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Dark Souls 3: Vale a pena?

por Raphael Batista
Dark Souls 3: Vale a pena?

Em uma atmosfera sombria pela sua composição de formas e tons que exala todas as formas de medo, um ser colossal surge repentinamente das profundezas mais escuras com seu aspecto mórbido e preparado para aniquilar tudo o que está em sua frente. A estrutura gigantesca amedronta, porém você sabe que seu escudo aguenta o impacto direto e reconhece imediatamente os pontos frágeis da criatura. Após análises e montagem de estratégias bem sucedidas, ambas realizadas em segundos, você executa a criatura obscura e é recompensado dignamente como um verdadeiro cavaleiro. Isso é Dark Souls 3!

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O terceiro, e último, episódio da série traz à tona as melhores características de seus antecessores, acrescentado à herança de elementos peculiares de Bloodborne. O jogo contempla fatores inéditos, mas mantém a verdadeira essência da dificuldade extremamente elevada com um estilo mais cadenciado, sem perder a dinamicidade necessária para esquivas e movimentos rápidos.

Aventurar-se nesta epopeia medieval é mergulhar em um universo infindável de oportunidades através da exploração de ambientes inóspitos e macabros e do extermínio de entidades mais fortes para a obtenção de equipamentos ou magias mais poderosas. A imersão do jogador se dá de maneira natural, sendo-o assombrado facilmente pelas aparições inesperadas, assim como sendo-o encorajado para superar os constantes desafios presente no jogo.

Hidetaka Miyazaki, diretor da From Software e criador da série Souls, encerra um uma jornada com louvor e méritos, sendo o terceiro título a obra-prima da produtora, digna aos fãs da série. Portanto, para conferir a análise ainda mais profunda do sensacional Dark Souls 3, equipe com sua armadura, reabasteça seus Estus Flask e ‘Praise the Sun!’

Jogabilidade

Antes de mais nada, é preciso esclarecer: Dark Souls 3 não é uma sequência de Bloodborne, como muitos esperavam. Este episódio da série Souls resgata qualidades do primeiro título da franquia, assemelhando-se muito pelo ritmo cadenciado, mais estratégico e equilibrado. Portanto, quem começar a se aventurar na atual produção da From Software com a mesma mentalidade de seu jogo anterior, irá morrer muito!

São 10 classes diferentes, variando entre Cavaleiro, Piromantes, Mercenários e o clássico Despojado, todas com atributos específicos de acordo com suas afinidades e habilidades.

Os status são aumentados de acordo com as almas (de moeda do jogo) conquistadas, as quais são, tragicamente, perdidas quando o jogador morre, tendo apenas uma chance de recuperá-las e gastá-las no Firelink Shrine (o hub que se assemelha ao “Nexus” dos jogos anteriores, onde você pode interagir com outros NPCs, comprar itens, melhorar o equipamento e subir de level).

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O chamariz do game continua o mesmo: a mecânica da jogabilidade dificultosa. Assim como nas produções anteriores, Dark Souls 3 permite ao jogador o controle total de seu personagem. Isso implica na seguinte condição: todas as consequências são exclusivamente resultados das ações tomadas pelo jogador, ou seja, a culpa é totalmente sua pela decisão infeliz de enfrentar um monstro e não ter tido capacidade de derrotá-lo.

Tal característica de responsabilidades corrobora para um sistema de recompensa muito bem estruturado e justo, sendo-o evidenciado quando há obtenção da vitória após várias e várias mortes diante do mesmo inimigo. O galardão é, principalmente, a conquista de méritos pela estratégia adotada e pela capacidade de aparar os ataques e executar movimentos concisos. Para os novatos na franquia, essa recompensa pode parecer, inicialmente, superficial e não satisfatória, porém, é ela própria que mantém o jogador interessado no game e viciado no sentimento gratificante liberado em altas doses de dopamina no cérebro ao abater um adversário mais forte.

É importante frisar de que é a jogabilidade dificultosa segue uma proporcionalidade entre os desafios e a obtenção de níveis maiores, exigindo o aprimoramento do jogador para desenvolver movimentos cada vez mais precisos, sendo isso, na verdade, a própria consequência da persistência e paciência.

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A primeira característica herdada de Bloodborne é a possibilidade de combinação entre equipamentos que oferta novas formas de abordagem contra inimigos. Com a viabilização de novos movimentos, o sistema de combate foi naturalmente aprimorado e constituído com várias opções de ataque e defesa.

Tratando mais especificamente das criaturas obscuras presentes no jogo, é claramente perceptível um cuidado minucioso no design de cada monstro, fazendo-os possuírem elementos singulares que os tornam amedrontadores. O desenho artístico impressiona pelas expressões realísticas que remetem à desconfiguração da alma devido à obscuridade predominante no mundo de Souls.

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O extenso leque de variedades de inimigos é igualmente impressionante. O jogador vai se deparar com caveiras guerreiras, caranguejos mutantes gigantes, demônios errantes, soldados negros, além dos inúmeros chefões, os quais possuem métodos e habilidades únicas, sem levar em consideração a rapidez mortal ou tamanho colossal.

A segunda herança de Bloodborne é a mudança do padrão de comportamento dos bosses. Os chefões em Dark Souls 3 não seguem atitudes idênticas por muito tempo, tornando-os imprevisíveis e inconstantes, dificultando ainda mais o gameplay e, consequentemente, fazendo da vitória ainda mais saborosa!

