Jogamos! Resident Evil 2 resgata nostalgia com novos elementos
Jogamos quatro horas da reimaginação do clássico de survival horror!
Faltam pouco mais de dois meses para o lançamento de Resident Evil 2, um dos jogos mais aguardados de 2019. Tivemos a oportunidade de jogar quatro horas das campanhas de Leon Kennedy e Claire Redfield e essa experiência mais longa antes do lançamento corrobora com que já havíamos visto em prévias anteriores: a Capcom está sabendo dosar muito bem nostalgia com inovação.
Leon: Gameplay com Ada Wong, Loja de Armas Kendo e Esgotos
A primeira parte da nossa experiência com Resident Evil 2 foi em uma parte inédita da campanha de Leon Kennedy. Começamos na icônica garagem da R.P.D, onde o policial conhecia a espiã Ada Wong.
E é ela quem está lá, nos esperando, bem na frente da porta da garagem. Ada sofreu grandes mudanças, não somente no visual, mas também na postura e no discurso. Embora ela continue a ser a mulher misteriosa que fisgou o coração de Leon, ela não esconde do novato que está ali para revelar a verdade por trás da Umbrella. A espiã expõe que a empresa farmacêutica é corrupta e domina Raccoon City há anos.
O encontro com Ada nos leva ao lado de fora da R.P.D, em uma grande mudança na dinâmica dos cenários do jogo. Vamos para as ruas de Raccoon City, ainda que por pouco tempo, para logo entrar em um dos locais mais icônicos do clássico: a loja de armas Kendo. Há uma grande mudança de dinâmica aqui. Além de acontecer em um ponto totalmente diferente da história, o encontro entre Leon, Ada e Kendo é menos pacífico do que no original, e também mais condizente com o que se espera de uma cidade consumida pelo apocalipse zumbi.
A presença do vendedor de armas também deixa de ser tão passiva quanto no jogo de 1998. Resident Evil 2 é muito focado nas visões dos protagonistas ou dos policiais da R.P.D, mas pouco se fala dos civis que sofreram com a destruição de Raccoon City. O Kendo da reimaginação oferece esse ponto de vista durante sua aparição, além de adicionar uma forte carga emocional à trama.
Em seguida, partimos para os esgotos, outro trecho icônico do mapa de Resident Evil 2. Aqui, Leon passa o bastão para Ada Wong, que é jogável por um trecho considerável. Esta parte também fez uma revelação importante. Ada não irá usar o casaco bege e óculos escuros o tempo todo. Pouco antes de entrar em ação, ela revela seu icônico e sexy vestido vermelho.
O gameplay com Ada Wong é bem diferente. Ela já começa com pouca munição e uma pistola que não parece muito eficiente. O objetivo aqui não é exatamente derrotar zumbis, mas atravessar os esgotos resolvendo uma série de puzzles. Ada usa um apetrecho tecnológico que serve para hackear componentes eletrônicos, liberando portas e passagens de ventilação – nada de ficar girando a famosa valve handle nessa parte.
Você passa boa parte do tempo investigando como terminais se conectam através de cabos para poder avançar pelo cenário. Zumbis são um problema à parte, e dão uma certa atrapalhada no seu serviço ao surgirem das sombras enquanto você tenta descobrir onde está o próximo painel a ser hackeado.
Apesar do dispositivo de Ada ser bem interessante e dar um ar meio 007 a ela, não parece combinar muito com o clima do jogo ou com a época em que ele se passa. É claro que estamos falando de uma obra de ficção e altas doses de baboseira cientifica, mas o aparelho acaba lembrando muito o Genesis Scanner de Resident Evil Revelations.
Quem também surge aqui é o famoso Tyrant T-002 ou “Mr. X”, para os íntimos do clássico. O inimigo aparece durante um dos enigmas, em que Ada precisa atravessar duas passagens. Uma delas tem dois corredores bastante estreitos, o que faz com que desviar não seja exatamente uma opção. O Tyrant não pode ser derrotado ou derrubado, apenas atordoado temporariamente e isso depende de alguns tiros certeiros na cabeça dele – o que gasta tempo e munição.
