Call of Duty Black Ops 6: vale a pena?
Black Ops 6 coloca a série novamente nos eixos
Call of Duty Black Ops 6 é um passo atrás na série, de uma forma boa. O retorno de muitas coisas que já se provaram eficazes no passado, mas que acabaram ficando um pouco de lado em entradas mais recentes.
É a volta de um ótimo modo campanha, com uma bela história e personagens interessantes, um multiplayer divertido e com mapas inéditos já no lançamento e um modo zombies por rodadas clássicas, cheio de segredinhos.
Embora cometa um deslize aqui e outro acolá, Black Ops 6 é um grande Call of Duty, moderno e, ao mesmo tempo, voltando às raízes.
Thriller de espionagem
Um verdadeiro “Missão Impossível” dos videogames. Esse é o tom do modo história de BO6, que apresenta novos operadores na saga Black Ops e traz de volta personagens icônicos, como o sargento Frank Woods e o enigmático – e sempre pouco confiável – Adler.
No jogo, na maior parte do tempo, controlamos William “Case” Calderon, um agente que se uniu ao grupo de Woods com o objetivo de impedir que a organização Panteão obtenha acesso a armas biológicas e as lance nos Estados Unidos, além de tentar descobrir quem são os infiltrados na CIA.
A narrativa é um emaranhado de conexões, e é importante ter jogado (ou, ao menos, assistido no YouTube) os jogos anteriores para compreender corretamente quais são as cartas marcadas e por que a história avançou até o ponto atual.
O ponto alto é a sensação de estar em um filme de espionagem, tentando conectar as pistas e prever o que está por vir, além de descobrir quem é o traidor infiltrado. No entanto, essa tarefa não é nada fácil, pois todos são suspeitos.
E é quando partimos para a ação que realmente sentimos o quão bem arquitetada e alinhada é a narrativa com o gameplay. Há de tudo um pouco: missões onde você precisa se infiltrar em um comício de Bill Clinton (ex-presidente dos EUA), escapar dos seguranças, roubar dados valiosos e, em seguida, fugir em uma alucinante perseguição; ou invadir um dos principais palácios do ditador iraquiano Saddam Hussein em plena Guerra do Golfo.
Como o nome já sugere, são missões “Black Ops”, de infiltração e extração, que, embora possam ocorrer em meio a áreas de conflito, são especiais e não se preocupam em abordar temas como, por exemplo, a Guerra do Iraque de maneira mais ampla.
Um destaque especial vai para uma missão onde Case inala um gás venenoso e passa a ter alucinações, recuperando memórias de terríveis experimentos aos quais foi brutalmente submetido. Nesta fase, o jogo revela uma nova faceta, com elementos de horror muito bem construídos, incluindo batalhas contra chefões e um dinamismo intenso.
Outro ponto interessante é a liberdade oferecida em várias oportunidades. Em muitas missões, há objetivos duplos ou triplos em áreas abertas, permitindo que você decida como abordá-los: de forma furtiva, sabotando e enganando os inimigos, ou incorporando um estilo mais agressivo, partindo para o confronto direto com todo o seu arsenal militar. A escolha é sua.
Além disso, com um período de desenvolvimento mais longo, BO6 oferece maior oportunidade de interação entre os personagens através de uma base secreta na Bulgária, que serve como esconderijo. Nesse local, é possível interagir mais com outros operadores, compreender suas motivações e passado, descobrir segredos, aprimorar armas e até o próprio “acampamento.”
Definitivamente, é uma campanha que vale a pena ser jogada. Diferente dos últimos jogos da série, onde faltou cuidado com a história, esta está excelente e digna dos melhores momentos da franquia. Certamente, vale a pena investir cerca de 7 horas para concluí-la.
Omnimovement e velocidade
Mova-se em qualquer direção e mova-se muito rápido. Call of Duty Black Ops 6 é um dos títulos mais velozes da franquia e, além disso, introduz novidades nas mecânicas de movimentação, permitindo correr, mergulhar e deslizar em todas as direções com o Omnimovement.
Isso amplia — e muito — as opções de gameplay, possibilitando fugas inesperadas de tiroteios, saltos no estilo Max Payne e muita, muita agilidade durante os combates.
Claro, você pode simplesmente jogar como antes e satisfazer sua memória muscular, mas dominar as novas técnicas lhe dará inúmeras novas possibilidades nos confrontos, e isso se aplica a todos os modos (campanha, multiplayer e zumbis).
O multiplayer, estruturalmente, não mudou muito, mantendo suas bases sólidas e variadas opções, como Dominação e Baixa Confirmada. No entanto, ele resgata um esquema mais clássico de classes, perks e vantagens.
