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Dave the Diver: vale a pena?

Encantador e viciante, Dave the Diver é um indie gigante que faz muito mesmo sem sacrificar a simplicidade

por André Custodio
Dave the Diver: vale a pena?

Um herói nem sempre usa uma espada, monta um dragão ou tem uma arma de fogo destrutiva. Às vezes, apenas ele existe em um universo cheio de pessoas distintas, enquanto aguarda a oportunidade de aparecer e de provar ao mundo seu valor.

Dave the Diver revela um protagonista improvável, mas muito decidido em fazer a diferença. Sua inocência cativante é apenas uma das virtudes de um game indicado às maiores premiações da indústria de jogos — e que agora chega ao PlayStation.

O oceano é lindo, mas também cheio de mistérios

Mergulhador de águas profundas, Dave faz seu nome procurando espécies exóticas e segredos pelo oceano. Certo dia, ele é convidado para se mudar até as proximidades de um restaurante japonês, com direito à estadia paga pelo administrador e todos os outros benefícios.

A proposta rapidamente é aceita e o explorador marítimo fica responsável por fornecer todos os peixes e materiais necessários para preparar as refeições. Porém, com o tempo, ele descobre que a paz do local está prestes a ser abalada, com uma série de eventos ocorrendo nas profundezas.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Agora, Dave deve estabelecer laços com diversos habitantes e com pessoas excêntricas, enquanto lucra com o restaurante e soluciona vários problemas. O futuro do mergulhador é incerto, mas um gigantesco berço de água está pronto para recebê-lo, apresentando mistérios que desafiam a humanidade.

Desenvolvido pela Mintrocket, Dave the Diver é um jogo de aventura e exploração com diversos elementos de gerenciamento. Além disso, o título combina esses gêneros com o roguelike, apesar de fornecer condições bem menos punitivas que as tradicionais.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

O jogo consiste em um grande loop de gameplay, onde os dias passam e o jogador deve explorar o mar, coletar recursos e voltar para a terra. Com isso, o restaurante vai se enchendo de peixes, plantas e ingredientes, tendo acesso a mais receitas e, consequentemente, a mais grana.

Apesar de haver um calendário e um sistema de passagem do tempo, não é preciso se prender às datas. Alguns eventos narrativos ocorrem em momentos específicos, mas as missões principais e secundárias podem ser completadas a qualquer momento.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Dave the Diver conta com incontáveis peixes e espécies de plantas. Cada uma possui seu próprio peso, raridade e atribuições, e cabe a Dave gerenciar seu inventário para transportar o máximo de conteúdos com eficiência. No início, o transporte é desafiador, mas os upgrades ajudam a expandir a capacidade.

O título também inclui aprimoramentos para armas de fogo (com poderes elementais), traje (para alcançar maiores profundidades), bolsa de ar (para respirar por mais tempo) e outros que são destravados com o passar da campanha principal.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Essas informações podem parecer muitas, mas a progressão em Dave the Diver é muito boa. O gerenciamento da horta e dos peixes é bastante simples e funcional, enquanto as atualizações garantem benefícios vantajosos que podem ser explorados das mais diversas formas.

Nenhuma expedição é um desperdício

O loop de Dave the Diver funciona assim: durante o dia, é possível executar dois mergulhos, porém, à noite apenas um é permitido. Os horários do dia mudam todo o ecossistema nas águas, introduzindo espécies diferentes cada vez que o oceano é explorado.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Além disso, há um sistema roguelike com mudanças nos biomas. Essas configurações também mexem nos itens, animais, power ups, plantas e criaturas hostis. As viagens ganham ainda mais com missões secundárias, eventos em tempo real e uma lista de tarefas que garante recompensas.

As oportunidades de enriquecer e se aprimorar são muitas, e nenhum mergulho em Dave the Diver é um desperdício. Mecânicas de jogo são bastante satisfatórias, e se adaptar a ataques de tubarões, de águas-vivas e de cardumes traz um toque interessante de simulação.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

O oceano é apresentado de forma belíssima, com cenários ricos em detalhes e de uma beleza única. Isso não se perde mesmo em maiores profundidades, quando os cenários se tornam mais escuros e, consequentemente, os peixes ficam maiores e mais hostis.

