Minecraft: como entender esse fenômeno de vendas
Jogos de videogame, desde sua invenção, sempre criaram um sentimento de espanto e de euforia nas pessoas, seja pela estranheza causada na fase inicial dos jogos para televisão ou pela qualidade gráfica apresentada nos títulos mais modernos, fazendo com que os jogadores transformassem um simples passatempo em um estilo de vida.
É compreensível que a evolução dos jogos, seja ela visual ou mecânicas, tenha trazido uma série de fãs para a área. Mas, será que essa é mesmo a regra de ouro dos games? Ou seja, quanto melhor a jogabilidade e os gráficos, mais fãs terão esses jogos?
Para muitos, sim. Entretanto, existe um jogo que não só desafiou este paradigma, como venceu esta máxima com elegância. Estamos falando de Minecraft, que sem muito alarde público-comercial, vem apresentando um desempenho de vendas impressionante.
Somado a isso, a obra conquistou multidões de fãs e foi um dos principais responsáveis pela popularização de canais especializados em games no Youtube.
Lá em 2009, Markus “Notch” Persson, um suíço amante de tecnologia, criou, em suas horas vagas, um jogo simples, que segundo ele próprio, não estava terminado, mas que poderia ser jogado enquanto isso. Assim, mesmo sem grandes pretenções, Markus acabou criando uma revolução no mundo dos games, despertando o interesse da indústria e abrindo o caminho para se popularizar em consoles e dispositivos móveis.
Talvez o grande diferencial de Minecraft seja que ele nunca está totalmente pronto. O jogo está em constante evolução, independentemente da plataforma, o game recebe atualizações constantes da Mojang (desenvolvedora criada por Markus para administrar o game) quando novas peças e modelos de blocos são adicionados para deleite de seus fãs.
Assim, o jogo é quase um “Lego” dos videogames, onde os jogadores podem quebrar e montar blocos para criarem tudo que surgir em sua imaginação. O game não possui um objetivo específico, cabendo aos jogadores desenvolverem seu próprio ritmo e gameplay.
A primeira impressão pode não ser boa para os gamers mais experientes. De repente, um caminho interessante para conhecer o game seja o de estuda-lo antes de começar a joga-lo.
Este, quiçá, seja o gancho aproveitado por diversos canais no Youtube, quando os jogadores buscam informação e inspirações para jogar o game, seja para encontrar dicas e tutoriais ou simplesmente para acompanhar o gameplay dos chamados “especialistas” no game.
Esse foi o principal meio de divulgação do jogo nos últimos anos. A liberdade autoral possibilitou aos youtubers propagarem seus feitos e ensinarem aos demais usuários como melhor aproveitar a criação de Markus, fazendo com que a popularidade do Minecraft continue crescendo a números astronômicos.
Caso já tenha tido a curiosidade de acompanhar algum canal dessas novas “celebridades” da internet ou tenha jogado o game, certamente percebeu que os gráficos não são nada impressionantes. O fato de ser em um ambiente, que remete à geração 8 bits, facilitou a compreensão do jogo, independente da idade do jogador, que logo se lembra do modo “LEGO” de brincar e se aventurar na exploração e na montagem dos cenários, onde tudo (absolutamente tudo) tem a forma básica dos blocos, com destaque para o sol, um imenso “quadrado” laranja no céu.
Além das atualizações, o princípio de obtenção dos diferentes tipos de blocos vem do nome do game, a mineração leva o usuário a encontrar os modelos que precisa para completar suas obras, como os blocos que representam a madeira, pedra, diamantes e ouro.
A partir daí, a criatividade não tem limites. Simples casas, com cômodos modestos, podem ser construídas rapidamente, mas, dependendo do talento do construtor, verdadeiros “impérios” podem ser reproduzidos. Alguns conseguem construir cenários baseados em cenas famosas, como no exemplo abaixo, onde o player reproduziu o Cristo Redentor e o Castelo de Grayskull de He-Man.
Mas além da exploração e da construção, o jogo ainda oferece alguns desafios extras. Um exemplo são as assombrações que aparecem durante o gameplay. Assim, as construções podem servir como abrigo contra estes potenciais inimigos que também podem ser capturados e mantidos em cativeiro por um certo período. Ou seja, nada que represente um grande problema, contudo é útil para temperar um pouco a experiência proposta.
Outro exemplo, são as temporadas temáticas do game. As atualizações trazem, por vezes, alguns temas, dentre eles o “command blocks”, um pacote que inclui carros, armas de fogo, mísseis nucleares, entre outros.
Essa fase de temas foi implantada após uma mudança importante. Jens Bergenstein substituiu Markus como o responsável pelo game e passou a promover mudanças com o objetivo de continuar a evolução do game.
Em 2011, a Mojang lançou a versão oficial do game, saindo da fase inicial de testes públicos, iniciada em 2009 por Markus. Foi a partir deste marco que Minecraft começou a se tornar incrivelmente rentável.
Os números apresentados agora em maio de 2016 mostram que já foram comercializadas mais de 106 milhões de cópias do game, em todas as plataformas, desde o seu lançamento oficial.
Para ser mais exato, Minecraft hoje apresenta, em média, 40 milhões de usuários ativos por mês, com uma média impressionante de 53 mil cópias (em todas as plataformas que o suportam) vendidas do jogo desde o início de 2016.
E quando falamos em sucesso mundial, podem acreditar que realmente é um desempenho em escala global, mesmo em lugares remotos como a Antártida, onde foram registradas a compra de quatro cópias do game em 2016.
Para se ter uma ideia, do tamanho da nação de fãs do game, se juntássemos todas as pessoas que compraram o jogo, conseguiríamos formar um país com uma população que deixaria para trás países como Rússia, Japão e México, podendo ser o 12º país mais populoso do mundo.
Para finalizar, abaixo temos algumas informações, que tentam explicar o fenômeno de vendas em números de Minecaft, com uma divisão básica de suas plataformas:
América do Norte:
- 41% – Dispositivos Móveis
- 40% – Consoles
- 19% – PC
América Latina:
- 47% – Consoles
- 38% – Dispositivos Móveis
- 15% – PC
Europa:
- 36% – Dispositivos Móveis
- 35% – Consoles
- 29% – PC
Ásia:
- 51% – Dispositivos Móveis
- 30% – PC
- 19% – Consoles
Oriente Médio e África:
- 44% – Dispositivos Móveis
- 35% – Consoles
- 21% – PC
E você, já jogou Minecraft?