Call of Duty Vanguard: vale a pena?
Call of Duty Vanguard entrega um excelente multiplayer, mas a campanha não empolga e seu modo Zombies é decepcionante
Mais um fim de ano e mais um Call of Duty está entre nós. E você não deve esperar nada de muito inovador em Call of Duty Vanguard. O que é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque entrega exatamente aquilo que se espera de um título da série, ruim pois é o famigerado mais do mesmo.
Modo multiplayer com uma ótima entrega de conteúdos – mapas, personalizações, armas, operadores, progressão -, campanha bonita visualmente, mas bem distante uma narrativa epopeica prometida pela Sledgehammer Games e um Zombies bem decepcionante. Este é um resumo da ópera.
Para o fã, claro que vale a pena. Para entusiastas de narrativas militares, melhor pensar um pouco mais e, para aqueles que gostam dos clássicos enfrentamentos de zumbis da Treyarch, bem, aí é melhor deixar pra lá…
Vanguarda
A trama de Vanguard começa muito bem, com uma missão em um trem em movimento com um grupo de soldados de várias nações rumo a uma missão secreta no fim da Segunda Guerra Mundial. Os visuais impressionam, o avanço é interessante e a ação constante causa uma boa impressão. “Vem coisa boa aí”…mas é só um impacto inicial bacana.
A história narra a criação de uma força especial encarregada de buscar documentos de um projeto secreto nazista capaz de mudar os rumos da guerra em favor do Eixo. Mas não há exatamente uma explicação convincente de como o time foi reunido. Eles só estão lá por algum alinhamento do destino.
Um britânico, um australiano, uma russa e um norte-americano são os principais personagens do grupo. Eles, com motivações e personalidades bem diferentes, devem trabalhar com cooperação para que os planos de Freisinger, um nazista com cara de nazista, sejam interrompidos.
Acontece que você pouco joga a missão especial. O jogo se preocupa mais em construir a história dos personagens através de flashbacks e, quando você imagina que realmente vai começar a jornada rumo ao desconhecido, acaba. Fica uma sensação de…”ué…acabou?”. São só cerca de 5 a 6 horas de single-player. Muito pouco para as promessas.
Mas não é tudo exatamente ruim. A construção dos heróis é bem interessante. Você salta na Normandia com o Sargento Arthur Kingsley (britânico) e participa da reconquista da França no Dia D. Enfrenta a Raposa do Deserto com o temperamental Lucas Riggs (australiano), luta contra contra os japoneses na pele do piloto da Marinha Wade Jackson e, por fim, causa terror nos alemães com a exima atiradora do Exército Vermelho, Polina Petrova.
De todas as histórias, o arco de Polina é o melhor de todos. A história é muito boa e explica como ela foi de uma simples médica para a Dama da Morte, uma sniper capaz de inspirar os russos em Stalingrado.
Destaque ainda para os belíssimos visuais dos personagens e das incríveis cutscenes. Vale lembrar que Call of Duty Vanguard se aproveita das mesmas tecnologias, aprimoradas é verdade, de Call of Duty Modern Warfare (2019).
Há outros pontos bem fracos, contudo. A inteligência artificial dos inimigos é sofrível, com pouquíssimos lampejos de esperteza. Eles não se protegem, não criam estratégias, não se organizam… Apenas caminham na direção do cano do seu fuzil. Você só vai morrer em razão da quantidade enorme de tiros. Fora isso, nada vai atrapalhar seu progresso.
O bom e velho multiplayer
Se a campanha é curta e pouco inspirada, o mesmo não pode ser dito do multiplayer. Call of Duty Vanguard oferta o pacote mais robusto dos últimos anos. São 20 mapas no total, sendo 16 deles para os clássicos modos como o 6v6.
Chamam atenção, também, as belas possibilidades de personalizações. Com capacidade para 10 attachments por arma, você pode moldar o jogo a seu critério, levando em consideração os pontos fortes e fracos de cada uma. Vale ficar um tempo estudando como cada acessório altera em precisão, recuo, velocidade do projetil, etc. São 38 armas no lançamento.
Ou seja, dá para fazer muita, mas muitas modificações. Isso é um ponto bastante positivo.
As vantagens (perks), também merecem elogios. São cerca de 18 possibilidades desbloqueáveis, capazes de conferir privilégios temporários bem interessantes e, por vezes, até um pouco overpower. E outras 16 opções de killstreaks para varrer o campo de batalha com bombardeios, cães ou Máquina de Guerra.