O trecho com Ada Wong também revelou o papel de Annette Birkin na trama. A esposa do criador do G-vírus é uma espécie de “rival” da espiã. As duas parecem se conhecer de outros tempos e se enfrentam o tempo todo, com palavras e ações. Annette sabe muito bem o que Ada pretende e a espiã entrega de imediato para Leon que a esposa de William Birkin faz parte da Umbrella e é uma figura perigosa e nada confiável. Provavelmente, alguns conceitos sobre as duas mudarão ao longo da jornada.
Com o fim do gameplay com Ada, voltamos a controlar Leon. O policial continua a desbravar os esgotos e a partir daí recebemos mais uma dose de nostalgia: topamos com o icônico jacaré gigante. Pelo que ficamos sabendo das entrevistas, esta era uma parte que preocupava bastante os produtores. A criatura certamente é imponente e bem mais assustadora do que a original, além de trazer novos elementos para o combate.
Os esgotos da reimaginação de Resident Evil 2 estão bem mais elaborados do que no original. O cenário é repleto de corredores escuros, inundados e sujos. Alguns locais icônicos são facilmente identificáveis, mas no geral os novos esgotos lembram mais experiências como as de Resident Evil Outbreak ou RE: The Darkside Chronicles.
No original os esgotos são quase um local de passagem, com puzzles simples para abrir uma porta oculta. Agora, com a ampliação do cenário, você pode explorar bem mais o lugar e também ser surpreendido com sustos em áreas escuras e com a água abaixo dos seus pés. Um dos corredores traz um embate rápido com um mini-chefe, o “Baby G”. A criatura surge quando William Birkin infecta um hospedeiro com um dos seus “embriões G”. A batalha é simples, apesar de começar com um grande susto, depois de a criatura surgir de forma bastante surpreendente debaixo d’água.
O jacaré gigante também não poderia deixar de dar o ar da graça. O produtor de Resident Evil, Yoshiaki Hirabayashi, disse que reintroduzir o réptil nos esgotos era um desafio para conseguir manter o ar realista que ele queria passar com esse novo jogo. A tarefa certamente foi muito bem executada, e a criatura também traz uma nova faceta para o embate, que ficou bem mais elaborado agora.
Os cenários também dão pistas do que aconteceu por ali antes da ruína de Raccoon City. É possível encontrar os corpos de soldados da U.S.S. espalhados pelo local, inclusive uma fita VHS com uma provável filmagem do que se desenrolou ali dias antes. Para quem não se lembra: é nos esgotos em que os vírus G e T vazam, causando a infecção em Raccoon City. Tudo é consequência da invasão do laboratório da Umbrella pelos soldados das forças da U.S.S. para roubar o G-vírus de William Birkin.
Nem tudo dos esgotos pode ser devidamente explorado nesta demo, mas certamente o cenário está renovado e agrega muitas novidades ao gameplay.
Claire: Lickers, R.P.D, Brian Irons e Tyrant
O gameplay com Claire Redfield começou exatamente onde nosso teste anterior havia terminado. Depois de nos encontrarmos com Sherry Birkin, a menina é raptada pelo chefe de polícia, Brian Irons, e Claire fica decidida a salvá-la. Como não conseguimos sair pelo portão da garagem da R.P.D, o que nos resta é explorar o interior da delegacia mesmo.
Claire está no subsolo da R.P.D. Além da garagem, temos ali corredores escuros e áreas sinistras como o necrotério, todas reconstruídas nesta reimaginação de Resident Evil 2. A galeria de treino de tiro também está lá – esta última sala é um resquício de Resident Evil 1.5, a famosa versão beta do game que intriga os fãs até hoje.
Os andares inferiores da delegacia são infestados por Lickers. As icônicas criaturas são cegas e se guiam totalmente pelo som que Claire emite. A melhor estratégia é não correr e evitar chegar muito perto deles. Nem sempre dá certo, já que em alguns momentos você pode ser surpreendido por um Licker surgindo do teto de forma totalmente inesperada.
A combinação entre os Lickers e os cenários escuros tornam o subsolo da delegacia um local realmente assustador. Nesses locais, o lança granadas de Claire se torna seu maior aliado. Alguns zumbis também dão as caras e a melhor saída é sempre tentar incapacitá-los com tiros nas pernas, já que os headshots estão bem mais difíceis de serem executados agora.
