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Final Fantasy XV: Vale a pena?

por Raphael Batista
Final Fantasy XV: Vale a pena?

“Quando a noite chegar

E a Terra ficar escura

E a lua for a única luz que veremos

Eu não vou ter medo

Enquanto você ficar comigo.”

Stand by me

A música “Stand by Me”, interpretada por Florence + The Machine, retrata com excelência a essência de Final Fantasy XV: unidade, irmandade, fraternidade e família.

Com2 - Selo de Ouro um enredo digno dos seus antecessores, contemplando uma jogabilidade moderna que funciona devidamente bem, com um trabalho sonoro espetacular, Final Fantasy XV conquista a categoria de ser um dos melhores jogos de 2016.

Um Final Fantasy para fãs e novatos

Essa é a frase logo apresentada no início do jogo. Tal sentença evidencia claramente a intenção da Square Enix: contemplar as características que consolidaram a franquia ao longo dos anos para os fãs de carteirinha e inserir elementos modernos para atrair um público jovem e formar novos admiradores.

Para tanto, nossa análise foi feita com base nesta nova premissa da produtora através de dois redatores: um fã que acompanha a série desde os primeiro títulos do SNES e por um novato que jogou Final Fantasy pela primeira vez. A experiência foi unânime: o jogo é excelente.

É preciso pontuar uma característica peculiar: FFXV rendeu-se ao modernismo. Isso não é ruim. Pelo contrário, renovou-o positivamente. O sistema de combate deixou de ser baseado em turnos para aderir às lutas dinâmicas, com magias e técnicas a serem utilizadas de acordo com estratégia necessária.

Essa mudança fez com que muitos fãs torcessem o nariz de início devido ao traço marcante que foi o sistema em turnos. Entretanto, algumas mudanças vêm para o bem. Os combates deste capítulo de Final Fantasy chegam a lembrar aos de Kingdom Hearts 2, porém, ainda mais frenéticos, com combos trabalhados pela velocidade e movimentação.

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Neste caso, o título da Square Enix abandonou o tradicional para incorporar completamente o moderno. Não há equilíbrio. Há uma preponderância deste sobre aquele. A Square ainda tentou atenuar este desequilíbrio pelo “modo estratégia”, mas deste falaremos posteriormente.

Na maioria das demais características, a produtora acertou incisivamente. Houve uma compensação digna que proporcionou harmonia entre o antigo e o contemporâneo da franquia.

Uma fantasia visual

Não há como deixar de falar, em primeira instância, sobre a beleza exuberante dos gráficos apresentados em Final Fantasy XV. São surpreendentes os detalhes visuais.

Assim como em produções anteriores, a equipe de desenvolvimento demonstrou especialidade na elaboração de títulos visualmente belíssimos. Com essa nova produção, tal habilidade atingiu um patamar superior.

As paisagens são como pinturas moldadas pelas mãos talentosas de artistas como Michelangelo, Botticelli ou Sanzio. A composição artística se dá desde o céu resplandecente pelo sol brilhante, florestas verdes, mares vivos, até desertos escaldantes. Tudo num trabalho singular.

O trabalho gráfico é tão bem projetado que é comum o jogador ligar o carro, o lindo Regalia, atravessar as estradas ao som de álbuns das trilhas sonoras de Final Fantasy anteriores, apenas para apreciar as últimas luzes do dia, observando o por do sol.

Não diferente da ambientação, o bestiário recebeu cuidados especiais e devidos. Os inimigos que Noctis enfrenta são dos mais variados, desde gobblins travessos até seres colossais assustadores. Todos, sem exceção, são únicos.

Cada ser possui comportamentos, habitats e desenhos singulares, o que proporciona a diversidade de inimigos a serem caçados, analisados e enfrentados. Essa imensidão apenas comprova o trabalho excepcional realizado pela Square Enix em gerar um jogo vasto e rico.

Sem a música, a vida seria um erro

A composição da trilha sonora de Final Fantasy XV é um trabalho de primazia dos tempos atuais. É impossível não perceber um cuidado superior na orquestração dos instrumentos para que o resultado fosse algo próximo da perfeição.

