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O que são NFTs e como eles impactam o mundo dos games

NFTs aparecem em muitas discussões e vem sendo aplicados em vários jogos. Mas você sabe exatamente o que são NFTs e como eles podem impactar em vários elementos de jogabilidade?

por Felipe Gugelmin
O que são NFTs e como eles impactam o mundo dos games

NFTs: mesmo que você não seja ligado no mundo das criptomoedas e da blockchain, provavelmente já se deparou com esse assunto ao acompanhar notícias sobre games. Vendida por algumas empresas como o “futuro da indústria” e algo considerado “revolucionário” para os adeptos, a tecnologia tem se mostrado bastante divisiva, no nível em que ou você a ama, ou a odeia com paixão.

Em meio a tantas emoções, fica difícil entender exatamente o que é essa tecnologia e qual o impacto ela pode ter nos games. Afinal, ela se trata meramente da venda de JPGs (afirmação que a essa altura virou até meme) ou tem aplicações que vão além disso? Vale a pena investir nesse mercado? E há riscos em trazer esse sistema para os jogos convencionais?

Responder essas e outras questões sobre o tema é o objetivo deste artigo, que tenta explicar como funciona o mercado de NFTs no momento atual. No entanto, fica o aviso: como a tecnologia ainda é nova e evolui a cada dia, muito do que conhecemos sobre ela está mudando rápido, e as formas como ela pode ser aplicada ainda não foram totalmente exploradas.

O que são NFTs?

NFTs são uma sigla que significa “non-fungible tokens”, ou, em uma tradução literal, tokens não fungíveis. O nome parece estranho, mas serve para denominar as características dos bens virtuais que a tecnologia oferece: eles possuem códigos de registro únicos que não podem ser replicados, com valores que não correspondem 100% a outros ativos digitais emitidos, por mais semelhantes que eles sejam.

Para facilitar a compreensão, é possível pensar neles como itens de colecionador ou até mesmo obras de arte. Imagine a Monalisa: há somente uma cópia oficial no mundo e, mesmo que ela possa ser replicada ou estampada em camisetas, somente o quadro oficial possui o valor real. No caso do NFT, as coisas se complicam um pouco porque falamos de bens virtuais — ou, mais precisamente, de certificados ligados a itens virtuais.

NFTs Bored Ape
Coleção de NFTs Bored Ape ultrapassa US$ 1 bilhão em vendas

No mundo dos games, por exemplo, um NFT pode estar ligado a uma espada única extremamente poderosa dentro do universo de um jogo. Ao comprar o token, você não tem direito à espada em si, mas a um certificado único (e que pode ser vendido ou trocado) provando que você é o dono legítimo do item.

Em outras palavras, ao comprar um NFT, você ao mesmo tempo que se torna o dono do item — ganhando um certificado que garante isso —, isso não significa que você tem direitos completos sobre ele. Ou seja, ele poderá continuar sendo exibido em redes sociais, mostrado pela desenvolvedora em artes promocionais ou ser estampado em uma camiseta. Mas, dentro do jogo, somente você terá a posse dele, que não poderá ser replicado.

O que é esse tal de “fungível”?

O conceito do que é ou não fungível está presente desde sempre em nosso cotidiano, mesmo que essa palavra (um tanto estranha, convenhamos) não seja usada de forma tão comum. Uma nota de 10 reais, por exemplo, é considerada um item fungível — ela pode ser trocada sem perda de valor por qualquer nota da mesma soma sem que seu valor seja depreciado, por mais que uma esteja novinha e outra esteja amassada e desgastada pelo uso.

Vale notar que a escala entre o fungível e o não fungível nem sempre é absoluta e pode variar mesmo se tratando do mesmo item. Uma edição de colecionador de God of War, por exemplo, pode não ter o mesmo valor de outra dependendo do tempo que passou do lançamento e o estado de conservação de cada uma delas.

Enquanto ambas no lançamento eram fungíveis, o valor de um item que foi aberto e usado hoje em dia é diferente daquele que permanece lacrado e em perfeito estado de conservação. Ou seja, dá para dizer que o item de colecionador em estado mais raro se aproxima de ser algo único — e não-fungível — do que aquele que já está desgastado. O mesmo pode se aplicar ao dinheiro: uma nota de uma moeda que até deixou de estar em circulação pode ser vendida a um colecionador por muito mais dinheiro do que seu valor monetário original nas condições certas.

God of War Collector
Ainda é um pouco complicado associar o valor de item físico a um item digital especial.

