Nintendo age e Sony dorme: “Bloodborne do Switch 2” é o tapa que os fãs não mereciam
Anunciado e revelado no evento do Nintendo Switch 2, The Duskbloods é quase o que os fãs de Bloodborne gostariam de ver
Por anos, a comunidade de Bloodborne alimentou um sonho que parecia simples: um remaster em 60 FPS, uma sequência digna ou, no mínimo, um sinal de vida da Sony para um dos jogos mais aclamados da história do PlayStation 4.
Em vez disso, o que os fãs receberam foi silêncio ensurdecedor, remakes desnecessários e uma série de decisões corporativas que parecem desconectadas da paixão que move o mercado de games, em especial o consumidor.
E enquanto a Sony cochilava, a Nintendo, entendendo o valor de um exclusivo, fechou um acordo com a FromSoftware e anunciou The Duskbloods para o Switch 2. O resultado? Um tapa na cara dos fãs de Bloodborne — e uma lição de oportunismo que a Sony parece incapaz de aprender.
O silêncio que custa caro
Lançado em 2015 como exclusivo do PS4, Bloodborne é uma obra-prima de Hidetaka Miyazaki e da FromSoftware. Com sua estética gótica, combate visceral e narrativa enigmática, o jogo conquistou uma legião de fãs que, até hoje, pede por mais.
A Sony, detentora do IP, tinha em mãos uma mina de ouro: um título que poderia ser relançado em novas plataformas, como PS5 e PC, ou expandido com uma sequência. Mas o que a empresa fez? Absolutamente nada. O jogo permanece preso ao PS4, rodando a 30 FPS com quedas de desempenho, enquanto a comunidade implora por um remaster que nunca chega.
A frustração com Bloodborne reflete um fenômeno maior: a paixão avassaladora da comunidade pelos soulslikes, gênero que a FromSoftware praticamente definiu. Jogos como Dark Souls, Sekiro e Elden Ring solidificaram o estúdio como um titã da indústria, e os fãs não se cansam de explorar esses universos.

Os jogadores não apenas querem mais — eles exigem mais da FromSoftware. A Sony, no entanto, parece alheia a esses pedidos, enquanto a comunidade sonha com o dia em que o estúdio terá liberdade para atendê-los.
A frustração dos fãs não é apenas compreensível — é justificada. Fóruns como Reddit e posts no X transbordam de desabafos: “Sony não dá a mínima para Bloodborne”, “dez anos e nem um patch de performance?”.
A sensação é de abandono, especialmente quando se compara o tratamento dado a outros títulos da empresa. Enquanto Bloodborne definha, a Sony investe tempo e recursos em projetos que, para muitos, não chegam aos pés do clássico da FromSoftware.
Remasters, remakes e foco equivocado
Nos últimos anos, a Sony parece ter se tornado especialista em reciclar o passado — mas não da maneira que os fãs queriam. The Last of Us Part II Remastered, lançado em 2024, trouxe melhorias visuais e um modo roguelike que dividiu opiniões, mas muitos questionaram a necessidade de revisitar um jogo tão recente.
Until Dawn ganhou um remake/remaster no final de 2024, um título de nicho que, embora querido, não justificava tamanha prioridade. E Days Gone, um jogo que não emplacou como esperado, também será relançado, enquanto Bloodborne continua no limbo.

A crítica a essa estratégia é implacável. Analistas e jogadores apontam que a Sony está desperdiçando energia em remasters de apelo duvidoso, enquanto IPs de peso como Bloodborne são ignorados. A obsessão por remakes contrasta com a falta de visão para projetos novos ou para atender demandas reais da base de fãs.
E não para por aí. A incursão da Sony nos jogos como serviço tem sido um fiasco atrás do outro. Concord, lançado em 2024, foi um fracasso monumental: um hero shooter genérico que fechou os servidores em menos de duas semanas.
A empresa parece ter se perdido em uma busca por tendências passageiras, ignorando o que a tornou grande: exclusivos single-player de qualidade. Enquanto isso, a FromSoftware, livre das amarras da Sony, encontrou na Nintendo uma parceira disposta a apostar em sua visão.
O golpe de mestre da Nintendo
Nesta quarta-feira (2), durante o evento do Nintendo Switch 2, o mundo dos games foi pego de surpresa. Entre anúncios de Mario Kart World e Kirby Air Riders, a FromSoftware surgiu do nada para revelar The Duskbloods, um RPG de ação exclusivo para o híbrido, com lançamento previsto para 2026.
O trailer, carregado com estética gótica que certamente despertou ótimas e imediatas lembranças nos Caçadores, mostrou combates intensos e um clima que remete diretamente a Bloodborne. Ficou bem claro: isso é o mais próximo de um “Bloodborne 2” que os fãs verão por agora. E a Sony não tem nada a ver com isso.
Dirigido por Hidetaka Miyazaki, The Duskbloods traz elementos que parecem uma evolução natural do que Bloodborne estabeleceu: um mundo sombrio, armas de fogo misturadas a combate corpo a corpo e uma narrativa críptica. A diferença? É um título PvPvE com foco em multiplayer, permitindo até oito jogadores em uma disputa por supremacia.
A comunidade de Bloodborne, acostumada ao single-player profundo, pode torcer o nariz para essa abordagem, mas o fato é que, se fosse lançado no PlayStation, o apelo da FromSoftware garantiria seu sucesso independentemente do formato.

