoVantagens
- Jogo acessível e de fácil compreensão
- Assumir o controle dos vilões é divertido
- Mapas equilibrados
Desvantagens
- Tempo de espera de partidas pode ser absurdo
- Ausência quase completa de conteúdos
- Gameplay extremamente desbalanceado
- Gráficos pouco atrativos
- Cosméticos em loja simples e sem utilidade
- Alta instabilidade dos servidores