[Análise] Red Dead Redemption 2: Vale a Pena?
Red Dead Redemption 2 traz uma das aventuras mais épicas já presenciadas. Confira nossa análise.
Já que estamos em época de ENEM, podemos dizer que Red Dead Redemption 2 é como um gabarito para os games de mundo aberto. Com seu Velho Oeste extenso, vibrante e recheado de atividades, além da perfeição técnica, ele vale cada segundo dos últimos 8 anos de espera.
É até complicado analisar um jogo como RDR 2. Não por ser difícil emitir o juízo de opinião sobre ele, mas porque são tantas coisas a abordar que fica difícil destacar somente alguns pontos importantes. Sabe aquela redação em que você quer escrever, escrever e escrever, de tão bom que é o tema? Passamos por isso nesse review.
Arthur Morgan, fugitivo, fora da lei, bandido. Mas homem com princípios, valores, honra. Integrante da gangue Van Der Linde, precisa fugir da lei, depois de um roubo que acabou dando muito errado em Blackwater. E ali, nas terras selvagens da América, reescrever sua história, em busca do American Dream.
Este é o pano de fundo para uma das maiores, mais detalhadas e emocionantes aventuras da história dos games. Poucos títulos se comparam a Red Dead Redemption 2 e sua incrível imersão. E provavelmente, seguiremos assim um bom tempo. Mais do que “só” um jogo de videogame, ele é uma obra de arte.
América, 1889…
Forçados a fugir para o Leste, após um assalto a uma barca terminar muito errado, a gangue precisa enfrentar tudo o que há de mais brutal no território americano. À sua frente, um clima implacável, inúmeras incertezas, o próprio terreno voraz, acusações e desconfianças. Atrás, soldados da agência Pinkerton, rugindo raivosamente.
Red Dead Redemption 2 tem um início do jogo um tanto arrastado. Isso é um fato que incomoda alguns. Mas é necessário. Você precisa se ambientar, e isso já começa de forma brutal. Este é o oeste onde “os fracos não têm vez”, e tal assertiva se mostra verdadeira já nos primeiros minutos do jogo.
Neste cenário hostil e insano, a figura paterna de Dutch surge como um norte. Pode-se dizer que ele acaba por ser o personagem de maior destaque. O elo necessário entre todo o resto. Mesmo que seus métodos e decisões sejam um tanto questionáveis. Mas afinal, todos são seus filhos, irmãos fora-da-lei. E isso é o que importa.
A arte de contar histórias da Rockstar faz-se evidente em Red Dead Redemption 2. Desde o menor dos transeuntes até integrantes já conhecidos da gangue (como um certo John, um certo Bill, um certo Javier…) tem seu lugar. Uma narrativa tão envolvente que mesmo 60, 70 horas de história ainda parecerão um pequeno sussurro no tempo.
Isso não quer dizer, claro, que Arthur não tenha seu papel de destaque. Ele é a ponta da lança de Dutch. Por ele, percebemos a evolução do enredo. Aprender a odiar quem um dia admiramos e amar quem um dia desprezamos. Para, no final, ter que escolher em uma causa nobre e desejos pessoais, mesmo que o preço acabe sendo demasiado alto.
Assim se desenvolve a narrativa. Com um oceano de ramificações e reviravoltas realmente surpreendentes, o jogador jamais pensa que perdeu tempo em não seguir apenas a história principal. Tudo funciona como um organismo vivo. Para entender como a corda espinhal funciona, você terá prazer em percorrer cada um dos nervos do sistema.
E vale cada momento.
Mecânicas diferenciadas do velho oeste
Todas as mecânicas de jogabilidade estão profundamente aprimoradas em Red Dead Redemption 2. É único perceber como todas as variáveis contam durante o gameplay. Não se trata apenas de montar em seu cavalo e sair galopando pelas pradarias selvagens.
Para começar, as próprias opções do personagem agora estão infinitamente mais diversificadas. O jogador pode evoluir, como em um jogo de RPG, atributos de Arthur e do seu cavalo. Deve se preocupar com muito mais além do dano que recebe dos inimigos, e suas ações influenciam muito mais intrinsecamente o mundo ao seu redor.
Estas evoluções não são complicadas, ou requerem ações complexas. Tudo acontece de forma natural e progressiva. Da mesma forma, a ambientação do jogador às novas mecânicas apresentadas é feita bem naturalmente.
Morgan precisa, por exemplo, adaptar suas vestes ao clima local. Precisa descansar e comer regularmente. Suas roupas ficam sujas – assim como seu cavalo. Este nível de detalhes é o que traz este diferencial a RDR 2. Também é interessante notar que a visão do mundo sobre Arthur é um reflexo dele mesmo.
Aja com honestidade (mesmo sendo um fora da lei), e as pessoas o verão como alguém honrado, lhe dando recompensas por isso. Seja um inescrupuloso, sem coração, e você também receberá sua “recompensa”. Ah, e não se engane: todas as suas atitudes, por menores que sejam, refletem no seu futuro no jogo.
Certa vez, um homem foi salvo de ser morto por uma cobra. Dias mais tarde, ele me ofereceu uma arma na loja “por sua conta”. Tivesse eu sido um desalmado, não teria recebido tal presente (como quando matei uma testemunha de um crime, mas não vi que havia outra para relatar esta malevolência. Isso deu um problema…).
