Review

Dragon Age: The Veilguard: vale a pena?

Novo título da BioWare aposta em uma estrutura mais simples, só que envolvente e cheio de ação

por Raphael Batista
Dragon Age: The Veilguard: vale a pena?

“Andar para trás, só se for para pegar impulso” é a máxima que define a experiência de Dragon Age: The Veilguard e como a BioWare lidou com seus últimos projetos até o atual. Após anos doídos com Mass Effect Andromeda e Anthem, o estúdio veio com promessas de redimir sua reputação com o novo título da franquia Dragon Age.

Felizmente, The Veilguard é um ótimo game de aventura, mas ficou nítido que a desenvolvedora optou em reduzir o escopo e apostar numa estrutura mais simples para não correr o risco de sucumbir à grandiosidade dos projetos anteriores. De jeito nenhum tira o brilho do game, mas em um ano seguinte à Baldur’s Gate 3, a comparação é inevitável e o game da Larian Studios fica ainda maior.

Dragon Age: The Veilguard parece compreender suas limitações e as aceita para entregar uma jornada menos pretensiosa, mas de qualidade muito boa. É como se o jogador retornasse aos clássicos games de aventura do PS2 com uma estrutura mais básica, só que com visuais modernos e uma jogabilidade mais frenética.

Em vez de criar um universo megalomaníaco e não saber gerir, a BioWare traz um jogo de aventura com elementos de RPG mais objetivo, focado no combate em tempo real e com personagens bem legais. É um caminho contrário de seus projetos anteriores, mas foi a melhor decisão que ela poderia ter tomado.

A sequência de Dragon Age Inquisition

Dragon Age: The Veilguard é a sequência direta de Inquisition, o último título da franquia lançado lá em 2014. Você não precisa conhecer toda a história do GOTY 2014, mas vai perder muito das nuances e dos próprios personagens, até porque o Solas, vilão desta aventura, foi o seu companheiro lá atrás. Então, muitos diálogos e interações entre os personagens possuem um peso graças à história anterior.

Existem até menus que atualizam o jogador com os últimos eventos, mas não é a mesma coisa. Para se ter a experiência completa em The Veilguard, é importante conhecer a história de Inquisition ou pelo menos estar por dentro do que aconteceu no capítulo anterior.

1
Solas é a grande peça do novo Dragon Age. Fonte: Raphael Batista.

A franquia Dragon Age se enquadra no gênero RPG, mas com heróis pré-estabelecidos. Por exemplo, o jogador pode criar um anão ou elfo, mas ele é identificado como “Rook” e se chamará assim até o final. Como uma história padrão de Dungeons & Dragons, o protagonista foi recrutado como alguém para derrotar o Solas, mas ao longo da jornada ele descobre poderes maiores e ser o único capaz de acabar com o grande mal.

Durante a campanha, Rook conhece parceiros que se aliarão para salvar o universo. Os companheiros variam desde heróis mágicos até escudeiros ferozes. Cada um com uma personalidade bem particular, como a anã Harding, destemida que não gosta de ficar de fora das missões, até o Lucanis, um espadachim que possui um demônio em seu corpo. Inclusive, cada personagem para a party traz habilidades e skills que variam muito a jogabilidade.

2
Os personagens de Dragon Age possuem seu charme e é legal conhecer mais deles. Fonte: Raphael Batista.

Escolhas e… consequências?

Como um RPG, o sistema de escolhas se faz presente, mas o elemento parece ser muito mais superficial se comparado aos games anteriores. Há decisões que afetam o caminho do protagonista, como salvar uma cidade ou outra, só que elas não parecem surtir um grande efeito e as consequências ficam restritas ao nível de relacionamento com os membros da party.

Por mais que Dragon Age: The Veilguard não esteja no guarda-chuva de Dungeons & Dragons, é difícil não comparar com Baldur’s Gate 3 e perceber como o jogo da Larian afeta todo o universo com base nas escolhas, enquanto o game da BioWare é muito mais contido.

3
O sistema de escolhas e consequências parece não causar grandes efeitos. Fonte: Raphael Batista.

Como dito anteriormente, o novo game segue numa estrutura mais de aventura e, por causa disso, tais elementos são menos pretensiosos. Não chega a se tratar de uma característica negativa, mas deve frustrar quem esperava algo mais grandioso. Tanto é que a campanha pode ser concluída em até 25 horas.

