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Age of Mythology: Retold: vale a pena?

Versão definitiva traz muitos conteúdos, diversão no multiplayer e uma experiência nostálgica e muito divertida

por Raphael Batista
Age of Mythology: Retold: vale a pena?

Permita-me começar essa análise, de modo diferente, quebrando a parede da impessoalidade. Eu comecei a jogar videogame desde pequeno e foi no meu primeiro PC, com 10 anos, que conheci o mundo dos jogos estratégicos. Ali, me apaixonei pelos clássicos RollerCoaster Tycoon e Age of Empires, mas um deles conquistou horas e horas do meu dia: Age of Mythology.

O fato de mesclar diferentes mitologias com uma pegada estratégica, divertida e com uma jogabilidade equilibrada fez com que minhas tardes após o período escolar fossem marcadas por muitos “Isvoli!”. Não me considero alguém nostálgico, mas o anúncio de Age of Mythology: Retold para o PS5 fez aqueles dias da infância voltarem à tona com muitas expectativas.

E, felizmente, dá para dizer que essa versão definitiva vem forte para convocar os fãs de volta ao universo que marcou. Além de trazer toda a campanha clássica, existem novos conteúdos, suporte ao multiplayer e até desafios diários. No entanto, havia espaço para melhorias de qualidade de vida para melhor adequar a experiência do PC para os consoles.

Fato é que estamos diante de uma edição completa, cheia de novidades e com expansões especiais. Age of Mythology: Retold é um remake com R maiúsculo, respeitando o legado e apostando em coisas novas. Com certeza, este jogo merece sua atenção!

Um épico transcultural

Um dos charmes de Age of Mythology é o seu enredo que mescla várias mitologias em uma única história. Os jogadores conhecem o herói Arkantos que é encarregado de impedir os planos malignos do ciclope Gargarensis que deseja trazer de volta o Titã Cronos ao mundo. Só que a situação escala para outras nações a ponto de envolver os deuses egípcios e nórdicos, exigindo que forças sejam unidas.

Ao longo de cada fase, os jogadores passam por eventos históricos, como o Cavalo de Troia, e também conhecem mais de cada mitologia. A campanha tem 33 fases e há uma boa divisão entre os gregos, egípcios e nórdicos, oferecendo uma boa variedade de deuses, criaturas para serem criadas e estruturas para desenvolver.

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Eventos históricos e fictícios são reunidos neste conto épico. Fonte: Raphael Batista.

Este é um dos grandes diferenciais de Age of Mythology: a variedade no gameplay com base na sua mitologia. Enquanto os egípcios são concentrados em estruturas, os nórdicos valorizam o combate. Durante a campanha, o jogador aprende a como lidar com cada situação e as fases também têm uma boa variedade de missões.

Desde proteger os assentamentos até explorar cidadelas de modo furtivo, a campanha por si só tem muito o que oferecer. Cada fase dura, em média, 35 minutos. Então, só no Modo História já tem conteúdo para umas boas horas. Ainda há campanhas adicionais para serem exploradas, como a história dos irmãos nórdicos e o Reino Perdido de Atlântida.

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Fases, unidades, objetivos… há uma grande variedade de tudo. Fonte: Raphael Batista.

Vale mencionar que, como um remake, Age of Mythology: Retold faz um bom trabalho em manter a direção de arte. Desde as criaturas mitológicas, monstros e até mesmo as artes dos deuses. No entanto, em alguns momentos, os gráficos deixam a desejar e o visual chega a ser muito feio.

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Apesar da direção de arte estar intacta, faltou capricho nos detalhes. Fonte: Raphael Batista.

Do PC para os consoles

Falando sobre a jogabilidade, Age of Mythology: Retold é um jogo de estratégia em tempo real em que é necessário coordenar tropas, comandar a construção de estruturas, atacar, defender-se e promover o desenvolvimento do seu Assentamento para derrotar o Centro do adversário. Como todo jogo de estratégia que se preze, o timing e os comandos são cruciais.

E a adaptação não foi das melhores. Não estamos falando que os controles não funcionam, mas que poderiam ser melhor ajustados. Muitas atribuições ficaram confusas e a interface do usuário também não ajuda. Há recursos que só fui ativar no final da campanha, por ter esbarrado em botões sem a intenção correta.

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Muitos comandos e recursos ficaram escondidos e pouco intuitivos. Fonte: Raphael Batista.

Além da falta de ajustes aos controles, a falta de explicação para alguns recursos também é sentida. Nas campanhas, por exemplos, há objetivos Opcionais que, cumpridos ou não, o game não faz questão de explicar qual a recompensa e o porquê realizá-los ou ignorá-los. Fica sem nenhum estímulo, colocando o jogador para cumprir só a Missão Principal mesmo e é isso.

