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[Análise Rápida] Observer: Vale a Pena?

Mente sã, corpo são...

por Hugo Bastos
[Análise Rápida] Observer: Vale a Pena?

Você está em uma Polônia pós-apocalíptica. As pessoas aprenderam a depender de drogas e implantes eletrônicos. O futuro é sombrio e escuro. E você é Daniel Lazarski, um policial que faz parte de um seleto grupo, chamado “Os Observadores”. Você pode entrar na mente das pessoas. Seus sonhos e pesadelos. Seus medos e anseios. Isto é Observer.

Um jogo que lembra, notadamente, outro grande clássico do mundo dos games, System Shock 2. Embarque em uma jornada, onde o medo e tensão não o deixarão em paz. O mundo é real, ou apenas fragmentos de uma mente perturbada? Aquilo é uma sombra, ou é algo me observando? Eu sei que eu sou eu. Mas você sabe se você é você?

O Olho do Observador

A história do jogo é extremamente instigante. Após receber o chamado de socorro de seu filho, e ir parar em uma das partes mais pobres da cidade, Daniel precisa entrar nas mentes dos drogados e desesperados, para poder achar uma pista qualquer sobre o paradeiro dele.

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Apesar de não ser um exemplo de pai, Daniel não pode deixar de atender ao pedido de socorro do filho. Fonte: Captura de Tela.

Esta premissa básica já é base para toda tensão presente no jogo. Diversos personagens comportam-se de formas diferentes. Mas algo que muitos tem em comum é que suas mentes são fragmentadas. Assim, as incursões de Daniel se tornam aterradoras. Uma viagem ao inferno pessoal de cada pessoa.

Conforme o jogador avança na história, a própria mente de Daniel vai se corrompendo, e ele vai perdendo a capacidade de diferenciar o real do fantasioso. Estaria ele vendo paredes feitas de órgãos? Este é, certamente, o maior trunfo do jogo. Criar uma história que, ao mesmo tempo, é extremamente imersiva e imensamente perturbadora.

Tal Qual Blade Runner

Além de System Shock, outra referência do jogo é sua ambientação fortemente inspirada em Blade Runner. Quer tenha sido de forma intencional, quer acidental, o certo é que o jogador se sentira quase um Rick Deckard. A ambientação é fantástica, e transmite de forma intensa a opressão e totalitarismo da época.

Os cenários são bastante estruturados para passar uma sensação distópica. É quase como imaginar o futuro a 20 anos no passado. Os personagens, com seus implantes tecnológicos, dão um ar extra. A maioria deles é visível, o que evoca um sentimento incômodo. Como se o personagem não pertencesse àquele lugar.

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Os cenários futuristas de Observer são aterradores, e ao mesmo tempo belíssimos. Fonte: Captura de Tela

A trilha sonora também é um destaque, apesar de não estar no mesmo patamar dos visual. De fato, tenta incutir ao jogador a sensação de sempre estar sendo observado. Jamais deixa-lo confortável. Mas por vezes, sentir-se-á que aquela trilha em particular não está sendo bem aproveitada naquele lugar.

Hackeando. Por favor, aguarde…

Jogos de terror, nos dias atuais, possuem uma similaridade. Alien: Isolation e Outlast 2 são exemplos de títulos fantásticos, que trouxeram um gênero de volta à ativa. E todos eles compartilham uma característica em comum com este jogo. O combate é quase, ou totalmente, descartado.

Assim, o jogador fica vulnerável ao ambiente. Mas talvez esta escolha de jogabilidade não tenha sido elaborada de forma correta. O jogo peca em determinados aspectos, no que toca à furtividade. Ser visto não é algo raro, e o jogador pode acabar morrendo mais vezes que o necessário.

Ademais, suas mecânicas de interação são baseadas em point-and-click. Árvores de diálogos, uso de equipamentos, investigação de localidades. Em Observer, não há armas ou mesmo um inventário propriamente dito, o que pode acabar afastando aqueles que torciam por algo mais visceral.

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O jogador terá que fazer escolhas de diálogos durante o jogo. Estas influenciarão o seu destino. Fonte: Captura de Tela.

O Devorador de Sonhos

O título da Bloober Team mostra que os desenvolvedores sabem como provocar o medo. Layers of Fear, seu jogo anterior, é considerado um dos melhores jogos de terror desta geração. Observer não está muito atrás. Com seus enigmas, interações, e sustos constantes, aliados a um suspense frequente, ira agradar aos amantes do gênero.

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Outro ponto bastante positivo é sua localização para nosso idioma, de legendas e menus. Facilita de forma absurda o entendimento dos diálogos e imersão na narrativa. E acredite: usar o Dream Eater (aparelho necessário para entrar na mente de outras pessoas) e perceber o quão Daniel está caindo na loucura soa bem melhor quando se sabe o que ocorre.

Para completar, o jogo conta ainda com um troféu de platina. Que não deve ser complicado de conseguir, já que a campanha principal de Observer tem apenas 4-6 horas de duração – outro ponto negativo. Mas, para compensar, o jogador tem a sua disposição diferentes finais, baseados em suas escolhas pessoas durante o jogo.

Observer mostra que um estúdio independente é perfeitamente capaz de surpreender com jogos de extrema qualidade. E este jogo prova que não é necessário combates, explosões, ou outros apetrechos para tornar um título atrativo. Basta que ele provoque as sensações certas em sua mente. Ou… será que fui eu que entrei nela?

Veredito

Observer
Observer

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Bloober Team

Jogadores: 1

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Enredo envolvente
  • Sustos constantes
  • Muitos enigmas
Desvantagens
  • Jogo curto
Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.