Jogo de aventura MESMO

E a estrutura de aventura fica ainda mais evidente na jogabilidade. Ao contrário de Inquisition, The Veilguard não conta com nenhum tipo de câmera tática para atribuir ataques aos inimigos e estratégias específicas. Dá para acessar um menu para comandar habilidades especiais da party, mas algo muito simples.

4
É tanto efeito em tela que fica difícil ver alguma coisa, mas isso é muito legal. Fonte: Raphael Batista.

Nos combates, Rook conta com uma gama de comandos que são ativados em tempo real e a jogabilidade lembra God of War e títulos do mesmo gênero. Além haver como realizar o parry e esquiva, dá para montar combos com ataques leves e pesados, e sincronizar as skills com os membros da party. Em vários momentos chega a ser difícil enxergar tudo o que está acontecendo na tela com tantos efeitos.

Falando especificamente sobre as skills, há uma grande variedade de poderes e melhorias passivas desbloqueáveis conforme o protagonista sobe de nível. Um dos recursos mais legais é a possibilidade de resetar completamente todas as habilidades para descobrir o caminho que mais agrada. Se você investiu os pontos em Sobrevivência, mas gostaria de tentar uma build mais de combate, dá para resgatá-los com apenas um botão.

5
Skills dos companheiros e do protagonista oferecem uma vasta game de possibilidade. Fonte: Raphael Batista.

Estrutura simples, repetitividade inexistente

Na gestão da party, também dá para desbloquear melhorias, mas os pontos são obtidos com o aumento de Nível de Elo entre o herói e o Rook. Para isso, é necessário cumprir missões com o personagem escolhido. Embora não haja muitas opções como os protagonistas, ainda existe uma boa variedade de skills. No entanto, não espere por nada muito complexo. São melhorias pontuais e novos poderes que não farão uma grande diferença.

E você já deve ter percebido que falamos em “Missões”, não é mesmo? Pois bem, Dragon Age: The Veilguard não é de mundo aberto, mas segue numa estrutura de regiões abertas em missões. Há uma espécie de hub onde o jogador escolhe para onde vai cumprir a missão de história e, na região, ele vai descobrindo quests secundárias, colecionáveis e explorando para obter recursos.

6
Cada missão libera uma área específica e ativa companheiros exclusivos. Fonte: Raphael Batista.

A simplicidade da estrutura impede que a experiência caia na repetitividade exaustiva. Por mais que a jornada do Rook possa ser resumida em recrutar aliados especialistas em diversas áreas para derrotar Solas, a história sempre está progredindo e o gameplay não fica enjoativo. É muito fácil continuar na experiência e não se cansar dela.

O épico na sua cara

O que Dragon Age: The Veilguard faz questão de mostrar é na construção de cenários e na lore do universo. Toda fase, toda missão, todo lugar exala um sentimento de épico e fantasioso. Os ambientes trazem uma sensação única que mescla elementos medievais, mágicos e sobrenaturais.

Os cenário de Dragon Age: The Veilguard são exuberantes. Fonte: captura de tela.

Por mais que a direção de arte tenha um estilo mais cartunesco, ela se encaixa muito bem na proposta que traz efeitos visuais agressivos com muitas partículas em tela. Se a direção artística estivesse em um caminho mais realista, talvez se tornaria muito superficial.

A trilha sonora também casa muito bem com momentos de combate e nas horas mais contemplativas. Os sons ambientes ajudam na imersão da exploração e é muito divertido explorar as cidades que são movimentadas.

7
Cada área traz um novo senso de exploração e de grandiosidade do game. Fonte: Raphael Batista.

Dragon Age: The Veilguard: vale a pena?

A BioWare acertou em entregar um Dragon Age em menor escala, mas que preza pela qualidade. De início, é estranho ver um jogo deste nome num escopo que lembra games clássicos, mas conforme a história progride, o jogador percebe que esta decisão contribui para um envolvimento mais intenso e comprometido com o jogo.

Dragon Age: The Veilguard parece ser mais uma história de redenção de um estúdio que possui grande capacidade de escrita e de formar universos cativantes. Ele é simples, mas não deixa de ser divertido, com muitas possibilidades e uma jogabilidade que funciona muito bem.

Veredito

Dragon Age: The Veilguard
Dragon Age: The Veilguard

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: BioWare

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
84 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay de ação responsivo
  • Boa variedade de skills e atributos
  • Visuais arrebatadores
Desvantagens
  • Sistema de escolhas superficial
  • Falta de profundidade no texto
Raphael Batista
Raphael Batista
Publicações: 7.029
Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.