Sword Art Online: Fractured Daydream: vale a pena?
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Sword Art Online: Fractured Daydream: vale a pena?

Fractured Daydream é divertido, contém fanservice, mas repetitividade pode fazer o jogador cansar rápido

por Vinícius Paráboa

Uma das light novels (romances ilustrados no estilo mangá) mais famosas do mundo — publicada no Brasil pela Panini — é Sword Art Online. A obra de Reki Kawahara tem inúmeros volumes em circulação e foi um furacão no mundo dos animes, quando recebeu sua primeira adaptação, lá em 2012. Diversos games da saga já foram lançados anteriormente tentando se aproveitar desse sucesso, portanto, não é surpreendente que a Bandai Namco e a Dimps sigam atrás da galinha dos ovos de ouro.

Sword Art Online: Fractured Daydream é o novo lançamento para o universo dos videogames, mesclando uma experiência offline e online. Os jogadores viverão uma história inédita na franquia, reunindo personagens de todas as fases do anime, enquanto buscam aprimorá-los com armas e acessórios para encararem os desafios do multiplayer online.

O título traz boas novidades e consegue divertir, mas será que isso é suficiente para colocá-lo entre os melhores da série? É isso que vamos discutir nesta análise.

Amigos e inimigos reunidos

Sword Art Online: Fractured Daydream é uma reunião de praticamente todas as sagas já animadas da light novel. Temos os personagens de Aincrad, Alfheim Online (ALO), Gun Gale Online (GGO), Ordinal Scale e Alicization. Mas engana-se que só os mocinhos (Kirito, Asuna e cia.) combatem o mal aqui. Diversos vilões desses arcos (Oberon, Heathcliff, Quinella, etc.) também se envolvem na “treta” e unem forças com os protagonistas.

A premissa da história é a seguinte: ALO está testando um novo sistema chamado Galáxia, que funciona basicamente como um DLC para o jogo de fadas. Nele, a alta tecnologia mistura VR e IA, permitindo que os jogadores consigam reviver missões do passado com fidelidade. No entanto, logo algo sai do controle e desloca os jogadores e os cenários no tempo e espaço.

Tal evento faz com que o mapa de ALO se misture com os de GGO e Aincrad, além de integrarem personagens de Ordinal Scale e Alicization a esse mundo. Com memórias confusas e até perdidas, Kirito precisa encontrar seus amigos (e inimigos) para entender tudo e evitar que algo ruim ocorra.

Como Galáxia alterou o tempo e espaço, personagens já derrotados e/ou falecidos no anime reencontram o protagonista. Com isso, Sword Art Online: Fractured Daydream vira uma salada (no bom sentido da coisa) e funciona como um grande crossover, no qual a história imagina como aconteceriam tais reencontros ou até como seriam as primeiras interações entre figuras que jamais se conheceram — LLENN, do anime spin-off SAO: Alternative: Gun Gale Online, e Kirito, por exemplo.

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Asuna e Fukaziroh, que jamais se conheceram no anime, são amigas no game (Foto: Vinícius Paráboa)

A história é um prato cheio para fãs das light novels de Reki Kawahara, mas não deixa de ter falhas. Apesar de vermos claros conflitos entre rivais passados, como Sinon e Death Gun, é impensável que estes e outros personagens uniriam forças algum dia. O jogo tenta dar uma justificativa para isto ocorrer, com a Cardinal praticamente fazendo-os “dar as mãozinhas”, mas chega a ser engraçado ver Oberon e Asuna na mesma sala, sem que a mesma pule no pescoço dele.

Sword Art Online: Fractured Daydream consegue divertir, mas gameplay ainda necessita de ajustes

Sword Art Online: Fractured Daydream possui seu grande foco no modo online, mas só de jogar o single-player já é possível ter uma clara ideia do gameplay. O jogador percorre um mapa, enquanto realiza missões e atinge um objetivo principal. Isso se repete por toda a campanha e também no multiplayer.

Primeiramente, é necessário frisar que para não haver tanta sensação de repetitividade, Fractured Daydream traz mais de 20 personagens jogáveis para os fãs desfrutarem. Eles contam com classes e habilidades distintas, tornando-os únicos a seu modo.

Os lutadores (Kirito, Asuna, Klein e Lisbeth) são focados no equilíbrio entre ataque e defesa. Os tanques (Agil, Strea [esta em forma de DLC], Heathcliff e Alice) têm mais HP e defesa. Ladinos (Argo, Llenn, Eiji e Yuuki) são bem rápidos e causam bastante dano. Patrulheiros (Sinon, Fukaziroh e Death Gun) são atiradores, mas perdem HP facilmente. Magos (Quinella, Eugeo e Oberon) utilizam magias, mas ainda lutam com espadas. Por fim, suportes (Leafa, Yui, Yuna e Silica) possuem skills de buffs e que recuperam HP.

É possível equipar armas e acessórios nestes personagens, além de personalizá-los com skins. Os trajes são puramente cosméticos, mas as armas e acessórios mudam os status deles de várias formas — trazendo resistências a danos elementais, aumentando a porcentagem de dano e por aí vai.

