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Elden Ring Nightreign mantém as forças da série no formato roguelike

Elden Ring Nightreign é uma experiência dinâmica e desafiadora que prova que a FromSoftware sabe fazer bons multiplayers.

por Felipe Gugelmin
Elden Ring Nightreign mantém as forças da série no formato roguelike

Anunciado durante o The Game Awards 2024, Elden Ring Nightreign foi uma surpresa até mesmo para quem já sabia que a Bandai Namco não pretendia abandonar tão cedo a franquia de sucesso. O trailer de divulgação do jogo revelou não somente que ele era uma nova experiência focada no multiplayer cooperativo, como ela também traz elementos nada discretos de outros games da FromSoftware, como Dark Souls.

Ao mesmo tempo em que tudo parecia funcionar de alguma forma estranha, ficou a dúvida: como é a dinâmica do jogo, e será que ele mantém em alta o legado da desenvolvedora? Para responder a essas perguntas, o MeuPlayStation viajou a Las Vegas a convite da Bandai Namco para conferir algumas horas de uma versão de desenvolvimento do título.

Usando o PlayStation 5 como base, pudemos participar de duas sessões de jogo estendidas, onde tivemos a chance de testar quatro classes distintas e nos acostumar com o mapa com características procedurais. Entre a descoberta de alguns segredos, itens poderosos e muitas mortes, encontramos uma experiência muito divertida — mas que ainda tem algumas arestas importantes para aparar.

Elden Ring Nightreign traz mais agilidade para a série

O princípio básico de Elden Ring Nightreign é que o jogador é membro de uma ordem especial, que deve se unir a outros dois aliados para destruir uma série de ameaças em um intervalo de tempo limitado. Após iniciarmos o matchmaking em um hub central, escolhemos nossa classe e somos lançados para um mapa, que muda o posicionamento de inimigos e itens a cada nova rodada.

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A Bandai Namco garante que haverá uma linha narrativa inédita guiando esses eventos, mas manteve segredo sobre o que ela reserva para os fãs da FromSoftware. Até o momento, tudo que sabemos é que esse é um “universo paralelo”, o que ajuda a explicar porque elementos de Dark Souls — e provavelmente outros jogos do estúdio — estão dando as caras.

Após nos separarmos da águia que nos serve como transporte, somos jogados em um mapa com uma série de pontos de interesse e objetivos livres — ou quase isso. A principal missão é investigar as áreas ao redor em busca de recursos e de inimigos que vão render almas usadas para evoluir nossos personagens.

Nesse sentido, Elden Ring Nightreign é uma experiência mais ágil, mas não necessariamente mais fácil, do que o jogo original. Ao mesmo tempo em que os personagens iniciais são mais fortes do que um protagonista recém-criado na experiência mais focada no single-player, eles ainda assim são frágeis e suscetíveis a limitações de status e de níveis de equipamento.

Assim, não somente a cooperação com seus amigos é importante, como também é bom saber dosar o quanto de tempo você vai dedicar a um inimigo ou área específica. Afinal, quanto mais rápido você evoluir de nível, mais rápido vai ter o que é necessário para encarar adversários mais complexos e estar pronto para encarar os grandes chefes que o jogo reserva.

Nesse sentido, ajuda muito o fato de que o sistema de level up é muito mais direto do que em qualquer outro jogo da FromSoftware. Todos os personagens seguem uma linha de evolução pré-determinada, e o que vai mudar entre uma e outra run é o tipo de equipamento que você vai encontrar — algo que sempre depende da sorte.

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Para alimentar a sensação de urgência, um círculo de fogo vai se fechando lentamente no cenário e direcionando os jogadores a uma área específica. Sobreviva o suficiente para chegar nela e, depois de enfrentar alguns minions especiais, você vai se deparar com um grande chefe que, se derrotado, inicia novamente o ciclo de dia e noite, com uma dose adicional de dificuldade.

Todo esse processo é incrivelmente ágil, muito disso graças às opções de movimentação disponíveis em Elden Ring Nightreign. Embora o cavalo Torrente não esteja disponível, os personagens disponíveis podem usar pulos para subir rapidamente pelas laterais de montanhas ou usar uma espécie de portal que garante um salto gigante — e o melhor, não há qualquer dano de queda com que se preocupar.

A sabedoria que só a morte traz

O que mais ficou claro em Elden Ring Nightreign é que, por mais que ele seja um jogo com uma ideia relativamente simples, isso não significa uma falta de complexidade. Para começar, o título mantém toda a profundidade do sistema de combates do jogo original, que é complementada por classes com habilidades únicas bem interessantes.

O Wylder — meu favorito entre os quatro disponíveis —, por exemplo, é um guerreiro que usa um escudo e uma espada pesada, que bate forte, mas tem uma quantidade limitada de estamina. Essa limitação é compensada por sua habilidade especial: um gancho que consegue puxar inimigos leves, mas faz o personagem saltar em direção aos mais pesados.

