Hollow Knight: a história do começo ao fim (com spoilers)
Marco do metroidvania, Hollow Knight conta uma aventura cercada por mistérios e grandes momentos
Imagine um reino escondido nas profundezas da terra, um lugar onde a luz mal toca e o silêncio é quebrado apenas pelo eco de passos solitários. Este é Hallownest, um império de insetos que já brilhou como uma joia subterrânea, mas agora jaz em ruínas, envolto em mistério e melancolia.
Hollow Knight não é apenas uma história de aventura; é um épico tecido com fios de tragédia, sacrifício e segredos sussurrados pelo vento que atravessa corredores esquecidos. Desça conosco nesse passo a passo, até o coração sombrio deste mundo, onde um pequeno cavaleiro sem nome carrega o peso de uma narrativa tão vasta quanto as cavernas que o cercam.
O esplendor perdido de Hallownest
Era uma vez um reino onde a ordem reinava absoluta. Hallownest erguia-se majestoso sob o comando do Rei Pálido, um ser de poder incomensurável que não nasceu como rei, mas como Wyrm — uma criatura colossal, antiga como o próprio tempo.
Cansado de sua forma imensa, ele se desfez dela, emergindo como uma figura esguia e luminosa, trazendo consigo um dom raro: a consciência. Aos insetos simples que rastejavam nas sombras, ele ofereceu mentes, sonhos e um propósito.
Assim nasceu a Cidade das Lágrimas, com suas torres reluzentes e fontes eternas, um símbolo de um futuro que nunca morreria.
Mas toda luz projeta uma sombra. Enquanto o Rei Pálido moldava seu paraíso, algo mais antigo despertava. A Radiância, uma entidade de luz dourada e sonhos febris, havia sido a primeira a governar os insetos de Hallownest.

Ela era seu sol, sua deusa, até que o Rei a destronou, roubando a adoração que a sustentava. Abandonada, ela se recolheu ao Reino dos Sonhos, mas sua ira não descansou.
Dela nasceu a Infecção, uma praga alaranjada que rastejava como fogo líquido, queimando as mentes dos habitantes e transformando-os em cascas selvagens. O reino que o Rei Pálido jurou proteger começou a desmoronar, e com ele, sua promessa de eternidade.
O pequeno cavaleiro e o chamado silencioso
No meio desse caos silencioso, ele apareceu: o Cavaleiro. Pequeno, com um chifre quebrado e um olhar vazio, ele não fala, mas carrega uma presença que ressoa como um tambor nas profundezas.
Quem é ele? Um andarilho? Um salvador? Não sabemos ao certo, mas o que o trouxe a Hallownest foi um chamado — um sussurro que ecoava de algum lugar além das ruínas, talvez do próprio Abismo onde ele nasceu.
O Cavaleiro é um Vaso, uma das muitas criaturas forjadas pelo Rei Pálido no Vazio, uma substância negra e viva que pulsa como um coração esquecido. Ele não era o único; milhares como ele foram criados, testados e descartados, tudo para encontrar um que fosse puro o suficiente para selar a Radiância.

Quando seus pés tocam o solo rachado de Dirtmouth, a última vila viva acima de Hallownest, o Cavaleiro encontra um mundo em pedaços. As estradas estão cheias de cascas enlouquecidas, os túneis cantam com o lamento da Infecção, e os poucos que ainda respiram carregam histórias fragmentadas.
Há Quirrel, o viajante de fala mansa, cuja memória é uma névoa que ele tenta desvendar. Há Hornet, a guerreira de agulha afiada, que o observa com desconfiança e o desafia em duelos ferozes. E há os Sonhadores — Monomon, Lurien e Herrah —, três guardiões mascarados que dormem em seus santuários, mantendo um selo frágil sobre o passado.
O Cavaleiro não hesita; ele desce, como se soubesse que seu destino está entrelaçado com o de Hallownest.
O Hollow Knight: o herói condenado
No fundo do reino, preso na Câmara Negra, está o Hollow Knight. Ele foi o escolhido, o Vaso perfeito que o Rei Pálido moldou com cuidado e esperança. Diferente dos outros, jogados como lixo no Abismo, ele foi levado ao Palácio Branco, treinado para carregar o fardo que nenhum inseto comum poderia suportar.
Quando a Infecção se espalhou, o Rei o selou com a Radiância dentro de si, um sacrifício para salvar Hallownest. Três Sonhadores ergueram suas máscaras, e o Hollow Knight foi acorrentado, sua pequena forma tremendo enquanto a luz alaranjada lutava para escapar.

