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Por Dentro do Inferno: Lilith, mãe, filha, mito e rainha em Diablo IV

Do mito da primeira mulher da criação à entidade que desafia céu e inferno em Diablo IV, saiba tudo sobre a simbologia de Lilith

por Thiago Barros
Por Dentro do Inferno: Lilith, mãe, filha, mito e rainha em Diablo IV

Você, provavelmente, já ouviu o nome Lilith antes de Diablo IV. Mesopotâmia, Babilônia, Judaísmo e Islamismo já falaram sobre ela em algum momento. Como deusa, demônio, mulher. Uma figura polêmica, com diversas possíveis interpretações e que tem um papel muito importante também na série de jogos da Blizzard.

No último capítulo da série Por Dentro do Inferno, é hora de nos debruçarmos sobre os mitos da suposta “primeira mulher de Adão” e o que ela inspira para a “Mãe do Santuário”. Aqui, o MeuPlayStation conta um pouco das diferentes histórias de Lilith nas religiões, traçando um paralelo com a grande antagonista de Diablo IV.

“Somos iguais um ao outro na medida em que fomos ambos criados da terra” – Alfabeto de Ben Sirá.

A primeira mulher de Adão?

Sim, algumas pessoas acreditam que Lilith existiu antes de Eva. Aqui, as diferentes interpretações são muitas, mas a ideia é contar o “mito” mais popular, sem juízo de valor.

Há alguns artigos, inclusive, que relacionam Lilith a Eva e Pandora. Três mulheres cuja “rebeldia” trouxe consequências extremamente graves para todo o universo.

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Lilith, a suposta primeira melhor de Adão.

Em um texto do Alfabeto de Ben Sirá, que faz parte de um conjunto de livros sagrados que se origina da Babilônia e é muito importante para os judeus, o Talmude, Lilith teria sido criada junto de Adão – “a partir da poeira”. Ou seja, seria a primeira mulher.

É bom lembrar que este livro específico tem um tom mais “bem-humorado”. Ele cita Lilith como também a primeira rebelde. Afinal, não teria sido submissa ao marido. Ao recusar assumir o papel de subserviência, fugiu dos Jardins do Éden.

Deus teria enviado três anjos para tentar convencê-la a voltar, mas ela manteve-se irredutível. Ela, então, foi condenada a se tornar um demônio, que assombraria crianças recém-nascidas e lhes traria enfermidades. E o Todo Poderoso, depois, criaria Eva, a partir de uma costela de Adão.

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Representação de Eva e Adão.

Um trecho da Bíblia, inclusive, é bem discutido neste ponto. Em certas edições do Livro Sagrado, Adão diz “Esta, sim, é osso dos meus ossos”, podendo indicar que houve uma mulher anterior com quem a relação não deu certo. Outra versão diz que ela Lilith juntou-se a anjos caídos, se casou com Samael e foi uma das responsáveis por tentar Eva e Adão para que os homens fossem expulsos do Paraíso.

A imagem de Lilith, sob o nome Lilitu, apareceu para descrever um demônio responsável por ventos e tormentas na Suméria ainda no ano 3 000 a.C. Na Suméria e Babilônia, era associada a divindades de fertilidade e crueldade, cujo símbolo era a Lua – por ter diversas faces, que iriam da sensualidade à maldade.

Na cultura hebraica, que talvez tenha a representação mais facilmente associada atualmente, Lilith é uma entidade demoníaca com a forma feminina sensualizada, que invadia as mentes dos homens para confundi-los com prazeres sexuais e tirar deles suas forças vitais.

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Na cultura mesopotâmica, Lilith é um Ishtar, primeira deusa do amor.

Filha do Ódio, Mãe do Santuário

E é justamente esta última imagem que melhor se adapta à Lilith de Diablo IV.

A antagonista do novo jogo é apresentada como filha de Mephisto, um dos Lordes do Inferno, e figura influente no panteão demoníaco. No enredo, Lilith é conhecida como a Rainha dos Succubi e é uma personagem complexa e controversa. Uma figura que desafia a ordem estabelecida e é vista com desconfiança pelos outros demônios.