Quanto ao mapa do jogo, são diversos os ambientes para serem explorados. Apesar dos cenários possuírem uma riqueza natural em caminhos alternativos e oportunidades diferentes, todos culminam para um ponto em comum semelhante, impedindo que o jogador fique “perdido” sobre para onde ir e o que fazer, como era recorrente em Dark Souls 2. Tal direção permite a exploração de novos territórios sem perder o foco principal.

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Pela extensão do título, é claro que este é o maior jogo de toda a série e é interessantíssimo como o ambiente funciona organicamente no processo de transição entre os espaços. Devido ao enorme tamanho do game, as “bonfires” (fogueiras) aparecem com maiores frequências. Tal eventualidade pode frustrar o jogador veterano, já que dificulta a perda de almas ou a facilidade de recuperá-las pelo transporte rápido. Não sendo um elemento negativo, mas alivia a preocupação pelas almas obtidas.

Por último, a melhoria no sistema de invocação foi bastante evidente. Principalmente, no episódio anterior da série Souls era irritante a dificuldade em evocar jogadores para a participação interativa e compartilhamento de um mundo. No entanto, em Dark Souls 3 houve um investimento significativo neste serviço e a comunicação entre os servidores está bem fluida, sendo possível a invasão de até 4 jogadores em um único mundo, enriquecendo a experiência de maneira ainda mais difícil.

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Enredo

A história elaborada pela From Software, assim como nos títulos antecessores, é contada de forma subjetiva, interrogativa e dúbia, permitindo muitas interpretações acerca do porquê da realidade tenebrosa existente naquele mundo e como chegará ao seu fim.

O contexto é narrado através da descrição de itens encontrados pelo mapa e, principalmente, pelas almas dos chefões que descrevem como os seres foram formados e como eles contribuíram para a construção do mundo vigente.

Os eventos retratados em Dark Souls 3 acontecem em um período cronológico muito a frente dos títulos precedentes, onde a “chama do mundo” (a força vital que rege as leis naturais e humanas) foi acendida repetidamente, perdendo a sua capacidade reguladora e causando um dano irremediável ao mundo e aos seres que nele habitam. O objetivo principal do jogador é a localização e aniquilação dos Lordes das Cinzas, reis supremos que acenderam a chama, para assim estabelecer o equilíbrio e quebrar o ciclo destrutivo.

Ao longo da jornada, as peças vão se encaixando e comprovando que nem tudo é preto no branco, em que as atitudes corrompidas são justificadas pelas condições impostas às criaturas existentes. Apesar da falta da narrativa concreta, o game consegue propiciar reflexões internas e conduzir o jogador a uma linha de pensamento não usual.

Sonorização e Ambientação

Indubitavelmente, Dark Souls 3 é o título mais belo já produzido pela From Software, superando até mesmo o consagrado Bloodborne. A iluminação, detalhes cinematográficos, a combinação entre as pinturas góticas, todos os elementos formam um conjunto agradável aos olhos.

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A alta resolução oferecida pelo PS4 consegue deixar os cenários ainda mais espetaculares, ainda mais aqueles que exuberam de construções gigantescas ao ar livre, sendo favorecida pelo jogo de luz e sombra harmônicos.

É interessante ressaltar também a composição do clima atmosférico em diferentes regiões, tendo nevascas em algumas, a formação de um eclipse solar em outras, ou até a escuridão plena, todas se comportam como se fossem reais, sendo necessário uma pausa apenas para admiração da vista.

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A sonorização do título é um caso peculiar. Salvo os confrontos contra os chefões, não existe uma constante trilha sonora de fundo. Os sons expressos pelos ambientes são os passos do personagens somados à ruídos inexprimíveis, o barulho de correntes sendo arrastadas, sussurros de vozes roucas e sóbrias. Isso favorece, completamente, a construção fidedigna de um ambiente domado por forças malignas, instigando sentimentos opostos de medo e bravura no jogador.

Uma dica é usar os fones de ouvido ao jogar. Esteja preparado para bons sustos!

Nem tudo é perfeito

Sim, o jogo não é isento de falhas. Problemas técnicos foram constatados durante o período de análise do título, como o pop-in de elementos do cenário, a queda de framerate e objetos flutuantes. Todos são erros básicos e simples que não interferem na imersão e na diversão, mas podem ser facilmente reparados através de arquivos de reparo, como já feito no lançamento do patch de correção de framerate.

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Veredicto

Dark Souls 3 não é para jogadores casuais ou para aqueles impacientes ou afobados. O jogo exige ao máximo de sua tolerância e persistência de tentar quantas vezes forem necessária. Portanto, aqueles que não estão dispostos a enfrentarem desafios rigorosos que causarão muitas mortes, recomendo não comprarem o título para não se frustrarem pelo investimento que causa apenas estresses que poderiam ser evitados.

Para os fãs de longa data, ou mesmo para os novatos que aceitam encarar este game dificultoso, Dark Souls 3 é uma obra-prima que contempla características que o tornam um jogo inesquecível. As possibilidades ofertadas, a construção de um ambiente sombrio, a dificuldade elevada, o sistema de recompensas são os fatores que fazem o título ser obrigatório na biblioteca de jogos daqueles que abraçam o desafio e louvam ao sol e recomendado para todos os demais.

2 - Selo de Ouro

Raphael Batista
Raphael Batista
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Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.