Um ponto interessante desta demo foi a possibilidade de ver como está a dificuldade final de Resident Evil 2. Até o momento havíamos testado o game em demonstrações públicas, que tendem a ter a dificuldade reduzida para facilitar os testes. Dessa vez, vimos o jogo em sua dificuldade padrão e as coisas não são tão fáceis assim. Headshots em zumbis não são tão simples e é preciso explorar constantemente para não ficar sem recursos, especialmente munição. Ainda, fugir nem sempre significa segurança: agora os zumbis perseguem você até a próxima sala, inclusive abrindo portas.
Essa nova demonstração com Claire é um pouco semelhante à primeira demo do jogo com Leon. Estamos basicamente “livres” para explorar tudo dentro da R.P.D, coletar itens, resolver alguns problemas e descobrir segredos da delegacia. Algumas das áreas novas que vimos incluem o escritório do vilão Brian Irons, reproduzido quase de forma idêntica ao original, com vários animais empalhados. Vimos também a icônica sala dos S.T.A.R.S, com todos os seus detalhes minimamente reproduzidos novamente, como aquela jaqueta de Chris pendurada ao fundo, ou a bolsa de primeiros socorros de Rebecca, que sempre contém um spray salvador.
O ponto central da demo gira em torno de resolver um puzzle específico dentro da sala do chefe de polícia. Esse único objetivo se subdivide em outros, levando Claire a vários locais em busca da solução. Esse tipo de mecânica de gameplay, o backtracking, que faz o jogador ir e voltar nas mesmas áreas em busca de itens, era uma marca da série em sua era clássica e se faz presente na reimaginação de Resident Evil 2.
Enquanto vaga pela delegacia em busca da solução para este quebra-cabeça intrincado, Claire é perseguida quase o tempo todo pelo Tyrant. O monstro não tem hora nem local para aparecer ou para perseguir a personagem (exceto as salas de save). Agora ele invade inclusive o saguão principal, que era considerado um local 100% seguro nos clássicos.
A presença do Tyrant é marcada por uma música de fundo sutil (que só avisa os mais atentos) e por seus passos pesados. Ele é um monstro imenso em meio aos corredores apertados da R.P.D. Não há muito o que fazer além de fugir até conseguir uma distância segura. A situação é bem intimidadora – não tão tensa quanto quando Nemesis aparecia em Resident Evil 3 – e você sabe que tem grandes chances de padecer se não estiver bem equipado ou afiado nos controles para dar bons desvios (nos raros momentos em que há espaço para isso).
Em algumas salas, a presença do Tyrant se mistura à de zumbis e de Lickers, o que faz tudo se transformar na definição do desespero. Como também aconteceu no trecho em que Ada é jogável, o Tyrant não pode ser derrotado, apenas atordoado por um curto período de tempo com tiros na cabeça ou granadas. Os momentos em que ele aparece são sempre acompanhados de tensão e do dilema: “gasto minha escassa munição para derrubá-lo rapidinho ou tento a sorte na hora de desviar?”. É o tipo de situação em que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
O fim da demo de Claire revela uma área inédita para a reimaginação de Resident Evil 2. Ao resolver o enigma na delegacia, somos transportados para uma cena de corte com Sherry Birkin. A menina foi levada por Brian Irons para um orfanato. Infelizmente, não pudemos ver muita coisa desse novo cenário, mas as imagens da Capcom falam por si.
Pelo visto, apesar de a Capcom estar se mantendo bastante fiel ao original, essa demonstração mais longa mostrou uma série de novos elementos de história, gameplay e novas áreas a serem exploradas estão sendo incluídas. Esse aspecto explica porque a empresa não quer que Resident Evil 2 seja visto como um mero “remake”. Apesar de ter suas bases no jogo clássico e evocar muitos sentimentos de nostalgia, o game definitivamente não traz somente uma experiência atualizada e mais moderna, mas também muito mais realista e madura do clássico de 1998.
Resident Evil 2 será lançado em 25 de janeiro de 2019.