O que você precisa saber antes de começar Final Fantasy VII Rebirth
Segundo capítulo da trilogia de remakes de Final Fantasy VII, Rebirth acompanha uma bela carga de acontecimentos passados; descubra o que é mais importante saber
O dia 29 de fevereiro está se aproximando e, com ele, vem a estreia de Final Fantasy VII Rebirth. Um dos jogos mais aguardados de 2024, ele retoma a história de Cloud e seus companheiros a partir do ponto que o Remake de 2020 deixou. Depois de fugir da cidade de Midgar, o grupo viaja pelo mundo em uma missão para parar o vilão Sephiroth.
No entanto, é preciso saber muito mais do que isso para conseguir entender o game — especialmente se ele vai ser sua primeira experiência com a série. Entre o jogo original, spin-offs, um filme e até mesmo algumas mudanças do Remake, compreender a premissa básica da aventura pode não ser tão fácil quanto se imagina.
Enquanto neste artigo vamos tentar evitar ao máximo nos aprofundar em spoilers, fique atento, pois algumas informações importantes e revelações vão ser mencionadas. Dessa forma, podemos acabar estragando algumas surpresas para quem ainda pretende voltar ao passado e conferir todos os capítulos dessa história por conta própria. Com esse aviso, é hora de começar!
Ficha técnica de Final Fantasy VII Rebirth
- Data de lançamento: 29 de fevereiro de 2024
- Plataforma: PlayStation 5
- Quando começa o pré-carregamento digital: 27 de fevereiro
- Tamanho do jogo: aproximadamente 145 GB
Versões: o game poderá ser adquirido pelo meio físico (com dois discos) e digital, contando com diversas versões — incluindo uma que vem com Final Fantasy VII Remake. A básica traz a aventura completa, enquanto a Deluxe adiciona uma trilha sonora, um livro de arte e acesso ao item Midgar Bangle Mk. II. No exterior, também haverá uma Collector’s Edition com uma estátua de Sephiroth, steelbook, itens adicionais e duas invocações exclusivas.
Final Fantasy VII: tudo começa em 1997
Lançado no primeiro PlayStation, Final Fantasy VII se tornou importante por muitos motivos. Além de marcar o fim da parceria entre a então Squaresoft com a Nintendo, ele surpreendeu pelo uso de visuais 3D e pelas cenas animadas pré-renderizadas. A história segue Cloud Strife, um ex-soldado da Shinra Electric Power Company, companhia cujas atividades vão muito além de produzir energia.
Esse serviço é fornecido ao literalmente sugar a força vital do planeta, conhecida como Lifestream (no qual também residem os espíritos de todos os seres que já morreram). Acreditando que isso vai acabar com a vida de todos, o grupo terrorista Avalanche se dedica a explodir os reatores que fazem esse trabalho — começando por um dos oito que abastecem a futurista, mas desigual, cidade de Midgar.
Embora comece no local, o game se revela uma aventura muito mais ampla, na qual descobrimos a real ameaça do vilão Sephiroth e diversos crimes cometidos pela Shinra, que domina o mundo com seu poder bélico e financeiro. O próprio Cloud se prova um personagem complexo, com a trama brincando com seu passado e com as expectativas dos jogadores.
Mesmo antigo, o título continua perfeitamente acessível atualmente, tendo recebido uma versão nativa para o PlayStation 4 em 2015. Mesmo que os visuais da aventura tenham envelhecido, ela permanece bastante divertida, e seu relançamento mais recente traz uma tradução aprimorada e vários aceleradores de avanço que não existiam na original.
Ao contrário do que acontece com outros jogos, esse não é um que pode ser substituído por seu Remake. No game de 2020, a Square Enix mudou muitas linhas narrativas e fez diversas brincadeiras com as expectativas dos fãs de longa data, além de muitos comentários metarrativos. Assim, em muitos pontos a narrativa original se viu preservada e essencial para entender alguns “comentários” da encarnação mais moderna.
Em sua primeira vez no game, sem guias, a aventura deve levar aproximadamente 40 horas para ser finalizada. No entanto, se você quiser fazer todas as atividades paralelas, que incluem corridas com diferentes tipos de chocobos, a coleta de materias raras e o enfrentamento de chefes secretos bastante poderosos, esse tempo pode mais do que dobrar.
Um universo de múltiplas crises
No começo dos anos 2000, a Square Enix percebeu que a popularidade de Final Fantasy VII continuava em alta, anos após seu lançamento. Para se aproveitar dessa oportunidade, ela lançou a iniciativa Compilation of Final Fantasy, que é formada por vários games, uma animação e um filme destinados a expandir o universo do game.