É justamente graças a esse conceito que a cópia de Super Mario Bros 3 desgastada que você tem em casa não vale os mesmos R$ 3,7 milhões obtidos por um colecionador em um leilão realizado em 2021. Vale notar que, na prática, o valor associado a um item até tem a ver com sua raridade e valor de produção, mas não foge de ter um alto grau de subjetividade e especulação. Assim, não se considere errado se achar absurdo pagar milhões por algo, por mais desejável que ele seja.

Outro aspecto que diferencia os NFTs é o fato de eles estarem ligados à blockchain, um sistema de verificação que garante a autenticidade de bens digitais e praticamente impossibilita que eles possam ser roubados ou copiados indevidamente.

Pense na blockchain como um grande livro de registro compartilhado entre milhares de computadores, sendo que todos eles registram cada movimento do bem digital e precisam autenticar cada mudança ocorrida — isso torna o processo descentralizado e bastante seguro, mas, ao mesmo tempo, implica em um grande consumo energético.

Uma única blockchain pode estar ligada a milhões de usuários, cada um fazendo parte das verificações e realizando suas próprias transações (que ativam o processo de checagem do bloco). Enquanto não é preciso que toda a blockchain faça a verificação para uma troca ou venda seja liberada, ainda assim ela envolve uma quantidade generosa de máquinas e poder de processamento: ou seja, gasto de eletricidade.

E nos games, como isso funciona?

No mundo dos games, NFTs podem ser usados em associação a qualquer elemento digital presente neles. Enquanto isso abre a possibilidade de que você possa comprar o certificado de posse de uma música ou textura de um jogo, por exemplo, na prática a tecnologia é associada a itens e personagens que interagem diretamente com os elementos de gameplay.

Em Ghost Recon Breakpoint, da Ubisoft, NFTs estão associados a equipamentos poderosos (e com características únicas) que os jogadores podem obter para equipar em seus personagens, vender ou trocar com outras pessoas. A diferença em relação a um item convencional vem da ligação do bem virtual à blockchain, que garante sua autenticidade e permite realizar operações sem o intermédio da produtora do game.

Ghost Recon NFT
Ubisoft já começou a explorar o mercado de NFTs com Ghost Recon.

Para os defensores da tecnologia, essa é uma das vantagens da implementação do NFT: assim que ele é emitido, uma desenvolvedora não pode alterar suas características e ele tem um aspecto totalmente único. Em outras palavras, isso garante a possibilidade de que ele se torne raro, valorize e possa ser revendido por um lucro considerável. Tudo isso sem a influência de agentes externos em um ambiente no qual o mercado supostamente se autorregula.

Em outras palavras, o que diferencia um NFT de um item convencional vendido através de microtransações (prática que já se tornou padrão na indústria) é o fato de eles darem mais controle ao consumidor sobre o que fazer com ele. No entanto, há algumas barreiras que fazem com que essa história não seja tão ideal assim.

Descentralizado, mas ligado a bases centralizadas

Uma das grandes promessas dos defensores dos NFTs (defendidas inclusive pelo ex-Linking Park, Mike Shinoda) é que a tecnologia vai permitir a interoperabilidade de assets criados para games diferentes. Imagina que legal poder comprar as Correntes do Caos em God of War e usá-las em seu personagem de Fortnite ou Assassin’s Creed? Em teoria isso até seria possível, mas há uma série de complicadores que devem ser levados em consideração.

Enquanto o mercado de NFTs se baseia no blockchain, que é algo descentralizado, games ainda operam sob um esquema bastante centralizado. Em outras palavras: nada garante que os assets usados pela Sony Santa Monica para viabilizar o uso das Correntes do Caos em sua franquia vão ser disponibilizados em outros jogos — lembre-se, a tecnologia garante um “atestado de posse” sobre o item virtual, mas não garante que você  efetivamente o tenha, tampouco direitos sobre como ele pode ser usado.

E mesmo em um cenário teórico no qual o item pudesse ser movido entre jogos, ainda há vários obstáculos com os quais é preciso lidar. A engine de dois jogos pode ser diferente (um em Unity e outro em Unreal), por exemplo, impossibilitando que o equipamento seja implementado facilmente. Da mesma forma, uma arma do tipo pode não se encaixar na proposta de outro jogo e, mesmo que isso aconteça, ele pode ter um estilo de visão em primeira pessoa que inviabiliza o uso do item da maneira como ele foi originalmente criado.

Percebe a complexidade da questão? A solução para uma verdadeira interoperabilidade de itens passa necessariamente pela construção de uma base em comum compartilhada, construída sobre a mesma engine e assets.

