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Linkin Park no Brasil: a conexão da banda com os videogames

Referência na indústria do rock, banda Linkin Park tem relações marcantes não apenas com os brasileiros, mas também no universo dos games

por André Custodio
Linkin Park no Brasil: a conexão da banda com os videogames

O Linkin Park é mais do que uma banda para os brasileiros — é um símbolo que atravessa gerações. Seus shows em São Paulo e no Rock in Rio, com multidões entoando “In the End” em perfeita harmonia, criaram um laço eterno com o país. Mas há um aspecto menos celebrado que também encanta os fãs locais: sua ligação do com os videogames.

Em um Brasil onde a cultura gamer explode — mais de 70 milhões de jogadores, segundo a Pesquisa Game Brasil 2024 —, a banda transcende os palcos e invade as telas, seja nos consoles ou nos campos virtuais dos Esports, unindo música e interatividade em uma sinergia que reflete a paixão pulsante do público brasileiro.

E aproveitando que a banda vem ao nosso país em novembro deste ano, por que não contar um pouco da conexão deles com os videogames?

Trilha sonora nos videogames

A discografia do Linkin Park ganhou vida própria nos videogames, com destaque em títulos que conquistaram os brasileiros. Jogos de ritmo como Beat Saber transformam hinos em experiências sensoriais: o Linkin Park Music Pack de 2020 traz 11 faixas, como “Numb”, “Crawling” e “Faint”, enquanto o pacote de 2023, com Mike Shinoda, adiciona “Lost” e “Numb/Encore” (com JAY-Z).

Drums Rock lançou em 2025 cinco músicas, incluindo “One Step Closer” e “Somewhere I Belong”, perfeitas para quem quer liberar energia na bateria. Já Rocksmith 2014 Edition oferece um DLC com “What I’ve Done” e “Guilty All the Same”, enquanto Rock Band 4 entrega hits como “Lying From You” e “Bleed It Out” para noites de rock entre amigos.

Linkin Park
Fonte: Reprodução

Clássicos mais antigos ainda têm seu espaço. Guitar Hero: Warriors of Rock inclui “Bleed It Out” em seu setlist, um tesouro para quem preserva o console. Fora do gênero musical, o Linkin Park brilha em trilhas de ação: “The Catalyst” dá tom a Medal of Honor, e “New Divide” cria o ritmo de Transformers: Revenge of the Fallen.

Esses jogos, encontrados em coleções ou emuladores, mostram como a banda se infiltrou no cotidiano gamer brasileiro, das metrópoles às lan houses do interior.

E não dá para esquecer “What I’ve Done”, que, além de estar nos jogos, virou meme nas redes sociais, aparecendo em clipes exagerados com créditos falsos a Michael Bay, uma brincadeira que os fãs brasileiros adoram compartilhar.

Lendas da banda e a paixão pelos games

A paixão do Linkin Park pelos videogames não é apenas um detalhe comercial — ela reflete os interesses genuínos de seus integrantes. Chester Bennington, vocalista da banda até seu falecimento em 2017, era um aficionado por jogos de tiro.

Em entrevistas à Kerrang! e conversas no Linkin Park Underground, ele revelou que Halo e Call of Duty eram seus escapes entre turnês, uma forma de canalizar a adrenalina fora dos palcos. Essa conexão se concretizou em 2012, quando ele e Mike Shinoda se apresentaram no lançamento de Medal of Honor: Warfighter, unindo música e batalhas virtuais em um evento inesquecível.

Mike Shinoda, co-fundador e coração criativo da banda, vai além do hobby: ele é um gamer engajado e criador. Fã de RPGs como Final Fantasy, algo que compartilhou em streams no Twitch durante a pandemia, Shinoda também idealizou Linkin Park: 8-Bit Rebellion!, um jogo mobile lançado em 2010 com a faixa exclusiva “Blackbirds”.

Em entrevistas à MTV e Rolling Stone, ele descreveu o projeto como uma extensão da identidade da banda, fundindo som e pixels em uma aventura retrô.

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Fonte: Reprodução

Joe Hahn, o DJ e gênio visual, completa o trio com seu amor por arcades. Em making-offs como o do clipe “Pts.OF.Athrty” e eventos como a NAMM, Hahn citou Street Fighter como favorito, trazendo um toque nostálgico que se reflete em seus trabalhos visuais com estética tecnológica.

Os membros originais Brad Delson, Dave “Phoenix” Farrell e Rob Bourdon, embora menos expansivos sobre o tema, cresceram na era dos anos 90, auge de consoles como PlayStation e Nintendo 64. Rob, em uma entrevista à Modern Drummer em 2003, mencionou seu gosto por atividades competitivas, sugerindo um possível interesse em jogos multiplayer.

Já os novatos Emily Armstrong e Colin Brittain, que entraram em 2024, ainda não compartilharam seus hábitos gamers, mas integram um legado que os conecta a esse universo tão querido por fãs do entretenimento digital.

“Heavy Is The Crown”: um hino nos campos de League of Legends

A mais recente prova dessas ligações com o cenário gamer veio em 2024 com “Heavy Is The Crown”, o hino oficial do League of Legends Worlds 2024. Em parceria com a Riot Games, a música — lançada como single e com um videoclipe no YouTube — captura a grandiosidade do campeonato mundial do MOBA, um fenômeno que mobiliza milhões de brasileiros.

Com letras sobre resiliência e um clipe que mistura batalhas estilizadas com a nova formação da banda, a faixa reflete a energia épica de LoL. Estreada ao vivo em Seul, na final do Worlds, “Heavy Is The Crown” uniu o rock visceral do Linkin Park aos Esports, conquistando streamers e jogadores no Brasil, onde o jogo é uma febre cultural.

Linkin Park no Brasil: um legado vibrante

No Brasil, onde os videogames são extremamente populares e os Esports lotam arenas, o Linkin Park encontrou um terreno fértil. A banda também mantém viva sua relação com os fãs brasileiros através de shows marcantes, como os de 2004, 2012 e 2017, e agora planeja retornar em 2025 com a From Zero World Tour.

Serão três apresentações em novembro: dia 5 em Curitiba (Estádio Couto Pereira), dia 8 em São Paulo (Estádio MorumBIS) e dia 11 em Brasília (Arena BRB Mané Garrincha), celebrando o novo álbum From Zero e clássicos atemporais.

De fato, de Beat Saber em realidade virtual a sessões de Rock Band com amigos, passando por ranqueadas de LoL ao som de “Heavy Is The Crown”, o Linkin Park está em toda parte. E com Emily e Colin ao lado de Shinoda, Hahn, Delson e Farrell, o grupo renova esse vínculo.

O Linkin Park não apenas toca — ele joga, vibra e conecta, provando que seu impacto vai além da música, pulsando nos controles e telas de um país que vive o rock e os games com fervor incomparável.