Mas o Rei cometeu um erro. Ele amou o Hollow Knight como um filho, e esse amor — essa faísca de emoção — tornou o Vaso impuro. A Radiância, astuta e implacável, encontrou essa brecha. Ela sussurrou em sua mente, corroeu seu vazio, e a Infecção começou a vazar, lenta e inexorável.
Quando o Cavaleiro o encontra, o Hollow Knight é uma ruína viva, seu corpo rachado jorrando a praga que ele deveria conter. O embate entre eles é mais do que uma batalha; é um lamento, um grito de dois irmãos presos na mesma tragédia. O Cavaleiro ergue seu prego, e o som do metal contra metal ecoa como o último suspiro de uma era.
A Radiância: a luz que consome
E então, com a Dream Nail em mãos, o Cavaleiro mergulha mais fundo — não no chão, mas nos sonhos. Lá, ele encontra a Radiância em toda sua glória terrível. Ela é um sol furioso, suas asas de mariposa pulsando com luz cegante, seus olhos queimando com a raiva de uma deusa traída.
Antes do Rei Pálido, ela era tudo: a fonte dos sonhos, a mãe dos insetos, a luz que guiava suas mentes frágeis. Mas quando eles a esqueceram, escolhendo a ordem fria do Rei em vez de sua chama selvagem, ela se tornou um eco vingativo.
A Infecção não é apenas uma doença; é o grito da Radiância, uma tentativa de reclaimar o que foi perdido. Ela não quer destruir Hallownest — ela quer que o reino se curve a ela novamente. Na batalha final, o Cavaleiro enfrenta essa força primordial, mas ele não está sozinho.

O Vazio dentro dele desperta, e a sombra do Hollow Knight se junta ao combate, uma dança de escuridão contra luz. Quando o golpe final é dado, a Radiância se desfaz em fragmentos dourados, e o silêncio retorna. Mas será que ela realmente se foi?
Hornet: a guardiã solitária
Entre os escombros, Hornet permanece. Filha do Rei Pálido e de Herrah, a Besta, ela é mais do que uma guerreira — ela é o último fio de esperança em um reino desfeito. Seu olhar é firme, mas seus silêncios carregam o peso de quem viu demais. Ela não serve ao Rei nem à Radiância; ela serve a Hallownest, ou ao que resta dele.
Quando o Cavaleiro a encontra, ela o testa, como se quisesse saber se ele é digno de carregar o fardo que seu pai deixou para trás. E no fim, dependendo do caminho que ele escolhe, ela o vê partir — ou desaparecer.
Os finais são como notas em uma melodia inacabada. Em um, o Cavaleiro toma o lugar do Hollow Knight, selando a Radiância em seu próprio corpo, um eco do sacrifício que veio antes. Em outro, ele destrói a Radiância com o poder do Vazio, libertando Hallownest da Infecção, mas desaparecendo nas sombras, deixando Hornet sozinha.

Há ainda sussurros de um destino maior, nas expansões como Godmaster, onde o Cavaleiro ascende entre os deuses, mas essas são histórias para outro dia.
O Abismo: o coração negro de tudo
E então, há o Abismo. Desça comigo até lá, onde as máscaras quebradas dos Vasos caídos formam montanhas de arrependimento. Aqui, o Rei Pálido criou seus filhos, mergulhando no Vazio para forjar armas contra a Radiância. O Vazio é mais do que uma substância; é uma força viva, um mar de escuridão que sussurra promessas de poder e silêncio.
O Cavaleiro, ao abraçar o Coração do Vazio, torna-se seu arauto, uma sombra que desafia tanto a luz do Rei quanto a chama da Radiância.
O que é o Vazio, afinal? Um inimigo? Um aliado? Talvez seja a verdadeira essência de Hallownest, um reflexo do que acontece quando os sonhos morrem e os reis falham. No Abismo, o Cavaleiro encontra sua origem — e talvez seu fim.
O fim de uma canção
Hallownest não é mais o que foi. A Cidade das Lágrimas chora eternamente, os Sonhadores dormem em seus túmulos, e o Rei Pálido desapareceu, seu Palácio Branco perdido nos sonhos. O Cavaleiro, pequeno e silencioso, deixou sua marca, mas o que resta é um vazio que ecoa. Hornet espera, talvez por um novo começo, talvez por Silksong, onde sua própria história será contada.
Esta é a saga de Hollow Knight, um conto de insetos e deuses, de luz e sombra, de um reino que caiu porque ousou sonhar alto demais. Feche os olhos e ouça: o som de um prego contra a pedra, o sussurro do Vazio, o lamento de uma deusa esquecida. Hallownest vive em nós, um eco que nunca silencia.
Quais suas lembranças de Hollow Knight? Você está com expectativas para Silksong? Comente!