Em outras palavras: para isso acontecer, a indústria como um todo teria que passar por um imenso processo de padronização que, em última instância, traria um sério risco a inovações e gêneros de jogos distintos. Engines e assets são flexíveis até certo ponto, mas inevitavelmente encontram barreiras que exigem a criação de novos “moldes” capazes de fornecer soluções mais amplas e fáceis — e migrar trabalhos antigos para eles não é uma tarefa tão simples quando se pode pensar.

Assim, quando alguém fala que o NFT é uma solução fácil para um problema complexo, parece que a pessoa não entende como um jogo é feito, tampouco as implicações que a transição de um item para um contexto diferente pode trazer. Esse processo é difícil mesmo dentro da mesma franquia, devido a evoluções de linguagem de design e propostas de jogo — a roupa de Bayek pode estar presente em Assassin’s Creed Origins e Assassin’s Creed Valhalla, mas funciona de forma muito diferente em cada jogo dada suas características e propostas únicas.

Outra questão envolve o fato de que o valor de um token digital depende muito do contexto ao qual ele está ligado — e, dada a maneira como a tecnologia funciona, o consumidor raramente tem qualquer controle sobre isso. Imagine que você adquiriu uma espada super rara de um RPG que se destaca por trazer propriedades de fogo imensas e que destroem todos os inimigos facilmente.

Legal, né? E se, meses depois de você pagar caro pelo NFT associado, o game for atualizado e todos os inimigos passem a ter resistência a esse elemento? O item passa a ser menos poderoso e seu investimento vai por água abaixo — tudo isso sem que o token ou as propriedades do equipamento sofram qualquer modificação.

Isso significa que, embora o aspecto descentralizado da posse, venda e troca do item se mantenha, muito de seu valor monetário (e utilidade em um game) ainda depende das decisões centralizadas de uma produtora. Se já é chato quando sua arma favorita é nerfada em um game online, pense o quão mais chato seria se isso acontecesse com algo pelo qual você pagou dinheiro real na esperança de gerar lucros futuros?

NFTs transformam o ato de jogar em trabalho

Experiências que envolvem a monetização de bens associados a um jogo não são uma novidade na indústria, que há tempos vê os jogadores encontrando meios de lucrar em contextos que, a princípio, não deveriam ter esse objetivo. Isso é especialmente comum no mundo dos MMOs, em que há todo um mercado paralelo de compra e vendas de itens por dinheiro real — quem nunca ouviu falar dos “fazendeiros de ouro” de World of Warcraft?

No entanto, nenhuma experiência mostrou tão bem quanto a criação de um mercado de itens em dinheiro real pode afetar a percepção dos jogadores — e a maneira como eles jogam — quanto a Casa de Leilões de Diablo III. Ela estreou em 2012 junto à chegada do game ao PC e prometia a possibilidade de ganhar dinheiro facilmente vendendo o loot que você achou para outros jogadores interessados (claro, dando uma pequena fatia dos lucros para a Activision Blizzard).

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Casa de Leilões de Diablo III

No papel, a ideia parecia perfeita para a desenvolvedora: sabendo que os itens do game seriam vendidos de qualquer forma no mercado paralelo, ela cortava intermediários e oferecia um ambiente seguro para seus consumidores. Na prática, o sistema influenciou diretamente o design do game (que passou a dar com menos frequência itens raros e poderosos) e a percepção de valor dos jogadores.

Não raro, era mais fácil fazer upgrades dos equipamentos recorrendo à Casa de Leilões do que matando inimigos e se aventurando em Diablo III. Em outras palavras, a solução de monetização (que até rendeu um bom dinheiro para um grupo mais dedicado e paciente de jogadores) fez com que muita gente não visse mais propósito em jogar e deixasse o título de lado rapidamente.

Na época da decisão, a Blizzard afirmou que “ficou cada vez mais claro que, apesar dos benefícios do sistema de Casa de Leilões e do fato de que muitos jogadores ao redor do mundo usam ela, ela em última análise prejudica a jogabilidade principal de Diablo: matar monstros para obter itens legais”.

Em outras palavras, a adição de itens que tinham valor real fora do jogo impactava a economia e fazia com que muitos passassem a tratá-lo como um trabalho. A intenção não era mais jogar para tornar seu personagem poderoso com os itens encontrados, mas sim vendê-los para fazer dinheiro — e a Blizzard tinha que tornar as coisas menos divertidas e recompensadoras para manter o equilíbrio dos valores que eram pagos pelos jogadores.