Como marca registrada da série, a trilha sonora é completa e possui uma qualidade impecável. De acordo com os momentos vivenciados, as músicas ditam o ritmo do coração do jogador, que pulsa conforme a emoção passada pelos personagens.

Ao entrar em uma caverna escura, logo o som de um órgão toma espaço dos sons ambientes. Com isso, apreensão e cautela são incitadas no jogador de forma devida.

Saindo deste escuro local para adentrar em uma floresta com construções abandonadas, a flauta transversal e o piano dão calmaria e sensação de alívio.

Vivemos o jogo conforme a orquestração comanda.

Para os mais saudosos, fica ainda melhor: é possível comprar, em várias lojas espalhados pelo mapa, as coletâneas dos antigos FF para serem ouvidas dentro do Regalia. Nostalgia pura.

Um por todos e todos por um

Não há bordão que exemplifique melhor a relação entre Noctis e seus amigos, assim como a interação deles com todo o contexto em que o enredo se desenvolve.

O  mais curioso é como a trama torna-se secundária diante da relação familiar entre os quatro amigos, quase irmãos. A relação entre eles exala um sentimento verdadeiro de cuidado, responsabilidade, irmandade, amor. Isso é construído muito bem fundamentado.

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Noctis é o príncipe herdeiro de Lucis. Apesar de sua timidez, ele leva um temperamento forte, um tanto quanto imaturo e egoísta para um futuro rei, mas que evolui ao longo do trajeto.

O príncipe é o único controlado pelo jogador, tendo à disposição o completo arsenal de armas, sem restrições. Porém, é possível ordenar comandos para os outros integrantes, a utilizarem ataques específicos.

Gladiolus é o escudo do príncipe, agindo sempre com sensatez e “mandando a real” para Noctis sempre que possível. Por muitas vezes, Gladio demonstra o cuidado e a responsabilidade como um pai.

Justamente por ser o escudo, Gladio ataca apenas com espadas pesadas ou com escudos. Sua posição no campo de batalha é ser o tanque, devido ao seu alto status de PV (pontos de vida), defesa e ataque.

Ignis é o cozinheiro e o cérebro do grupo. Um homem intelectual, realista, irônico e determinado. É o único capaz de desfazer nós-cegos diante das problemáticas.

Assim como todo estrategista, Ignis utiliza da distância para observar as fraquezas do inimigo e atacar com armas rápidas como adagas, por exemplo.

Prompto é o fotógrafo e o mais carismático de todos. Sua alegria e prontidão em ajudar os amigos demonstra o quanto ele é comprometido com a amizade. Seus comentários e falas, com toda certeza, arrancarão muitos risos de quem está jogando.

Por ser o mais jovem, Prompto é o que possui menores atributos de vida e defesa, porém, junto com suas armas de fogo e ataques especiais, é o que causa maior dano em conjunto.

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Da esquerda para a direita, Noctis, Ignis, Prompto e Gladiolus.

No melhor estilo “boy band“, os quatro amigos mostram como uma família pode passar por dificuldades, por atritos trágicos, encontrar a solução e, juntos, correr atrás do objetivo.

A jornada do Rei

Noctis, Gladiolus, Ignis e Prompto partem numa jornada para encontrar Lady Lunafreya, noiva de Noctis, para juntos somarem forças contra o Império Niflheim, o qual tem conquistado e dominado vários territórios e disseminando a destruição.

Entretanto, são vários os acontecimentos que mudam o rumo da história para caminhos inesperados e reveladores de um inimigo muito mais perigoso.

A narrativa é muito bem construída, com momentos surpreendentes e emocionantes, mantendo a tradição dos impactantes enredos da série Final Fantasy. Drama, ação, comédia, todos os ingredientes são inseridos de maneira equilibrada, resultando numa história completa, sólida, interessante.