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Isso é excelente nas batalhas contra chefes, especialmente aqueles que possuem ataques mais intensos e dos quais é difícil arranjar uma brecha para se aproximar. A classe também possui um poder especial que funciona como uma espécie de canhão de fogo, que pode inclusive ser carregado para potencializar sua capacidade explosiva.

Já o Guardian é mais lento no ataque, mas consegue lançar os inimigos ao ar e ativar um ataque em área muito poderoso. A Duchess já ataca de forma bastante rápida, mas um pouco menos forte, e tem uma habilidade capaz de dobrar o dano que um adversário recebeu nos dois últimos segundos — algo excelente contra chefes e sub-chefes —, e ainda pode ficar invisível temporariamente para escapar de inimigos.

Por fim, a Recluse cumpre o papel do “mago canhão de vidro” e tem poderes muito intensos, mas que dependem de um bom gerenciamento de recursos e de tempo para funcionarem bem. Todas essas classes funcionam bem sozinhas e, principalmente, em cooperação com as demais, e as sinergias entre elas aumentam ainda mais o potencial do gameplay do jogo (é possível que dois ou mais jogadores usem a mesma classe em uma sessão).

O mais legal de Elden Ring Nightreign é que, embora cada opção de personagem cumpra um papel diferente, é possível subvertê-los com uma liberdade impressionante. Todas as opções podem equipar praticamente qualquer item encontrado, e mesmo aqueles que você não pretende usar podem ser úteis.

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Isso porque basta que um equipamento esteja presente em seu inventário para que seu personagem tire proveito de seus bônus secundários. Assim, o jogo diminui a frustração que acompanha sua aleatoriedade, fazendo inclusive com que os jogadores adaptem melhor seus estilos de jogo às opções que encontram em campo.

Durante minhas cinco horas de jogo, não houve uma única vez em que senti que estava repetindo a mesma build ou pensando exatamente de forma igual sobre meu personagem. Ao mesmo tempo, esse tempo foi suficiente para começar a perceber as características de cada parte do mapa e, junto com meu grupo, foi possível refinar nosso “plano de ataque” e otimizar a ordem da exploração e da evolução de personagens para estarmos prontos assim que o chefe surgisse.

Mas nem tudo é perfeito

Enquanto o loop de gameplay básico de Elden Ring Nightreign conquistou rapidamente e deixou aquele gostinho de quero mais, nem tudo foi perfeito em nossos testes. Durante a jogatina, foi possível observar alguns problemas técnicos no game, sendo alguns deles “herdados” dos jogos anteriores da FromSoftware.

Mais de uma vez, vi meu personagem preso na geometria de alguns chefes (especialmente os mais gigantes), o que tornou bastante difícil bolar táticas de ataque ou desviar dos golpes adversários. Para se desprender, só dependendo das diversas “roladas” no chão, que eventualmente permitiam que meu personagem recuperasse a liberdade de movimentos.

No entanto, o que mais chamou a atenção negativamente foi o fato de que muitas partes do cenário demoravam a carregar suas texturas de forma notável. Enquanto isso pode ser atribuído ao Modo Desempenho do PlayStation 5 (que era a única opção disponível nos testes), esse é um problema que não existe de forma tão visível no Elden Ring original e que contribuiu para distrair bastante durante as partidas.

Elden Ring Nightreign tem tudo para ser um experimento certeiro

Em um momento no qual jogos baseados no online têm dificuldades cada vez maiores para se estabelecer, Elden Ring Nightreign parece ter a fórmula necessária para se destacar. Sustentado por um sistema de combate profundo, o novo jogo traz um loop de gameplay ao mesmo tempo fácil de entender e desafiador o suficiente para não ser dominado em pouco tempo.

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Depois das cerca de cinco horas que tivemos para jogar o título, o fato de que a maior vontade que fica é a de continuar jogando diz muito sobre o trabalho da FromSoftware. Obviamente, caso problemas de conexão sejam constantes durante os testes de rede (ou na versão final) e a quantidade de conteúdos disponível seja baixa, esse ainda pode ser um experimento que não dará muito certo.

Especulações à parte, a primeira impressão que tivemos de Elden Ring Nightreign é bastante positiva e mostra que a desenvolvedora tem grandes chances de acertar ao sair de sua “zona de conforto”. Esperamos que vocês tenham um sentimento semelhante ao testar o jogo, que chega oficialmente no dia 30 de maio com versões para PlayStation 4 e PlayStation 5.

Preview de Elden Ring Nightreign em vídeo

Prefere assistir a um vídeo com mais detalhes do game? É só clicar no play abaixo:

Testamos Elden Ring Nightreign em Las Vegas a convite da Bandai Namco.