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[Análise Rápida] Lost Sphear: Vale a Pena?

Um JRPG genuino, mas nada inovador.

por Hugo Bastos
[Análise Rápida] Lost Sphear: Vale a Pena?

Chrono Trigger foi (e é) um dos melhores JRPGs de todos os tempos. História intrincada, mecânicas fantásticas, e uma premissa ainda pouco explorada, e muito bem executada. Um título que, com certeza, marca aqueles que o jogam. Talvez por isso, logo ao iniciar Lost Sphear, tenha sentido uma sensação tão onipotente de felicidade.

Mas essa sensação, infelizmente, não perdura. Talvez pela falta de desenvolvimento adequado dos personagens. Ou ainda pela jogabilidade um tanto ultrapassada. Ou mesmo pela curta duração do jogo. Seja como for, este é um título que, embora tenha chegado perto do frisson que seu antecessor causou, acabou por ficar no meio do caminho.

Apesar de tudo, ainda é um jogo memorável. Em sua própria limitação.

O véu que se desdobra

Lost Sphear narra a história de Kanata. Um garoto sem qualquer conhecimento do poder que tem, e que um dia se vê envolto em uma trama “misteriosa”, quando as cidades começam a ser envoltas por uma névoa branca, e “apagadas” do mundo. Kanata é um dos únicos com o poder de restaurar as partes engolidas ao seu estado natural.

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O mundo está sendo consumido por uma névoa branca. E adivinha quem tem o poder de restaura-lo? Fonte: Lost Sphear

Essa restauração acontece com o uso de memórias de outros personagens. E com isso, ele e seus companheiros partem em uma jornada de descobertas e significados, com a missão secundária de salvar o mundo no processo. Uma tarefa até rápida, considerando a curta duração do jogo – 25 horas em média. Para o padrão JRPG, bastante limitada.

Uma história que começa um tanto arrastada, se desenvolve mais para o meio do jogo, mas cai em narrativas previsíveis mais para o final. O enredo é um tanto simplista, e falha em cativar o jogador. I Am Setsuna, trabalho anterior da desenvolvedora Tokyo RPG Factory, o fez com merecido reconhecimento.

Muita informação e pouca explicação

Sobre as mecânicas do título, algo que se torna explícito é que Lost Sphear possui muitas (MUITAS) opções diferentes. Existem as skills, que podem ser adquiridas por fragmentos de memórias encontradas pelo mundo. Elas funcionam ainda como moeda corrente para adquirir melhorias, que dão uma vantagem extra ao personagem.

Ainda é possível melhorar armas e fabricar magias com ingredientes encontrados pelo mundo. Mundo este que, ao ser, aos poucos, restaurado, permite que o jogador também seja agraciado com melhorias em suas habilidades. Todas estas possibilidades são interessantes. O que as torna enfadonhas é o esforço necessário para as executar.

Determinadas “receitas” requerem materiais tão raros que não valem o esforço. Da mesma forma, melhorar uma determinada arma acaba sendo mais dispendioso (do ponto de vista temporal) que simplesmente comprar uma nova. A impressão que fica é que tais mecânicas foram implementadas para, apenas, estender a curta duração do jogo.

Já o sistema de batalhas foi aprimorado de I Am Setsuna. Agora, é possível deslocar os combatentes pelo campo de batalha. Isso adiciona um nível estratégico às ações dos personagens, fazendo-os calcular e levar em consideração não apenas onde iniciam o ataque, mas onde terminam e a maneira mais eficaz de causar mais dano em menos tempo.

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Não apenas o ataque, mas a posição de onde ele será lançado, é estrategicamente importante agora. Fonte: Lost Sphear

Esta acaba sendo uma das melhores partes do jogo. E apesar de ser deveras parecida com outros títulos (passados e recentes), não perde seu brilho. Brilho este que poderia ser maior, não fosse o jogo nada intuitivo. Suas inspirações eram simples, mas profundas. Lost Sphear tenta inovar e acaba criando sua própria “cama de gato”.

Um sonoro diferencial gráfico

Assim como em I Am Setsuna, o piano prevalece em Lost Sphear. No entanto, este jogo é bem menos triste e melancólico. Sua trilha sonora, alterando entre momentos épicos e calmos, traz sentimentos diversificados, e completa de forma competente a experiência. Marcante e e profunda.

Mas é durante as batalhas que nota-se o diferencial do jogo. Os personagens possuem vozes próprias, com gritos e jargões específicos. A dublagem em japonês ajuda a construir um ar mais, digamos, “nipônico”. Já os efeitos sonoros carecem de maior trabalho. Os cenários são bem construídos, e por vezes os sons não correspondem ao que é mostrado.

Não há como negar que o jogo possui um visual belo. Os cenários são bem construidos e detalhados. Estes lembram bastante as remasterizações dos Final Fantasies passados. A sensação que se tem é a de jogar um Chrono Trigger com gráficos melhorados. Não chega a ser algo tão estupendo, mas de fato adiciona um ar de novo ao jogo.

Os efeitos visuais também são dignos de comentários. Magias e técnicas possuem animações bem feitas. Os cenários são detalhados e belos. Os efeitos de luz e sombra cativam o jogador e trazem uma sensação gostosa ao serem observados. E aquela lua…

Uma ótima ideia perdida no caminho

Lost Sphear, no final, é um bom jogo. E talvez este seja o problema. Ele quase é muita coisa. Quase é uma sequência espiritual marcante. Quase eleva a qualidade do seu antecessor, e se torna mais um expoente do gênero digno de reconhecimento. Quase faz uma homenagem aos antigos (e famosos) JRPGs tão saudosos.

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Por querer inovar muito, talvez, a desenvolvedora acabou por emaranhar aquilo que deveria ser simples e direto. E ao tentar simplificar demais outros aspectos, trouxe uma história rasa, previsível e curta. Que não é ajudada em nada pelo fato de o jogo não possuir qualquer localização.

Seus pontos fortes são dignos de merecimento. Mas, a longo prazo, o jogo não terá, certamente, o reconhecimento de seu antecessor. E certamente não será lembrado como uma homenagem digna aos tempos áureos do gênero, mas como uma tentativa frustrada de fazer dar certo uma ideia que não precisava de modificações.

Mas, no final, o título ainda tem o seu charme. Aquela “quase” chama que, com certeza, fará com que muitos jogadores simplesmente ignorem certos aspectos negativos, e caiam em suas graças. E neste ponto, Lost Sphear ainda consegue se destacar.

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.