Por outro lado, os vídeos de introdução de cada mitologia foram um grande acerto. Em 2 minutos, o narrador explica os principais pontos dos egípcios, nórdicos, gregos, chineses e atlantes para situar o jogador e isso possibilita estabelecer estratégias logo de imediato. Sem essa de “ficar testando para ver o que dá certo”, pois as introduções mostram no que apostar e como ser mais eficiente.

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Cada mitologia tem suas características e um vídeo de apresentação que contextualiza as tropas. Fonte: Raphael Batista.

Mas é necessário ressaltar que a adaptação também foi responsável por oferecer novidades muito bem-vindas como a dublagem em PT-BR. Embora as vozes soltem as falas originais no momento de gameplay (o que não vamos reclamar do “ishboli”), todas as cinemáticas contam com dubladores brasileiros.

Só fica a crítica que, em vários momentos, houve bugs de áudio com a narração ficando bem baixinha.

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O áudio dos diálogos muitas vezes é prejudicado. Fonte: Raphael Batista.

Novidades bem legais

Age of Mythology: Retold foi lançado com o intuito de entregar além da campanha já conhecida. O game conta com recursos adicionais, como A Arena dos Deuses e o multiplayer para até quatro pessoas. Também tivemos acesso à Premium Edition que forneceu a expansão Pilares dos Deuses com a mitologia chinesa, mas falaremos do conteúdo mais abaixo.

A Arena dos Deuses funciona como uma espécie de continuação spin-off da campanha, em sequências cada vez mais agressivas e mais complicadas. O conteúdo é um modo cheio de possibilidades que diverte ao longo das fases, principalmente por trazer Castor, filho de Arkantos, como protagonista. O gameplay fica ainda melhor pelo fato que dá para chamar um amigo para jogar junto.

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Na Arena dos Deuses, os desafios são ainda mais estratégicos e intensos. Fonte: Raphael Batista.

Neste modo, os jogadores conhecem mais da mitologia Atlante e tem a disposição Gaia, Cheia, Reia e outros deuses na missão de lidar diretamente contra Cronos. Ainda há um fator de estratégia adicional como a possibilidade de acionar modificadores para os mapas e unidades, gerando mais opções de criar tropas perfeitas.

Especificamente sobre a mitologia Atlante, vale a pena pelos deuses e unidades mitológicas que usam habilidades ativas e possuem um design atrativo. No entanto, as construções e unidades gerais não são tão chamativas assim.

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Gaia, Castor e muitos Atlantes fazem parte da jornada. Fonte: Raphael Batista.

Para o multiplayer, o sistema de criação de partidas é bem rudimentar e a interface é nada intuitiva, com menus pouco atrativos. Contudo, há uma boa variedade de modos, desde 1v1 até 4v4. Além disso, existe a opção de Partidas Ranqueadas para quem quer se provar um verdadeiro estrategista.

O modo online funciona sem nenhum lag e é bem interessante enfrentar jogadores que usam de diferentes mitologias para se adaptar ao seu estilo de jogo. Vale demais a pena investir tempo para quem gosta de um jogo de xadrez interativo.

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Lidar com o adversário e agir em tempo real é bem divertido. Fonte: Raphael Batista.

Por fim, vale menção aqui à expansão Pilares dos Deuses. Um conteúdo bem diferente da campanha original e com unidades singulares da mitologia chinesa. Por mais que você não escolha a Premium Edition que dá acesso ao DLC, vale a pena adquirir posteriormente.

A história spin-off e o modo de gerenciamento das tropas funciona de acordo com o universo, mas tem um “Q” bem único. É uma adição e tanto!

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Os chineses têm o próprio funcionamento e estrutura. Fonte: Raphael Batista.

Age of Mythology: Retold: vale a pena?

Curto e grosso, vale sim! Considerando o preço atrativo de R$ 99,99 na PS Store, o game é a versão definitiva de um clássico game de estratégia que agrada em cheio os fãs que sentiram falta do jogo original lançado em 2002. Talvez, para novatos, a experiência não seja das melhores por ser um pouco datada, mas para quem ama mitologias, é com certeza um dos melhores do gênero.

Com uma boa variedade de conteúdos, modo multiplayer funcionando perfeitamente, várias opções para explorar e se divertir, Age of Mythology: Retold reconta uma linda história e faz uma viagem ao tempo com qualidade, diversão, equilíbrio e desafio!

Veredito

Age of Mythology: Retold
Age of Mythology: Retold

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Microsoft Corporation

Jogadores: 1

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81 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Variedade de conteúdos e modos
  • Novidades bem-vindas
  • Multiplayer divertido e equilibrado
  • Forte sentimento nostálgico
  • Gameplay estratégico e acessível
  • Ótimo custo-benefício
  • Desempenho impecável
Desvantagens
  • Falta de capricho no visual
  • Bugs no áudio
  • Adequação dos controles poderia ser muito melhor
  • Falta de tutoriais e guias mais intuitivos
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Escudeiro Valente |
Pastor e produtor de conteúdo em vídeo no MeuPlayStation. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.