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Clock Tower Rewind: vale a pena?

Lenda do survival horror, Clock Tower retorna com toda sua glória, mas sem deixar de lado elementos que o tornaram referência

por André Custodio
Clock Tower Rewind: vale a pena?

Anos de remakes e remasterizações e em pleno mês de outubro? Lógico que algumas surpresas do passado retornariam. E dessa vez, a WayForward decidiu desenterrar fundo para dar uma nova vida a um clássico do survival horror que estabeleceu padrões no gênero.

Clock Tower Rewind marca o retorno de uma das mais importantes séries de terror. E 30 anos depois de sua estreia original, o título chega pela primeira vez ao ocidente — e justamente em sua melhor forma possível.

O remaster traz melhorias na qualidade de vida e uma experiência de perseguição desafiadora mesmo para as plataformas mais recentes. E para os veteranos de plantão? A versão inspirada no 16-bit do Super Famicom faz parte desse conjunto.

Quer saber o que mais está incluso em Clock Tower Rewind? Continue com a gente para relembrar esse clássico da década de 1990 e descobrir se vale a pena investir na remasterização da WayForward.

Há algo errado com Jennifer Simpson

Ao lado de seus irmãos de orfanato, Jennifer Simpson é adotada por um misterioso milionário. Empolgada com a nova vida, ela e seus amigos descobrem que a mansão da família Barrows, localizada na Noruega, é muito maior do que se pensa.

Mas o que ela também não sabe é que um mistério brutal se esconde entre as paredes da residência. Sozinha na casa após seus amigos desaparecerem na mais absoluta escuridão, ela deve sobreviver enquanto entende os motivos de terem a levado para tal local.

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Fonte: André Custodio

Logo, ela percebe que não está sozinha ali dentro. Ela acaba entrando em um jogo de gato e rato, onde sua única escapatória é correr e se esconder de um ser bizarro que segura uma tesoura gigante. Não há como saber se esta noite acabará bem.

Clássico do Super Famicom, Clock Tower é um terror de sobrevivência baseado em quebra-cabeças. Com um estilo escape room, o título exige que os jogadores solucionem uma série de puzzles desafiadores e interconectados, enquanto fogem de um perseguidor.

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Fonte: André Custodio

O título, lançado originalmente no Japão, estabeleceu os padrões de horror de fuga. Assim, ele chama a atenção pela imprevisibilidade e pelas mudanças constantes na dinâmica do mapa de acordo com o caminho escolhido por Jennifer.

E esse caminho em Clock Tower é bastante variado. Além de incluir elementos de roguelite (com disposições das salas e dos itens alteradas), o game traz múltiplos finais. E quando dissemos “múltiplos”, é sem exageros: são várias possibilidades de encerramento.

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Fonte: André Custodio

Além disso, o título oferece uma pegada cinematográfica que conversa muito bem com o estilo proposto. Isso porque, à medida que os quebra-cabeças se resolvem, você percebe estar cada vez mais imerso em uma trama sombria, complexa e bem conduzida.

Direto, mas nem um pouco fácil

Clock Tower é uma aventura direta, apesar da sua multiplicidade de rotas. Em poucos instantes, você já entende a configuração dos cômodos e as ações a serem tomadas, mas a pressão instaurada pela atmosfera de terror e pelo Homem-Tesoura deixam tudo tenso.

Constantemente, o título te faz perceber a importância de agir com estratégia. Antes de acionar qualquer mecanismo, é importante ter uma rota de fuga bem determinada, pois não há como saber o que o vilão está fazendo pela casa.

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Fonte: André Custodio

Morreu? Você pode retroceder alguns segundos e refazer os últimos passos. Mas se o intervalo de tempo não permitir uma escapatória, a única opção é começar do zero ou do último arquivo salvo manualmente.

As ameaças em Clock Tower estão em todos os cantos. Além disso, como há a sugestão de um mapa que se adapta às decisões tomadas por Jennifer, você precisa ser bastante metódico e ler as informações oferecidas pela protagonista e por arquivos com bastante calma.

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Fonte: André Custodio

Jogadores brasileiros encontrarão uma dificuldade a mais, pois o game não possui localização para nosso idioma. Porém, como a progressão é bastante objetiva e até mesmo lógica, não há como enfrentar barreiras incontornáveis.

Jogabilidade datada e mudanças bem-vindas

Por ter um gameplay simples, Clock Tower Rewind não sofreu muitas mudanças no esquema de controles. Os comandos permanecem pouco intuitivos, mesmo sendo simples e com usos bastante direcionados.

Você deve se atrapalhar algumas vezes durante a campanha, em especial por não haver uma forma de consultar os comandos. Tudo é apresentado apenas em um tutorial visual, mas por alguns segundos e antes da história começar.

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Fonte: André Custodio

Basicamente, Jennifer consegue controlar seu medidor de sanidade por meio de um botão de pânico, descansar após picos de medo e utilizar itens-chave. Mas como alguns botões funcionam para duas ou três coisas, é quase impossível não errar vez ou outra.

Enquanto isso, os conteúdos adicionais do conjunto são bem vindos. Eles incluem uma remasterização do jogo original, contendo melhorias gráficas, ajustes nos sistemas de som, conteúdos adicionais e uma bela introdução no estilo anime.

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Fonte: André Custodio

Já as mudanças em relação ao sistema incluem cenas dinâmicas inspiradas em HQs e muitos materiais de bastidores, como entrevistas com a equipe de desenvolvimento, galeria de arte, reprodutor da trilha sonora e opções de salvar manualmente.

Clock Tower Rewind: vale a pena?

Clock Tower Rewind é uma belíssima homenagem a um clássico que estabeleceu os padrões de games de terror baseados em perseguição. Quebra-cabeças inteligentes, mapas mutáveis e diversas rotas expandem muito o fator replay e o tempo gasto na aventura.

Enquanto finais alternativos podem se completam em poucos minutos, encerramentos mais complexos exigirão umas boas horas de seu tempo. Tudo isso, com uma jogabilidade simples, conceito agradável em estética retrô e vários desbloqueáveis criam um magnum opus.

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Fonte: André Custodio

O gameplay datado por atrapalhar quem está acostumado com os survival horror modernos. Há imprecisões no point and click e no tempo de reação de Jennifer. Mas no geral é uma experiência convincente e com potencial para atrair novos públicos.

O terror da WayForward é recomendado especialmente para fãs de jogos clássicos. Além disso, o retorno de Clock Tower pode muito bem abrir as portas para novos projetos nessa franquia que já foi muito importante para o cenário de suspense psicológico.

Veredito

Clock Tower Rewind
Clock Tower Rewind

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: WayForward

Jogadores: 1

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74 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Recursos adicionais deixam experiência mais acessível
  • Escape room de grandes proporções e inteligente
  • Experiência complexa, mas sem ser cansativa
  • Múltiplos finais
  • Sistema roguelite que acompanha as escolhas de Jennifer
  • Atmosfera moderna bem construída
  • Muitas opções de filtros
Desvantagens
  • Gameplay contraintuitivo
  • Sem localização em português do Brasil
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 7.904
Jogando agora: Awaken: Astral Blade, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.