Ao contrário da complexidade do modelo anterior, com famílias de armas, desta vez o armeiro é o mais básico possível: jogue, acumule XP para seu personagem e armas, e vá desbloqueando novas armas e attachments. Funcional, intuitivo e eficaz. Não poderia ser melhor do que isso.
Mas não se deixe enganar. BO6 ainda exige um bom nível de entendimento para alcançar melhores resultados. É muito importante estudar todos os acoplamentos, testar seus impactos e compreender como uma configuração adequada de vantagens pode realmente oferecer grandes benefícios — e saber usá-las, é claro. Às vezes, um pequeno aumento na velocidade de mira é o que separa uma vitória de uma derrota.
Os mapas também seguem, em sua maioria, o estilo tradicional de três caminhos. Embora BO6 tenha alguns mapas maiores, no geral, eles parecem menores do que o tradicional.
Na prática, isso se traduz em encontros muito mais rápidos, tiroteios constantes e muitas baixas e mortes, gerando um ciclo de gameplay empolgante: movimentos rápidos, novas formas de se movimentar, tensão constante e mais movimentação… e assim por diante.
Por outro lado, mapas menores fazem com que o respawn não seja dos melhores. Às vezes, você renasce diretamente na frente de um inimigo, o que pode gerar uma certa dose de frustração.
Ainda assim, em termos de jogabilidade e mapas, Black Ops 6 supera por uma larga margem todos os CoDs da era 2020. No entanto, alguns direcionamentos parecem menos interessantes.
A quantidade inicial de operadores é até razoável, mas já não é possível utilizar personagens adquiridos em jogos anteriores. Se você tem acompanhado a série, sabe que houve diversas colaborações com jogadores de futebol, cantores e ícones da cultura. Se você tem, por exemplo, uma skin do Capitão Pátria comprada em 2023, ainda não poderá usá-la neste Black Ops.
Além disso, há um claro direcionamento para que os jogadores gastem mais dinheiro na compra de novos pacotes de operadores e passes de batalha. Call of Duty vem flertando perigosamente com o famigerado modelo pay-to-win, o que pode gerar problemas de desbalanceamento. Resta esperar para ver.
Zumbis
O retorno quase triunfal do modo Zumbis veio com dois novos mapas: Liberty Fall e Terminus.
O destaque de Liberty Fall é seu ambiente mais aberto e sua estrutura tradicional, onde é necessário gastar dinheiro do jogo para desbloquear novas áreas, melhorar coletes e aumentar a raridade das armas. Esse ritmo mais direcionado permite um equilíbrio melhor nas estratégias. Já em Terminus, é necessário restaurar a energia dos geradores para então abrir novas áreas.
São abordagens diferentes que, no fim das contas, convergem para o mesmo objetivo: sobreviver às hordas e, se possível, realizar uma extração com sucesso, conquistando mais XP.
A diversão está em sobreviver o máximo possível, usando tudo o que se tem à disposição, descobrindo os segredos dos mapas, criando armas poderosas, progredindo nas conquistas e chegando ao final. Passar por esses desafios e conquistar uma extração com muito esforço é extremamente satisfatório.
Porém, o grande atrativo do modo Zumbis também pode ser um contratempo. O modo se torna muito mais divertido e eficiente quando jogado com amigos, já que muitas ações exigem coordenação e sintonia. Jogar com desconhecidos, onde a falta de comunicação é comum, pode gerar mais frustração do que diversão.
Para concluir algumas missões e completar todos os easter eggs, são necessárias mais de três horas intensas de jogo, além de muita colaboração e exploração. Saber quando fazer os upgrades, quais vantagens utilizar e estar em sintonia para enfrentar momentos de tensão é essencial.
Call of Duty Black Ops 6: vale a pena?
Sim, vale muito a pena. Com uma ótima campanha, um multiplayer super dinâmico e um modo Zumbis divertido e cooperativo, o novo jogo da Treyarch é exatamente o que esperamos de um Call of Duty tradicional.
Claro, o jogo não é isento de problemas, como estar integrado em um launcher confuso, cheio de opções, que ocupa muito espaço no SSD do PlayStation 5, e a ausência de um troféu de platina, já que ele é interpretado pelo aplicativo principal quase como uma expansão e não como um produto individual. Além disso, há alguns bugs de interface, e o sistema de respawn precisa ser aprimorado.
Os quatro anos de desenvolvimento permitiram que os desenvolvedores implementassem novas ideias, como o Omnimovement, e criassem uma campanha empolgante e um modo Zumbis extremamente divertido. Valeu a pena esperar.
Veredito
Call of Duty Black Ops 6
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Treyarch
Jogadores: 1 Jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Campanha empolgante
- Multiplayer acelerado
- Modo Zumbis super divertido
- Call of Duty raíz
Desvantagens
- Problemas de respawn
- Muitas microtransações