Sarah teria maior participação no início de The Last of Us, diz Naughty Dog

The Last of Us voltou a ser bastante comentado recentemente graças à estreia da série da HBO. No primeiro episódio, Sarah é apresentada através de uma perspectiva diferente, onde todo o caos da noite fatídica é visto pelos olhos da filha de Joel. Segundo a Naughty Dog, a intenção inicial do jogo era exatamente essa.

Se você está tendo seu primeiro contato com a franquia através da série e não assistiu ao primeiro episódio, cuidado com spoilers.

Jogar com Joel já era algo “esperado”, mas durante as discussões da Naughty Dog na fase de concepção do título, Sarah se tornaria um personagem jogável (por mais tempo). Isso acabou não acontecendo, mas os devs detalharam, em um post do PS Blog, como isso se daria.

Diferente do início de Part I, pai e filha escutariam uma confusão na casa dos vizinhos e já teriam o primeiro contato com os infectados ali, uma abordagem bem próxima da série. Neil Druckmann explicou o seguinte:

Nos pareceu um ângulo realmente único para [esta história]. O fato de ver tudo pelos olhos inocentes de uma criança tornou tudo mais assustador, arrepiante, e isso nos tornou nossa estrela guia. Ter aquela perspectiva definida afetou a abordagem de toda a equipe na hora de trazer a sequência à vida.

Para apresentar essa relação de uma maneira mais profunda, a tensão vai subindo aos poucos. Em The Last of Us, conforme Sarah vai descendo as escadas, a Naughty Dog já prepara a mudança de clima da obra. Para isso, a iluminação, o áudio e toda a atmosfera precisaram passar por cuidados. O diretor artístico Eric Pangilinan explicou como isso foi feito:

A nossa iluminação foi bem suave, com um tom mais caseiro, e depois quando as coisas começam a dar errado, mudamos um pouco a iluminação. Quando se faz isso, você cria tensão, cria sombras mais longas, cria mais contraste na cena, você coloca o jogador no escuro, e o move em direção da luz.

E esse sentimento de tensão tende a ficar ainda mais forte conforme Sarah, Joel e Tommy entram no carro. Na visão de 360º da criança, é possível observar as tomadas de decisão dos irmãos Miller em meio a todo o pandemônio que se iniciava. Druckmann complementa:

Uma das coisas mais importantes que mostramos naquela parte foi a família pedindo ajuda, e Joel dizendo, ‘Não pare. Não sabemos se estão doentes ou não.’ E é naquele momento que Joel mostra quem ele é.

A partir do acidente com o carro onde Sarah acaba se ferindo, Joel passaria a ser o personagem controlado pelos jogadores, explica Druckmann:

É naquele momento, de repente, quando você acorda, e é um personagem diferente, você quebra a janela, e agora está levantando Sarah. Agora você é o pai e não a filha.

A morte de Sarah em The Last of Us foi difícil de gravar

Druckmann disse que enfrentou alguns desafios na produção de The Last of Us. A cena da morte de Sarah no primeiro jogo, por exemplo, foi uma das últimas coisas a serem feitas pela Naughty Dog.

No início, ele pediu para que Troy Baker, ator de Joel, fizesse um drama um pouco “exagerado” para valorizar o momento. Isso acabou mudando após verem o resultado das gravações. Na segunda tentativa, Druckmann pediu o seguinte:

Eu disse: “Não quero que se concentre na parte trágica. Realmente foque na logística do que você vai fazer em seguida. Ela está ferida, para onde vai levá-la? Primeiro, você tem que erguê-la. Ela está sofrendo, ok, ajude-a com a dor.” E eu queria ser o mais pragmático possível já que a cena era tão triste, que não era necessário vendermos a tristeza ou o drama todo, apenas a mecânica. Todo o resto aconteceria naturalmente.

Ainda mais tenso em The Last of Us Part I

A Naughty Dog refez algumas animações de toda essa parte da saga de The Last of Us com o remake lançado para PS5. Bryant Wilson, chefe de animação de cinemáticas do estúdio, explica como isso melhorou a atmosfera do momento:

Agora, você pode ver a intensidade no rosto de Joel quando ele diz para Tommy o manterem seguros. Pode-se ver Tommy implorando para apenas correrem enquanto ele segura uma porta contra um bando de infectados. Há uma conexão emocional mais profunda que você percebe ao assistir essas animações menores que talvez não tivessem sido sentidas tanto da primeira vez.

Toda essa construção do relacionamento de Joel e Sarah foi ainda mais aprofundada na série da HBO. Pedro Pascal, ator de Joel no show, entendeu rapidamente como a mente do protagonista funciona:

Eu realmente pude me ver nesse cara que não curte comemorar seu próprio aniversário, e com a ideia de que seu mundo todo é bem pequeno. É sua filha e seu irmão, e não sabemos de mais nada fora deste pequeno núcleo familiar que significa tudo para ele, até que o mundo inteiro começa a desmoronar.

Na série, essa emoção se repetiu

Craig Mazin fala sobre essa cena de Sarah e Joel com bastante emoção. Ele elogiou muito a atuação da dupla na série de The Last of Us:

Nico [Parker] possui uma coisa, principalmente quando falamos de dor, medo, todas as emoções negativas que muitas pessoas tem dificuldade de mostrar, ela as acessava instantaneamente, e era algo incrível de se ver. Pedro fazia essa coisa incrível quando ele apenas deixava sua negação rodando até não poder mais, e então ele apenas vai para algum lugar. Meu momento favorito disso é o último… ele está segurando ela, e então seus olhos ficam enormes, então ele apenas, em um segundo, percebe, ‘Oh não’, e então, boom.

The Last of Us Part I está disponível para PS5 e chegará ao PC em 3 de março. É possível testar o remake no PS Plus Deluxe por duas horas. Experimente aqui!