E, ainda, as Melhorias de Campo. Outras opções de vantagens para tornar o gameplay mais intenso. Só é necessário alguns ajustes, como a “Entrega” – um facilitador que permitir acumular contagem de kills mesmo que você morra -, que acaba tornando o gameplay um pouco desbalanceado em alguns casos.
Outro destaque são os operadores. No lançamento contamos com 12 heróis selecionáveis – alguns precisam ser desbloqueados – e cada um deles pode ser upado, liberando skins, poses, gestos, golpes finalizadores e falas. O retorno da progressão por personagem é muito bem-vindo e incentiva os jogadores a experimentarem mais o game, aproveitando melhor o investimento.
Claro, também não poderia faltar, os desbloqueios de camuflagens para as armas e os diferentes tipos de desafios.
Já os modos são clássicos da série, com a adição de novidades do Batalha dos Campeões (2×2 e 3×3) e Patrulha. Neste último, você deve defender um ponto em movimento, o que torna os tiroteios e reviravoltas bem intensas. Nota, ainda, para as opções de filtro de partidas, permitindo escolher entre algo mais clássico ou intenso, com mais jogadores.
Mesmo com pontos bastante positivos, há deslizes. Alguns modos estão caóticos, principalmente aqueles em mapas muito curtos (Das Haus) com até 10×10. Nestes, o respawn é simplesmente sem critério. Em muitas das vezes, o jogador volta ao jogo já de frente ao oponente, tempo de reação.
Também há a tradicional presença de jogadores, no mínimo, suspeitos. Com desempenhos muito acima da média, levantando dúvidas sobre o uso de trapaças. Isso pode ser minimizado desabilitando o crossplay, contudo é uma pena, já que a função deveria ser algo para agregar.
Mais morto do que vivo
O que decepciona mesmo em Call of Duty Vanguard é o Zombies. Desenvolvida pela Treyarch, a opção está bem distante dos seus dias de glória. O sistema de rodadas foi substituído por ações orientadas a objetivos e agora é necessário perseguir alguns marcos, o que acaba quebrando um pouco da vibe de “sobreviver as hordas”, tornando-a meio sem graça.
Você começa em uma área similar ao mapa Red Fall do multiplayer e deve cumprir objetivos – são três no momento – para entrar em outras áreas, através de portais, que, apesar de ser diferentes, não oferecem tanta variedade.
Por outro lado, os sistemas de Pack-a-Punch retornam, assim como o altar de recompensas. Duas adições que irão agradar os fãs de Zombies. Assim é possível atualizar armas para versões aprimoradas, melhorando suas capacidades.
Mas o grande problema nem são as novas mecânicas, mas a ausência de conteúdos como o easter egg. Ou seja, não tem uma história principal que motiva os jogadores a descobrirem segredos, avançarem ou mesmo se aprofundarem. Novidades sobre isso só em algum momento de 2022, talvez na segunda temporada.
Soma-se a isso o uso de personagens genéricos, e temos um Zombies com uma alma vendida, com perdão do trocadilho.
É bem verdade que o modo nunca foi lá muito simples. Com progressão própria, segredos e até um pouco de confusão no que deveria ser feito para avançar, por outro lado era exatamente isso que tornava o modo complexo, longevo e divertido.
Em Call of Duty Vanguard está tudo muito superficial e sem a intensidade de outros tempos. Você dificilmente vai querer se juntar com os amigos por longas horas para jogar.
Call of Duty Vanguard: vale a pena?
A campanha curta, sem muita inspiração e o modo Zombies fraco certamente pesam na balança. Também há um aproveitamento menor das capacidades do DualSense. Cold War, por exemplo, fazia um uso bem melhor dos gatilhos adaptativos.
No entanto, a boa oferta do multiplayer vai agradar. São muitos mapas, possibilidades de filtros novas, muitas personalizações, progressos para armas, operadores, sua patente…ou seja, se quiser chegar aos últimos níveis da cada área você terá muito trabalho. O que é positivo.
Também pode fazer a diferença a chegada de novidades através de temporadas, o que vai potencializar ainda mais o multiplayer e, talvez, colocar o Zombies nos eixos. Já a narrativa vai ficar por isso mesmo.
Portanto, Call of Duty Vanguard é indicado se você é realmente fã do multijogador. Se este não for seu caso, é bom pensar com muita calma.
Veredito
Call of Duty: Vanguard
Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5
Desenvolvedor: Sledgehammer Games
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Visuais da campanha
- Multiplayer recheado de conteúdos
- Diversos tipos de modos
- Jogo executa bem sua fórmula consagrada
- Volta da "Corrida Tática"
- Localização completa para PT-BR
Desvantagens
- Zombies decepcionante
- Campanha não empolga e é curta
- Falta inovação