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DOOM Eternal: vale a pena?

Serie demoníaca de FPS ganha novo capítulo que faz jus ao nome e prova que DOOM é, de fato, Eterno

por Thiago Barros
DOOM Eternal: vale a pena?

Brutal, sanguinário, eletrizante. Com certeza, você já leu/ouviu alguns desses clichês sobre DOOM – aqui no Meu PlayStation mesmo. Pois bem, pode adicionar mais uma palavra à lista: eterno. Isso porque DOOM Eternal, mais recente título da franquia, faz jus ao nome, comprovando que a demoníaca série da id Software, realmente, vai funcionar para sempre, independente de geração.

A fórmula parece ser relativamente simples: armas incríveis, níveis desafiadores e hordas de inimigos variados. Mas ninguém faz isso tão bem quanto DOOM, e o novo jogo é mais uma amostra disso. A história tem uma falha aqui e outra ali, e o modo multiplayer é bem aquém do que poderia ser, mas de resto, DOOM Eternal é perfeito para o que se propõe: tiroteios nervosos com demônios.

E o mais é que os desenvolvedores entendem que é possível agradar a todos. Desde a galera mais old school, que quer aquela dificuldade hardcore dos FPS dos Anos 90, até os mais novos, que buscam um jogo mais rápido e elementos como “sidequests” e colecionáveis, para aumentar o fator replay do game.

Doom Eternal é “DOOM 2”?

Se pensarmos que o DOOM de 2016 é um reboot da história, DOOM Eternal pode ser considerado o Doom 2 dessa nova etapa da franquia. Seu enredo acontece alguns meses após o final dos acontecimentos do título anterior, com 60% da Terra dominada por demônios que a invadiram. Organizações especiais foram criadas para tentar evitar tudo isso, mas…

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Menu de DOOM Eternal já é um destaque (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Quem realmente pode/deve/vai salvar o planeta é ele, o DOOM Slayer. De volta do Inferno, o soldado embarca numa aventura em que a meta é destruir os Sacerdotes do Inferno e impedir Khan Maykr de invocar o Ícone do Pecado, um baita monstro que tentará consumir a Terra e as almas dos humanos para gerar mais Energia Argent, uma nova energia capaz de deixar tudo mais poderoso.

É verdade que lore não é lá algo muito importante em DOOM, mas caso você se interesse pelos detalhes dessa história, o US Gamer conta tudo, em ordem cronológica, aqui. De qualquer forma, é importante destacar que haverá alguns momentos em que você estará no jogo e terá flashbacks bacanas do DOOM Slayer, mas em outros terá que aceitar que o que aconteceu foi aquilo ali e pronto, sem explicação.

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Jogo não “acaba quando termina” (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Esse é um ponto em que o jogo poderia ter sido melhor. A narrativa não é tão redondinha como em seu antecessor. Não chega a ser ruim, mas parece um quebra-cabeças em que algumas peças sumiram na mudança, sabe? Você até fica meio preso na coisa, mas no final dos 13 capítulos, tudo é apenas uma desculpa para sair viajando pelo universo explodindo demônios.

Tiro, porrada e… pulos?

Os desenvolvedores disseram que queriam que a sequência fosse não só maior, como também melhor, do que o DOOM de 2016. Pois bem, parece que conseguiram. DOOM Eternal aprimora tudo o que deu certo no gameplay do anterior. Há ainda mais armas e habilidades para customizar, ganho de XP, colecionáveis espalhados pelos mapas, desafios, replay de missões em níveis mais altos, encontros secretos…

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Combate em DOOM Eternal é demoníaco (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Não vai faltar oportunidade para dar muito tiro e porrada nos demônios. Tudo isso num ritmo ainda mais rápido do que o tradicional da série. O Demon Slayer está mais ágil, ganhou um gancho que lhe leva para locais de forma mais rápida e, além disso, agora também está focado (até demais) em pulos. Há várias sequências de “parkour” na jogabilidade, o que agradou no início, mas pareceu too much no fim.

Em termos de combate, a recomendação é uma só: stick and move. Atire, se mexa, atire, se mexa, não pare nunca. Se correr, o bicho vai pegar, mas se ficar… Certamente, um demônio vai te matar. Até porque eles são super agressivos e aparecem em grandes grupos. O mais bacana é que, para deixar as coisas mais difíceis, são muitas as variações de monstros, cada um com sua característica.

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DOOM Eternal tem conteúdos além das missões (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

E alguns deles “se completam”. Por exemplo, um deles pode vir correndo te dar dano de pertinho, enquanto outro está soltando mísseis direto em você, de longe, ou então envenenando/queimando a área onde irá pisar. Isso torna cada combate um pouco mais estratégico – tanto em termos de movimentação quanto de escolha de habilidade/arma.

As boss battles são bem interessantes. Todas têm suas mecânicas bem específicas, como a da Khan Makyr, onde é preciso usar o gancho para ir até ela e dar socos, ou então a do gigante Icon of Sin, em que é preciso tirar as armaduras do corpo dele para depois bater de fato. Sem contar alguns inimigos normais, como o Pinky, que vem correndo igual maluco, o novo e insuportável DOOM Hunter e seu escudo…

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Customização é fundamental em DOOM Eternal (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

As opções de personalização das armas e da armadura do personagem principal são interessantes, mas ao mesmo tempo, limitadas. Não chega a ser nada próximo do que acontece em jogos de RPG com skill trees variadas, porém é um tweak interessante na jogabilidade, que permite que o jogador foque seu desenvolvimento em coisas que acredita que sejam melhores para o seu estilo de jogo.

