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“Estou envergonhado”, diz fundador da Blizzard após acusações de assédio e discriminação

Mike Morhaime pediu desculpa às mulheres que passaram por situações constrangedoras na empresa

por Vítor Amorim Heringer

Mike Morhaime, co-fundador e ex-presidente da Blizzard, disse estar envergonhado após a empresa ser processada por sérias acusações de assédio e discriminação contra mulheres. A agência governamental da Califórnia (DFEH) investigou a Activision Blizzard por dois anos antes entrar com uma ação judicial.

Em uma postagem no TwitLonger, o atual chefe da Dreamhaven contou ter tentado criar um “ambiente seguro e acolhedor para todos os gêneros e origens” em seus 28 anos na Blizzard. No entanto, admitiu que ficou longe deste objetivo. Além disso, pediu desculpa às mulheres por ter “falhado” com elas.

Ele ainda destacou que é responsabilidade das lideranças da empresa em deixar o ambiente de trabalho mais seguro possível para todos os funcionários, eliminando a toxicidade e o assédio. Morhaime também se ofereceu para ouvir mais relatos sobre os comportamentos inadequados e usar sua influência na indústria para “impulsionar mudanças positivas e combater a misoginia, a discriminação e o assédio sempre que puder.

Mike Morhaime, fundador e ex-presidente da Blizzard, sorrindo
Mike Morhaime em sua época no comando da Blizzard. Fonte: Reprodução/IGN

Veja o comunicado na íntegra:

Eu li a reclamação completa contra a Activision Blizzard e muitas outras histórias. É tudo muito perturbador e difícil de ler. Estou envergonhado. Parece que tudo que eu pensava que defendia foi lavado. O que é pior, mas ainda mais importante, pessoas reais foram prejudicadas e algumas mulheres tiveram experiências terríveis.

 

Eu estive na Blizzard por 28 anos. Durante esse tempo, tentei muito criar um ambiente seguro e acolhedor para pessoas de todos os gêneros e origens. Eu sabia que não era perfeito, mas claramente estávamos longe desse objetivo. O fato de tantas mulheres serem maltratadas e não receberem apoio significa que as decepcionamos. Além disso, não conseguimos fazer com que as pessoas contassem a sua verdade com segurança. Não é consolo que outras empresas tenham enfrentado desafios semelhantes. Eu queria que fôssemos diferentes, melhores.

 

Existe assédio e discriminação. Eles são predominantes em nosso setor. É responsabilidade da liderança fazer com que todos os funcionários se sintam seguros, apoiados e tratados com igualdade, independentemente de gênero e origem. É responsabilidade da liderança eliminar a toxicidade e o assédio em qualquer forma, em todos os níveis da empresa. Para as mulheres da Blizzard que passaram por qualquer uma dessas coisas, sinto muito por ter falhado com vocês.

 

Sei que são apenas palavras, mas queria dizer às mulheres que tiveram experiências terríveis. Eu ouço vocês, eu acredito em vocês e sinto muito por tê-las decepcionado. Eu quero ouvir suas histórias, se vocês estiverem dispostas a compartilhá-las. Como líder em nosso setor, posso e irei usar minha influência para ajudar a impulsionar mudanças positivas e combater a misoginia, a discriminação e o assédio sempre que puder. 

 

Acredito que podemos fazer melhor e acredito que a indústria de jogos pode ser um lugar onde as mulheres e as minorias são bem-vindas, incluídas, apoiadas, reconhecidas, recompensadas e, em última análise, desimpedidas da oportunidade de fazer os tipos de contribuições que todos nós nos juntamos. indústria para fazer. Quero que a marca que deixo nesta indústria seja algo de que todos possamos nos orgulhar“.

Mais detalhes do processo contra a Activision Blizzard

Em um documento de 29 páginas, o órgão californiano cita a prática do chamado “engatinhamento do cubo”, quando homens alcoolizados rastejam pelos cubículos do escritório e fazem comportamentos inadequados com as funcionárias do sexo feminino. O caso é ainda pior com mulheres pretas, consideradas alvos mais vulneráveis.

Além disso, o processo destaca que apenas 20% dos funcionários da Activision Blizzard são mulheres e, geralmente, não conseguem alcançar cargos de chefia. J. Allen Brack, presidente da Blizzard, e o ex-diretor criativo de World of Warcraft, Alex Afrasiabi, são citados como assediadores.

A empresa divulgou um comunicado ao site The Verge negando todas as acusações por serem “distorcidas e, em muitos casos, falsas”.