[Análise Rápida] Absolver: Vale a pena?
Será que vale?
Como analisar um jogo que em sua essência é bom, porém é para um nicho muito específico de jogadores? Talvez este seja o maior desafio de um redator ao encontrar um jogo com tais características como é a publicação da Devolver Digital, Absolver. De forma rápida e interconectada, confira nossa Análise Rápida sobre o game.
Em Absolver, o jogador assume o papel de um lutador de artes marciais e precisa combater seus inimigos para tornar-se o escolhido. Em um sistema fluído de batalhas, mas muito rigoroso, é preciso ter timing para usar combos, agilidade e precisão para que seja o verdadeiro vencedor.
É possível escolher entre três estilos de luta, cada um com sua especificidade e movimentos próprios, as quais serão bases para a lista de ataques e defesas aprendidos ao longo da jornada. Um conceito muito interessante é a possibilidade de editar a sequência de ataques criando uma espécie de baralho, nas quais as cartas são os movimentos e então o jogador cria conforme seu gosto ou, até mesmo, para linkar ataques fulminantes.
Toda essa fluidez de luta é denominada flow, na qual os jogadores têm a possibilidade de alterar a posição do lutador para que ataques específicos aconteçam na ordem desejada. É uma característica muito legal, haja vista que não existem jogos semelhantes com este processo. No entanto, o processo de aprendizagem é custoso. A curva é aguda e até dominá-la, ocorrerão mortes e mortes.
Este é o ponto principal que torna Absolver um jogo muito específico para um nicho de jogadores. Diferentemente de Dark Souls ou Bloodborne que denotam em uma linha mais ação, em Absolver é preciso combinar o tempo de realizar esquivas e defesas juntamente com as decisões do tipo de ataque a serem realizados. Tudo isso em questões de segundos. De fato, nem todos vão conseguir e logo nos primeiros combatentes já irão desistir de continuar.
Felizmente, uma panaceia é aplicada para facilitar a árdua jornada, porém o sabor é amargo. O jogo exige uma constante conexão de internet para acessá-lo, com isso, vários jogadores compartilham do mesmo mundo e podem se ajudarem no progresso. Afinal, dois ou três combatentes no mesmo time facilita bastante os confrontos contra os chefes.
No entanto, surge uma complicação: é realmente preciso ter uma conexão boa e estável. Como tudo ocorre muito rápido, os movimentos, esquivas, ataques, qualquer oscilação pode prejudicar o combate e você sair derrotado (aconteceu algumas vezes durante o período de análise). Isso acaba por restringir ainda mais o nicho do qual esse jogo pertence.
Como se não bastasse, existem bugs que incomodam. Paredes invisíveis que impedem o avanço nos caminhos. Habilidades que travam em momentos indevidos. E os eternos loadings que forçam a reinicialização do aplicativo. São exemplos vivenciados em uma frequência alarmante.
É válido lembrar que o título foi desenvolvido por uma empresa de pequeno porte, sendo possível até considerá-lo indie, portanto o orçamento de investimento pode não ter sido alto quanto um AAA.
Absolver proporciona uma experiência inédita com elementos que foram aplicados corretamente, como a construção de movimentos, a jogabilidade fluída, toda a sensação de recompensa após um árduo combate. Suas características positivas oferecem, de fato, uma proposta inovadora e ousada.
Contudo, é por justamente sua intenção que torna o título restrito a uma parcela de jogadores. Caso você queira apenas divertir-se ou experimentar ação frenética ou vivenciar uma boa história, este definitivamente não é para você. Absolver exige penitência, sacrifício, tentativas e tentativas, criatividade e feeling. É um jogo que mais tira de você, do que oferece.
Portanto, seja cauteloso. Leia e releia esta análise outras vezes. Assista gameplays e então, por si só, julgue se você é capaz de adentrar neste perigoso universo. Se você topa o desafio, o jogo será uma viagem desafiadora e gloriosa. Por via das dúvidas, espere uma promoção para que você não sinta ter desperdiçado seu dinheiro em um título que apenas o frustrou mentalmente.