Estes pequenos detalhes é que tornam Red Dead Redemption tão único.
Os gatilhos mais rápidos do oeste
Você é um criminoso. Um fugitivo. Não se engane. Por mais honrado e nobre que seu comportamento seja, você é um fora da lei. E isso é lembrado a todo momento. Você será caçado. Não apenas pela lei, mas por gangues rivais. E isso, irremediavelmente, resultará em um derramamento de sangue.
Sua responsabilidade, ou não, pouco importa neste cenário. Você será forçado a lutar. E com isso, será forçado a usar do que tem à sua disposição. Suas “ferramentas de trabalho” agora são muito mais variadas. Pistolas, revólveres, escopetas, e até mesmo arco-e-flecha e facas de arremesso.
É extremamente prazeroso o manuseio e uso de cada uma das variedades de armas. Todas tem seu próprio efeito e peso. Cada uma é recomendada conforme a situação. Para um duelo, uma pistola leve. Para o fogo pesado, uma carabina de repetição. Para abates limpos e silenciosos, o arco e flecha… e por aí vai. E ainda podem ser todas melhoradas.
Confrontos não faltarão. Seja para resgatar membros presos, ou erradicar uma gangue rival, você precisará lidar com muito fogo cruzado. Neste sentido, o jogo não decepciona. Cada combate é uma obra de arte a parte. Desafiadores na medida, e com um destaque especial à “kill cam”, que mostra os abates de ângulos estratégicos.
Como diria Dílios ao narrar 300: “Glorioso…”
O mundo vivo e orgânico de Red Dead Redemption 2
Um autêntico simulador da vida no Velho Oeste, com alguma liberdade criativa. Esta poderia ser a melhor definição de Red Dead Redemption 2.
A caça agora tem um papel muito mais essencial. Serve para coletar peles, partes diversas, e mantimentos para seu acampamento. O número de animais para caçar é outro destaque, com mais de 170 espécies disponíveis. Cada uma com uma abordagem diferente. Nunca uma mesma caçada é igual a outras. E ainda há os animais lendários a se procurar.
São inúmeras as atividades paralelas a tomar parte – marca registrada da Rockstar. Você pode tanto caçar outros foras da lei, como aproveitar os saloons espalhados no jogo para se divertir um pouco. Os minijogos voltaram, agora com mais variedade. Dominó, BlackJack (o famoso 21), e o lendário Poker estão sempre disponíveis.
Os cavalos, antes limitados apenas a montarias e meios de transporte, agora são como família. Crie vínculos com seus animais e eles lhe obedecerão melhor, enfrentarão mais perigos, e serão mais fieis. Procure e adestre os melhores cavalos nas paisagens mais inóspitas, e você terá alazões fieis e únicos.
Tudo isso é retratado com um nível de realismo ainda não visto para um jogo desta magnitude. Os gráficos são extremamente detalhados. Comentar sobre “efeitos de luz, sombra e texturas” seria extremamente limitador. A discussão é o quanto RDR 2 chega próximo em retratar o mundo real, e há uma dúvida constante se ele já não o faz.
A passagem do tempo e do clima dão um verdadeiro show. Perceba a formação da via-láctea nos céus claros de uma noite, ou as gotas de chuva na lama das estradas de Valentine. Espetáculos verdadeiros, com uma trilha sonora tão imersiva, que soa como um dos clássicos antigos de velho-oeste. Literalmente, uma verdadeira obra de arte.
Foras-da-lei para sempre!
Red Dead Redemption 2 conta a história antes dos eventos do primeiro RDR. E por isso, os jogadores deveriam se sentir familiarizados. Mas, estranhamente, tudo soa como novo. Aqui, uma nova história é contada e, mesmo que o cenário e a ambientação sejam os mesmos, o jogo consegue surpreender.
A narrativa é poderosa, envolvente e comovente. Facilmente compreendida, visto que o título conta com um competente trabalho de localização de menus e legendas – e ouso dizer: nada seria mais prejudicial que uma dublagem em nosso idioma. O fato é que a dublagem original do jogo é tão perfeita e localizada que não há como pensar em outra.
Tudo isso, aliado ainda a personagens realistas, é estonteante. Os olhos vívidos, rugas, cicatrizes e expressões que traduzem exatamente o momento. Tensão, raiva, enganação, alegria.
E como não falar dos inúmeros segredos do jogo, outra marca registrada da Rockstar Games? Cavalos lendários, UFOs, monumentos de pedras futuristas… Há muita coisa diferente para desvendar em Red Dead Redemption 2.
É correto dizer que ele tem defeitos? Não saberia expressar. A única coisa que foi vista que pode ser considerada um “problema” durante toda a jornada foram pedras flutuantes – que em nada atrapalharam o progresso do jogo. Mesmo as falhas que muitos relataram não foram experienciadas nas horas que geraram esta análise.
Não seria prepotência dizer que, no panteão dos mais grandiosos jogos para PlayStation 4 (como God of War, Uncharted 4, Horizon: Zero Dawn), Red Dead Redemption 2 ganhou, com louvor, seu lugar.
Veredito
Red Dead Redemption 2
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Rockstar Games
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Narrativa poderosa
- Imersividade incrível
- Localização excelente
- Personagens realistas