O modelo play-to-earn

Enquanto grandes empresas como a Ubisoft, Square Enix e Konami se dizem interessadas em trabalhar com NFTs, muitas delas ainda fazem isso em caráter experimental. Muito disso se deve à má fé que a tecnologia deixou na maioria do público, que vê nela uma forma de ganhar dinheiro fácil e que não traz nenhuma vantagem real para games — quase como uma espécie nova de microtransação ou caixa de loot, que ninguém (a não ser o dono do dinheiro) pediu.

Quem está realmente guiando o desenvolvimento desse mercado são empresas independentes, que apostam em um modelo conhecido como “play-to-earn” para atrair a atenção do público. A proposta é simples: por que em vez de simplesmente jogar para se divertir, você não faz isso também para descolar uma grana e complementar os rendimentos da casa?

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Axie Infinity é um dos jogos mais populares baseados em NFTs

Um dos títulos mais famosos desse segmento é Axie Infinity, no qual os jogadores criam monstros que, depois de serem fortalecidos, podem ser revendidos por um valor superior ao do investimento inicial, mas, para entrar no jogo, é preciso primeiro abrir a carteira. Os rendimentos também vêm na forma de poções que equivalem a tokens da criptomoeda Ethereum, dos quais a desenvolvedora Sky Marvis tira uma porcentagem em cada operação feita.

Enquanto os lucros obtidos pelos jogadores não são astronômicos, eles são reais — não à toa, o game virou um fenômeno nas Filipinas durante a pandemia do COVID 19, dado sua capacidade de gerar retornos maiores do que o salário mínimo do país (algo que também atraiu muitos brasileiros interessados em ganhar em dólar). No entanto, nem tudo é uma maravilha: a taxa de entrada para conseguir ser competitivo é alta, o que resulta na criação de scholarships.

Na prática, elas se tratam de conjuntos de contas que são compartilhadas com outras pessoas em troca de uma pequena parcela dos lucros — de 60 % a 70%, dependendo que é combinado. Conforme revela uma reportagem do site Overloadr, esse cenário tende a ser bastante informal e precarizado, em contratos nos quais o jogador precisa bater cotas diárias para continuar tendo algum lucro — que pode diminuir do dia para a noite.

Lembra do que expliquei ali em cima sobre o fato de o dono de um NFT não ter nenhum controle sobre o contexto em que ele é inserido? Axie Infinity mostrou muito bem como isso pode funcionar em detrimento dos jogadores: em uma atualização, os desenvolvedores não somente reduziram os ganhos em tokens, como fizeram com que eles só pudessem passar a ser resgatados por quem possui determinado ranking no modo competitivo.

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Com isso, muitos jogadores se viram obrigados a dedicar mais tempo ao jogo para compensar o investimento inicial e até se viram impossibilitados de sequer ficar no “zero a zero”. A solução, para quem podia, muitas vezes passava por investir mais dinheiro no jogo e comprar criaturas mais poderosas (e caras) que garantiam a competitividade nas partidas online.

Em outras palavras, os jogos do estilo não mentem quando dizem que você pode ganhar dinheiro jogando. No entanto, nem sempre os rendimentos compensam o investimento inicial ou substituem uma atividade mais convencional — não à toa, Axie Infinity se mostrou bastante popular em países como o Brasil e as Filipinas, marcados pela grande valorização do dólar e por um mercado de trabalho marcado pelo desemprego e pelas condições precarizadas. Tem quem conseguiu ganhar uma bela grana, mas eles devem ser considerados como a exceção, e não a regra.

Modelo é visto com desconfiança

Há diversos outros títulos que usam modelos semelhantes, bem como experiências em que não há a mesma taxa de entrada para conseguir jogar e gerar algum lucro. No entanto, a maioria ainda conserva um elemento em comum: a jogabilidade tende a ser simples e repetitiva, focada exclusivamente no grind.

No entanto, a falta do aspecto “jogo divertido” não serviu como impeditivo para o surgimento de diversos projetos que veem no NFT como uma maneira de revolucionar os games. Dada a repercussão da tecnologia, ela atraiu a atenção de diversos investidores, que não têm medo de alocar somas suntuosas de dinheiro em projetos que sequer saíram do papel.

A novidade da tecnologia, ligada à falta de regulação e descentralização associadas a ela, também tem aberto espaço para golpistas — o que só aumenta a desconfiança do público gamer. Não à nota, o site Games Industry decidiu em março de 2021 que não faria qualquer cobertura de histórias relacionadas ao NFT: para os editores, “os benefícios que os NFTs e as criptomoedas podem trazer aos jogos são especulativos, mas as desvantagens são concretas”.

