Atomfall é o novo Fallout? Entenda as principais diferenças entre os jogos
Previsto para ser lançado nesta semana, game de ação e sobrevivência da Rebellion traz referências a Fallout, mas apenas referências
Nas últimas semanas, as redes sociais têm fervilhado com comparações entre Atomfall, o novo jogo da Rebellion Developments lançado em 27 de março de 2025, e a icônica franquia Fallout, da Bethesda.
À primeira vista, é fácil entender por que os fãs traçaram paralelos: ambos os títulos se passam em mundos pós-apocalípticos marcados por desastres nucleares, com paisagens devastadas e uma aura de sobrevivência.
No entanto, conforme os jogadores mergulham em Atomfall, fica claro que essas semelhanças são apenas superficiais.
Um apocalipse com identidades distintas
Fallout é conhecido por sua visão expansiva de um mundo pós-apocalíptico americano, onde a guerra nuclear de 2077 transforma os Estados Unidos em um deserto de radiação, mutantes e facções em conflito. A franquia mistura humor ácido, estética retrô-futurista dos anos 50 e um tom satírico que reflete críticas à sociedade de consumo e ao militarismo.
Seus cenários icônicos — como os desertos de Mojave em New Vegas ou as ruínas de Washington em Fallout 3 — são vastos e muitas vezes desolados, com uma sensação de grandiosidade caótica.
Por outro lado, Atomfall adota uma abordagem mais contida e regional. Ambientado em uma Inglaterra alternativa dos anos 1960, cinco anos após um desastre nuclear fictício inspirado no incêndio real de Windscale em 1957, o jogo se passa em uma zona de quarentena no norte do país, especificamente na região de Cumbria.

Diferente dos desertos áridos de Fallout, o mundo de Atomfall é exuberante, com campos verdes, florestas densas e vilarejos pitorescos que escondem um terror sutil. A Rebellion optou por um tom mais sério e realista, influenciado pela ficção científica britânica clássica, como Doctor Who, The Quatermass Experiment e The Day of the Triffids.
Enquanto Fallout abraça o exagero e o absurdo, o novo título de ação e sobrevivência busca uma atmosfera de mistério e tensão, com uma narrativa que reflete conspirações e desespero.
Liberdade com foco diferente
A narrativa de Fallout é um dos pilares de sua identidade. Jogos como New Vegas e Fallout 4 oferecem mundos abertos gigantescos, repletos de missões principais e secundárias que permitem aos jogadores moldar o destino de regiões inteiras.
A progressão é guiada por escolhas morais complexas, sistemas de karma (em títulos mais antigos) e árvores de habilidades robustas, típicas de RPGs tradicionais. Já sua história é entregue em grandes doses, muitas vezes com diálogos extensos e uma sensação de que o jogador é o centro do universo pós-apocalíptico.
Atomfall, por sua vez, toma um caminho distinto. Embora também ofereça liberdade, seu foco está na investigação e na descoberta orgânica. Em vez de um mapa único e expansivo, o jogo apresenta várias zonas menores interconectadas, criando uma experiência semiaberta que recompensa a exploração.

Não há uma missão principal tradicional ou uma barra de progresso clara; a narrativa é um “teia de aranha” de histórias entrelaçadas, como descreveu Ryan Greene, diretor de arte da Rebellion, em entrevista ao IGN.
O jogador acorda sem memória em um bunker e deve juntar pistas — seja por meio de diálogos com NPCs, notas espalhadas ou telefonemas misteriosos — para entender o que aconteceu em Windscale e como escapar da quarentena. Essa abordagem faz de Atomfall menos um RPG no sentido clássico e mais uma aventura de sobrevivência com elementos narrativos profundos.
Sobrevivência frágil vs. poder progressivo
A jogabilidade é outro ponto onde Atomfall e Fallout divergem significativamente. Em Fallout, os jogadores começam frágeis, mas logo evoluem para máquinas de guerra graças a sistemas de níveis, perks e um arsenal vasto que inclui armas icônicas como o Fat Man.
O combate varia entre tiroteios em primeira pessoa e o sistema V.A.T.S., que adiciona uma camada tática pausada. A sobrevivência, embora presente em modos como o de Fallout 4, é secundária à progressão do personagem e à exploração de um mundo aberto.
Atomfall inverte essa lógica. Aqui, o protagonista é um “homem comum”, como comparado ao filme Children of Men pela equipe da Rebellion, e a fragilidade é uma constante. Recursos como munição, comida e itens de cura são escassos, forçando o jogador a pensar estrategicamente.

O combate mistura tiroteios tensos com lutas corpo a corpo brutais, mas cada confronto é arriscado — tanto o jogador quanto os inimigos podem morrer rapidamente. A Rebellion enfatiza que é possível completar o jogo sem matar ninguém, usando furtividade ou diplomacia, ou, alternativamente, eliminar todos no caminho, com múltiplos finais refletindo essas escolhas.
Diferente de Fallout, não há sistema de XP ou progressão tradicional; melhorias vêm de “Skill Tonics” raros encontrados no mundo, o que reforça a ênfase na exploração.
A gestão de recursos também é mais central em Atomfall. Detectores de metal ajudam a encontrar suprimentos escondidos, e o comércio é feito por troca, já que dinheiro não tem valor na zona de quarentena.
Enquanto Fallout permite acumular riquezas e construir bases, Atomfall mantém o jogador em um estado de vulnerabilidade, alinhado com sua proposta de “sobrevivência desesperada”, como descreveu Ben Fisher, chefe associado de design da Rebellion.
Humor sarcástico vs. seriedade
O tom de Fallout é inconfundível: uma mistura de humor ácido, referências culturais e absurdos pós-apocalípticos, como robôs falantes e cultos adoradores de bombas. Esse estilo leve e satírico contrasta com a desolação do cenário, criando uma identidade única que os fãs adoram.
Já Atomfall adota uma abordagem mais sombria e fundamentada. Inspirado por obras britânicas de ficção científica, o jogo foca em um terror invisível — a radiação, os cultos misteriosos e as criaturas mutantes que espreitam nas sombras. Não há espaço para piadas ou exageros; a experiência é crua, com um design de som minimalista que amplifica o mistério.
Comparação enganadora, mas complemento valioso
Embora as comparações nas redes sociais entre Atomfall e Fallout sejam inevitáveis, elas não capturam a essência do que a Rebellion criou. Atomfall não é um concorrente direto de Fallout, mas uma proposta distinta que troca a grandiosidade por intimidade, o humor por mistério e o poder por fragilidade.
Para a comunidade de Fallout, o jogo oferece uma chance de explorar um apocalipse diferente — não como substituto, mas como um complemento que prova que o gênero pós-apocalíptico ainda tem muito a oferecer.
Se os fãs estiverem dispostos a deixar de lado as expectativas de um “Fallout britânico” e abraçar algo novo, Atomfall pode se revelar uma surpresa gratificante em 2025.
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