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Por causa da adoção de um mundo aberto, inicialmente a história principal caminha em passos lentos. Mas conforme a progressão, os acontecimentos são amarrados coerentemente e tudo torna-se mais chamativo. Sobretudo pela realização das inúmeras quests secundárias que inserem ainda mais o jogador no game.

Uma dica é assistir ao filme Final Fantasy XV: Kingsglaive, produção que mostra os acontecimentos anteriores do jogo.

O novo é consequentemente melhor? Nem sempre…

Final Fantasy assume para si elementos inéditos, abandonando certos paradigmas construídos ao longo da consolidação da franquia. A questão é: tais alterações foram acertadas?

É difícil responder em uníssona a essa pergunta, porém acontece uma triste ambiguidade em certos pontos.

A produtora acertou na formulação do combate dinâmico, mas pecou ao trazer um sistema falho que tentou simular os turnos.

O modo estratégico, como é denominado, faz com que os embates aconteçam em um ritmo cadenciado com um propósito específico para realizar ações pensadas e estratégicas.

A ideia é muito boa, porém muito mal executada. O modo retratado não consegue cumprir devidamente seu papel, sendo logo descartado pelos jogadores no início da jornada devido à complexidade do recurso e causando frustração àqueles que esperavam reviver um gameplay mais tradicional.

Outro caso que sofre pela dualidade de produção foi os summons presentes no título. O lado positivo se dá pelas cinemáticas envolvendo entidades colossais clássicas com poderes destruidores capazes de reduzir drasticamente a vida de vários inimigos.

É de impressionar o Leviatã ascendendo das águas, causando estragos com seus poderes marítimos, ou então observar a destruição em massa que Ramuh pode promover com seus ataques fulgurais. Toda a produção é de empolgar qualquer jogador.

Entretanto, o lado negativo é trágico. Comparado aos antecessores da saga, os summons estão em quantidade muito reduzida: são apenas 6. Como se não bastasse, a invocação acontece de modo confuso.

Não há qualquer indicativo na tela, ou nos status de Noctis, ou no menu que mostre quando é possível convocar esses poderosos aliados. Para que haja a invocação, basicamente, é preciso que a batalha demore um bom tempo, os inimigos sejam fortes e Noctis esteja em perigo iminente.

Como pode-se perceber, todas essas circunstâncias acabam complicando demasiadamente os summons, fazendo com que o aparecimento deles seja aleatório. O jogador perde o direito de escolher quando melhor utilizá-los para estar a mercê da inteligência do game, que julgará quando for, ou não, preciso que os seres ajudem Noctis.

Apesar de ser confusa a convocação, o poder destrutivo dos summons é assustador.
Apesar de ser confusa  o poder destrutivo dos summons é assustador.

A Ascensão, árvore de habilidades e sistema de upgrades e melhorias de combate, magia, exploração e afins, também possui um dilema. São muitos! São mais de 50 aptidões a serem feitas, causando confusão na escolha de habilidades.

Isso não chega a ser problema sério, mas por causa de tantas opções, torna-se complicado escolher a melhor que se adeque ao estilo de jogo preferido. Principalmente quando se está no início, antes de ter passado qualquer desafio.

Outra perda sentida é a falta de um bestiário que demonstre as características dos seres encontrados ao longo da aventura. Como são inúmeras as criaturas, um data log mostrando as fraquezas, habitats, nomes e especificações gerais seria ideal para consulta e até passatempo para os mais apaixonados.

Um trabalho de ouro

A produção da Square é realmente uma das melhores a serem experimentadas pelos jogadores. Um projeto singular, que apesar de não ser perfeito, busca entregar uma experiência ímpar.

A jogabilidade, por parte do combate, erra devido às complicações desnecessárias dos summons e por devida dificuldade na aproximação do combate. Mas por parte da exploração, a experiência é completamente imersiva e divertida.

Pela construção do enredo sólido e interessante, gameplay inovador para série, personagens carismáticos que retratam a vida de uma família como qualquer outra, Final Fantasy XV consagra-se como um dos melhores RPGs da franquia e do gênero.

Colaborou enormemente nesta análise, Renan Klopper.

Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.