The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia: Vale a Pena?
Um pecado de jogo. No pior sentido possível da palavra.
O mercado de jogos baseados em animes sempre teve um representante de destaque. Recentemente, Dragon Ball FighterZ roubou a cena com um competente título de luta, onde são mesclados diversos elementos, aliados a uma jogabilidade simples e divertida. The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia segue exatamente no caminho oposto.
Uma história complexa e intrigante – aqueles que assistem ao anime, ou leem o mangá, sabem disso. No entanto, ela foi muito mal explorada. Além disso, gráficos fracos e movimentação parca completam o “pacote”. Um jogo com potencial para fazer jus à sua inspiração, mas que se perde no seu caminho. Ainda assim, há aqui uma história para contar…
“Esta história data de antes do mundo ser dividido entre humanos e não-humanos. Os cavaleiros sagrados, defensores do reino, possuíam grandes poderes mágicos, e eram temidos e reverenciados. Mas entre eles, haviam aqueles que traíram o reino, e se tornaram inimigos dos cavaleiros. Esses cavaleiros eram conhecidos como…”
Do mangá para as telas
A história do título é, basicamente, uma adaptação da narrativa contada no anime/mangá. A princesa Elizabeth, de Leones, parte em uma jornada, com o intuito de reunir os lendários cavaleiros do reino, os Sete Pecados Capitais. E, com isso, poder deter o golpe de estado que está em andamento, orquestrado por uma facção dos cavaleiros sagrados.
O discorrer da história, contudo, deixa bastante a desejar. Geralmente, as conversas se passam dentro da taverna Chapéu de Javali. Há uma falta de expressão crônica nos personagens, e os diálogos são rasos e desinteressantes. Em nada comparado ao material-fonte. independente da situação. Isso pode ser observado mais claramente durante as apresentações e cenas de transição.
Para completar, o fato de o jogo não estar localizado em nosso idioma torna o entendimento da história ainda mais complicado. Para os que acompanham a história desde os primórdios, isso pode não significar um problema. Os mais novatos, contudo, ficarão perdidos de forma frequente.
Má escolha para os gráficos
Jogos baseados em animes mexem com o imaginário dos fãs. Todos criam expectativas com relação ao produto final. Como exemplo, temos (mais uma vez) DB FighterZ, que trouxe gráficos fiéis ao trabalho da Toei Animation. Já em The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia, nota-se que houve uma escolha diferente.
Os gráficos dos cenários, efeitos de luz, sombra e partículas até agradam. Mas o estilo visual é diverso, e não destaca as qualidades da obra original. Falta expressividade nos personagens, as poses e faces, por vezes, não condizem com o que ocorre na tela. Batalhas são travadas, poderes colidem, mas os oponentes agem como se estivessem em uma conversa descontraída.
Não apenas isso. A movimentação dos personagens é um tanto artificial e sem realismo. Falta peso nas colisões, peças de cenários são como isopor, e os próprios personagens carecem de um trabalho mais detalhista. Ainda há muito o que se falar, mas creio que pegaram o espírito da coisa.
Jogabilidade frustrante, complicada e entediante
The Seven Deadly Sins traz um estilo de jogabilidade estranho ao primeiro momento. As cenas de ação se passam em arenas, onde o jogador enfrenta um ou mais oponentes. Um ponto positivo são as construções dos cenários. Estas tentam ser o mais fiéis, e resgatam um sentimento de nostalgia nos jogadores.
No entanto, os pontos positivos não continuam. A jogabilidade é estranha e inconsistente. São muitos os comandos e o jogo não se importa em dar um “treinamento” adequado. São muitos movimentos diferentes, e o jogador acaba ficando um tanto perdido.
Não há um tutorial apropriado. As batalhas são bastante desajeitadas, como se os personagens não soubessem o que estão fazendo em campo. Inimigos mais simples não possuem tanta variedade nos movimentos, e inimigos maiores são basicamente uma esponja de golpes. Bata neles até caírem. E pronto.
Mas o maior problema é perceber que isso tudo é inútil. Apertar algumas simples combinações de botões é suficiente para vencer a grande maioria das lutas. Mesmo contra chefes, que deveriam ser mais desafiadores. Com tantos exemplos de sistemas de luta competentes no mercado, a Namco Bandai errou bastante neste aspecto.
Mas algo salva?
Pouco pode se falar de algo que seja proveitoso para este jogo. As vozes originais do anime (em japonês) estão de volta. As dublagens dos personagens também está decente – apesar de não condizer com o que acontece na tela. Como dito acima, os visuais dos cenários também roubam a cena em determinados pontos.
São muitos os personagens retratados no jogo. De um total de 25, muitos precisam ser destravados. Seus modelos, apesar de graficamente inferiores, ainda tentam ser fiéis aos retratados no anime/mangá. Há a tentativa de dar uma imersão ao gerenciamento de habilidades, por meio de uma árvore, bem ao estilo RPG.
Algo que também pode se colocar na balança é o modo multiplayer. Online ou offline, lutar contra amigos traz um pouco de diversão ao título. No entanto, mesmo este modo enjoa fácil, se você não é um grande fã da franquia.
The Seven Deadly Sins – Esse é seu pecado
The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia era para ter sido mais uma entrada significativa em uma franquia que, surpreendentemente, possui qualidade. A segunda temporada do anime foi lançada recentemente, e a história do manga segue a todo vapor. E a primeira temporada pode ser conferida na Netflix.
Com tudo isso, era para este ser um jogo reconhecido. No entanto, o que parece é que uma versão beta do jogo foi lançada. Tudo nele beira ao amadorismo. E vindo de uma empresa como a Namco Bandai, conhecida por jogos de extrema qualidade, soa bastante estranho.
O jogo tem potencial para ser excelente. Fosse dado mais tempo de desenvolvimento, este certamente seria. Com tantos adiamentos acontecendo, seria de bom alvitre que este jogo fosse atrasado, para que um melhor polimento fosse dado. Da maneira que está, o jogador paga o preço de um jogo completo por algo que, por mais estranho que pareça, não honra o nome que carrega como deveria.