O sistema de gameplay funciona bem, pois existe a sensação de “ficar mais forte” conforme equipamos itens de níveis mais altos. O problema da jogabilidade vai para a prática, ou seja, quando entramos de cabeça nos mapas de SAO.

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Atiradores, como Sinon, são úteis à distância, mas podem morrer facilmente (Foto: Vinícius Paráboa)

Em muitos momentos, a quantidade de aliados e inimigos na tela confunde a cabeça do jogador, sem contar que a câmera não é nada amigável. Apesar de haver um sistema de lock-on, a câmera muitas vezes não trava no adversário desejado, e pior: ela altera para outro sem sua solicitação. Além disso, a profundidade muitas vezes dá a impressão de que seu lutador está próximo o suficiente para iniciar um combo, mas, na realidade, se encontra longe e você só atinge o ar.

Outra falha de gameplay está no sistema de voo. Leafa, Lisbeth, Yuuki, Quinella, Silica e Oberon conseguem voar, mas fazer isso em meio ao combate é um tanto estranho: eles sempre ficam muito acima dos inimigos comuns (não dos chefões) e fica difícil atingi-los. Até tem como controlar a altitude do seu personagem, mas isto ainda é pouco intuitivo.

No ambiente online, Sword Art Online: Fractured Daydream é um barato. No modo livre, o jogador percorre um mundo aberto por cerca de 50 minutos, enquanto realiza missões e coleta baús — algo bem simples, porém, divertido. Então, temos as Quests Cooperativas, onde 20 players cumprem objetivos divididos em três fases, variando entre derrotar monstros, proteger bases e, enfim, lutar contra um boss. Por fim, nas “Raids Contra Chefes”, que acontecem esporadicamente, você e seu time devem fazer mais pontos que as equipes adversárias, com base no dano causado ao chefão.

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Modo livre é uma das experiências online de Sword Art Online: Fractured Daydream (Foto: Vinícius Paráboa)

A questão é que tudo isso desgasta o jogador com o tempo. Todos os modos, tanto single-player quanto multiplayer, apresentam desenhos parecidos: explore, mate monstros, realize missões, fim. O ciclo inevitavelmente cansa, por mais que existam diversos personagens para experimentar.

Conexão online é ótima, mas gráficos poderiam ser melhores

Como Sword Art Online: Fractured Daydream é uma experiência voltada para o modo online, a Dimps precisou focar bastante na construção dos seus servidores. E eles são muito satisfatórios: praticamente não há lag ou qualquer quedas de frames, nem problemas de conexão.

Quando falamos da parte técnica do game, a desenvolvedora poderia olhar com mais carinho para os gráficos. Pelo lado positivo, os cenários são bem coloridos, os efeitos e partículas em batalha chamam atenção e os personagens parecem fiéis às versões do anime. No entanto, certos detalhes não passam despercebidos.

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Durante as batalhas, a quantidade de efeitos, partículas e cores na tela é impressionante (Foto: Vinícius Paráboa)

Nas cutscenes, as expressões faciais dos personagens são limitadas: eles conversam, se espantam, ficam bravos e sorriem — aliás, é bom dizer que há apenas uma animação para cada uma dessas reações. Além disso, elementos do ambiente (comida na mesa, flores, árvores, etc.) parecem ter vindo diretamente do PS3. Faltou capricho.

Sword Art Online: Fractured Daydream: vale a pena?

A resposta para esta pergunta é: depende. Fãs de SAO ficarão certamente satisfeitos com a proposta, que foge dos demais jogos da franquia. Não é difícil se sentir cativado a acompanhar a jornada de personagens queridos no mundo dos animes, como Kirito e Asuna.

Por outro lado, não espere um mar de rosas com Sword Art Online: Fractured Daydream. As falhas são bastante claras e podem gerar incômodo em quem busca jogabilidade fluida e viciante. Se você curte o anime, mas não é tão chegado assim, talvez, valha a pena esperar uma promoção.

Também é válido mencionar: o título possui forte apelo para microtransações. Portanto, provavelmente o fã se sentirá atraído a abrir mais a carteira, mesmo depois de já ter investido no jogo.

A boa notícia é que não precisamos de um NerveGear para desfrutar de Sword Art Online: Fractured Daydream. Afinal, não seria muito agradável ficar preso para sempre no game da Dimps.

Veredito

Sword Art Online: Fractured Daydream
Sword Art Online: Fractured Daydream

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Dimps

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Efeitos bonitos e muitas cores nas batalhas
  • Jogo consegue divertir
  • Reúne os personagens mais icônicos de SAO em uma única história
  • Modo online é agradável até certo ponto
  • Bons servidores
Desvantagens
  • Gameplay necessita de ajustes
  • Câmera pode atrapalhar
  • Cenários e missões tornam-se repetitivas
  • Endgame não é dos melhores
  • Gráficos pouco agradáveis
Vinícius Paráboa
Vinícius Paráboa
Editor
Publicações: 5.764
Jogando agora: Dragon Ball: Sparking! Zero, Life is Strange: Double Exposure, Diablo IV, Sonic x Shadow Generations
Editor no MeuPlayStation. Fanático por Crash Bandicoot, God of War e pelo Grêmio.