Remakes e Remasters: Qual é a diferença?
Guia definitivo para você não confundir mais remaster e remake.
Parece que estamos vivendo a “geração dos remakes e remasters“. Uma grande quantidade de títulos de sucesso do passado, lançados em gerações anteriores, estão sendo transportados para o PlayStation 4 e acabam se tornando campeões de vendas.
Às vezes, esses games voltam como remakes ou remasters e chamam atenção de muitos jogadores que gostam de reviver boas experiências com nomes que marcaram suas épocas. Mas no meio de todos esses relançamentos, você sabe a diferença entre eles?
Remasters
Remaster ou remasterização é uma forma simples de uma desenvolvedora trazer um título antigo para a geração atual. Além de permitir que o título se torne compatível com plataformas mais recentes, o remaster traz melhorias técnicas, porém geralmente restritas aos gráficos e ao som.
Um ótimo exemplo recente é a remasterização de Final Fantasy XII: The Zodiac Age. O jogo foi lançado originalmente para PlayStation 2 pela Square Enix, em 2006. Mais de 10 anos depois o título chegou ao PlayStation 4 com uma série de upgrades gráficos, que permitiram, inclusive, compatibilidade com o PS4 Pro.
Algumas desenvolvedoras trazem mais mudanças do que só o aprimoramento gráfico aos remasters para agregar mais valor aos produtos. Títulos remasterizados podem incluir, por exemplo, todos as DLCs lançadas para o game em um único pacote ou são lançadas coletâneas de jogos antigos remasterizados, como foi o caso de “Uncharted: The Nathan Drake Collection”.
- Leia também: Uncharted: The Nathan Drake Collection vale a pena?
A “moda” dos remasters surgiu ainda na geração do PlayStation 3. Uma série de fatores levaram à demanda pelas remasterizações, como a ausência de retrocompatibilidade entre PS1/PS2 e o PS3 e o avanço na tecnologia dos televisores domésticos.
Jogos do PS2 eram projetados graficamente para serem exibidos em telas mais arcaicas, as antigas “TVs de tubo”, que suportavam resoluções de, no máximo, 480p. Em televisores mais modernos, os jogos acabavam tornando-se literalmente, feios. Obviamente, o comparativo entre os gráficos da época e os da geração anterior também contribuíam para tornar estes games menos agradáveis visualmente.
Um dos fatores para a piora estética desses games era a ampliação dos polígonos pelo aumento do formato de saída de imagem (o original era de 480p exibido em uma tela de 720p, por exemplo) gerando uma perda significativa da definição.
A segunda questão estava nas diferenças no formato de imagem. Até a era do PS2, era comum que os jogos fossem exibidos no formato 4:3, mais “quadrado”. Com a chegada do formato widescreen (16:9), os jogos podiam ser exibidos de forma distorcida, literalmente “esticados”, ou com duas enormes faixas pretas nas laterais.
As remasterizações não só eliminam estas incompatibilidades, mas também trazem consigo atualizações que tornam os jogos mais amigáveis visualmente ou mais próximos de títulos lançados para a geração atual.
Atualmente, os remasters acabam sendo uma forma mais fácil e barata de as desenvolvedoras expandirem seus lucros. As empresas apostam nas remasterizações de títulos consagrados, que já fizeram sucesso anos atrás e que se tornam ainda mais atraentes com o apelo de gráficos adaptados para a tecnologia mais atual.
Remasters também podem servir para expandir a vida útil de um título no catálogo. Um bom exemplo é o que aconteceu com The Last of Us. O jogo foi lançado quase ao final da geração do PlayStation 3 e foi aclamado pela crítica. Com a chegada do PS4, o game recebeu uma versão remasterizada, com aumento de resolução de 720p para 1080p, 60fps, um novo modo de dificuldade e a DLC “Left Behind”.
Infelizmente, em alguns casos, a emenda fica pior do que o soneto, com foi o caso da “Assassin’s Creed: The Ezio Collection”, com remasterizações da trilogia do assassino italiano para o PlayStation 4. Ao invés de trazer aprimoramentos que tornavam os jogos mais bonitos, os remasters trouxeram visuais desastrosos em relação aos originais.
Remakes
Remake significa, literalmente, refazer. Diferente de um remaster, em que o jogo original é usado como uma base que é aprimorada para uma plataforma mais atual, um remake é totalmente feito do zero.
Querendo ou não, remasters demonstram as limitações dos títulos originais. Na grande maioria dos casos é impossível fazer com que um título remasterizado tenha a mesma qualidade que um game feito diretamente para o PlayStation 4, por exemplo. Isso não se restringe apenas às questões estéticas, mas também às tecnologias de gameplay que surgem com o tempo, tornando experiências mais realistas, controles mais fluidos, etc.
Alguns jogos são realmente atemporais e marcos da indústria e merecem mais do que atualizações gráficas para serem revividos pelos jogadores. Nesses casos, os remakes são uma oportunidade de unir histórias criativas e ideias que mudaram gerações anteriores de consoles a novas tecnologias gráficas e aplicar novos conceitos de gameplay para tornar jogos memoráveis ainda melhores.
Um bom exemplo é o que a proposta da Square com o remake de Final Fantasy VII. O jogo é um dos mais queridos pelos fãs da franquia e foi lançado há mais de 20 anos no PlayStation. Além dos gráficos em alta resolução, FFVII Remake abandona o sistema de “active battle time” e traz as mecânicas de combate em tempo real, introduzidas em Final Fantasy XV. Outra mudança significativa para o título será a divisão da história do jogo em múltiplas partes.
Remakes também abrem espaço para reimaginações e pequenas alterações na história que podem tornar os enredos de jogos aclamados mais completos e amplos.
Foi o que aconteceu com Resident Evil Remake, lançado em 2002. Além de refazer o game original, lançado originalmente no PS1, a Capcom adicionou novos elementos ao gameplay e à trama do jogo. A nova versão trouxe os Crimson Heads (uma forma mais forte de zumbi que surgia a partir dos inimigos abatidos), sustos clássicos foram alterados para manter a surpresa dos jogadores e novas salas, puzzles e rotas novas foram incluídas nos cenários. Além disso, a história do game recebeu elementos adicionais, com novos arquivos que contam mais do background da trama, como a presença de Lisa Trevor, filha do arquiteto da mansão que serviu de cobaia para a Umbrella e se tornou um monstro invencível que vaga pela propriedade.
Aliás, o título citado acima é um ótimo exemplo para conseguirmos diferenciar os termos remaster e remake, por já ter passado pelos dois processos. O Resident Evil original do PS1 foi completamente refeito (remake) e lançado no GameCube. Anos depois, a Capcom fez uma remasterização desse remake (Inception!), com aprimoramento dos seus gráficos para HD, com lançamento no PS3 e PS4.
Em resumo, um remake pega uma toda uma ideia, incluindo histórias e personagens originais e transporta para tecnologias atuais, sejam gráficas ou de gameplay e abre espaço para pequenas reimaginações. Um remaster nada mais é do que um mero aprimoramento técnico, geralmente usado para permitir o relançamento de um título em uma plataforma nova.
Apesar das grandes diferenças entre os termos, esses conceitos ainda causam certa confusão. Recentemente, Crash Bandicoot N. Sane Trilogy trouxe esse debate à tona. A coletânea do marsupial da Naughty Dog foi lançada pela Activision como um “remaster plus“, mas acabou sendo visto por muitos como um remake. Ainda que os games tenham se mantido os mesmos e os níveis sejam seguidos basicamente à risca, é notável que tudo foi reconstruído com um novo motor gráfico, modelagem de personagens e de cenários.