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KONA: Vale a pena?

The winter is coming...

por Tatiane Inês
KONA: Vale a pena?

É muito interessante quando um jogo consegue atingir seus objetivos em um financiamento coletivo. Cada vez mais, títulos de produtoras independentes conseguem um espaço em meio ao mar de AAAs lançados todo ano. KONA é um deles.

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Após uma campanha no Kickstarter, a modesta Parabole conseguiu o financiamento para que KONA se tornasse realidade. E assim, o título foi lançado para PlayStation 4 no final de Março.

Mas será que a produção canadense consegue instigar os jogadores? Pegue um casaco, acenda a lareira e venha acompanhar nossa análise.

The Winter is Coming

KONA é ambientado no Norte do Canadá com um cenário vintage dos anos 70. Carl, um detetive particular, foi contratado para averiguar os misteriosos acontecimentos de um pequeno vilarejo.

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O modesto carro de Carl – Fonte: konagame.com

A caminho do povoado, Carl sofre um acidente e deve começar, desde já, suas investigações, explorando os arredores e coletando itens essenciais para as complicadas situações. Câmera, mapa, lanterna e outros recursos auxiliam no processo inicial.

Mesmo sendo em primeira pessoa, o diferencial fica por conta da narrativa: uma voz descreve a todo momento os acontecimentos, enquanto oferece dicas sobre o que deve ser feito, alertas, etc.

E as falas são sempre em terceira pessoa: “Carl encontrou isso, Carl fez aquilo, Carl precisava agir rápido“. Desde o primeiro instante é como se mergulhássemos em um livro de suspense, ação e drama.

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Mistérios em KONA – Fonte: Captura de tela

A trama de KONA é muito envolvente, forte e interessante. Seu principal ponto positivo, a todo instante.

Sobreviva, se for capaz

No melhor estilo sobrevivência, é preciso enfrentar muito mais que ameaças encontradas pelo caminho. Talvez, o maior dos desafios é sobreviver a nevasca que assola todo local.

Sim, o frio é nosso maior inimigo e a todo instante é indispensável procurar abrigo para se aquecer, do contrário a morte é uma certeza. E não basta simplesmente encontrar um local fechado, é vital acender uma lareira e, para isto, são necessários itens como lenha, por exemplo.

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As lareiras, além de aquecerem são pontos de salvamento – Fonte: Captura de tela

Coletar itens é outro ponto fundamental, como em qualquer jogo do gênero. Além de kits médicos, acendedores de lareiras, machados, armas, cigarros e até pedaços de carne devem ser coletados.

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É necessário coletar itens durante o gameplay – Fonte: Captura de tela

Carl não desfalece somente de frio, o nível de stress também é um ‘inimigo’ perigoso. Em níveis altos, este limita a movimentação e compromete outras funções.

Assim, o bem estar do investigador se firma em três pilares: integridade física, mental e saúde. Se os três estiverem equilibrados, sobrevivemos.

Boas doses de ação e medo também

Mas onde está a ação de KONA?

Na gelada aldeia canadense, nem tudo é neve: existem muitos mistérios e perigos envolvidos. Conforme progresso, momentos de tensão se mesclam com o frio e outros problemas que Carl já tem. As próprias alcatéias podem se tornar um grande empecilho se não soubermos lidar elas.

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Os lobos nem sempre são amigáveis… – Fonte: konagame.com

Por vezes, após enfrentar algumas situações tensas e místicas, o “terror” psicológico é inevitável e a apreensão do que podemos encontrar na próxima cabana ou acampamento se torna companheira.

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Carl pode fotografar coisas estranhas para arquivar – Fonte: Captura de tela

Simples, mas nem sempre funcional

Os cenários e movimentação de KONA são bastante simplórios. Não existem comandos complexos e o visual não impressiona tanto. Mesmo com a simplicidade, quedas de desempenho são constantes durante o jogo.

Ainda assim, o branco da neve toma conta, deixa todo o ambiente cinzento e colabora com a tensão em várias situações.

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A nevasca não perdoou o norte do Canadá em KONA – Fonte: Captura de tela

Já a jogabilidade, apesar de simples, é um dos fatores que mais incomodam no jogo. Encontrar a sensibilidade ideal para se movimentar, explorar e momentos de combate podem ser desafios não tão agradáveis.

Muitas vezes, ao encontrar um objeto interativo, a ação necessária não é liberada. Inclusive, se aproximar do local já exige um pouco de desdobramentos. Em diversos momentos é necessário se afastar até que “algo” aconteça.

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Ambientes vintage e rústicos dão um ar especial ao jogo – Fonte: Captura de tela

O combate também é um dos mais prejudicados pela movimentação pouco refinada. Uso de itens e trocas de armas são pouco funcionais, podendo causar transtornos e,  dependendo do momento, uma confusão com os itens pode ser fatal.

Entra, se aquece, explora, sai…

Durante a jogatina passamos por várias cabanas, chalés, acampamentos… sempre com a intenção de encontrar algo interessante, além de conhecermos um pouco mais do enredo.

Em alguns momentos, Carl vive uma espécie de Déjà vu, uma espécie de visão sobre o que aconteceu em determinados locais. Tudo isto é interessante e empolgante nos primeiros momentos, mas se torna repetitivo com o tempo.

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Carl pode “voltar no tempo” em certos momentos – Fonte: Captura de tela

Outro ponto negativo do jogo é que mesmo que um objeto seja essencial para ações futuras, é possível progredir sem ele, forçando um cansativo retorno. Pode incomodar aqueles que não apreciam o sistema de ‘leva e traz’.

Escucha me!

Infelizmente, KONA não possui dublagem ou legendas em português. O mais próximo disso é a localização em espanhol.

Entretanto, ao falar de áudio, fica a menção positiva para a trilha sonora. Em todos os momentos ela é muito bem aplicada.

“Let it go, let it go…”

KONA tem uma história elaborada, envolvente e uma ideia interessante de sobrevivência. O título só não atinge o ápice devido a má execução de alguns pontos cruciais. Faltou um pouco de audácia dos desenvolvedores. Os problemas de jogabilidade e desempenho podem afastar os mais perfeccionistas.

Entretanto, caso o título apareça em uma promoção atrativa, aqueles que não deixam passar uma boa história, com pitadas generosas de ação e suspense devem sim apostar no game.

Tatiane Inês
Tatiane Inês
Gerente de Operações
Publicações: 715
Jogando agora: Call of Duty Moder Warfare II - Hogwarts Legacy
Engenheira e gerente de mídia do MeuPlayStation. Atualmente em um relacionamento sério com o PlayStation 5 S2. Gosta muito de jogos FPS e aventuras com boas histórias.