Tudo começou em 2004 com o lançamento de Before Crisis, um jogo mobile que nunca chegou ao Ocidente e tinha o grupo Turks (uma espécie de CIA da Shinra) como seu foco. Sua maior contribuição foi estabelecer a Avalanche como um grupo muito mais vasto e violento do visto no game original.
Esse foi um aspecto bem aproveitado no Remake de 2020, que mostra como Barret e seus companheiros são tratados até mesmo como “trapalhões” pela liderança real do grupo — que permanece escondida. Rebirth promete explorar ainda mais essa relação, especialmente depois do estrago que foi deixado na fuga de Midgar.
O segundo game da Compilation foi Dirge of Cerberus, que tinha elementos de tiro e o misterioso Vincent Valentine como seu único protagonista (outro personagem que deve ser reintroduzido em Rebirth). Não muito bem recebido em sua estreia (e ainda exclusivo do PlayStation 2), o game introduzia um novo núcleo de vilões e a ideia de que tanto Sephiroth quanto Aerith ainda tinham suas consciências vivas dentro do Lifestream.
Parte desses elementos foi reutilizado por Final Fantasy VII Remake, especialmente nos trechos em que descobrimos um laboratório secreto da Shinra debaixo de Midgar. O DLC Intermission vai além, mostrando Nero (um dos antagonistas de Dirge of Cerberus) como um oponente poderoso do qual Yuffie precisa fugir.
Crisis Core: Final Fantasy VII
A entrada mais bem-sucedida da Compilation da Square Enix foi Crisis Core: Final Fantasy VII, que chegou ao PSP no dia 25 de março de 2008, nos Estados Unidos. O game conta mais detalhes sobre a história de Zack Fair, um personagem coadjuvante muito importante do jogo original, especialmente para o desenvolvimento de Cloud.
Inicialmente um Soldier de Segunda Classe, ele chega à Elite da Shinra em meio a um evento conhecido como Genesis War. Antes de Sephiroth virar um grande vilão, seu antigo companheiro e amigo Genesis Rhapsodos decide trair a corporação e criar seu próprio exército de supersoldados usando as células da alienígena conhecida como Jenova.
A trama do jogo é recheada de momentos poéticos, personagens que trocam de rostos e confrontos com Angeal, mentor de Zack que parece atuar para os dois lados do conflito. Para quem está acompanhando a saga mais recente no PlayStation 5, a parte mais importante do game são seus capítulos finais.
Como esses são eventos que Final Fantasy VII Rebirth deve explorar por conta própria, não vamos nos aprofundar muito em spoilers nesse ponto. O que você precisa saber é que esses trechos ligam a história de Zack com a de Cloud e são essenciais para mostrar como o protagonista de Final Fantasy VII chegou a seu estado atual — e o fim de Remake já deixou claro que muitas coisas podem acabar mudando nesse sentido.
Crisis Core: Final Fantasy VII ganhou uma remasterização conhecida como Reunion, que chegou ao PlayStation 4 e PlayStation em dezembro de 2022. Ela traz uma história relativamente curta, que pode ser finalizada em aproximadamente 14 horas, mas oferece mais de 50 horas de gameplay para quem deseja fazer tudo o que ela tem a oferecer.
Novos complementos
Além dos jogos já listados, a Square Enix também lançou em 2005 a animação curta Last Order: Final Fantasy VII, que conta os mesmos eventos que marcam o final de Crisis Core. No mesmo ano estreou filme em computação gráfica Final Fantasy VII: Advent Children, que mostrava eventos que aconteciam dois anos após o fim do jogo original.
Novamente sem entrar em grandes spoilers, o longa-metragem foi importante por mostrar que, mesmo derrotado, Sephiroth ainda tem sua essência preservada viva dentro do Lifestream (algo que Dirge of Cerberus já havia explorado). Isso permite que ele continue corrompendo o planeta, ao mesmo tempo em que aproveita de pessoas com células de Jenova para “reviver” fisicamente.
Com o vilão novamente derrotado, o planeta parece estar finalmente livre de sua presença e curado da misteriosa doença conhecida como Geostigma. Embora tenha boas lutas e animações que sobreviveram à passagem do tempo, o longa-metragem tem um roteiro um tanto confuso que pode não ser compreensível mesmo para quem já jogou o Final Fantasy VII original.