Dave the Diver revela uma atmosfera muito imersiva e encantadora, sendo capaz de deixar mesmo as pessoas com fobia de mar confortáveis. A trilha sonora, as mecânicas seguras de gameplay, os benefícios que fortalecem o mergulhador… não há como negar que a experiência é muito divertida.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Ver o restaurante crescendo e ganhando mais grana é bastante satisfatório. Esse recurso se reúne à contratação de funcionários muito únicos, à possibilidade de personalizar o estabelecimento e a um cardápio rico em todo tipo de proteína.

Se relacionar é o caminho para o sucesso

Ao longo da campanha, Dave terá a oportunidade de se relacionar com diversos NPCs. Eles oferecem uma grande quantidade de tarefas e de missões secundárias, e facilitam muito na hora de obter mais informações sobre peixes, eventos e níveis de profundidade.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Conversar regularmente com cada personagem também traz mais detalhes de história. Essas informações se expressam através de minigames visualmente fluidos, de cenas animadas em pixel-art e de novos conteúdos desbloqueados — tudo com localização completa em português do Brasil.

Os NPCs de Dave the Diver podem ajudar na cozinha, no cultivo de plantas, na criação e reprodução de peixes, na atualização de armas, na obtenção de grana e em um card game inspirado em Pokémon. Além disso, eles constantemente dão sinal de vida através de um aplicativo gastronômico e de e-mails.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

Aproveitar todos esses recursos rende mais de 25h de conteúdos, onde sequer é possível ver o tempo passar. O trabalho da Mintrocket resultou em uma aventura realmente agradável, com elementos intuitivos, liberdade na jogabilidade e uma atmosfera surpreendentemente amigável.

Aventura marítima inova muito no PlayStation 5

Infelizmente, os tempos de carregamento de Dave the Diver não expressam a real capacidade do hardware do PS5. São muitas telas de loading, que aparecem basicamente a cada transição de mapa, seja na terra ou no mar.

Porém, não é possível dizer o mesmo do DualSense. As tecnologias se fazem presentes no game a todo instante, tanto através dos gatilhos adaptáveis quanto pelo feedback tátil. Elas aparecem no combate, na exploração e na comunicação com o mundo, e garantem um alto nível de imersão.

Dave the Diver
Fonte: André Custodio

No mar, essas sensações são elevadas ao máximo. A pressão e o peso de cada evento mudam de acordo com a profundidade. Além disso, cada power up traz efeitos distintos, permitindo que os jogadores observem os demais movimentos no oceano sem se desconcentrarem das ações de Dave.

Dave the Diver: vale a pena?

Acessível para todos os tipos de públicos, Dave the Diver é facilmente um dos melhores indies dos últimos anos. A aventura marítima é forte, objetiva e muito cativante, e inclui conteúdos capazes de prenderem os jogadores por dezenas de horas.

Além disso, o título se destaca pelos visuais belíssimos em pixel-art, pelo alívio cômico agradável e por ser algo que todo game devia propor: uma experiência casual, divertida e que chama a atenção por possuir essência relaxante. Dito isso, o projeto da Mintrocket é mais do que recomendado.

Dave the Diver já está disponível para Xbox e PC, mas chega ao PS4 e PS5 nesta terça-feira (16). A pré-venda na PS Store ainda não foi iniciada.

Veredito

Dave the Diver
Dave the Diver

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Mintrocket

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
91 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Uma das melhores integrações com o controle DualSense
  • Loop de gameplay viciante
  • Pixel art simples, mas incrivelmente bem detalhada
  • Sistemas de jogabilidade muito intuitivos e orgânicos
  • Localização em português do Brasil
  • Muitas atividades e minigames espalhadas pelos mapas
  • Elementos de roguelike pouco punitivos
  • História objetiva e muito bem conduzida
Desvantagens
  • Tempos de carregamento realmente excessivos
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.