Jogamos: Assassin’s Creed Shadows tem tudo para honrar fãs da série
Ao lado de um samurai e uma assassina, o Japão ficará pequeno demais
Todo fã de Assassin’s Creed certamente já se pegou pensando em um cenário japonês para a franquia. Mitologia rica, cultura diferente e muito potencial a ser explorado. Expectativas foram criadas ao longo desses anos, colocando uma responsabilidade enorme nos ombros de Assassin’s Creed Shadows.
A convite da Ubisoft, jogamos antecipadamente esse que pode ser um dos Assassin’s Creed mais ambiciosos já lançados. Ao menos foi assim que o projeto nos foi apresentado em uma curta reunião antes de colocarmos as mãos no jogo via e ficarmos imersos por quase quatro horas de gameplay.
Yasuke, Naoe e como tudo começou
A Ubisoft não nos forneceu o jogo completo para exploração, mas tivemos tempo suficiente para compreender como as jornadas de Yasuke e Naoe se iniciam.
Começamos escolhendo um modo de jogo que nos permitiu acompanhar a história “canônica” criada pelos desenvolvedores. Paralelamente, exploramos outra opção mais imersiva, na qual os personagens japoneses falam em seu idioma nativo, enquanto os demais imigrantes utilizam suas línguas de origem — tudo com legendas em português do Brasil. Vale destacar: o jogo será totalmente dublado em PT-BR e estará disponível, completo, em março.
Ao jogar com Yasuke, somos imediatamente confrontados com um dos pontos mais sensíveis. A Ubi manteve sua abordagem original: o protagonista é, sim, chamado de samurai no jogo. A trama se passa no Japão do século XVI e apresenta um personagem negro inserido em um contexto predominantemente asiático.
Sua chegada desperta estranheza de imediato, mas o roteiro explica de forma clara sua origem, o motivo de sua presença ali e o processo pelo qual ele se torna um samurai. Ao longo da narrativa, Yasuke é retratado como um escravo com amplo conhecimento cultural e habilidade com armas, características que chamam a atenção daqueles que necessitam de aliados para enfrentar batalhas.
Sem muitos spoilers dessa parte, certo? Vamos falar de gameplay!
Yasuke é bruto, nada de ser um daqueles protagonistas mais leves ou algo parecido. Ele consegue escalar, agir como um assassino furtivo que fica na espreita e se pendurar nas beiradas das estruturas, porém, seu forte é pegar a katana, seu porrete japonês (Kanabo) e quebrar todo mundo na porrada.
O jogo conta com mecânicas de parry, esquiva e busca um certo realismo com base nos equipamentos utilizados. De katana você consegue executar combos mais rápidos. De Kanabo, Yasuke fica exposto, mas se o golpe sair, muito dano será causado quando a ação for concluída.
Do outro lado da moeda temos um gameplay mais clássico para Assassin’s Creed Shadows. Longe do “modo God of War” de Yasuke, Naoe dança na jogatina.
Ela é uma jovem com uma grande responsabilidade para com o seu povo e sofre perdas significativas que a motivam a tomar o caminho das sombras logo no início da jornada.
Focada na movimentação mais furtiva, Naoe usa equipamentos mais leves e explora até um estilo de combate com uma Kusarigama, aquela “foice com corrente”. A ninja é mais “esguia” para fugir de golpes e aposta mais em golpes rápidos, conseguindo abater seus alvos sem chamar muita atenção.
Esse teste não nos mostrou como esses mundos, de Naoe e Yasuke, se colidiram, mas conseguimos jogar uma missão completa em um ponto mais avançado da narrativa de Assassin’s Creed Shadows.
Assassin’s Creed Shadows ainda é muito RPG e tem mapa mais “direto”
O mapa de Assassin’s Creed Shadows é realmente vasto. Embora acessível pelo menu da demonstração, não foi possível captar muitas referências ou informações sobre os eventos que antecedem o ponto em que começamos a jogatina. No entanto, algo no gameplay chamou nossa atenção durante o teste: nem tudo está tão “entregue” no mapa como de costume!
A Ubisoft implementou um recurso chamado batedores, que funciona como informantes ou “fofoqueiros” que você pode recrutar para obter pistas. Sem eles, suas missões não aparecem marcadas automaticamente no mapa, como geralmente acontece em jogos de mundo aberto. Em vez disso, você recebe apenas dicas sobre a localização de NPCs ou lugares de interesse e precisa explorar para encontrá-los.
Com o tempo, à medida que você conhece melhor os personagens e os locais, a navegação se torna mais intuitiva. Porém, se contar com seus informantes, o processo fica bem mais rápido. E por falar em “conhecer” os lugares, é essencial tomar cuidado com onde e como você decide entrar em conflitos.
Em Shadows, os guardas nas cidades não toleram armas desembainhadas ou preparadas para combate, como katanas ou outros equipamentos, e podem intervir rapidamente. Isso pode complicar sua jornada desnecessariamente — aprendemos isso da pior maneira ao sacar acidentalmente o Teppo, uma espécie de rifle.
Um sistema de moralidade? Talvez. Ainda é cedo para afirmar, já que não tivemos acesso à versão completa do jogo. Contudo, o que é certo é a presença de várias facções, cada uma com seu papel na trama principal.
Um aspecto interessante a destacar é o impacto das armaduras e armamentos nos status de Naoe e Yasuke. Esses itens não apenas alteram a aparência dos personagens, mas também influenciam diretamente atributos como pontos de vida (HP) e outras características importantes. Isso reforça que o estilo RPG continua presente no jogo.
Cada equipamento possui uma árvore de habilidades própria, permitindo que você personalize e fortaleça atributos específicos de acordo com seu estilo de jogo. À medida que a dupla evolui durante a jornada, os pontos de habilidade adquiridos podem ser distribuídos estrategicamente, ajudando-os a enfrentar inimigos cada vez mais desafiadores.
Falando em jornada, Yasuke e Naoe dividem os holofotes em momentos distintos, mas o jogo oferece liberdade ao jogador. Se você tiver uma missão para cumprir e já tiver seu personagem favorito, é possível escolher com qual deles deseja prosseguir. Essa flexibilidade permite que você vivencie a história do seu jeito, sem comprometer o progresso da narrativa.
Isso mesmo, você é quem decide se, por exemplo, uma missão onde é necessário roubar um item será feita com Naoe, furtiva que só vai entrar e pegar o objeto saindo pelas sombras, ou com Yasuke, que entrará pela porta da frente quebrando tudo.
A Ubi pensou em tudo nesse sentido. Yasuke, se apertarmos R3, corre em direção às portas e as arrebenta com o poder de seu corpo. Naoe consegue encontrar rotas alternativas, saindo da mira dos adversários e os manipulando no campo de batalha como bem decidir.
Assassin’s Creed Shadows pode superar suas expectativas
Se o lançamento foi adiado, é porque há ajustes necessários, e Assassin’s Creed Shadows, mesmo com uma versão ainda em desenvolvimento, já demonstra ser algo bacana para quem esperou tanto pela chegada da franquia ao Japão.
As expectativas foram altas, e com razão. Este breve teste serviu para mostrar que a Ubisoft está atenta ao feedback da comunidade, embora continue explorando sua marca registrada: brincar com universos alternativos e linhas do tempo. Yasuke, o samurai, é um exemplo disso, enquanto Naoe, uma assassina “raiz”, reforça essa abordagem com sua presença marcante.
Agora, resta aguardar até março de 2025 para finalmente mergulhar nessa nova experiência. Será que você voltará aqui para concordar conosco (ou não) sobre Assassin’s Creed Shadows?