A Square Enix também lançou a compilação de histórias curtas Final Fantasy VII: On the Way to a Smile, que mostra detalhes sobre a vida de vários personagens após o fim do jogo original, mas antes de Advent Children. Os fãs também podem conferir o livro Traces of Two Pasts, que mostram mais detalhes sobre as vidas de Tifa e Aerith.
Para completar, em 2023 a desenvolvedora lançou Ever Crisis no Android, iOS e PC. O game se trata de uma espécie de “Remake alternativo”, que pretende reunir todos os principais elementos da Compilation e do Final Fantasy VII original. Até o momento, ele serve mais como uma curiosidade para os fãs mais hardcore do que algo importante no contexto geral da série.
Uma trilogia de Remakes
Os lançamentos mais recentes da série se iniciam em 2020, quando, após mais de uma década de teasers, Final Fantasy VII Remake finalmente chegou às lojas. O título, inicialmente exclusivo do PlayStation 4, reconta o começo da história de Cloud e seus amigos, indo desde o momento em que eles explodem o Reator Mako 1, até sua fuga emocionante da cidade de Midgar.
Enquanto no jogo original tudo isso acontecia em aproximadamente duas a três horas, a versão reimaginada transformou isso em uma história com suas quarenta horas de duração. No entanto, ele permanece bastante fiel aos acontecimentos originais, aproveitando para desenvolver melhor alguns personagens e linhas narrativas.
Ao mesmo tempo, a Square Enix não demora a deixar claro que a “recontagem” do game não descarta os eventos da versão original — e até mesmo os reconhece. Usando conceitos introduzidos em Advent Children, ele mostra que a integração de Sephiroth ao Lifestream faz com que ele tenha conhecimentos sobre a linha temporal, contra a qual ele parece estar lutando ativamente.
O jogo também introduz o conceito de Murmúrios, figuras encapuzadas fantasmagóricas cujo objetivo parece ser preservar a linha do tempo original. Eles surgem em vários momentos da trama atrasando o avanço dos heróis, revivendo aliados caídos e garantindo que encontros importantes vão acontecer.
As coisas realmente se distanciam do jogo original nos momentos finais, nos quais os jogadores enfrentam o que parece ser a origem dos Murmúrios — derrotados, eles quebram as “amarras do destino” e mostram que a franquia pode seguir por qualquer caminho daqui em diante. Também há um grande embate contra Sephiroth, que deixa uma isca para que os protagonistas continuem o perseguindo.
Os trechos finais são bastante importantes para Rebirth, pois mostram que muita coisa pode mudar em seu roteiro — o que pode incluir a volta de personagens que deveriam estar mortos. A Square Enix também deu a entender que figuras importantes podem ter destinos diferentes do jogo original, abrindo as portas para desenvolvimentos narrativos bastante inesperados.
Por onde devo começar?
Mesmo resumindo os principais eventos de toda a “série” Final Fantasy VII, fica claro que ela é bastante densa e que o Remake de 2020 traz toda uma bagagem de conteúdos anteriores. Mas não se preocupe: você não precisa fazer uma grande volta ao passado e dedicar mais de 200 horas de seu tempo a vários jogos somente para conseguir jogar Rebirth.
Caso você esteja disposto, vale à pena investir no jogo original, por mais que seus visuais possam representar uma barreira de entrada um pouco grande. Ele vai dar a base necessária para entender os eventos mais importantes até agora, e sua narrativa e sistemas sobreviveram bem com a passagem do ano (dê preferência ao relançamento no PS4, por sua tradução revisada e facilitadores de avanço).
Também dá para começar bem pelo Remake, embora alguns trechos possam parecer confusos (e você não vá entender porque Sephiroth é tão importante assim). Nesse caso, pode ser interessante consultar alguma wiki ou guia explicando pontos da história, tomando os devidos cuidados para evitar maiores spoilers.
Embora cronologicamente iniciar sua aventura por Crisis Core possa fazer sentido, ele pode acabar estragando algumas surpresas do lançamento de 2024. A experiência vale a pena, mas deve ser encarada mais como um enriquecimento da história de Zack do que a forma mais ideal de conhecer o personagem pela primeira vez.
Para completar, a Square Enix garante que Rebirth também será um bom ponto da partida (e vai contar com um vídeo extenso de recapitulação). No entanto, fazer isso pode tirar um pouco do impacto de certos conhecimentos e dificultar o processo de familiarização com os personagens e certas mecânicas de gameplay.