Vai pro inferno!

Calma, leitor, não é um xingamento. É uma recomendação estritamente gamer. Vai pro inferno, vai! Porque as chamas ardentes do submundo de DOOM merecem ser visitadas. O visual do jogo está estupendo. A ambientação é perfeita e o level design merece elogios. Tirando, novamente, o exagero nos pulinhos, ele tem uma verticalidade bacana e é super bem construído.

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Que inferno bonito é esse?! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

O MeuPlayStation jogou DOOM Eternal no PS4 Pro e não é exagero dizer que ele está lá em cima no nível de visual com alguns dos principais jogos que já foram vistos no console. Os detalhes em cada fase para deixá-las diferentes uma das outras fazem a diferença – algo que não era tão visível no DOOM de 2016.

O jogador realmente tem a percepção de estar viajando para locais totalmente distantes, com características próprias. O único ponto que poderia ser um pouquinho melhor nisso era os demônios também serem mais específicos de cada uma das áreas. Isso até acontece, mas muito pouco. Quase todos eles aparecem em quase todas as batalhas.

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Modo super hardcore do jogo é insano! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Mas não chega a ser algo que atrapalhe, nem que deixe o jogo repetitivo. Pelo contrário. Você nem sente o tempo passar e, quando vê, já está há três, quatro, cinco horas jogando. Em um nível de dificuldade “mais fácil” (ou “menos difícil), a aventura se torna extremamente agradável, bem divertida e até mesmo um pouquinho desafiadora em algumas áreas.

Contudo, para a galera mais hardcore, as coisas podem ficar realmente difíceis. DOOM Eternal tem, por exemplo, um nível de dificuldade chamado Super Pesadelo(!!!), onde os inimigos são tão agressivos quanto na Pesadelo, e você simplesmente não pode morrer senão a sua campanha acaba. Você só consegue salvar a campanha ao terminar uma missão. Que tal?

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Há demônios de diversos tipos em DOOM Eternal (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

A experiência varia bastante de pessoa para pessoa, e isso é um ponto positivo. Não só pela questão da dificuldade, como também das customizações – já abordadas acima. O jogo é “adaptável” para os diferentes tipos de público. Todo mundo que curte um FPSzinho irá gostar de jogar a campanha single player de DOOM Eternal.

O multiplayer, bem, aí são outros 500. Por enquanto, ele só tem um modo, que é meio sem graça, de 2×1. Dois jogadores assumem os demônios e o outro é o Slayer. Em breve, é possível que tenhamos adições ao título, tanto DLCs de história quanto novos modos para batalhas multijogador. Então, é esperar para ver o que está por vir.

Eterno

Não é à toa que DOOM Eternal vem tendo uma ótima avaliação dos especialistas. Visualmente, ele é impecável, enquanto seu gameplay é tudo o que se pode esperar de um jogo da franquia. O título é uma afirmação, que é reforçada ainda mais no fim do jogo: as batalhas que DOOM Slayer trava com os demônios serão eternas.

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DOOM Slayer voltou! (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Desde 1993, DOOM agracia seus fãs com batalhas épicas contra monstros diabólicos, seja nas profundezas do Inferno, na Terra ou até em outros planetas/luas do Universo. Ele passou por inúmeras gerações de consoles e se manteve sempre forte. Não há motivos para pensar que será diferente agora. DOOM Eternal encerra a passagem da série pelo PlayStation 4, mas deixa aberto o caminho para o PS5.

Especialmente porque, assim como outra série da sua época que teve um reboot nessa geração, Tomb Raider, acertou nas mudanças. Os antigos fãs, que normalmente são mais ranzinzas, curtiram, e a galera mais nova também se identificou. A id Software e a Bethesda têm um baita produto na mão, sabem disso e estão honrando a sua história.

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DOOM 64 é um bônus de Doom Eternal (Foto: Reprodução/Thiago Barros)

Por falar em história, não podemos deixar passar que DOOM Eternal vem também com uma versão remasterizada de Doom 64. Vale pela nostalgia, e também para ver o quanto a saga evoluiu com o passar dos anos. Quem jogou o título na época vai curtir, com certeza. Porém, não chega a ser um game changer na hora de comprar ou não o jogo.

Mas e aí? Vale a pena ou não? A resposta é clara: sim, vale muito. Se você curte jogos de tiro em primeira pessoa, então, é um prato cheio. Você vai se divertir bastante mandando os demônios pelos ares com uma trilha sonora espetacular até para quem não é fã de rock/metal. Tudo se encaixa perfeitamente em DOOM Eternal: visual, som, gameplay. Trabalho “infernal” da id Software.

Veredito

Doom Eternal
Doom Eternal

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: iD Software

Jogadores: 1

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85 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Combate frenético
  • Variedade de armas e habilidades
  • Diversidade de inimigos
  • Trilha sonora incrível
  • Níveis de dificuldade para todos os jogadores
  • Ambientação perfeita
Desvantagens
  • História não é de simples compreensão
  • Modo multiplayer aquém do esperado
  • Sequências de "parkour" são exageradas
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Avatar: Frontiers of Pandora
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.