E o estúdio não para de surpreender. Após o sucesso estrondoso de Elden Ring em 2022, foi anunciado Elden Ring: Nightreign, com lançamento previsto para maio deste ano, marcando a primeira de duas incursões consecutivas em experiências multiplayer.
Diferente do mundo aberto cooperativo de Elden Ring, Nightreign promete intensificar o foco em interações online, com combates cooperativo e PvE em um novo reino sombrio. Esse anúncio reforça a versatilidade da FromSoftware e sua disposição de explorar formatos que desafiam os fãs, enquanto a Sony assiste de longe, sem capitalizar o legado de seus jogos mais pedidos.
A sequência de títulos multiplayer mostra que o estúdio está ouvindo os pedidos por inovação, mas também levanta a questão: por que não um Bloodborne com esse mesmo espírito?
A Nintendo tomou à frente e deu um passo ousado. The Duskbloods não é apenas um jogo — é uma declaração. Enquanto a Sony hesitava, a Big N viu a oportunidade de ouro e a agarrou, transformando o Switch 2 em um destino quase obrigatório para fãs de soulslikes.
Kadokawa, Sony e a compra que ainda não deus resultados
A ironia ganha contornos ainda mais amargos quando se considera a relação entre Sony e Kadokawa, a empresa-mãe da FromSoftware. Em 2024, a Sony adquiriu 14% das ações da Kadokawa, alimentando especulações de que isso poderia pavimentar o caminho para um Bloodborne 2 ou ao menos um remaster.
Rumores de uma compra total circularam, mas, até agora, nada de concreto saiu disso. A Kadokawa, por sua vez, parece mais interessada em diversificar seus negócios — incluindo anime e mangá — do que em forçar a FromSoftware a revisitar IPs presos à Sony.
O anúncio de The Duskbloods como exclusivo do Switch 2 sugere que a compra de ações pela Sony foi, no mínimo, ineficaz. Se a intenção era fortalecer laços com a FromSoftware, o tiro saiu pela culatra.

A desenvolvedora, agora livre para criar um novo IP com a Nintendo, mostrou que não precisa da Sony para entregar o que os fãs querem. A aquisição parcial das ações da Kadokawa, que custou milhões, parece ter servido mais como um gesto simbólico do que como uma estratégia real para garantir o suposto futuro de Bloodborne.
Uma comunidade traída
Para os fãs de Bloodborne, o anúncio de The Duskbloods é agridoce. Por um lado, é empolgante ver a FromSoftware explorando um universo que reflete o que tornou o game de 2015 especial. Por outro, é uma lembrança dolorosa de que a Sony falhou com eles.
A comunidade, que manteve o jogo vivo com mods, teorias e eventos como o anual “Return to Yharnam”, merecia mais. Eles não pediam muito: um remaster em 60 FPS já seria o suficiente para reacender essa chama — e certamente venderia muito.
Em vez disso, assistem à Nintendo colher os frutos de uma oportunidade que a Sony deixou escapar. O multiplayer de The Duskbloods pode não ser o que todos sonhavam, mas, para uma base de fãs faminta, até isso seria aceitável se viesse com o selo PlayStation.
O preço da inação
A Sony perdeu mais do que uma chance de lucrar com Bloodborne. Perdeu credibilidade com uma comunidade apaixonada e abriu espaço para a Nintendo roubar a cena.
Enquanto a empresa se afunda em remasters redundantes e live services fracassados, a FromSoftware segue em frente, provando que sua genialidade não depende de ninguém. The Duskbloods pode não ser um retorno a Yharnam no nome, mas é no espírito — e isso é o que dói.
O impacto da FromSoftware vai além de Bloodborne ou The Duskbloods. Com Elden Ring: Nightreign no horizonte e uma base de fãs que só cresce, o estúdio se estabeleceu como uma força imparável. Os jogadores não querem apenas jogos — eles querem experiências que desafiem, inspirem e recompensem, algo que a FromSoftware entrega consistentemente.

A Sony, ao ignorar esse legado, não apenas traiu os fãs do jogo, mas também perdeu a chance de liderar a próxima onda de soulslikes. Enquanto isso, a Nintendo e a FromSoftware mostram que ouvir a comunidade — e agir rápido — é o verdadeiro segredo do sucesso.
Para os fãs, resta a esperança de que a Sony acorde desse sono profundo. Mas, por enquanto, o Switch 2 é o novo lar do pesadelo gótico que eles tanto amam. A Nintendo agiu. A Sony dormiu. E o tapa, bem, esse foi merecido — mas não pelos fãs. E fica a reflexão: você continuará pedindo mais de Bloodborne?
The Duskbloods não é só um novo jogo. É uma declaração de intenções. E neste jogo de xadrez da indústria, a Nintendo deu um xeque — e a Sony nem sequer moveu suas peças.