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A Filha do Ódio retorna a Santuário com sede de vingança em Diablo IV.

Conhecida por sua beleza irresistível e poderes sedutores, é capaz de manipular os desejos e as fraquezas dos mortais. No entanto, a sua ambição e desejo de poder a levaram a desafiar os líderes do Inferno, incluindo seu próprio pai. Essa ousadia e busca por independência fizeram com que ela se relacionasse com Inárius, um Arcanjo do Céu, para criar Santuário.

E a relação é fruto justamente deste poder de manipulação de Lilith. Ela prende o anjo após uma batalha, depois o acorda e o convence definitivamente de que a solução é realmente fugir de Céu e Inferno, criando um mundo próprio. Para isso, eles roubam a Pedra do Mundo e fazem seu Santuário.

Inarius cria Santuário juntamente com Lilith, mas depois se opõe a ela.

É importante ressaltar que os poderes de manipulação de Lilith, muitas vezes, potencializam os desejos dos seus alvos. Ou seja, Inárius já desejava criar um mundo longe da guerra entre Céu e Inferno, mas foi Lilith que acendeu a faísca e permitiu o incêndio dos seus desejos no coração. É o que ela sabe fazer de melhor.

O objetivo parecia simples: fugir do Conflito Eterno e viver em paz. Só que, obviamente, não foi isso o que aconteceu.

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Santuário era um refúgio do Conflito Eterno.

Por um bom tempo, ela foi a Mãe e ele foi o Pai de Santuário, e diversos anjos e demônios que também queriam um mundo sem o duelo sem fim entre Céu e Inferno os seguiram. Só que, obviamente, isso gerou relacionamentos entre eles, dando origem à raça dos nefalem – que acabou reunindo os poderes dos dois lados e ficando extremamente poderosa.

A partir daí, Inárius considerou acabar com todos os seus “filhos”, enquanto Lilith queria usá-los para uma guerra contra o Inferno e o Céu, em busca de vingança – algo que sempre foi seu objetivo, desde o começo. Eles colidiram, e isso acabou com a Filha do Ódio sendo presa no Vazio pelo próprio “marido”. Só que ele acabou não sendo capaz de matá-la, nem os nefalem.

O anjo modificou a Pedra do Mundo para que o poder da raça fosse diminuindo a cada geração, o que acabou, com o passar do tempo, dando origem a uma raça sem poderes extraordinários – os humanos. Só que Lilith foi banida apenas em sua forma original. Com seu poder de assumir também uma forma humana, conseguiu driblar esse aspecto, reverter o efeito da Pedra e buscar novos seguidores.

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Inárius e Lilith se enfrentam novamente e definitivamente em Diablo IV.

Catedral da Luz x Culto a Lilith

Em Diablo IV, viveremos as consequências disso. Rathma, o primogênito do casal, concebe uma profecia acerca do conflito entre seus pais e adoradores de Lilith descobrem o ritual para trazê-la de volta a Santuário.

Afinal, apesar de sua natureza demoníaca, ela também é retratada como uma figura maternal, preocupada com a perpetuação de sua espécie. A história de Lilith em Diablo IV é repleta de mistérios e intriga, e os jogadores terão a oportunidade de interagir com ela ao longo da jornada. Suas ações e influência moldarão o destino de Santuário e trarão consequências o Céu e o Inferno.

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Lorath Nahr é um dos heróis que lutará contra Lilith e seus cultistas.

O conflito central se desenrola entre os membros da Catedral da Luz, seguidores de Inárius, e o Culto a Lilith. Ambos tentam recrutar humanos manipulados por anjos ou demônios, respectivamente, enquanto o jogador é um viajante que observa a história acontecer.

Em meio a traições, segredos e batalhas épicas, você vai enfrentar hordas demoníacas, explorar terras devastadas e lutar para impedir uma destruição total. Lilith vai conseguir retornar? Inárius vai derrotá-la novamente? Onde o jogador se encaixa nisso tudo?

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Elias é um servo fiel ao culto de Lilith em Diablo IV.

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