Além de apontar a característica altamente especulativa do segmento, o veículo também denuncia os riscos que ele pode trazer ao meio-ambiente. “Quanto mais abrangente essa tecnologia se torna, mais demanda há para a mineração [de criptomoedas], mais alto o preço fica e mais aumenta o uso da eletricidade”, argumenta o editor Brendan Sinclair.

A própria existência do modelo play-to-earn (que se transforma em pay-to-earn — ou pague para lucrar —, em alguns casos) muda o que esperamos de um jogo e sua capacidade de diversão. Quando você está envolto em uma experiência com o intuito de ganhar dinheiro para pagar boletos, não perde tempo com atividades secundárias e pouco lucrativas (mas potencialmente divertidas): o intuito é sempre otimizar seu tempo e focar somente naquilo que traz mais retorno. Em outras palavras, o design e até mesmo o objetivo final do jogo como peça de arte muda.

A questão da poluição

Ao pesquisar sobre NFTs e criptomoedas, não é raro encontrar textos afirmando que eles são um risco ao futuro do planeta. Segundo a Nature, as emissões geradas somente pelo Bitcoin são capazes de aumentar em até 2°C a temperatura do planeta dentro de um período de três décadas — isso sem levar em consideração todos os outros poluentes presentes no planeta.

Isso acontece porque todo esse mercado é baseado em grandes centros computacionais nos quais máquinas de alto desempenho trabalham em conjunto para resolver problemas matemáticos, incluindo a verificação do blockchain. Isso resulta em um grande consumo de energia elétrica (que nem sempre vem de fontes limpas) e em uma grande quantidade de lixo, resultante das peças que precisam ser substituídas após chegarem rapidamente ao fim de sua vida útil.

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Enquanto há soluções de NFTs que se propõe a ser neutras na emissão de carbono, e o Etherem (criptomoeda geralmente associada aos tokens) esteja prestes a mudar seu processo de mineração, fato é que o segmento como um todo não segue um caminho sustentável. O Casaquistão, responsável por 18% do hashrate mundial (a taxa de poder destinada a criar novas criptomoedas), produz a maior parte de sua energia através de minas de carvão antigas e extremamente poluentes.

Enquanto as autoridades locais afirmam estar tomando medidas para fechar centros de mineração, isso não significa necessariamente uma solução. Como a mineração acontece em escala global, basta que um mercado se feche para que outro veja nisso uma oportunidade — o próprio Casaquistão só cresceu no segmento após a China bloquear as operações de criptomoedas em seu território.

O problema do alto consumo energético não é uma questão local, mas sim uma característica inerente ao blockchain e às criptomoedas. A não ser que algo mude radicalmente, a busca por altos níveis de rendimento e a especulação geradas por essa tecnologias tendem a ser um grande desafio para evitar um maior aquecimento global.

Caminho ainda indefinido

Para Piers Kicks, que trabalha com as empresas de investimento Bitkraft e Delphi Digital, o momento ainda é de bastante descoberta e experimentação para os NFTs. Em entrevista ao site VentureBeat, ele afirmou que o que tem deixado muitos jogadores e investidores animados é o modelo de negócios e não necessariamente as características dos games.

“Sinto que ainda estamos em uma grande fase de descoberta, na qual muitas mecânicas novas e maneiras de pensar sobre as coisas ainda estão sendo aprendidas”, afirmou. Já Gabby Dizon, CEO da Yield Guild Games, acredita que, enquanto no começo quem entende do universo cripto deve se destacar, em médio e longo prazo são os desenvolvedores de games que vão ganhar.

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GIF do Nyan Cat é vendido por mais de R$ 3 milhões em leilão

“Assim que desenvolvedores de games chegarem, aqueles que são os melhores em criar mundos virtuais e criar comunidades, e transformar esses jogadores em um modelo de propriedade, eu sinto que eles vão ser muito mais poderosos”, argumenta Dizon. Até o momento, o mercado de NFT passa por uma verdadeira “caça ao ouro”, e muitos dos agentes envolvidos tendem a sumir — enquanto outros se fortalecem.

O que está certo é o fato de que, no momento atual, seria cedo prever se essa é realmente uma tendência que chegou para ficar ou se, assim como as caixas de loot e os apps de companhia, ela vai perder espaço se tornar algo restrito a uma pequena comunidade.

E você, o que pensa do assunto? Vê potencial nos NFTs ou não acredita no potencial da tecnologia? Deixe sua opinião em nossa seção de comentários!

Fontes